A DINÂMICA DO COMÉRCIO DE AUTO-SERVIÇO EM UBERABA(MG)
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- Francisca Bianca Quintão Lisboa
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1 A DINÂMICA DO COMÉRCIO DE AUTO-SERVIÇO EM UBERABA(MG) Mauro Beirigo da Silva, UFU, Geisa Daise Gumiero Cleps, UFU, Grupo de Pesquisa: NEAT e o Laboratório de Geografia Agrária (LAGEA) - UFU Resumo: A reprodução capitalista, nos últimos anos, está impulsionando o surgimento, principalmente nas cidades médias, de um grande número de empresas de auto-serviço. Na cidade de Uberaba(MG) essa lógica também se faz presente. Nos últimos dez anos, o surgimento de grandes superfícies comerciais estão dinamizando o comércio local e também da região. A inauguração de um shopping center e de filiais de grandes redes do varejo mundial, estão modificando a estrutura comercial das áreas centrais e periféricas da cidade. Este trabalho procura analisar o comércio de autoserviço na cidade, bem como as novas centralidades que surgiram por causa da instalação dessas modalidades de varejo. Palavras-chaves: Comércio, auto-serviço, Uberaba MG. Introdução A cidade é o local onde se realizam as relações humanas, em todas as suas dimensões. Ela, segundo Carlos (2005), transforma-se constantemente devido ao trabalho humano. Ao considerar o espaço geográfico como produto para a reprodução das relações sociais que ocorrem entre os homens através do trabalho para a apropriação da natureza, justifica-se o estudo das relações entre a cidade e o comércio, visto que, com a globalização da economia, caracterizada pela internacionalização da produção e pela universalização da informação, assisti-se a proliferação de marcas, produtos e serviços que, por sua vez, alteram hábitos, costumes, gostos e preferências. Modificam o estilo de vida e a própria visão de mundo das pessoas. As formas de trocas evoluíram e vão se adequando de acordo com as relações sociais existentes. Desde o escambo até as compras virtuais, o ser humano procura adequar o seu estilo de vida ao meio sobre qual se insere. As atividades
2 comerciais buscam satisfazer esse consumidor da forma mais rápida e da melhor maneira possível. A localização dos mercados, segundo Vargas (2001), desde a Antiguidade, busca lugares estratégicos. Atualmente, os grandes empreendimentos econômicos traçam essas estratégias de ocupação e localização das grandes superfícies comerciais. Os centros urbanos, nas grandes e médias cidades, devido ao aumento de tráfego e congestionamento, perderam acessibilidade, desta forma Cleps (2005), afirma que, para se estabelecer, as novas formas de comércio começaram a exigir grandes áreas, normalmente afastadas das antigas zonas centrais da cidade. Essa nova centralidade criada, ainda segundo Cleps (2005), após o estabelecimento das grandes superfícies comerciais, foi organizada para vender produtos variados, diferentes da forma organizacional dos antigos centros, que muitas vezes, estruturavam-se de acordo com a mercadoria que vendiam. Essa facilidade sugere ao consumidor ir a um lugar onde ele poderá encontrar tudo o que precisa, em um menor espaço de tempo. Como se pode observar, as instalações dessas grandes superfícies comerciais, das grandes redes de varejo, levam em consideração o tamanho do aglomerado urbano, do poder aquisitivo da população e dos incentivos municipais e políticos. Os municípios do Triângulo Mineiro, principalmente Uberaba e Uberlândia, não ficaram fora dessa lógica capitalista, foram necessárias pesquisas e levantamentos quantitativos e qualitativos para receberem os investimentos ocorridos nos últimos trinta anos, como veremos a seguir. A evolução do comércio e do auto-serviço A maioria das atividades comerciais está diretamente relacionada com o espaço urbano. Não que a cidade tenha sua origem primordial relacionada ao comércio, mas é o lugar onde este atinge o ápice da sua capacidade reprodutiva. A cidade é, de acordo com Sposito (1991), a manifestação concreta do modo de produção capitalista. Para Lefèbvre (2001) a cidade é o fruto do trabalho intelectual; já Carlos (2005) afirma que devemos pensar nela, sob o ponto de vista da perspectiva geográfica, a partir das relações sociais em sua natureza social e histórica. Willans (1989) a descreve como um lugar de realizações, onde existe a luz, o saber, as comunicações, mas também há o barulho, a mundanidade, a ambição. Milton Santos (1993) escreve a cidade podendo ser um lugar ambíguo,
