O Exército Brasileiro na Defesa da Soberania na Amazônia
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- Olívia Caiado Cipriano
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1 MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO COMANDO MILITAR DA AMAZÔNIA GABINETE DO COMANDO O Exército Brasileiro na Defesa da Soberania na Amazônia INTRODUÇÃO A Amazônia é um dos poucos subsistemas mundiais ainda quase inexplorado pelo homem e que, se bem utilizado pelo Brasil, pode se transformar em indutor do desenvolvimento sustentável do País, baseado no aproveitamento das riquezas existentes na Região e na preservação ambiental. Alguns projetos já foram implantados com sucesso, como a Zona Franca de Manaus, a hidrelétrica de Tucuruí, o projeto de extração mineral de Carajás e o escoamento da produção agrícola do Centro Oeste, pelos rios Madeira e Amazonas. Outros projetos estão sendo implantados como as hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira e de Belo Monte no rio Xingu. Todos ainda muito aquém do potencial da Amazônia que possui 1/5 da água potável, 2/3 das reservas de energia elétrica, a maior floresta tropical e o maior banco genético e 30% de todas as espécies vivas do mundo, além de ser a maior província mineral do planeta. Por essas características, pelo seu isolamento do centro de poder econômico e político do País e pela presença insípida das Instituições e Órgãos do Estado Brasileiro na Região e principalmente na fronteira, os problemas crescem de importância, como o tráfico de armas e drogas, a questão das reservas indígenas, a biopirataria, a manipulação de dados sobre a preservação da floresta entre outros. Sua posição(quadro Nr 1) geopolítica, no centro da América do Sul, lhe confere importância estratégica mas também lhe traz a convivência com parte dos problemas dos países os quais o Brasil tem Quadro Nr 1 Posição Geopolítica fronteira(guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia). Nessa situação, por meio das fronteiras terrestres sofre influência da conjuntura existente nesses países caracterizada principalmente pela 1
2 narcoguerrilha, pelo neopopulismo, pelo aumento de poder militar e por movimentos autonomistas. As condicinantes acima, aliadas às dimensões amazônicas de km² de área, às distâncias a percorrer (mais de Km de norte a sul e de Km de leste a oeste), à carência de infra-estrutura de transportes e à rarefeita população dos seis Estados da Federação que conformam a região, demandam uma grande preocupação com a Defesa da Amazônia Brasileira. As preocupações existentes por parte Exército na Amazônia, segundo sua missão constitucional, podem ser traduzidas em quatro grandes questões: assegurar a soberania nas fronteiras terrestres, dissuadir e combater atividades ilícitas, proteger as riquezas do subsolo e dar credibilidade às ações de defesa da área. Há que se destacar que na Amazônia nada se faz sozinho. A atuação conjunta e o entendimento da perfeita necessidade de integração do Exército com as demais Forças (Marinha e Aeronáutica), com as Instituições e Órgãos do Poder Público (Polícia Federal, Receita Federal, Polícia Militar Estadual, FUNASA, FUNAI, IBAMA, DNIT, Ministério das Cidades, entre outros) e, também, com a população da área é que permitem que essas ações tenham alto índice de sucesso. DESENVOLVIMENTO A articulação logística e operacional do Comando Militar da Amazônia permite cumprir sua missão constitucional que é definida pela constituição A articulação logística está estruturada em duas Regiões Militares, a 8ª Região Militar na Amazônia Oriental e a 12ª Região Militar na Amazônia Ocidental, que planejam e executam as funções logísticas de suprimento, Quadro Nr 2 Articulação Logística transporte, manutenção, saúde e recursos humanos (quadro Nr 2). A função logística de Engenharia é executada pelo Quadro Nr 3 Gpt Eng Grupamento de Engenharia com quatro Batalhões e uma Companhia de Engenharia de Construção (quadro Nr 3). Quadro Nr 3 Gpt Eng 2
3 A articulação operacional está conformada por cinco Brigadas de Infantaria de Selva e a 8ª Divisão de Exército, com sede em Belém-PA (quadro Nr 4). A 1ª Brigada de Infantaria de Selva, com sede em Boa Vista-AM; a 2ª Brigada de Infantaria de Selva, com sede em São Gabriel Quadro Nr 4 8ª DE da Cachoeira-AM; a 16ª Brigada de Infantaria de Selva, Quadro Nr 4 8ª DE com sede em Tefé-AM; a 17ª Brigada de Infantaria de Selva, com sede em Porto Velho-RO e a 23º Brigada de Infantaria de Selva, com sede em Marabá-PA (quadro Nr 5). O efetivo do Exército na Amazônia em 1950, era de apenas militares em toda a Região. A partir da década de 90, Brigadas foram transferidas do centro-sul do País para reforçar as ações de defesa na Amazônia. Consoante com a prioridade estabelecida pelo Exército Brasileiro a 1ª Brigada de Infantaria de Selva veio de Petrópolis-RJ, a 2ª Brigada de Infantaria de Selva de Quadro Nr 5 Niteroi-RJ e a 16ª Brigada de Infantaria de Selva de Comandos de Brigadas Santo Ângelo-RS perfazendo, hoje, em todo o Comando Militar da Amazônia um efetivo de aproximadamente militares. Esse esforço do Exército foi para responder em melhores condições a defesa dos interesses nacionais na Região sendo importante destacar, nesse contexto, a estratégia da presença seletiva que permitiu ao Exército Brasileiro sediar suas Organizações Militares (OM) em localidades consideradas estratégicas. Especial destaque deve ser feito para os 27 (vinte e sete) elementos de