ACONSELHAMENTO SOBRE MODOS SAUDÁVEIS DE VIDA: PRÁTICA E ADESÃO EM USUÁRIOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE.
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- Vera Godoi Galvão
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1 ACONSELHAMENTO SOBRE MODOS SAUDÁVEIS DE VIDA: PRÁTICA E ADESÃO EM USUÁRIOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE. Camila Silva Souza graduanda, milasspsi@gmail.com Cristiane Aparecida dos Santos- graduanda, cristyanne17@yahoo.com.br Heirischy Biazini Santana de Oliveira, heirischy@gmail.com Regiane Penaforte Santos - nutricionista, regiane002@gmail.com Luciana Martins Rocha De Almeida - enfermeira, enfermeiraluciana@terra.com.br Luana Caroline Dos Santos -UFMG, luanacs@ig.com.br RESUMO O estudo foi realizado para verificar a prática do aconselhamento nutricional e de atividade física por profissionais de saúde bem como sua adesão por usuários da atenção primária, no município de Belo Horizonte/MG. Trata-se de um delineamento transversal, com aplicação de questionário pré-testado. Dos entrevistados (n=499), 59,3% referiram aconselhamento, especialmente por médicos (93,6%), tendo como foco principal a alimentação saudável e prática de atividade física (48,9%). O aconselhamento foi mais prevalente entre indivíduos com maior número de morbidades (p=0,0001) e a falta de tempo foi citada como principal dificuldade para a adesão (27,5%). A baixa frequência de aconselhamento realizada pelos profissionais de saúde, assim como a sua baixa adesão pelos usuários, revelam a necessidade de maior ênfase nas ações de promoção da saúde. Palavras chave: Aconselhamento, Promoção da Saúde, Atenção Primária à Saúde. INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, o Brasil apresentou mudança no perfil de
2 morbimortalidade, sendo possível constatar decréscimo da prevalência de doenças infectocontagiosas e parasitárias e aumento de doenças e agravos não transmissíveis - DANT (BRASIL, 2007) como hipertensão arterial, diabetes, obesidade e insuficiência Cardíaca. Essas doenças podem interferir na qualidade de vida e saúde do indivíduo, acarretando sérias complicações e custos para a sociedade e governo (VILARINHO et. al, 2008; GUIMARÃES et. al, 2010). Tal quadro denota a necessidade de trabalhar as questões relativas à prevenção e promoção à saúde, por meio de métodos diversos, com destaque para o aconselhamento (SIQUEIRA et. al, 2009). Esse norteia a incorporação de práticas saudáveis e mudança de hábitos e representa um desafio para a atenção primária, uma vez que as ações curativas ainda demandam grande parte do tempo do trabalho dos seus profissionais (SIQUEIRA et. al, 2009). Nesse cenário, o presente trabalho objetivou verificar a prática do aconselhamento nutricional e de atividade física por profissionais de saúde bem como sua adesão por usuários da atenção primária. MATERIAL E MÉTODOS Estudo transversal realizado com amostra representativa de adultos e idosos de uma Unidade Básica de Saúde, cujo tamanho foi estimado pelas fórmulas propostas de BROWNER et. al, A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário pré-testado que abrangeu dados sociodemográficos, aconselhamento sobre modos saudáveis de vida, história de saúde, morbidades referidas e dados antropométricos. O Índice de Massa Corporal IMC=peso(kg)/altura(m) 2 foi classificado de maneira diferenciada para adultos (WHO, 1998) e idosos (LIPSCHITZ, 1994; BRASIL, 2008). Realizou-se análise descritiva e foram aplicados os testes Kolmogorov-Smirnov, qui-quadrado e teste t de student, com o auxílio do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão As variáveis com distribuição normal encontram-
3 se apresentadas sob a forma de média ± desvio-padrão, enquanto as demais estão demonstradas como mediana (intervalo de confiança de 95%). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais. RESULTADOS E DISCUSSÃO Participaram do estudo 499 usuários, 82,8% mulheres, com média de idade de 51 ± 15,5 anos, mediana de renda per capita de R$400,00 (IC95%: 456,77-534,66) e 5 anos (IC95%: 6,3-6,9) de estudo. Desses, 296 (59,3%) relataram terem sido aconselhados, sobretudo por médicos (93,9%), tabela 1. O aconselhamento foi principalmente relacionado à alimentação saudável associada à prática da atividade física (48,9%). Esses achados corroboram que o aconselhamento é ainda incipiente nos serviços de saúde, aproximadamente 30% (SIQUEIRA et. al, 2009; NORA et. al, 2004), e reforçam a visão médico-cêntrica de busca por esses profissionais (SANTOS, KNIJNIK, 2006). O aconselhamento foi similar entre os sexos, faixa etária e estado nutricional (p>0,05), porém foi mais frequente entre os usuários com maior número de morbidades (82,4% de aconselhamento entre os usuários com > 3 doenças; 71,9% entre usuários com 2 doenças; 59,0% entre aqueles com 1 doença; e 37,7% entre os usuários que não referiram morbidades; p=0,0001). Esse resultado se assemelha ao estudo de Siqueira et. al (2009). O fato de indivíduos com DANT terem sido mais aconselhados foi positivo, indicando a adequação do tratamento proposto, no entanto, é sabida a importância do aconselhamento voltado para a promoção da saúde e prevenção de doenças e agravos não transmissíveis.
