Ressocialização de detentas: Direitos humanos X preconceito no contexto do CRF Rio Claro
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- Ana do Carmo de Andrade Borba
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1 Ressocialização de detentas: Direitos humanos X preconceito no contexto do CRF Rio Claro Camila Cardoso Ribeiro Larissa Lemes Paes Michelly Piacenso Real Miriam Giovana Toledo Moraes Regina Claret Kapp Santos Solange Aparecida Savareze 1 Prof. MS. Sergio Dalaneze 2 Resumo O presente artigo trata da responsabilidade estatal em implementar políticas públicas que viabilizem o acesso real ao estado democrático de direito, proveniente da Constituição de 1988 em relação aos direitos e deveres dos cidadãos. Destaca, porém, de forma mais insistente, as legislações concernentes aos presidiários, que também são sujeitos de direitos e deveres, segundo essa Carta Magna de cidadania. Mostra também a necessidade de uma conjuntura social para trabalhar em prol da segurança em comum, investindo num processo de ressocialização que possibilite a reinserção social dos infratores legais. Conta o processo histórico do sistema penitenciário do estado de São Paulo e as alternativas estruturais que implementam o processo de reabilitação e reinserção de detentos através dos CRF masculinos e femininos. Apresenta como referencial o modelo, o contexto e os resultados alcançados pelo CRF feminino de Rio Claro/São Paulo, que trabalha em defesa dos Direitos Humanos e Constitucionais básicos, a fim propiciar um voto de confiança e uma segunda chance às reeducandas. Palavras-chave: Direitos Humanos, Constituição 1988, Ressocialização, Egresso Social. 1 Introdução A partir da Constituição cidadã de 1988, o Brasil vive um estado democrático de direito, porém, apesar de contar com todo um aparato legislativo que visa a uma sociedade justa e equitativa; ainda luta por desmistificar e colocar em prática todo o seu conteúdo, que de forma progressiva trará realmente autonomia plena aos cidadãos brasileiros. Vemos que a busca pela liberdade plena e pelos direitos iguais entre todos os cidadãos ainda é uma constante e desafiadora realidade diante dos marginalizados e excluídos pelo sistema econômico capitalista. Essa situação agrava-se ainda mais quando nos deparamos com a questão social dos transgressores das leis, os presidiários, sejam eles de gênero masculino ou feminino, pois são também sujeitos de direitos. Embora devam cumprir punições devido às suas más atitudes, seus decorrentes agravos e prejuízos sociais, devem receber também cuidados, atenção e uma nova chance para ressocializar-se com a sociedade. Segundo artigo da Revista Âmbito-Jurídico (06/2013), de forma constitucional o Estado detém a responsabilidade sobre a integridade física e moral do preso, para que o mesmo possa cumprir o período estabelecido para cumprimento de sua pena judicial em regime fechado. Porém, atualmente o sistema penitenciário brasileiro encontra-se em situação precária devido à grande demanda e à falta de recursos materiais, estruturais e humanos para desenvolver esse tempo de correção social, para uma possível readaptação e ressocialização do indivíduo. Na realidade paulista, podemos constatar que há uma preocupação constante em fomentar soluções para esse desafio de reinserção social a partir de formulações institucionais e movimentos da estrutura que dá suporte aos detentos, viabilizando um período de correção judicial com dignidade e 1 Alunas do curso de Serviço Social do Claretiano Faculdade 2 Mestre em Direito, professor do Claretiano Faculdade Revista das Faculdades Integradas Claretianas Nº6 janeiro/dezembro de
2 humanização. Para entendermos esse trabalho, contamos com um pequeno histórico do sistema penitenciário do estado de São Paulo extraído do site da SAP (2013): A história do sistema penitenciário paulista começa em 1/03/1892, quando o Decreto nº 28 criou a Secretaria da Justiça. Até o início de 1979, os estabelecimentos destinados ao cumprimento de penas privativas de liberdade, no Estado de São Paulo, estavam subordinados ao Departamento dos Institutos Penais do Estado DIPE, órgão pertencente à Secretaria da Justiça. (...) Até março de 1991, as unidades prisionais ficaram sob a responsabilidade da Secretaria da Justiça. Em seguida, a responsabilidade foi para a segurança pública e com ela ficou até dezembro de No entanto, o Governo do Estado, entendeu ser tarefa essencial o estabelecimento de melhores condições de retorno à sociedade daqueles que estão pagando suas dívidas para com a justiça. O sistema prisional tem características próprias e exige uma adequada solução: um sistema