BOLETIM CLIMÁTICO PRIMAVERA Início: 22/09/2017 às 17h02min - Término: 21/12/2017 às 13h28min*
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1 BOLETIM CLIMÁTICO PRIMAVERA 2017 Início: 22/09/2017 às 17h02min - Término: 21/12/2017 às 13h28min* * Não considerado o horário de verão No Brasil o equinócio de setembro sinaliza o início da primavera. Equinócio ocorre quando o sol atinge com maior intensidade as regiões próximas à linha do Equador e o dia tem a mesma duração em ambos os hemisférios. No Paraná, historicamente, os meses de primavera são caracterizados pelo retorno das chuvas mais abundantes. As massas de ar frio que se deslocam pelo sul do continente obviamente são menos intensas do que as do trimestre anterior e quando chegam ao Estado tendem a ser menos persistentes. Nesta época começam a ser mais frequentes eventos meteorológicos de pequena e média escalas os quais podem causar tempestades localizadas. As alternâncias ou variações nas condições atmosféricas tendem a ser uma constante, ou seja, os períodos de tempo sem chuvas podem dar lugar a outros com chuvas rápidas as quais podem trazer volumes consideráveis de precipitação acumulada. DADOS OBSERVADOS Principais eventos meteorológicos registrados em julho, agosto e setembro* Julho / 2017 *até 19/09/2017 O mês de julho é conhecido na climatologia como um dos que registram os menores volumes de chuva. Chove pouco e em poucos dias ao longo do mês. Os 20 dias deste mês em vários municípios do Estado não houve registro de chuvas. No dia 09 de julho algumas áreas de instabilidade provocaram chuvas fracas/moderadas em alguns setores e somente no dia 17 foi que uma frente fria avançou sobre o Paraná. Mesmo assim, esta frente fria causou chuvas fracas a moderadas e não atingiu os setores mais ao norte do Estado. Então, neste mês apenas um sistema frontal trouxe instabilidade atmosférica maior. O mês foi predominado por uma forte estabilidade do ar. Este comportamento da falta das chuvas pode ser conferido na Fig. 1 demonstrando que anomalias foram negativas em todo o Paraná. Quanto às temperaturas o destaque para o período de 17 a 20 quando o frio foi rigoroso e cobriu todas as regiões. No dia 19 as geadas foram generalizadas e
2 atingiram até pontos isolados (vales) da região leste. Em São Mateus do Sul, no dia 19 a temperatura mínima chegou aos 5,2 ºC! Fig. 1 - Precipitação acumulada e anomalia de chuvas em relação à média (mm) Agosto / 2017 Diferente do mês anterior as frentes frias foram mais frequentes sobre o Paraná embora fracas - conforme indicado na Fig. 2 e apresentaram distribuição espacial das anomalias positivas (choveu acima da média) em várias regiões. Nos dias 2 e 3 as chuvas isoladas começaram a ser registradas à noite do dia 2 e prosseguiram pela madrugada do dia 3. Foi a primeira frente fria do mês que evoluiu sobre o Estado, com fraca atividade. No dia 8 ocorreu a segunda frente fria. Quase nada de registros de chuvas. No dia 13 a terceira frente fria e igualmente de rápido deslocamento, contudo as chuvas atingiram todas as regiões. Nos dias 14 e 15 foram registradas chuvas. No entanto não foram causadas por frentes frias e sim por pequenas linhas de instabilidade que evoluíram do Paraguai em direção ao Paraná. No dia 19 uma área de baixa pressão atmosférica possibilitou a confluência dos ventos e umidade do ar de São Paulo em direção ao Paraná causando chuvas concentradas principalmente entre o nordeste, Região Metropolitana de Curitiba e o leste. Do dia 20 ao 22 o setor continental de uma quarta frente fria cobriu as diversas regiões paranaenses. Fig. 2 - Precipitação acumulada e anomalia de chuvas em relação à média (mm)
3 Setembro / 2017 Os primeiros 19 dias de setembro começaram de forma bastante semelhantes ao que foi registrado no mês de julho, ou seja, o quadro de estabilidade se estabeleceu novamente sobre parte do Sul e do Sudeste do Brasil. A Fig. 3 mostra que estes primeiros dias de setembro se mantiveram bem aquém dos volumes históricos (anomalias negativas). Não houve registro de chuva significativa sobre o Estado do Paraná nesses primeiros dias de setembro. Desde o dia 22 de agosto, foram poucas as regiões do Estado em que houve algum registro de chuva em nossos postos telemétricos. Fig. 3 - Precipitação acumulada e anomalia de chuvas em relação à média (mm) Monitoramento de El Niño Introdução A conexão entre os oceanos e a atmosfera traz impactos diretos sobre o tempo e o clima em diferentes pontos do planeta. O El Niño Oscilação Sul - ENOS é a projeção do conjunto El Niño ou La Niña a partir das Temperaturas da Superfície do Mar (TSM) observadas ao longo do Oceano Pacífico Equatorial. O ENOS fornece então umidade em determinados setores ao mesmo tempo em que diminui a quantidade em outras, ou seja, o que acontece num determinado setor do Oceano Pacífico Equatorial pode afetar o tempo ou clima em diferentes partes do planeta. El Niño / La Niña O Centro de Previsões Climáticas/NCEP/NWS da Administração Nacional Oceânica Atmosférica NOAA divulgou no último dia 14/09/2017 um diagnóstico das condições do El Niño/Niña que reproduzimos aqui para as diferentes áreas do Oceano Pacífico Equatorial, Fig. 4
