Mercado de Trabalho Brasileiro: evolução recente e desafios
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- Andreia Carlos Azambuja
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1 1 São Bernardo do Campo, 10 de março de NOTA Á IMPRENSA Mercado de Trabalho Brasileiro: evolução recente e desafios O crescimento econômico brasileiro observado na década atual concretizou-se pelo desempenho do setor exportador, combinado com significativa participação do mercado interno. A dinâmica de crescimento continuado em um quadro macroeconômico de relativo equilíbrio teve impacto positivo no mercado de trabalho, promovendo mudanças importantes em um quadro histórico de profunda desigualdade social, sobretudo a partir de Os resultados observados revelam uma melhora nos principais indicadores do mercado de trabalho: crescimento da ocupação, queda do desemprego, aumento da formalização e redução da informalidade, acompanhados por significativo aumento da massa salarial e discreta recuperação do salário médio, crescimento do valor real do salário mínimo, e resultados mais positivos nas negociações salariais. Nesta década, verifica-se o crescimento do conjunto da ocupação, com destaque para o assalariamento com carteira assinada (Gráfico 1). Com base nas informações da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) registro administrativo sobre o emprego formal mantido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), estima-se que, entre 2003 e 2009, foram criados mais de 12 milhões de empregos formais (Gráfico 2). Essa dinâmica da ocupação teve, por um lado, forte impacto na taxa de desemprego metropolitana que diminuiu de 19,5%, em 2002, para 14,2%, em 2009 (Gráfico 3). Por outro lado, contribuiu para a diminuição da informalidade no conjunto dos ocupados que, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) caiu de 46,5%, em 2002, para 42,7%, em No que tange à renda, observa-se que houve expressiva elevação da massa de rendimentos, determinada, predominantemente, pelo crescimento da ocupação (Gráfico 4).
2 2 Também se observa o comportamento positivo, porém mais discreto, do rendimento real médio. Ainda em relação à renda, houve uma significativa recuperação do salário mínimo real (Gráfico 5), fruto da política da valorização acordada entre as Centrais Sindicais e o Governo Federal. Entre 2002 e 2010, o aumento real do mínimo ficou em 53,67%. Como resultados desses movimentos, houve importante redução da desigualdade de renda nos últimos anos como indica o Coeficiente de Gini, baseado nos dados da Pnad (Gráfico 6). Os resultados das negociações salariais revelam uma melhora relativa do ambiente negocial, sobretudo após 2004, com o predomínio de negociações que apresentam resultados que asseguram a reposição da inflação, e garantem, inclusive, aumentos reais de salário (Gráfico 7). A relação entre o salário médio dos admitidos e dos desligados apresenta uma clara melhora no período, passando de 84% em 2002 para 92% em 2008 (Gráfico 8). A crise do ano passado interrompeu essa melhora. Essa evolução positiva certamente decorre do aquecimento do mercado de trabalho, das negociações dos pisos salariais e da política de valorização do salário mínimo. Contudo, a rotatividade segue sendo um dos principais problemas do mercado de trabalho brasileiro. Ainda que os saldos de empregos anuais sejam crescentes, observa-se que estes resultam de uma intensa movimentação entre admitidos e desligados (Quadro 1). Desde o início dos anos 1990, a produtividade industrial é crescente, descolando-se da remuneração real média do setor que permanece estável no período recente. A relação desses indicadores revela que existe um largo espaço para o crescimento dos salários (Gráfico 9). Esse conjunto de resultados positivos no mercado de trabalho decorre de uma intencionalidade presente na estratégia de desenvolvimento. Permanecem, entretanto, desafios históricos e estruturais do mercado de trabalho brasileiro destacando-se o alto desemprego, os baixos rendimentos, a informalidade e a rotatividade. A necessidade de sustentar o desenvolvimento com elevação dos salários, do emprego e da produtividade impõe urgente expansão do investimento na qualidade da educação básica e na ampliação da oferta da educação profissional dos trabalhadores que hoje atinge apenas 10,6%, segundo o Ministério de Educação Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (MEC-Inep) dos matriculados no ensino médio.