3 onde ela é tanto o teatro de conflitos crescentes como lugar geográfico e político da possibilidade de soluções. Na opinião de Costa (1989), ela é um local onde mercadorias e informações podem ser trocadas. A cidade é o fruto das relações sociais, políticas e principalmente econômicas, como afirma Sposito: A cidade é particularmente, o lugar onde se reúnem as melhores condições para o desenvolvimento capitalista. O seu caráter de concentração, de densidade, viabiliza a realização com maior rapidez do ciclo do capital, ou seja, diminui o tempo entre o primeiro investimento necessário para a realização de uma determinada produção e o consumo do produto. A cidade reúne qualitativamente e quantitativamente as condições necessárias ao desenvolvimento do capitalismo, e por isso ocupa o papel de comando na divisão social do trabalho. (SPOSITO, 1991, p. 64) Vemos então o espaço urbano sendo modificado de acordo com a lógica do capital. O desenvolvimento dos transportes e das comunicações possibilitou a transformação, em uma maior velocidade, do meio urbano. A internacionalização do capital, assim como a nova divisão do trabalho, levaram a instalação de grandes empresas em vários lugares do planeta, inclusive nos chamados países subdesenvolvidos. A mídia se transforma e, orientada pelas grandes redes de indústria e de comércio internacional, introduz no seio populacional o chamado consumo em massa. A cidade então precisa se adequar a essa nova realidade capitalista. O espaço precisa ser modificado ou adequado, tendo que ter segundo Santos (1996) uma nova roupagem, uma nova forma, com função e conteúdos diferenciados. Shopping centers, supermercados e hipermercados se tornaram, segundo Cleps (2005), os locais mais adequados à sociedade de consumo. A evolução desses lugares, onde se encontra a atual prática comercial, foi longa. Vargas (2001) ilustra bem esse desenvolvimento gradativo, que foram os bazaars árabes, as ágoras gregas, os mercados, os fóruns romanos, as praças medievais, as feiras e os edifícios de mercados. Esses espaços não eram apenas os lugares de trocas, eram também, para Barata Salgueiro (1996), uma fonte de informação, uma ocasião para conversas, espetáculos, diversão e de ócio. Ficou perceptível que o comércio exerce várias funções sociais. Até as últimas décadas do século XVIII, o comércio varejista tinha como função social abastecer a população de suas necessidades básicas de sobrevivência que vão se ampliando em função do excedente de produção. Ao mesmo tempo, ocorriam importantes mudanças no espaço onde o comércio era realizado. Inicialmente, as
4 mercadorias eram expostas espalhadas pelo chão, depois apareceram as barracas, as bancas e as tendas que favoreceram o aparecimento das lojas enquanto estabelecimentos permanentes que, por sua vez, devido às mudanças nas técnicas de venda, no formato e no tamanho das lojas, passaram a ser o espaço que caracterizava o desenvolvimento varejista. (CLEPS, 2005, p.77) A localização do comércio no decorrer da história, sempre buscou áreas muito especiais, bem localizadas no espaço. Huberman (1981), afirma que a feira era o centro distribuidor onde os grandes mercadores [...] compravam e vendiam as mercadorias estrangeiras procedentes do Oriente, do Ocidente, do Norte e do Sul. Essas feiras se localizam em cidades estratégicas ou em entroncamentos de estradas principais. Essa centralidade entra em declínio por vários fatores, entre eles: O incremento industrial, a