carcerário eficiente, dentro de um Estado democrático, onde o direito de punir é consequência da política social, a serviço de toda a sociedade, mas fundado nos princípios de humanização da pena, sem que dela se elimine o conteúdo retributivo do mal consequente do crime. Como decorrência dessa preocupação, a Lei nº 8209, de 04/01/93, criou e, o Decreto nº , de 26/01/1993, organizou a SECRETARIA DA ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA, a primeira no Brasil, a tratar com exclusividade do referido segmento. Recentemente o Rio de Janeiro também criou uma Secretaria específica para assuntos penitenciários.. Assim, no contexto dessa preocupação estatal e judiciária em reinserir o cidadão infrator, vê-se a formação de centros de ressocialização masculina e feminina, que detêm uma oportunidade diferenciada de tratamento, postergando gradualmente uma reconciliação social. A ressocialização é um processo de solidariedade mútua e progressiva entre o Estado, a sociedade civil e privada, pois cada cidadão deve contribuir para que ocorra a devida recuperação do indivíduo em meio ao círculo criminal, para que restabeleça novos valores e novas posturas sociais, readquirindo a dignidade e um lugar na sociedade. Podemos destacar as palavras de Santis (2010, p.48-49): Assim, para se alcançar a eficácia da ressocialização do preso é imprescindível a união de esforços entre os diversos segmentos sociais e instituições públicas e privadas. (...) È que nada adiantará a adoção de medidas visando diminuir a população carcerária, sem antes arrancar o mal pela raiz, cujas raízes residem na própria sociedade. (...). Este artigo pretende, assim, mostrar uma nova realidade prisional desenvolvida nos CRF (Centros de Ressocialização) femininos e/ou masculinos e suas contribuições à sociedade brasileira, ofertando aos seus membros em períodos de correção judicial uma nova chance de reabilitação social, visto ser um ser humano que erra e precisa de uma nova oportunidade para rever suas atitudes e valores. Apresentamos como exemplo eficaz o CRF de Rio Claro (SP) tido como modelo penitenciário de acolhimento prisional, oferecendo às presas, chamadas como reeducandas, um tratamento mais humanizado e organizado, com possibilidades de reinventar novos objetivos à vida, após o cumprimento de sua pena legal. 2 Direitos humanos e presidiários Os Direitos Humanos são um desafio constante no contexto das instituições prisionais, pois o Sistema de Segurança Pública se presta, principalmente, para aprisionar aqueles que estão em cumprimento de pena correcional estabelecida judicialmente, porém possui uma estrutura física inadequada, insuficiente e deficiente de posturas para reintegração social devido à grande demanda que ocorre ininterruptamente frente aos índices constantes e crescentes da criminalidade em meio à sociedade. Revista das Faculdades Integradas Claretianas Nº6 janeiro/dezembro de
3 Dessa forma, a maioria dos presos fica desassistidos em suas necessidades básicas, tendo a saúde negligenciada devido à superlotação da estrutura física, falta de banhos de sol, má alimentação, exposição a doenças contagiosas devido à falta de condições de higiene, morosidade e precariedade da assistência judiciária e ainda situações de violência, corrupção e arbitrariedades por parte dos agentes de segurança do Estado e mesmo entre os detentos. 3 Presidiários/Constituição de 1988/Direitos Humanos Os direitos básicos e as possíveis garantias que tratam da dignidade do cidadão brasileiro são tratadas no Capítulo I da Constituição, em especial no Artigo 5º,(BRASIL, 1988), apresentando os direitos e deveres individuais e coletivos que devem ser observados e adquiridos indistintamente por homens e mulheres. Podemos também acrescentar alguns artigos da Lei nº 7210/84, Lei de Execução Penal LEP, que nos estudos de Neto (1988) destacam as providências necessárias por parte de cada estabelecimento prisional para a apropriação dos Direitos Humanos tendo em vista o recolhimento dos detentos em instituições prisionais ou em centros de ressocialização. Do conteúdo do Capítulo II: 3.1 Seção I Disposições gerais Art.10: A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade. Apresenta as disposições gerais da assistência aos presidiários que necessitam de tratamentos adequados e não discriminatórios para uma possível ressocialização posterior ao cumprimento de sua pena, vale ainda colocar que tal assistência é dever do Estado. (Neto, 1988 pg ) 3.2 Seção II Da Assistência material Art.12: A assistência material ao preso e ao internado consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e instalação