Uso de Prebióticos e Probióticos na Nutrição de Suínos

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1 Uso de Prebióticos e Probióticos na Nutrição de Suínos Dra. Patricia Rossi, Dr. Paulo Segatto Cella e Lilian Kelly Pereira Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Dois Vizinhos, Paraná Introdução Durante muitos anos utilizou-se antibióticos como promotores de crescimento, contudo devido à pressão por parte dos consumidores, principalmente dos países europeus, estes antimicrobianos foram banidos para esta finalidade em 2006 na comunidade europeia e em muitas outras regiões do mundo seu uso é cada vez mais restrito. O motivo destas proibições ou restrições, é que o uso de antibióticos em doses subterapêuticas como promotores de crescimento, possa levar a resistência cruzada com antibióticos utilizados em terapêutica humana, bem como a presença de resíduos na carne, leite e ovos. Com as limitações do uso de antibióticos como promotores de crescimento, pesquisadores buscam alternativas, que possuam os mesmos benefícios dos antibióticos, mas sem as desvantagens de deixar resíduos ou mesmo resistência cruzada com antibióticos usados em humanos. Para ser considerado um produto alternativo, o produto dever apresentar as seguintes ações: estabilizar a flora intestinal normal (pré e probióticos); reduzir a carga bacteriana no TGI (ácidos orgânicos); melhora a vitalidade dos enterócitos e vilos (ácidos orgânicos e vitaminas); reduzir a ingestão de substâncias imune supressoras (micotoxinas-adsorventes); melhorar a digestão de nutrientes (enzimas e extratos herbais); controle de coccidiose (Freitas et al., 2014). O uso de probióticos e prebióticos como promotores de crescimento alternativos aos antibióticos vêm sendo estudado durante anos, e com isso, tem ocorrido uma melhoria tanto nos produtos e na eficiência dos mesmos. Os probióticos foram definidos em 1953 como substâncias que são essenciais para a manutenção da saúde da vida. Por volta de 1989, definiu-se os probióticos como suplementos alimentares a base de microrganismos vivos, que afetam beneficamente o hospedeiro, promovendo o equilíbrio da microbiota intestinal (Fuller, 1989). Atualmente, define-se

2 probióticos como microrganismos vivos, que fornecidos em quantidade adequada, melhoram a saúde do hospedeiro. Os probióticos quando utilizados na alimentação de suínos melhoram o desempenho zootécnico devido aos seus mecanismos de ação: competição por sítios de ligação; competição por nutrientes; antagonismo direto; estímulo do sistema imunológico; restauração da flora intestinal após tratamento com antibióticos; efeito nutricional; supressão de amônia; redução e neutralização de enterotoxinas (Freitas et al., 2014). Os principais microrganismos utilizados como probióticos são as bactérias que pertencem aos gêneros Lactobacillus, Bifidumbacterium, Enterococcus, Streptococcus, Bacillus e leveduras (Gaggia et al., 2010). Devido a esta variedade de bactérias probióticas a dose varia de acordo com a cepa e produto, não sendo possível generalizar a dosagem. Trabalhos demonstram que a utilização de probióticos (Lactobacillus plantarum) na alimentação de suínos desmamados e desafiados com S. Typhimurium, aumentou a quantidade de IgM, IgG e IgA, ou seja, melhorou o sistema imune dos animais (Nagid et al., 2014). A utilização de probióticos melhorou o ganho de peso de suínos até o desmame, porém não influenciou na concentração de bactérias benéficas no TGI e nos parâmetros sanguíneos (Busanello et al., 2015). A suplementação de Lactobacillus sp. aumentou a concentração de Lactobacillus intestinal (Lan et al., 2003). Segundo Modesto et al. (2009), a utilização de Bifidobacterium na alimentação de suínos desmamados melhorou a quantidade de Bifidobacterium no intestino, mas não influenciou o desempenho dos animais. Do mesmo modo, alguns autores relatam não observarem efeitos dos probióticos no desempenho dos animais (Chu et al., 2011). O termo prebióticos foi definido em 1995 como ingredientes nutricionais não digeríveis que afetam beneficamente o hospedeiro, estimulando seletivamente o crescimento e a atividade de uma ou mais bactérias benéficas intestinais e melhorando a saúde do hospedeiro (Gibson e Roberfroid, 1995). Atualmente os prebióticos são definidos como substâncias alimentares não digestíveis que nutrem os microrganismos benéficos do TGI favorecendo sua maior multiplicação em detrimento das bactérias patogênicas (Morés, 2014). Ou seja, os prebióticos estimulam seletivamente os microrganismos benéficos que vivem no TGI do animal.