internacionalização do capital e das grandes redes de consumo e, principalmente, a disseminação do uso do automóvel. A busca por grandes espaços e mais baratos, desloca para áreas periféricas os novos empreendimentos voltados para o consumo. Nos Estados Unidos, a instalação de lojas self service e auto-serviço ocorrem partir da década de 1920, visava diminuir o custo da mercadoria e própria atividade comercial. Esses estabelecimentos se disseminam após a Grande Depressão de 1929 e ganharam espaço. Nasceu dessa forma o supermercado. De acordo com Cleps (2005), em 1955, o conceito supermercado já havia alcançado 52 países no mundo. Na Europa, a difusão do auto-serviço tem o seu auge a partir da década de Na França, tem-se a origem do hipermercado (hipermachê). Essas novas lojas necessitavam de grandes áreas para sua instalação. Tão grandes eram essas superfícies comerciais, que Budrillard (1991) afirma que durante sua construção e funcionamento, esses novos empreendimentos reconfiguravam todo espaço ao seu redor, visto a dimensão das lojas e a quantidade de produtos que estavam à disposição do consumidor. Cleps confirma essa afirmação: Os hipermercados possuem uma área de abrangência muito maior do que a dos supermercados, comparada a dos shopping centers. Por isso, além de provocarem importantes mudanças estruturais nos locais onde se instalam, alteram a vida e o cotidiano das pessoas que são constantemente convidadas a consumir. (CLEPS, 2005, p.91) O primeiro supermercado brasileiro surgiu, segundo Pintaudi (2002 apud CARLOS, 2002), em 1953, na cidade de São Paulo SP. É interessante observar que esses novos empreendimentos não chamaram muito a atenção. Com o
5 crescimento acelerado da cidade de São Paulo, verificou-se que este tipo de estabelecimento seria o ideal para suprir a população. Nesse momento [...] surgiu uma nova loja: o primeiro supermercado. A novidade na cidade não teve uma aceitação imediata nem significou, logo de início, uma solução para a rede de abastecimento da cidade, que crescia rapidamente; porém passados os primeiros dez anos de um crescimento regular, mas lento, este tipo de estabelecimento comercial passou a fazer parte integrante da paisagem. Assim, num primeiro momento, localizados próximos a áreas residenciais densas, onde estavam os estratos de rendimentos médios e altos da população da metrópole, esses empreendimentos comerciais se capitalizaram rapidamente e, num segundo momento, se expandiram por toda metrópole e para além dela. (PINTAUDI, 2002 apud CARLOS, 2002, p.151) A década de 1970 marca, segundo a mesma autora citada anteriormente, a chegada do hipermercado e a expansão dos shoppings centers, na região metropolitana de São Paulo. Estes foram construídos juntos às marginais Pinheiros e Tietê a as rodovias que chegam à esta cidade. A instalação desses grandes empreendimentos promoveu a valorização das áreas vizinhas, reorganizando todo espaço ao seu redor. Segundo vários autores, a disseminação dessas grandes superfícies comerciais só foi possível graças ao automóvel, que é o principal meio de transporte utilizado pelas pessoas que freqüentam esses mercados. No que diz respeito às questões espaciais, cabe lembrar que os hipermercados que se instalavam apresentavam grandes estacionamentos, alguns com mais de duzentas vagas. Conforme escreveu Lefèbvre, o espaço passou então a ser concebido de acordo com as pressões dos automóveis. Para a absorção em grande escala desse novo bem de consumo, uma nova espacialidade teve que ser construída. A partir daí, por necessidade de grandes áreas para a instalação de suas lojas, depósitos e estacionamentos, os hipermercados passaram a adotar um padrão periférico de localização. No início da década de 1970, com a expansão do uso do carro e a abertura das vias expressas nas principais capitais brasileiras, local onde estavam as redes de supermercados, o modelo de loja ideal passou a incluir estacionamento. (CLEPS, 2005, p.103) Após a década de 1970, houve a expansão acelerada desses modelos comerciais. O lucro obtido pelo setor cresce a cada ano. De acordo com a revista Superhiper (n. 342, 2004 apud CLEPS, 2005), o faturamento bruto do auto-serviço chegou a R$ 87,2 bilhões de reais, o equivalente a 5,8% do PIB do Brasil. Nessa análise, em [...] 2003 o auto-serviço (lojas com mais de um check-outs) obteve um faturamento bruto de R$ 87,2 bilhões (5,8% do PIB brasileiro que