higiênica. Trata sobre a estrutura física, a alimentação, a higiene e as vestimentas limpas para proporcionar ao detento uma vida adequada no período de reclusão. (Neto, 1988 pg 45-46), 3.3 Seção III - Da Assistência à saúde Art.14: A assistência à saúde do preso e do internado é de caráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico. Cada estabelecimento prisional deveria ter, pelo menos, um médico clínico geral qualificado para atendimento eventual aos detentos e também um especialista periódico para acompanhar casos de dependência de toxicômanos e outros assuntos psiquiátricos. (Neto, 1988, p ) 3.4 Seção IV - Da Assistência jurídica Art.15 : A assistência jurídica é destinada aos presos e aos internados sem recursos financeiros para constituir advogado. Art.16: As unidades da Federação deverão ter serviços de assistência jurídica nos estabelecimentos penais. O Estado deve assegurar a todo e qualquer cidadão que não tiver condições financeiras um defensor publico ou advogado qualificado que defendera seu caso e se necessário terá direito de recorrer a sentença. (Neto 1988, p ). Revista das Faculdades Integradas Claretianas Nº6 janeiro/dezembro de
4 3.5 Seção V - Assistência educacional Art.17: A assistência educacional compreenderá a instrução escolar e a formação profissional do preso e do internado. Todo cidadão livre ou em detenção tem direito à educação, desde o ensino fundamental como base imprescindível para a formação da personalidade do indivíduo. Os cursos técnicos e superiores são ofertados de modo generalizado pois necessita do interesse e da adesão pela aptidão profissional escolhida. (Neto, 1988, p. 54). Faz-se necessário abrir um adendo e destacar o trabalho realizado pelo Sistema Penitenciário Paulista, com o objetivo de reduzir o analfabetismo, elevar o nível de escolaridade e atingir uma possível diminuição de reincidência de crimes, surgiu o Programa de Educação nas prisões, elaborado a partir do perfil e das necessidades do público alvo, nesse caso, os internos. Este trabalho é desenvolvido pela Funap Fundação "Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel" de Amparo ao Preso, que planeja, desenvolve e avalia programas sociais para os presos e egressos (expresidiários) das 142 penitenciárias do estado de São Paulo em conjunto com a SAP Secretaria de Administração Penitenciária. A Fundação contribui para a recuperação social do preso e para a melhoria de suas condições de vida, oferecendo estudo, qualificação, aprendizado profissional e oportunidade de trabalho remunerado. 3.6 Seção VI - Assistência social Art. 22: A Assistência Social tem por finalidade amparar o preso e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade. (Neto, 1988, p. 57). A assistência social deve promover o detento a partir de sua detenção e acompanhar o processo de sua reinserção na família e na sociedade. Cabe ao assistente social prisional conhecer, avaliar, relatar por escrito resultados de diagnósticos sociais e comportamentais do detento junto ao diretor do estabelecimento prisional, bem como apresentar problemas e dificuldades do assistido em relação ao seu interesse e envolvimento junto às atividades realizadas no presídio, bem como sua saída e retorno em datas especiais. Contando com os meios disponíveis, deve promover momentos de lazer e interação social, orientar o detento sobre o desenvolvimento de seu tempo penal e estimulá-lo para um bom retorno a sociedade, salientando o valor da liberdade. Deve providenciar documentação necessária e também benefícios junto á Previdência Social e orientar e amparar, quando necessário, a família do detento. 3.7 Seção VII - Assistência religiosa Art. 24: A assistência religiosa, com liberdade de culto, será prestada aos presos e aos internados, permitindo a participação nos serviços organizados no estabelecimento penal, bem como a posse de livros de instrução religiosa. (Neto, 1988 p. 59). Estabelece o direito a liberdade de culto, com momentos para oração e literatura de diversas denominações religiosas. Assim, os detentos não podem ser obrigados a participar de atividades religiosas, prevalecendo a sua escolha de culto. 3.8 Seção VIII - Assistência ao egresso Art. 25: A Assistência ao egresso consiste: a) na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade; Revista das Faculdades Integradas Claretianas Nº6 janeiro/dezembro de