3 Os prebióticos atuam melhorando o crescimento de bactérias benéficas no TGI em detrimento a bactérias patogênicas, reduzem o ph intestinal, inibem a proliferação de Escherichia coli, Clostridium sp., e Salmonella. Para que um produto seja utilizado como prebióticos deve apresentar as seguintes características: o substrado não dever ser hidrolisado ou absorvido no estômago ou intestino; deve ser seletivo às bactérias benéficas comensais no intestino grosso (Ex: Bifidobacterias); capacidade de modificar a microbiota intestinal; a fermentação do substrato deve estimular efeitos benéficos sistêmicos/intestinal no hospedeiro (Morés, 2014). Alguns açúcares absorvíveis ou não, álcoois de açúcares e oligossacarídeos estão dentro deste conceito de prebióticos. Os oligossacarídeos de cadeia curta de 3 a 10 unidades de glicose tem se destacado pelas propriedades prebióticas. Os principais prebióticos são: oligofrutose, inulina, galactooligossacardeos, lactulose, arabinose, galactose, manose e lactose. Alguns oligossacarídeos (estaquiose, galactanas e mananas) atuam sobre bactérias patogênicas por meio de exclusão competitiva impedindo a colonização do TGI por se ligarem as fímbrias e impedindo a aderência destas bactérias a superfície do TGI. Vários ingredientes podem ser classificados como prebióticos, contudo eles têm que atender as características essenciais dos mesmos, como citado anteriormente. Os principais prebióticos comercializados atualmente são: frutoligossacarídeos (FOS), galactooligossacarídeos (GOS), lactulose, manano-oligossacarídeos (MOS) e xilo-oligossacarídeos (XOS). Trabalhos demonstram que a utilização de FOS na alimentação de suínos em terminação melhora o desempenho, digestibilidade de nutrientes, aumenta a concentração fecal de Lactobacillus, diminui a concentração de E. coli e a emissão de gases (Zhao et al., 2014). Em outro trabalho, a suplementação de FOS diminuiu a incidência de diarreias, a concentração de E. coli, e a mortalidade de leitões no pós-desmame (Zhao et al., 2012). A utilização de inulina na dieta de suínos diminui a incidência de diarreias e modifica a microbiota do TGI (Hansen et al., 2010). A utilização de GOS na dieta de suínos, aumenta a concentração de Bifidobactérias e Lactobacillus do TGI, bem como aumenta a concentração de ácidos graxos de cadeia curta, porém diminui a digestibilidade de nutrientes (Smiricky-Tjardes et al., 2003). A utilização de probióticos e prebióticos na alimentação de suínos é normalmente utilizado na fase de creche, podendo ser iniciada na maternidade. O desmame é um momento

4 crítico para os leitões, os quais são expostos as mudanças de alimentação, forma física da ração, quantidade de nutrientes, estresse pela mistura com outros animais e da própria instalação. Essas mudanças podem acarretar desequilíbrio no TGI, maior susceptibilidade e doenças entéricas, que resultam aumento de custos para tratamento dos animais, aumento da mortalidade, piora na conversão alimentar, necessidade de manejo e cuidados com animais doentes, levando a prejuízos econômicos. Sendo assim a utilização de probióticos e prebióticos nas rações de leitões na fase inicial e de creche melhora a flora no TGI, tornando mais resistentes aos desafios ambientais e sociais. Referências Busanello, M.; M. S. S. Pozza; P. C. Pozza; R. V. Nunes; A. P. S. Chambo; I. I. Eckstein Probiotics: viable and inactivated cells on performance, microflora and blood parameters pf piglets. Rev. Bras. Saúde Prod. Animal 16(2): Chu, G. M.; S. J. Lee; H. S. Jeong; S. S. Lee Efficacy of probiotics from anaerobic microflora with prebiotics on growth performance and noxious gas emission in growing pigs. Animal Science Journal 82: Freitas, E. R.; Rabello, C. B-V; Watanabe, P. H. Probióticos e Prebióticos na nutrição de monogástricos. In: Nutrição de não ruminantes. Funep: Jaboticabal, p. Fuller, R. Probiotics in man and animals. J Appl Bacteriol (5): Gaggia, F.; P. Mattarelli; B. Biavati. Probiotics and prebiotics in animal feeding for food production. International Journal of Food Microbiology, v. 141, p. S15-S28, Gibson, G. R.; M. B. Roberfroid. Dietary modulation of the human colonic microbiota: introducing the concept of prebiotics. Journal of Nutrition 125: Hansenm C. F.; N. D. Phillips; T. La; A. Hernandez; J. Mansfield; J. C. Kim; B. P. Mulan; D. J. Hampson; J. R. Pluske Diets containing inulin but not lupins help to prevent swine dysentery in experimentally challenged pigs. Journal Animal Science 88: Modesto, M.; M. R. D Aimmo; I. Stefanini; P. Trevisi; S. Filippi; L. Casini; M. Mazzoni; P. Bosi; B. Biavati A novel strategy to select Bifidobacterium strains and prebiotics as natural growth promoters in newly weaned pigs. Livestock Science 122:

5 Morés, N. É possível produzir suínos sem o uso de antimicrobianos melhoradores de desempenho? VI Congresso Latino-Americano de Nutrição Animal. CBNA, Nagid, I. A.; J. P. Owen; B. C. Maddison; D. S. Gardner; N. Foster; M. A. Tchorzewska; R. M. Ragione; K. C. Gough Prebiotic and probiotic agents enhance antibody-based immune responses to Salmonella Typhimurium infection in pigs. Animal Feed Science and Technology. 201: Smiricky-Tjardes, M. R.; C. M. Grieshop; E. A. Flickinger; L. L. Bauer; G. C. Fahey Jr Dietary galactooligosacharides affect ileal and total-tract nutrient digestibility, ileal and fecal bacterial concentrations, and ileal fermentative characteristics of growing pigs. Journal Animal Science 81: Zhao, P. Y.; J. H. Jung; I. H. Kim Effect of mannan oligosaccharides and fructan on growth performance, nutrient digestibility, blood profile and diarrhea score in weanling pigs. Journal Animal Science 90: Zhao, P. Y.; J. P. Wang; I. H. Kim Evaluation of dietary fructan supplementation on growth performance, nutrient digestibility, meat quality, fecal microbial flora, and fecal noxious gas emission in finishing pigs. Journal Animal Science 91: