CONEXÃO DO FENÔMENO ENOS NAS ANOMALIAS ANUAIS DE PRECIPITAÇÃO EM ÁREAS NÃO LITORÂNEAS DO RIO GRANDE DO SUL

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1 CONEXÃO DO FENÔMENO ENOS NAS ANOMALIAS ANUAIS DE PRECIPITAÇÃO EM ÁREAS NÃO LITORÂNEAS DO RIO GRANDE DO SUL Dionis Mauri Penning Blank 1,Simone Vieira de Assis 2 RESUMO Na literatura se encontra inúmeros estudos sobre chuva e sua variabilidade de ocorrência, visto que é uma variável de extrema importância, reguladora da vida da população. Varejão-Silva (2005), citando Kousky et al (1984) e Kayano et al (1988), diz que esses e outros autores têm estudado a influência do El Niño Oscilação Sul (ENOS) sobre a variabilidade climática da América do Sul. Tem sido identificada chuva deficiente em vastas áreas, incluindo o nordeste do Brasil e a Amazônia, bem como excesso de chuva no sul do Brasil e costa do Peru durante episódios ENOS. O excesso de chuvas no sul do Brasil estaria relacionado com a intensificação do jato subtropical associada a uma situação de bloqueio na troposfera superior, sobre a América do Sul, impedindo a passagem dos sistemas frontais que, assim, tenderiam a estacionar sobre o sul do Brasil. Logo, nesse trabalho, relaciona-se a distribuição anual das anomalias de precipitação à ocorrência dos eventos El Niño e La Niña, por meio de estações meteorológicas situadas distantes do litoral do RS, e se tem que o fenômeno ENOS é responsável pela maioria das anomalias constatadas no sul. ABSTRACT In literature if it finds innumerable studies on rainfall and its variability of occurrence, since it is an variable of extreme importance, regulating of the life of the population. Varejão-Silva (2005), citing Kousky et al (1984) and Kayano et al (1988), it says that these and other authors have studied the influence of the El Niño Southern Oscillation (ENSO) on the climatic variability of the South America. They have been identified to deficient rainfall in vast areas, including the northeast of Brazil and the Amazônia, as well as rainfall excess in the south of Brazil and coast of Peru during episodes ENSO. The rainfall excess in the south of Brazil would be related with the intensification of the subtropical jet stream associate to a situation of blockade in the superior troposphere, on the South America, hindering the ticket them systems frontals that, thus, would tend to park on the south of Brazil. Soon, in this paper, it becomes related annual distribution of the anomalies of rainfall to the occurrence of the events El Niño and La Niña, by means of situated meteorological stations distants to the coast to the RS, and if it has that phenomenon ENOS is responsible for the majority of the evidenced anomalies in the south. Palavras-Chave El Niño, La Niña, precipitação. 1 Bolsista do Programa de Educação Tutorial (MEC/SESU) Grupo PET Meteorologia. Universidade Federal de Pelotas UFPel. Campus Universitário s/nº, CEP Caixa Postal 354. Capão do Leão. dionisblank@gmail.com 2 Professora Doutora do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal de Pelotas UFPel. Campus Universitário s/nº, CEP Caixa Postal 354. Capão do Leão. assis@ufpel.edu.br

2 INTRODUÇÃO El Niño Oscilação Sul (ENOS) é um fenômeno de grande escala que ocorre no Oceano Pacífico tropical. O fenômeno refere-se a uma combinação de dois mecanismos que demonstram o vínculo existente entre o oceano e a atmosfera. O El Niño (EN) representa o componente oceânico do fenômeno, enquanto a Oscilação Sul (OS) a contrapartida atmosférica (Berlato e Fontana, 2003). Segundo Kousky e Cavalcanti (1984), a OS é representada por um índice que indica sua intensidade e fase, o qual é definido pela diferença entre os desvios da pressão normal ao nível do mar de duas estações pertencentes aos dois centros de ação. A fase positiva da OS ocorre quando a alta subtropical do Pacífico Leste e o sistema de pressão baixa na Indonésia são mais fortes que o normal, enquanto que a negativa ocorre quando os sistemas são mais fracos que o normal. Assim, os anos em que as anomalias positivas de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) (águas quentes) são grandes no Pacífico Leste Equatorial, e permanecem assim por vários meses durante a fase negativa da OS, são chamados anos de El Niño (fenômeno El Niño), acontecendo o inverso, o fenômeno passa a ser descrito por La Niña. No Pacífico Tropical, a presença de eventos quentes (frios) denominados de El Niño (La Niña), com anomalias positivas (negativas) de TSM, causa fenômenos climáticos diferenciados em várias áreas do globo (Bjerknes, 1969; Rasmusson e Carpenter, 1982; Ropelewski e Halpert, 1996 e 1997 e Philander, 1991). Segundo Fontana e Berlato (1996) na fase quente (El Niño) do fenômeno ENOS a precipitação pluvial é superior à média climatológica na maioria dos meses do ano, havendo, porém, dois períodos bem definidos. O período principal, na primavera do ano de início do fenômeno, com repique no final do outono do ano seguinte. Figura 1: Distribuição das estações meteorológicas relacionadas no estudo.

