A inserção das mulheres no mercado de trabalho do Distrito Federal
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- Bianca Bentes Castilhos
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1 A INSERÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO DO DISTRITO FEDERAL MARÇO MARÇO A inserção das mulheres no mercado de trabalho do Inúmeras têm sido as abordagens sobre a crescente presença feminina no mercado de trabalho, ampliando o conhecimento sobre as características e tendências dessa inserção sob a perspectiva individual e de gênero. Assim, constatou-se que o aumento da participação das mulheres no mundo do trabalho nas últimas décadas, não alterou a condição de maior vulnerabilidade em relação ao desemprego, uma vez que representam mais da metade da população desempregada e quando ocupadas, percebem rendimentos inferiores aos dos homens. No esforço de melhor compreender a participação feminina no mercado de trabalho, esse boletim busca atualizar os seus indicadores, salientando as particularidades do engajamento das mulheres no mercado laboral regional. Atenção particular será dedicada aos indicadores de rendimentos do trabalho entre os sexos que, para além de refletir com clara nitidez a discriminação das mulheres no mercado de trabalho, trazem importantes elementos para pensar políticas públicas capazes de alterar essa condição da mulher na sociedade. A fonte de informações utilizada foi a base de dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego no (PED-DF), no período Jan-Set/2012 Jan- Set/2013.
2 2 A INSERÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO DO DISTRITO FEDERAL O mercado de trabalho do apresentou desempenho positivo na geração de postos de trabalho.de acordo com as informações da Pesquisa de Emprego e Desemprego no -PED-DF foram criadas 17 mil novas ocupações no período compreendido entre Jan-Set/2012 a Jan-Set/2013. O aumento de postos de trabalho (17 mil) em número superior ao crescimento da PEA (15 mil) resultou na redução do contingente de homens e mulheres na situação de desemprego (Tabela A). A Taxa de Desemprego Total passou de 12,7%, para 12,4% no período analisado. No período compreendido entre (dez/2011-ago/ ) e (dez/2012-ago/ ), o rendimento médio real dos ocupados apresentou retração de 1,7%. Tabela A Estimativa da População Economicamente Ativa, da População Ocupada e Desempregada segundo sexo Jan-Set/2012 e Jan-Set/2013 Em pessoas Condição de Atividade e Jan-Set/2012 Jan-Set/2013 Variação Absoluta Taxas de Participação e Desemprego Total Mulheres Homens Total Mulheres Homens Total Mulheres Homens População Econ. Ativa Ocupados Desempregados Fonte: Convênio: DIEESE/SEADE-SP/MTE-FAT/SETRAB-GDF/CODEPLAN. PED-DF - Pesquisa de Emprego e Desemprego no. 1. A proporção de mulheres com dez anos e mais de idade inseridas no mercado de trabalho, na situação de ocupadas ou de desempregadas taxa de participação feminina -, diminuiu de 56,7% para 55,4%. Entre os homens, também houve diminuição ao passar de 69,8% para 68,9% (Gráfico A). Ao analisamos a taxa de participação, tanto para homens quanto para mulheres, por faixa etária de 16 a 24 anos, verificamos redução no percentual de inserção, reiterando a teoria que jovens estão adiando a busca pelo primeiro emprego.
3 3 Gráfico A Taxa de participação segundo sexo Jan-Set/2012 Jan-Set/ ,0 70,0 60,0 62,8 61,7 69,8 68,9 56,7 55,4 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 Total Homens Mulheres Fonte: PED-DF. Convênio SETRAB/ CODEPLAN/ DIEESE/SEADE/MTE. 2. A taxa de desemprego total das mulheres diminuiu ao passar de 15,6% para 14,8%, enquanto a dos homens elevou-se de 9,9% para 10,2% (Gráfico B). O crescimento do nível ocupacional (1,2%) contribuiu positivamente para redução do desemprego da força de trabalho feminina. O contingente de pessoas economicamente ativas apresentou variação positiva mais intensa entre os homens (1,7%), que entre as mulheres (0,3%). Assim o número de mulheres desempregadas diminuiu mais que o dos homens, arrefecendo, mas não eliminando, a desigualdade de acesso aos postos de trabalho segundo sexo, pois as mulheres, ainda, continuam sendo a maioria entre os desempregados (57,4%).