5 b) na concessão, se necessário de alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de dois meses. (Neto, 1988 p. 61).O setor de assistência social, com o apoio de ONGs e entidades sócio-educativas, devem promover, no decorrer do tempo de condicionamento prisional, projetos que estimulem o trabalho e que estes, por sua vez, sejam formas de ressocialização para reconscientizar sobre os valores reais do trabalho, favorecendo também meios para amparo socioeconômico do detento, que posteriormente voltará ao convívio social. No período imediato à sua liberdade, o detento deve receber orientação e apoio para sua reintegração. E, se necessário, por um período de dois meses, deverá receber auxilio para transporte, alimentação e vestuário. 3.9 Capítulo III do trabalho Seção I- Disposições gerais Art. 28: O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva. (Neto, 1988, P. 65) Seção II do trabalho interno Art. 31: O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e capacidade. (Neto, 1988 p. 71). Dentro do espaço prisional, todos os condenados deverão trabalhar conforme sua saúde física e mental, com acompanhamento medico, como forma de estímulo e responsabilidade mútua pela limpeza e higiene do local Seção III - Trabalho externo Art. 37: A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do estabelecimento, dependerá da aptidão e responsabilidade mostrado pelo detento, além do cumprimento mínimo de um sexto da pena a ser cumprida. (Neto 1988 p. 76). Somente com autorização prévia da direção do estabelecimento prisional será possível a saída para o trabalho fora do presídio, pois depende do comportamento, do cumprimento das regras institucionais, da aptidão e responsabilidade do detento. 4 Direitos Humanos/Constituição de 1988 em confronto com a realidade do Centro de Ressocialização feminino de Rio Claro SP O Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro foi inaugurado em 27 de julho de Segundo dados colhidos pela SAP (2013, 2), o local tem capacidade para atender 80 mulheres e, segundo dados estatísticos de julho de 2011, contava com 52 internas. Esse centro tem como objetivo a ressocialização, ou seja, preparar emocionalmente, profissionalmente e psicologicamente as mulheres judicialmente internas para o regresso ao convívio social. A instituição recebe detentas de Rio Claro e região em regime provisório (aguardando julgamento), fechado (sem direito à saída) e semiaberto (saída para local de trabalho sem acompanhamento) para aquelas já condenadas. O projeto do Centro de Ressocialização é um esforço conjunto dos poderes Executivo, Judiciário, o Ministério Público e a comunidade, visando obter um melhor resultado na inserção social das detentas. Revista das Faculdades Integradas Claretianas Nº6 janeiro/dezembro de
6 O governo do estado repassa verba à entidade conveniada para suprir as necessidades assistenciais, contando com uma administração competente, incentivada pela participação da comunidade; eventualmente, conta ainda com ajuda de estagiários e voluntários de diversos segmentos da sociedade. Em entrevista ao Jornal Cidade (2010) a atual diretora Maura Batista da Cruz, que assumiu o cargo em dezembro de 2007, afirma que muitas detentas optam por vir a cumprir sua pena no CRF, devido ao seu sistema de tratamento; no entanto, não é possível para todas, pois há um processo seleção que tem critérios bem definidos e uma triagem realizada com os técnicos: Condenação inferior a 10 anos. Primariedade. Não ter vínculo com nenhuma facção criminal. Aceitar as regras da Instituição. Assim, caso a detenta não esteja em conformidade com alguma dessas exigências, ela será transferida para uma outra penitenciária. Segundo reportagem feita por Navas (2010) pelo Jornal Cidade, a principal diferença entre Centro de Ressocialização e Penitenciária é o estimulo para não reincidirem no crime; além disso, as celas, denominadas como alojamentos, permanecem abertas. Em cada alojamento, convivem três reeducandas, a limpeza do local é compartilhada por todas e ainda recebem um tratamento diferenciado, pois o centro preza pelos princípios dos Direitos Humanos. Algumas empresas parceiras enviam trabalhos para serem realizados dentro do Centro pelas reeducandas em regime fechado; outras empresas empregam aquelas que estão em regime semiabertos ou que já conquistaram a liberdade; vale acrescentar que, a cada três dias trabalhados, diminui um dia de sua pena. O CRF tem um banco onde fica depositado o dinheiro que as reeducandas ganham como fruto do seu trabalho, chamado Pecúlio. Em datas comemorativas, quando elas têm as chamadas saidinhas, esse dinheiro é entregue a elas, porém uma pequena parte fica na instituição para manutenção daquelas que realizam trabalhos internos, chamado de Rateio. Este visa à manutenção geral do ambiente que é ocupado por todas, seja na limpeza da instituição ou no preparo das refeições. Esse centro é o segundo implantado