6 foi de R$1,514 trilhão, segundo o IBGE), o que representou um crescimento de 9,3% em relação a 2002, quando arrecadou R$ 79,8 bilhões, contra R$ 72,5 bilhões em 2001 e 67,6 bilhões no ano Em 2003 o auto-serviço fechou o ano com lojas, número 3,6% maior do que o registrado em 2002, quando somava lojas. Em 2001 esse número era de lojas, ou seja, se comparado com os números de 2001, em 2002 ocorreu uma redução do número de lojas. Tal processo explica-se em função das novas fusões e aquisições empresariais que ocorreram no setor. (SUPERHIPER, n. 342, 2004 apud CLEPS, 2005, p.106). As constantes buscas por maiores lucros fizeram com que as grandes redes de hipermercados buscassem novos locais para sua instalação. Surge nesse contexto à cidade média como alternativa. Esta começa a desenvolver, de forma mais acelerada, o seu processo de urbanização. Enquanto a década de 1980 é considerada a década perdida para o governo brasileiro, neste período é que tivemos uma expansão dessa modalidade de empreendimentos, que juntamente com os shopping centers, começaram a ser um lugar comum na paisagem das grandes cidades médias do Brasil, principalmente na região Centro-Sul. Como podemos observar no caso de Uberlândia MG, com seu primeiro shopping instalado em 1987, o Ubershopping; em 1990 foi à vez do Hipermercado Carrefour, loja que serviu de âncora para a instalação do Center Shopping. Esta por sua vez decretou a falência do Ubershopping, visto que a construção de novo empreendimento ocasionou uma nova centralidade à cidade, houve dessa forma uma migração em massa de vários tipos de serviços e outros tipos de comércio para as proximidades desse complexo comercial. Nos últimos 10 anos, após a inauguração do Shopping Uberaba (1999), hipermercados Bretas (1999) e Carrefour (2006), houve um redirecionamento da atividade comercial da cidade. O centro antigo está entrando em declínio. Estabelecimentos comerciais fechando, o aparecimento de várias lojas populares (1 real e 1,99 de real), os cinemas encerrando atividades ou sendo transformados em outros empreendimentos, tudo isso, mostra uma tendência de reorganização espacial das funções e das demandas urbanas, surgindo essa nova espacialidade. Características sócio-econômicas da cidade de Uberaba(MG) Situada na Micro-Região do Triângulo Mineiro, estado de Minas Gerais, esta cidade possui uma localização privilegiada, sob o ponto de vista geo-econômico, pois se encontra a uma eqüidistância média de 500 quilômetros das cidades de Belo
7 Horizonte, São Paulo, Brasília e Goiânia. Possui uma área física de 4.540,51 Km², sendo que desse total 256 Km² são de área urbana e 4.284,51 Km² de área rural. De acordo com o IBGE, em 2007 possuía população de habitantes e um PIB/hab. Sua infra-estrutura, de acordo com a Prefeitura Municipal, apresenta os seguintes números: 98% das vias da cidade são pavimentadas, 99% das residências são abastecidas pela rede pública de água, 98% das residências são abastecidas pela rede de esgoto, 99,97% das casas urbanas são ligadas à rede elétrica da CEMIG, o mesmo acontecendo com 98,75% das casas rurais; possui 1 telefone fixo para cada 2,5 habitantes e 1 veículo para 2,7 habitantes. Uberaba conta também com uma malha rodoviária cortada por rodovias estaduais e federais, rede ferroviária, aeroporto e uma estação aduaneira de interior (EADI). Sua economia é bastante diversificada, destacando principalmente os setores agropecuários e industriais. A cidade é, de acordo com a EMATER, a maior produtora de soja e milho do estado de Minas