4 4 Gráfico B Taxa de desemprego total segundo sexo ,0 Jan-Set/2012 Jan-Set/ ,6 14,8 14,0 12,0 10,0 12,7 12,4 9,9 10,2 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0 Total Homens Mulheres Fonte: PED-DF. Convênio SETRAB/ CODEPLAN/ DIEESE/SEADE/MTE. 3. Entre Jan-Set/2012 e Jan-Set/2013 foram gerados 10 mil novos postos de trabalho para os homens e 7 mil para mulheres. Com isso, o contingente feminino ocupado passou para 596 mil, representando um crescimento de 1,2%; para os homens, a ocupação aumentou 1,5%. As mulheres seguiram sendo minoria entre os ocupados (46,8%). 4. No período em análise, na desagregação setorial, a ampliação do nível ocupacional das mulheres se concentrou ao desempenho positivo dos Serviços (2,0%, ou mais 9 mil) e da Indústria (6,3%, ou mais 1 mil). Por outro lado, houve redução de postos de trabalho nos Serviços Domésticos (-3,7% ou menos 3 mil) e no Comércio (-2,9% ou menos 3 mil postos). Para os homens o aumento do nível ocupacional se concentrou no Comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas (7,5% ou mais 10 mil postos), e em menor intensidade nos Serviços (1,2% ou mais 5 mil). Reduziram-se os níveis de ocupação na Construção (- 4,9% ou menos 4 mil) e na Indústria (-3,4% ou menos 1 mil).
5 5 Setor de Atividade Total de Ocupados (1) Industria de transformação (2) Construção (3) Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (4) Total Mulheres Homens Total Mulheres Homens 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 3,6 2,7 4,3 3,5 2,9 4,2 6,8 (6) 12,1 6,5 (6) 11,3 Serviços (5) 69,2 77,8 61,5 69,3 78,3 61,4 Fonte: Convênio: DIEESE/SEADE-SP/MTE-FAT/SETRAB-GDF/CODEPLAN. PED-DF - Pesquisa de Emprego e Desemprego no. (2) Seção C da CNAE 2.0 domiciliar. (3) Seção F da CNAE 2.0 domiciliar. (4) Seção C da CNAE 2.0 domiciliar. (5) Seções H a T da CNAE 2.0 domiciliar. (6) A amostra não comporta desagregação para esta categoria Tabela B Distribuição dos Ocupados por setor de atividade e sexo Jan-Set/2012 e Jan-Set/ ,8 17, ,1 16,8 21,1 Em porcentagem (1) Inclui agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (Seção A); indústrias extrativas (Seção B); eletricidade e gás (Seção D); água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação ( Seção E); organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais (Seção U); atividades mal definidas (Seção V). As seções mencionadas referem-se à CNAE 2.0 domiciliar. 5. Quanto à forma de inserção no mercado de trabalho, merece destaque o aumento do número de ocupações mais protegidas pela legislação trabalhista, em especial o assalariamento com carteira de trabalho assinada: crescimento de 2,5% no contingente feminino e de 3,9% no masculino. Entre os assalariados sem carteira assinada, observouse, significativa redução no contingente feminino (-4,7%) e, em menor medida, no masculino (-1,9%). Já entre os assalariados do setor público, a geração de postos de trabalho beneficiou apenas as mulheres, cujo contingente apresentou um aumento de 7,0%; o número de homens assalariados no setor público apontou uma pequena redução de (-0,7%). Destaca-se, entre as mulheres, redução no emprego doméstico mensalista (- 3,4%), e estabilidade para as diaristas. Quanto aos autônomos, houve redução tanto para as mulheres (-8,3%), quanto para os homens (-7,6%).
6 6 REDUÇÃO NOS RENDIMENTOS FOI MENOS INTENSA ENTRE AS MULHERES Período entre (dez/2011-ago/ ) e (dez/2012-ago/ ) 6. No período analisado, o rendimento médio real dos ocupados diminuiu com maior intensidade para os homens (-2,5%); para as mulheres, pouco se alterou (-0,4%). O valor auferido pelas mulheres passou de R$1.988 em 2012, para R$1.980 em 2013 e o dos homens, de R$2.697, para R$2.631 no mesmo período (Tabela C). Considerar as diferenças na duração das jornadas de trabalho entre homens e mulheres, por outro lado, confirma a manutenção da desigualdade na distribuição de rendimentos médios. Em 2012, o rendimento médio por hora auferido pelas mulheres correspondia a 77,7% do rendimento masculino. Já em 2013, essa proporção aumentou para 79,8% (Gráfico C). Setor de Atividade Total de Ocupados (3) Industria de transformação (4) Construção (5) Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (6) Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens ,70 14,67 (9) (9) 9,68 (9) (9) 42 (9) 9,23 Serviços (7) ,14 18,59 Fonte: PED-DF. Convênio SETRAB/ CODEPLAN/ DIEESE/ SEADE/ TEM (1) Inflator utilizado: INPC-DF/IBGE (3) Inclui agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (Seção A); indústrias extrativas (Seção B); eletricidade e gás (Seção D); água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação ( Seção E); organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais (Seção U); atividades mal definidas (Seção V). As seções mencionadas referem-se à CNAE 2.0 domiciliar. (4) Seção C da CNAE 2.0 domiciliar; (5) Seção F da CNAE 2.0 domiciliar; (6) Seção G da CNAE 2.0 domiciliar; (7) Seções H a T da CNAE 2.0 domiciliar. (8) Exclusive os ocupados que não trabalharam na semana; (9) A amostra não comporta desagregação para a categoria. Rendimento médio real Jornada semanal média (8) Tabela C Rendimento médio real por hora (1) dos ocupados (2) no trabalho principal segundo setor de atividade e sexo Dez/2012-Ago/ Em Reais de agosto de 2013 Rendimento médio por hora trabalhada (8) (2) Exclusive os assalariados e os empregados domésticos mensalistas que não tiveram remuneração no mês, os trabalhadores familiares sem remuneração salarial e os empregados que receberam exclusivamente em espécie ou benefício. 6,37 8,50