no Brasil e o índice de reincidência ao crime das ex-detentas não ultrapassa 10%, contrastando com os índices do sistema penitenciário tradicional, que chega a 70%, segundo estimativas da Secretaria de Administração Penitenciaria do Estado de São Paulo. O espaço físico da entidade é muito limitado, e não comporta as exigências em relação ao atendimento médico e ambulatorial na sede, porém elas têm um consultório dentário e parcerias com hospitais e clínicas da cidade, onde as reeducandas recebem toda a assistência. Constata-se, no CRF, que a grande maioria das reeducandas vem de uma família muito humilde e sem condições de pagar um advogado e utilizam um Defensor Publico ou então um advogado que cuida somente dos benefícios da instituição. O Centro tem parceria com a Funap, que realiza um projeto educacional de âmbito nacional com as reeducandas, mas, devido ao pouco espaço, elas têm aulas no refeitório da instituição. O contato eventual com as famílias é considerado de grande importância para as reeducandas do CRF, que recebem visitas todos os finais de semana, sendo isso um importante elo com o mundo exterior. Revista das Faculdades Integradas Claretianas Nº6 janeiro/dezembro de
7 Semanalmente também são realizados missas e cultos de diversos credos religiosos, podendo ficar em seus alojamentos as reeducandas que não quiserem participar. As penas a serem cumpridas pelas reeducandas são frutos de envolvimento com figuras masculinas nas práticas criminosas; na grande maioria dos casos, de uma forma ou de outra, há sempre algum homem como responsável, direto ou indireto, pela sua inserção na criminalidade ou sua prisão. Há também ocorrências de roubos, estelionato e entorpecentes. 5 Considerações finais Os Centros de Ressocialização existentes em todo o país procuram dar uma segunda chance a pessoas cidadãs que, por um motivo ou outro, praticaram algum ato ilícito e infrator junto à sociedade. Podemos acrescentar que, para a segurança da sociedade, é imprescindível que haja uma ação conjunta entre Estado, sociedade civil e privada, os órgãos judiciais e as entidades prisionais em prol da reabilitação moral e reinserção do preso no seio social. Confirmando a necessidade de uma conjuntura social delineada com uma consciência coletiva para inclusão e ressocialização, acrescentamos as palavras de Santis (2010, 48-49): Imperioso, portanto implementar uma política criminal que sirva para tratar a parte doente da sociedade. Que o Estado cumpra seu papel atendendo às necessidades reais do cidadão, que muitas vezes se socorre das milícias (...) organizações criminosas por lhe faltar o amparo da sociedade e das autoridades competentes. Que haja uma participação social consciente e ativa no processo de ressocialização do preso, visando blindar o Estado Democrático de Direito. Porém, em meio à precariedade e à falta de recursos materiais e humanos para realização satisfatória e humana de um projeto de reinserção social aos condenados, podemos considerar a eficácia do trabalho realizado pelo CRF de Rio Claro como um modelo de interação social, visto que, por meio dos resultados de não reincidência à criminalidade, confirma sua validade enquanto local de ressocialização do indivíduo e modelo sistemático e estatal de reintegração social. 6 Referências Bibliográficas BRASIL. Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF. Senado FUNAP. Fundação "Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel" de Amparo ao Preso. Home page. Disponível em: < Acesso em: 12 jun MAIA NETO, C. F. Direitos humanos do preso: lei de execução penal Lei nº 7210/84. Rio de Janeiro: Editora Forense, NAVAS, S. Aniversário: Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro. Jornal Cidade. Disponível em: < Ressocializacao-Feminino-de-Rio-Claro-completa-oito-anos-como-modelo-de-sucesso>. 30 jul Acesso em 12 jun SANTIS, K. A. S. Ressocialização de presos. Responsabilidade do judiciário e da sociedade. Revista Jurídica Consulex, ano XIV, n. 314, 15 fev SAP. Secretaria da Administração Penitenciária. História da SAP. Disponível em: < Acesso em: 13 ago SAP (2). Secretaria da Administração Penitenciária. Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro. PARC - Programa de Assistência e Ressocialização Carcerária. Disponível em: < Acesso em: 12 jun SECRETARIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, ALFABETIZAÇÃO,DIVERSIDADE E INCLUSÃO. Educação em prisões. Disponível em: Revista das Faculdades Integradas Claretianas Nº6 janeiro/dezembro de
8 < Acesso em 12 jun Revista das Faculdades Integradas Claretianas Nº6 janeiro/dezembro de
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