3 MERCADO DE TRABALHO NO BRASIL: EVOLUÇÃO RECENTE E DESAFIOS
4 GRÁFICO 1 Índice do Nível de Ocupação, por Posição na Ocupação Regiões Metropolitanas e Distrito Federal Fonte: DIEESE/Seade, MTE/FAT e convênios regionais. PED Pesquisa de Emprego e Desemprego
5 GRÁFICO 2 Evolução do estoque do emprego formal Brasil (em mil) Entre 2003 e 2009, foram criados mais de 12 milhões de empregos formais Fonte: MTE, RAIS Elaboração: DIEESE Nota: * estimativa
6 GRÁFICO 3 Taxas de Desemprego, segundo tipo Regiões Metropolitanas e Distrito Federal Fonte: DIEESE/Seade, MTE/FAT e convênios regionais. PED Pesquisa de Emprego e Desemprego
7 130,0 120,0 110,0 100,0 90,00 80,0 GRÁFICO 4 Ocupação, rendimento médio real e massa salarial real Regiões metropolitanas Base: média de 2000= , Nível de ocupação Rendimento médio real Massa de Rendimento Real Fonte: DIEESE/Seade, MTE/FAT e convênios regionais. PED Pesquisa de Emprego e Desemprego
8 GRÁFICO 5 Evolução do Salário Mínimo real INPC IBGE 2000 a 2010 (maio/95 = 100) O aumento real do Salário Mínimo foi de 53,67% entre 2002 e Fonte: DIEESE
9 GRÁFICO 6 Índice de Gini Brasil 2004 a 2008 Fonte: IBGE. PNAD Obs.: O Índice de Gini mede o grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita
10 GRÁFICO 7 Distribuição dos reajustes salariais, em comparação ao INPC IBGE Brasil Fonte: DIEESE. SAS DIEESE Sistema de Acompanhamento de Salários
11 0,94 GRÁFICO 8 Evolução darelação entresalário médio de admitidos e desligados Brasil crise 0, ,91 0,92 0, ,88 0,86 0,84 0,85 0,85 0,88 0,88 0,84 0,85 0,86 0,89 0,89 0,89 0,82 0, , Fonte: MTE, RAIS Elaboração: DIEESE
12 QUADRO 1 Movimentação do Emprego Brasil 2000 a 2009 Ano Admissões Desligamentos Saldo Fonte: MTE. CAGED Elaboração: DIEESE
13 200,0 GRÁFICO 9 Índice dorendimento médio real dos ocupados na indústria, RMSP e produtividade Brasil 1989 a ,0 160,00 140,0 120,0 100,0 80,0 60,00 40,0 20,0 0, Rendimento Médio dos ocupados na Indústria RM-SP Produtividade Fonte: IBGE e DIEESE/Seade, MTE/FAT e convênios regionais
14 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
15 Demanda Potencial de Educação Profissional Estimativa de demanda potencial de Educação Profissional i segundo omec/inep 2006: Em 2008, 10,6% dos demandantes potenciais estavam matriculados na educação profissional técnica denível médio. A desigualdade de participação varia de 3,8% no Nordeste a 15,4% na região Sul.
16 GRÁFICO 11 - Proporção das pessoas de 10 anos ou mais de idade que não concluíram o curso de qualificação profissional, curso técnico de nível médio e curso de graduação tecnológica por principal motivo Brasil Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, Fonte: IBGE. PNAD
17 Investimento público em educação profissional A soma do investimento na educação profissional na esfera pública (municípios, estados e união) corresponde a 1,9% de investimento total em educação em2006, conforme o MEC/INEP. Do total do investimento em educação profissional, a União participa com 82,8%.
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