fronteira: as Companhias Especiais de Fronteira (CEF), os Pelotões Especiais de Fronteira (PEF) e os Destacamentos Especiais de Fronteira (DEF) que cumprem a dupla missão de defesa da pátria e colaboram com o desenvolvimento nacional com o lema: Vida, Combate e Trabalho nos Km de fronteira terrestre. As ações de defesa do Estado Brasileiro na Região Amazônica, porém, necessitam ser ampliadas, assim, de acordo com a Estratégia Nacional de Defesa (END) foi elaborado o Plano Amazônia Protegida, por parte do Exército Brasileiro, que envolve o aumento da presença militar na área e o uso de tecnologia de monitoramento das fronteiras para salvaguardar os interesses nacionais. O Programa Amazônia Protegida é apenas a vertente do Exército para ações muito mais amplas de defesa da soberania brasileira na Amazônia que se integra, ainda, com os planos da Marinha do Brasil e da Força Aérea Brasileira. 3
4 Perspectivas Futuras As perspectivas futuras para a Amazônia estão assentadas em um realístico planejamento de defesa, coerente com a estatura política, econômica e geoestratégica projetada para o País até o ano de O Programa Amazônia protegida contempla várias ações de curto, médio e longo prazo, ao longo de vinte anos, com aporte de recursos do Governo Federal para a sua implantação. Prevê a modernização das instalações militares existentes, a construção de novas estruturas militares e a aquisição de modernos equipamentos de defesa e de monitoramento da fronteira. O efetivo do Exército Brasileiro na Região sofrerá um significativo aumento perfazendo uma presença, de aproximadamente homens, projetada para O Programa Amazônia Protegida(quadro Nr 06) está inserido no Plano de Articulação do Exército Brasileiro na Amazônia e na Estratégia Nacional de Defesa. Contempla ações que visam fortalecer a presença militar na Região por meio de um estratégico posicionamento de tropas articuladas na fronteira e em profundidade. Prevê ainda a dotação de equipamentos de avançada tecnologia para a Quadro Nr 06 Programa Amazônia interligação e aumento da mobilidade da tropa Protegida compatível com a dimensão da Amazônia e da sua importância estratégica para as gerações futuras. Para que esse objetivo seja possível, se faz necessário um eficiente e eficaz sistema de monitoramento que integre a atuação das Forças Armadas e das Instituições e Órgãos do poder público. O Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON quadro Nr 07) é a proposta do Exército Brasileiro para a vigilância das fronteiras que norteará a Atuação Conjunta e Multisetorial de defesa da Amazônia. O SISFRON ampliará a capacidade de controle das fronteiras terrestres, atualizando e integrando todos os subsistemas de monitoramento existentes: sensores (sensoriamento; comunicações; segurança das informações e comunicações; apoio à decisão; Quadro Nr 07 SISFRON 4
5 capacitação; simulação; logístico e gestão), agregando outros meios modernos de sensoriamento (equipamentos de comando e controle; sistema de apoio à decisão; sensores de HF, VHF, satelitais, meteorológicos, óticos e térmicos; radares de rastreamento aéreo, hidroviários e terrestres; centros de operações; centros de simulação; veículos aéreos nãotripulados; satélites de comunicações e satélites de observações) que estarão em contato direto com os atuadores (tropa, Instituições e Órgãos do poder público) mais próximos ao ilícito que, após a tomada de decisão, responderão com o emprego de pessoal e meios adequados à situação. Os meios de monitoramento estão previstos para serem instalados nas diversas Organizações Militares do Exército Brasileiro existentes na Amazônia e naquelas previstas para serem implantadas no Programa Amazônia Protegida. O prazo de execução do SISFRON é de 10 anos, mediante a implantação de cinco módulos e aporte de recursos na ordem de R$ 4 Bilhões. CONCLUSÃO O Exército Brasileiro e as Forças Armadas possuem capacidade de planejar e pensar o Brasil das próximas gerações de forma coerente com a estatura geopolítica do País. Para que os planejamentos possam ser exeqüíveis, há necessidade de alocação dos recursos propostos e o entendimento da sociedade, por meio de seus representantes nos poderes executivo e legislativo, de que o investimento na defesa da Amazônia, ao longo dos próximos vinte anos, permitirá maior controle desse patrimônio e o uso seguro de suas riquezas pelo país, sem as quais corremos o risco de manter a região isolada e atrair interesses de outras nações. A Amazônia é um patrimônio que nos foi legado pelos portugueses e por gerações de brasileiros que nos antecederam. Temos o dever patriótico de entregá-lo aos nossos sucessores. A defesa dessa área e o uso sustentável de suas riquezas pelas próximas gerações, certamente será a base para o desenvolvimento do Brasil do futuro. As Forças Armadas e em particular o Exército Brasileiro presentes na região quando da formação da nação tem mantido o seu compromisso secular de proteger e defendê-la, ampliando sua atuação na área. Entretanto, as potencialidades da Amazônia têm despertado cobiça em todos os cantos do planeta, de onde se depreende que as Ações de Defesa da 5
6 Região devem ser uma prioridade do Estado Brasileiro e não simplesmente das Forças Armadas. A defesa da Amazônia deve corresponder aos anseios dessa grande nação para que esse patrimônio seja utilizado como instrumento de desenvolvimento pelas gerações futuras. Selva! 6
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