Gerais, com produção, no ano de 2003, de e toneladas respectivamente. Possui um grande parque industrial, voltado principalmente para o setor químico, com a produção de adubos fosfatados. Nos últimos anos, vem desenvolvendo políticas de atração de grupos industriais de vários setores e está montando um complexo moveleiro na cidade. Com relação à prestação de serviços, a cidade conta com um amplo sistema bancário, boa rede médica e hospitalar, hotéis, rede de ensino com 130 escolas públicas e particulares, 9 instituições de ensino superior com 94 cursos de graduação e 49 de pósgraduação. O comércio uberabense é também muito diversificado, possui vários estabelecimentos que comercializam desde gêneros alimentícios até produtos de alta tecnologia. Atualmente conta com um Shopping Center, dois hipermercados, vários supermercados e lojas de departamentos diversas. O comércio praticado na vizinhança também está crescendo a cada ano e se fortalecendo frente aos grandes empreendimentos instalados na cidade. Em 2008 aconteceu a inauguração de uma filial do grupo norte-americano Wal Mart. O gráfico abaixo mostra o crescimento do número de empresas nos diversos ramos de atividades do município de Uberaba: N.º de Empresas de Uberaba, por Setor de Atividade Econômica entre 1996 a 2004 Classificação de atividades (CNAE) Agricultura, Cresciment o do Setor entre 1996 a 2004 %
8 pecuária, silvicultura ,74 e exploração florestal. Pesca ,50 Indústrias extrativas ,69 Indústrias de ,92 transformação Produção e distribuição de ,00 eletricidade, gás e água. Construção ,17 Comércio; reparação de veículos ,54 automotores, objetos pessoais e domésticos. Alojamento e ,86 alimentação Transporte, armazenagem e ,58 comunicações. Intermediação ,20 financeira Atividades imobiliárias, aluguéis ,12 e serviços prestados às empresas. Administração pública, defesa e (150,00) seguridade social. Educação ,16 Saúde e serviços ,31 sociais Outros serviços coletivos, sociais e ,85 pessoais. Total de empresas ,63 Fonte: PMU, 2007 Pode-se notar o grande crescimento das empresas do ramo varejista da cidade. No ano de 1996 eram empresas no setor de comércio, reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos, número esse que salta para empresas para o ano de 2004, ou seja, uma taxa de crescimento de 29,54% em 9 anos. Outros ramos ligados direta ou indiretamento a esse nicho de mercado, acompanharam essa variação, como transportes e armazenagem (52,58%), atividades imobialiárias, aluguéis e serviços prestados a empresas (51,12), intermediação financeira (60,20%) entre outras. Na próxima tabela, será feita uma análise da evolução do número de pessoas ocupadas, no município de Uberaba, por ano, de 1996 a 2004 e por ramo de atividade econômica:
9 Classificação de atividades (CNAE) Agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal. Pessoal Ocupado de Uberaba, por ano, de 1996 a 2004, e Setor de Atividade Econômica Diferença Absoluta ( ) (859) Pesca X - X 4 4 X 6 X 8 8 Indústrias extrativas Indústrias de transformação Produção e distribuição de eletricidade, gás e água. X X X X X X X X X X Construção (628) Comércio; reparação de veículos automotores, objetos pessoais e domésticos. Alojamento e alimentação Transporte, armazenagem e comunicações Intermediaçã o financeira Atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas. Administraçã o pública, defesa e seguridade social. Educação Saúde e serviços sociais ,31 Outros serviços coletivos, sociais e pessoais Total Fonte: PMU, 2007 Verifica-se na tabela anterior a evolução do número de pessoas ocupadas no setor de comércio cresceu de pessoas no ano de 1996, para em 2004, isso significa o aumento da ordem de 48,12%. Pode-se observar também que de todas as atividades citadas, a do ramo comercial foi à única que teve um
10 crescimento positivo e constante durante o período citado. Com uma variação de pessoas ocupadas, a atividade comercial ocupa o primeiro lugar no total bruto de crescimento por setores. Com uma variação total de pessoas entre os anos de 1996 e 2004, para todos os setores de atividades econômicas, o ramo do comércio contribuiu com uma fatia de 39;99% desse total, mostrando a importância dessa atividade econômica para a população da cidade. Uberaba teve o amadurecimeto de sua estrutura econômica organizada com o passar dos anos. O sistema comercial se desenvolveu de acordo com o tamanho, o poder aquisitivo da população e principalmente com as ações políticas. As diversas formas e redes comeciais que ali se instalaram, se modernizaram de acordo com as tendências mundiais e principalmente com as locais. Essa evolução do comércio esta intimamente ligada a evolução da cidade e do homem. Considerações finais A evolução do comercio de auto-serviço, em Uberaba(MG), seguiu as mesmas tendências do comércio mundial, porém em períodos diferentes. O município uberabense teve o seu desenvolvimento comercial mais vigoroso, devido principalmente a interesses políticos locais. O comércio de auto-serviço se desenvolveu de forma rápida nos últimos trinta anos em ambas as cidades. O crescimento espacial e populacional trouxe, para o município, um grande número de empresas de diversos ramos. A reprodução capitalista transformou os espaços dessas cidades. A busca por lugares estratégicos, baratos e com facilidade de acesso, mudou, inclusive, os centros antigos no município. A instalação das grandes superfícies comerciais, como os shoppings centers, hipermercados e grandes redes de supermercados mudaram hábitos e costumes das populações locais. Necessidades foram criadas, induzidas pela necessidade de reprodução de capital. Esses empreendimentos valorizaram os espaços ao seu entorno, como também trouxeram para junto de si um grande número de empresas comerciais e prestadoras se serviços, chegando inclusive a colocar em declínio os antigos centros dessas cidades. Vários comerciantes tiveram que se adequar a essa nova realidade. Muitos fecharam seus estabelecimentos. A implantação dessas grandes superfícies comerciais, de certa forma, pressionou o serviço público a melhorar as condições sociais em torno desses estabelecimentos, no que diz respeito a acesso, segurança e lazer. Muitos
11 comerciantes, de ambos os municípios, também tiveram que criar estratégias para se manterem no mercado. A cidade de Uberaba(MG) aumentou o seu raio de influência na região. Uma grande parcela da população conseguiu se inserir nesses novos lugares, consumindo o espaço produzido por esses empreendimentos. REFERÊNCIAS BARATA SALGUEIRO, T. Do comércio a distribuição: roteiro de uma mudança. Lisboa: Ed. Celta, BAUDRILLARD, J. A sociedade de consumo. Lisboa: Edições 70, CARLOS, A. F. A. A cidade. São Paulo: Contexto, (Coleção Repensando a Geografia) CARLOS, A. F. A.(Org.) Novos Caminhos da Geografia. São Paulo: Contexto, COSTA, E. G. Anel, cordão, perfume barato: uma leitura do espaço do comércio ambulante na cidade de São Paulo. São Paulo: Nova Stela/EDUSP, CLEPS, G. D. G. Estratégias de reprodução do capital e as novas espacialidades urbanas: o comércio de auto- serviço em Uberlândia MG, Rio claro: UNESP, 2005, 317p. Tese (doutorado em Geografia) IGCE, UNESP, HUBERMAN, L. História da riqueza do homem. 17 a. ed. Trad. W. Dutra. Rio de Janeiro: Zahar, LEFEBVRE, H. O direito à cidade. Trad. R. E. Farias. São Paulo: Centauro, SANTOS, M. A urbanização brasileira. São Paulo: Hucitec, Técnica, espaço, tempo globalização e meio técnico-científico informacional. 2a. ed. São Paulo: Hucitec, SPOSITO, M. E. B. Capitalismo e industrialização. 4ª.ed. São Paulo: Contexto, (coleção repensando a Geografia) VARGAS, H. C. Espaço terciário: o lugar, a arquitetura e a imagem do comércio. São Paulo: SENAC São Paulo, WILLAMS, R. O campo e a cidade: na história e na literatura. Trad. P. H. Britto. São Paulo: Companhia das Letras, < Acesso em 30/10/2008 < Acesso em 30/10/2008
12 < Acesso em 30/10/2008
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