3 OBJETIVO Relacionar a distribuição anual das anomalias de precipitação, por meio de estações meteorológicas sem proximidades litorâneas ao RS, à ocorrência dos eventos El Niño e La Niña. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados os totais mensais de precipitação, comparados à normal da série, de 8 estações distribuídas sobre o RS, durante o período de Os dados meteorológicos são oriundos do 8ºDISME/INMET e da FEPAGRO, nos quais foram completadas as falhas segundo Gonçalves e Kim (1998). O histórico da ocorrência do ENOS (Tabela 1) foi extraído de Berlato e Fontana (2003), completado, até o último ano da série, pelos dos dados disponibilizados pelo NCEP/NOAA no endereço < acessado em setembro de 2006 Tabela 1: Histórico da ocorrência de El Niño (EN) e La Niña (LN) no período de 1913 a Ano EN LN Ano EN LN Ano EN LN Ano EN LN Ano EN LN RESULTADOS E DISCUSSÃO Na anomalia positiva (A +) significa que a precipitação foi superior à normal da série, na anomalia negativa (A ) o inverso. Os valores que ficaram próximos à média normal da série são considerados neutros (N). Abaixo são relacionadas as anomalias de precipitação com os eventos El Niño (EN) e La Niña. Nas áreas sombreadas das tabelas se tem o tipo de anomalia e o evento do ano referente está relacionado ao longo do mesmo. Sempre que a área descrita coincidir com o evento, temse a influência do ENOS.

4 Tabela 2: Relação das anomalias com o fenômeno ENOS na região de Bagé. Tabela 3: Relação das anomalias com o fenômeno ENOS na região de Bom Jesus. Tabela 4: Relação das anomalias com o fenômeno ENOS na região de Encruzilhada do Sul.

5 Tabela 5: Relação das anomalias com o fenômeno ENOS na região de Iraí. Tabela 6: Relação das anomalias com o fenômeno ENOS na região de Passo Fundo. Tabela 7: Relação das anomalias com o fenômeno ENOS na região de Santa Maria.

6 Tabela 8: Relação das anomalias com o fenômeno ENOS na região de São Luiz Gonzaga. Tabela 9: Relação das anomalias com o fenômeno ENOS na região de Uruguaiana. Em Bom Jesus, Encruzilhada do Sul, Irai, Passo Fundo, Santa Maria, São Luiz Gonzaga e Uruguaiana a minoria das anomalias foi influenciada pelo ENOS. Somente em Bagé houve o inverso. CONCLUSÃO Notou-se que o fenômeno ENOS exerceu maior influência na região situada ao sul do RS. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERLATO, M. A.; FONTANA, D. C. El Niño e La Niña: Impactos no clima, na vegetação e na agricultura do Rio Grande do Sul. Aplicações de previsões climáticas na agricultura. Porto Alegre: UFRGS, p. GONÇALVES, F. V.; KIM, I. S. Recuperação de dados climatológicos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE METEOROLOGIA, 10.; CONGRESSO DA FLISMET, 8., 1998, Brasília. Anais... Rio de Janeiro: SBMet, CL CD-ROM. KOUSKY, V. E.; CAVALCANTI, I. F. A. Eventos Oscilação Sul - El Niño: Características, evolução e anomalias de precipitação. 1984, Ciência e Cultura, Vol. 36, n. 11, p