4 Tabela 1 Aconselhamento e características gerais dos usuários de serviço de Atenção Primária à Saúde, Belo Horizonte/MG, Variáveis N % Aconselhamento ,0 Sim ,3 Não ,7 Profissionais de saúde que aconselham ,0 Médico ,9 Enfermeiro 21 7,1 Auxiliar de Enfermagem 3 1,0 Agente Comunitário de Saúde 3 1,0 Dentista 0 0,0 Nutricionista NASF 8 2,7 Estagiário de nutrição 1 0,3 Educador físico 1 0,3 Fisioterapeuta 1 0,3 Aconselhamentos realizados ,0 Alimentação saudável associada à atividade física ,9 Apenas atividade física 69 31,7 Apenas Alimentação saudável 44 20,2 NASF: Núcleo de Apoio à Saúde da Família No tocante à adesão dos usuários, observou-se maior prevalência (63%) entre aqueles que receberam aconselhamento sobre alimentação saudável associada à prática de atividade física (p=0,0001). Possivelmente isso se justifica pelo trabalho de Siqueira et al, 2009, onde constatou-se que adultos e idosos de unidades básicas de
5 saúde consideram que a alimentação saudável (33,8%) e realização de exercício físico (21,4%) são os fatores mais importantes para a manutenção da saúde. Ademais, Monteiro et. al, 2004, afirma que ambos, colocado em prática conjuntamente são mais efetivos para a redução da intensidade de riscos para a saúde. Dentre os usuários aconselhados, 218 (78,65%) relataram dificuldade de adesão ao aconselhamento, principalmente por falta de tempo (27,5%%) e dificuldade para mudar hábitos (22,9%). A falta de tempo também é apontada na literatura por GUIMARÃES et. al, 2010 e por SANTOS, KNIJNIK, 2006). Dessa forma, torna-se necessário demanda por ênfase nas ações de promoção da saúde, que contemplem essas dificuldades enfrentadas pelos usuários nas modificações de hábitos. CONCLUSÃO A baixa frequência de aconselhamento sobre modos saudáveis de vida realizada pelos profissionais de saúde, assim como a sua baixa adesão pelos usuários, revelam a necessidade de incentivo a essa prática entre os profissionais por meio de educação continuada bem como reforçam a demanda por ênfase nas ações de promoção da saúde, que contemplem as necessidades e possíveis dificuldades enfrentadas pelos usuários nas modificações de hábitos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Brasil uma análise da situação de saúde: estudo aponta perfil da mortalidade do brasileiro Nov 10 [acesso em 09 de janeiro de 2011]; Disponível em: BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável p. [acesso em 02 de fevereiro de 2011]; Disponível em:
6 BROWNER, W. S., CUMMINGS, S. R., HULLEY, S. B. Estimando o tamanho da amostra e o poder estatístico: pontos básicos. In: Hulley SB, Cummings SR. Delineando a pesquisa clínica: uma abordagem epidemiológica Porto Alegre: Artmed, GUIMARÃES, N. G., DUTRA, E. S., ITO, M. K., CARVALHO, K. M. B. Adesão a um programa de aconselhamento nutricional para adultos com excesso de peso e comorbidades. Rev. Nutr., v.23, n.3, p , LIPSCHITZ, D. A. Screening for nutritional status in the elderly.primary care, v.21, n.1, p.55-67, MONTEIRO, R. C. A., RIETHER, P. T. A., BURINI, R. C. Efeito de um programa misto de intervenção nutricional e exercício físico sobre a composição corporal e os hábitos alimentares de mulheres obesas em climatério. Rev. Nutr., v.17, n.4, p , NORA, A. B., PANAROTTO, D., LOVATTO, L., BONIATTI, M. M. Freqüência de aconselhamento para prevenção de câncer da pele entre as diversas especialidades médicas em Caxias do Sul. An. Bras. Dermatol., v.79, n.1, p.45-51, SANTOS, S. C., KNIJNIK, J. D. Motivos de adesão à prática de atividade física na vida adulta intermediária. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v.5, n.1, p.23-34, SIQUEIRA, F. V., NAHAS, M. V., FACCHINI, L. A., SILVEIRA, D. S., PICCINI, R. X., TOMASI et. al. Aconselhamento para a prática de atividade física como estratégia de educação à saúde. Cad. Saúde Pública, v.25, n.1, p , VILARINHO, R. M. F., LISBOA, M. T. L., THIRÉ, P. K., FRANÇA, P. V. Prevalência de fatores de risco de natureza modificável para a ocorrência de diabetes mellitus tipo 2. Esc Anna Nery Rev Enferm, v.12, n.3, p , WORLD HEALTH ORGANIZATION. Obesity:Preventing and managing the global epidemic Report of a WHO consultation on obesity. Geneva: WHO, 1998.
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