7 % RENDIMENTO MASCULINO 7 Gráfico C Proporção do rendimento médio (1) por hora no trabalho principal das mulheres em relação ao dos homens (2) por setor de atividade dez/2011-ago/ dez/2012-ago/ ,8 77,7 78,1 Total de Ocupados (3) (1) Inflator utilizado: INPC-DF/IBGE; (2) Total de ocupados: exclusive assalariados e os empregados domésticos mensalistas que não tiveram remuneração no mês, os trabalhadores familiares sem remuneração salarial e os empregados que receberam exclusivamente em espécie ou benefício. Exclusive os que não trabalharam na semana. (3) Inclui agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (Seção A); indústrias extrativas (Seção B); eletricidade e gás (Seção D); água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação ( Seção E); organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais (Seção U); atividades mal definidas (Seção V). As seções mencionadas referem-se à CNAE 2.0 domiciliar. (4) Seção G da CNAE 2.0 domiciliar. (5) Seções H a T da CNAE 2.0 domiciliar. 74,9 Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (4) 68,7 70,7 Serviços (5) 7. Em termos setoriais, destaca-se o menor valor do rendimento médio auferido pelas mulheres em todos os setores de atividade com estatísticas comparáveis. Setorialmente, a maior desigualdade de rendimentos foi observada no setor dos Serviços, onde o rendimento médio real das mulheres correspondia a 67,4% do rendimento dos homens. A jornada de trabalho das mulheres foi menor em relação à dos homens para todos os setores de atividade com estatísticas comparáveis. Considerando as distribuições de rendimento e jornada (ou seja, o rendimento médio por hora trabalhada), encontra-se nos Serviços o maior hiato no rendimento por hora trabalhada por sexo. O rendimento por hora trabalhada das mulheres neste setor correspondia a 70,7% do rendimento auferido pelos homens (tabela e gráfico C) 8. Outra forma de observar as desigualdades na distribuição de rendimentos segundo sexo é por meio da posição na ocupação (Tabela D). No período analisado, entre os assalariados, o rendimento médio real das mulheres correspondia a 89,0% do rendimento dos homens; entre autônomos, 57,1%. A desigualdade de rendimentos no setor assalariado privado foi maior entre os empregados com carteira assinada (79,9%), comparativamente aos sem carteira (82,7%). A posição de empregados domésticos,
8 8 tipicamente feminina, apresentou o menor valor de rendimento médio por hora trabalhada dentre as formas de inserção no mercado de trabalho. Destaque para as mensalistas, que auferiram apenas 40,9% do rendimento médio recebido pelo total de mulheres ocupadas do DF. Tabela D Rendimento médio real (1), jornada média semanal e rendimento médio real por hora (1) dos ocupados (2) no trabalho principal segundo posição na ocupação e sexo, e proporção do rendimento médio real e por hora de trabalho das mulheres em relação ao dos homens Dez/2012-Ago/2013 Posição na Ocupação Total de Ocupados Assalariados Total (3) Assalariados do Setor Privado Com Carteira Assinada Sem Carteira Assinada Assalariados do Setor Público Rendimento médio real Jornada semanal média (5) Rendimento médio por hora trabalhada (5) Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens ,70 14, ,34 14, ,76 8, ,66 8, ,38 8, ,61 35,61 Autônomos Autônomos que trabalham p/ o Público Autônomos que trabalham p/ o Empresa Empregadores Empregados Domésticos Mensalistas Diaristas Demais (4) Fonte: PED -DF. Convênio SETRAB/ CODEPLAN/ DIEESE/ SEADE/ TEM (1) Inflator utilizado: INPC-DF/IBGE. (3) Inclusive aqueles que não informaram o segmento em que trabalham. (4) Inclui profissionais universitários autonômos, donos de negócio familiar, etc. (5) Exclusive os ocupados que não trabalharam na semana. (6) A amostra não comporta desagregação para a categoria ,22 9, ,00 9,28 (6) (6) (6) (6) (6) (6) 29, (6) 37 (6) 5,10 (6) 854 (6) 42 (6) 4,78 (6) (6) (6) 26 (6) (6) (6) ,47 26,45 (2) Exclusive os assalariados e os empregados dométicos mensalistas que não tiveram remuneração no mês, os trabalhadores familiares sem remuneração salarial e os empregados que receberam exclusivamente em espécie ou benefício. Metodologia Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados Seade Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos DIEESE. Convênio Regional Secretaria de Trabalho do (SETRAB) Companhia de Planejamento do (CODEPLAN) Apoio Ministério do Trabalho e Emprego - MTE/ Fundo do Amparo ao Trabalhador FAT
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