4 Fig. 4 Áreas de monitoramento do El Niño No mês passado, as temperaturas equatoriais na superfície do mar estiveram próximas ou abaixo da média no leste e centro do Oceano Pacífico, Fig. 5. As condições do El Niño Oscilação Sul (ENOS) ficaram neutras na flutuação semanal nos valores de Temperatura Superfície do Oceano - TSO Niño 3.4 entre - 0,1 ºC e - 0,6 ºC, Fig. 6. Enquanto as anomalias de temperatura variaram na superfície, se tornaram cada vez mais negativas na sub-superfície (0 a 300 m) do Oceano, Fig. 7, devido ao agrupamento da termoclima através do Pacífico Leste-Central e Oriental, Fig. 8. Embora ao norte do Equador a convecção tenha sido suprimida sobre o Oceano Pacífico Ocidental e Central, aumentou ligeiramente próximo da Indonésia, Fig 9. Os ventos alíseos em baixos níveis foram mais fortes que a média numa pequena região no Oceano Pacífico Tropical Ocidental e os ventos em níveis altos estavam mais de leste que a normal em uma pequena área do Pacífico Leste-Central. Em geral, este sistema oceano atmosfera permaneceu consistente com ENOS-Neutro. A maioria dos modelos disponibilizados pelo IRI/CPC para a previsão do Niño 3.4 são favoráveis ao ENSO Neutro durante o verão , Fig. 10. As previsões mais atualizadas do sistema de previsões climáticas do NCEP (CFSv2) e o conjunto de modelos norte-americanos (NMM) indicam a formação de La Niña no início da primavera 2017, Fig. 11. Os preditores favorecem estas previsões, em parte devido ao recente resfriamento das anomalias das temperaturas superficiais e sub-superficiais e também devido ao maior grau de habilidade da previsibilidade para esta época do ano. Em resumo, há um aumento da probabilidade (55 a 60 %) da La Niña durante a primavera e o verão de
5 Fig. 5 Anomalias (ºC) médias da temperatura do Mar TSO, para a semana centrada em 06 de setembro de As anomalias são calculadas utilizando como referência os períodos médios semanais de
6 Fig. 6 Série temporal das anomalias da TSO para diferentes setores do Oceano Pacífico Equatorial. As anomalias de TSO são variações médias semanais do período base de
7 Fig. 7 Anomalia do conteúdo calórico (ºC) numa área média do Pacífico equatorial (5 ºN 5 ºS, 180 ºO 100 ºO). As anomalias no conteúdo calórico são calculadas como os desvios das pêntadas-médias do período médio de Fig. 8 Anomalias das temperaturas numa seção transversal de 0 a 300 m na parte superior do Oceano Pacífico Equatorial, na semana de 5 de semana de As anomalias são calculadas entre 5 ºN a 5 ºS. As anomalias são desvios das pêntadas médias durante o período base de 1981 a 2010.
8 Fig. 9 Anomalias médias da Radiação de Onda Longa (ROL) W/m 2 entre 11 de agosto a 5 setembro de As anomalias de OLR são calculadas levando em conta as médias de 1981 a Fig. 10 Prognósticos das anomalias da temperatura média do Oceano (TSO) na região do El Niño 3.4 ( 5 ºN 5 ºS, 120 º) 170 ºO) Figura atualizada em 18 de agosto de 2017
9 Fig. 11 Prognósticos das anomalias da Temperatura da Superfície do Oceano (TSO) na região do El Niño 3.4 para o conjunto de modelos norte-americanos. Figura atualizada em 07 de setembro de 2017 Previsão para o trimestre Outubro Novembro Dezembro de 2017 Reproduziremos os resultados de simulações de um modelo probabilístico (INMET) e de um determinístico (norte-americano CFSv2) para os próximos meses. De acordo com a previsão probabilística da distribuição das chuvas disponibilizada pelo Instituto Nacional de Meteorologia INMET, Fig. 12, em (acessado em 18/09) observa-se uma grande variabilidade probabilística para os três estados do Sul. No Paraná as probabilidades apresentam valores baixos e variáveis. Estes orbitam em torno da condição NORMAL.
10 Fig. 12 Previsão Probabilística (%) da desconsiderando-se a Normal. categoria mais Provável, A previsão climatológica mensal baseada no modelo CFSv2 ( indica os desvios, em mm, das chuvas em relação à média para os meses de outubro, novembro e dezembro de As Fig. 13, 14 e 15 indicam que, sobre o Paraná, o mês de outubro inicia com um desvio positivo de chuvas ao longo da bacia do Iguaçu, ~50 a 70 mm acima da média e próxima à média para as demais regiões. Para novembro a distribuição espacial das chuvas se concentra na média enquanto que para dezembro o sinal já é de chuvas abaixo da média para todas as regiões paranaenses.
11 Fig. 13 Desvio de precipitação (mm) outubro Modelo CFSv2
12 Fig. 14 Desvio de precipitação (mm) novembro Modelo CFSv2
13 Fig. 15 Desvio de precipitação (mm) dezembro Modelo CFSv2 De acordo com os resultados das abordagens estatísticas e determinísticas das simulações mais atualizadas consideramos que a distribuição das precipitações médias para o trimestre outubro, novembro e dezembro deste ano deverá acompanhar a média histórica no Paraná, mesmo considerando, pela abordagem das simulações determinísticas do conjunto de modelos norteamericanos, que dão conta da presença da La Niña numa faixa de 55% a 60% de probabilidade. Como foi descrito logo no início do documento, os eventos meteorológicos característicos desta estação do ano são de forte variação temporal e/ou espacial e assim, pontualmente ou em microrregiões, os valores podem eventualmente afastar-se da média. Quanto às temperaturas o previsto é que se comportem na média no primeiro mês e entre a média e acima desta para novembro e dezembro.
Figuras 3 e 4-Chuva Média e observada para o mês de fevereiro, respectivamente
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