EMENTA A C Ó R D Ã O. Decide a Turma, por unanimidade, dar provimento à apelação. 1ª Turma do TRF da 1ª Região
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1 APELAÇÃO CÍVEL /MG Processo na Origem: RELATOR(A) : DESEMBARGADOR FEDERAL JIRAIR ARAM MEGUERIAN RELATOR(A) : JUIZ FEDERAL FRANCISCO NEVES DA CUNHA (CONV.) APELANTE : TEREZINHA DE JESUS FERREIRA ADVOGADO : MERCEDES ROSA LIMA E OUTRO(A) APELADO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS PROCURADOR : ADRIANA MAIA VENTURINI EMENTA PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE DE FILHO SEGURADO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA COMPROVADA. SENTENÇA REFORMADA. 1. A dependência econômica dos pais em relação ao filho falecido deve ser comprovada para fins de concessão do benefício de pensão por morte, nos termos do art. 16, 4º, da Lei 8.213/ Restou comprovada a dependência econômica da mãe em relação ao filho falecido, de modo que a autora faz jus à pensão por morte. 3. Para a comprovação de dependência econômica dos pais em relação ao filho, a legislação previdenciária não estabelece qualquer tipo de limitação ou restrição aos mecanismos de prova, sendo, pois, admissível prova testemunhal, ainda que inexista início de prova material. Precedentes. 4. Ocorrido o óbito após a edição da Lei 9.528/97 e havendo requerimento administrativo, o benefício de pensão por morte deve ser contado a partir da data do requerimento administrativo. 5. A correção monetária deve ser calculada nos termos da Lei 6.899/81, a partir do vencimento de cada parcela (Súmulas 43 e 148 do STJ), utilizando os índices constantes do Manual de Cálculos da Justiça Federal. 6. Apelação provida. Sentença reformada. A C Ó R D Ã O Decide a Turma, por unanimidade, dar provimento à apelação. 1ª Turma do TRF da 1ª Região Juiz Federal FRANCISCO NEVES DA CUNHA Relator Convocado Criado por tr160503
2 APELAÇÃO N /MG fls.2/6 RELATÓRIO Convocado: O EXMO. SR. JUIZ FEDERAL FRANCISCO NEVES DA CUNHA, Relator Terezinha de Jesus Ferreira, qualificada nos autos, ajuizou a presente ação contra o Instituto Nacional do Seguro Social INSS, objetivando a concessão do benefício de pensão por morte, em razão do falecimento de seu filho Cleydson Marconi Ferreira de Souza, ocorrido em À fl. 27, foi deferida a assistência judiciária. Após a instrução do processo, foi proferida a r. sentença de fls. 155/1158, julgando improcedente o pedido. A autora interpôs recurso de apelação sustentando, em síntese, que fez comprovação da dependência econômica conforme se comprova docs. De fls. 16 e 17, da prova do mesmo domicilio. Além do mais o Segurado faleceu no estado civil de solteiro, sem deixar filho e este sempre amparou a Autora, considerando que a mesma não possui rendimentos suficientes dentre outros argumentos. Em contrarrazões, o INSS pugna pela manutenção da sentença (fls. 168/177). É o relatório. Juiz Federal FRANCISCO NEVES DA CUNHA Relator Convocado
3 fls.3/6 VOTO PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE DE FILHO SEGURADO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA COMPROVADA. SENTENÇA REFORMADA. 1. A dependência econômica dos pais em relação ao filho falecido deve ser comprovada para fins de concessão do benefício de pensão por morte, nos termos do art. 16, 4º, da Lei 8.213/ Restou comprovada a dependência econômica da mãe em relação ao filho falecido, de modo que a autora faz jus à pensão por morte. 3. Para a comprovação de dependência econômica dos pais em relação ao filho, a legislação previdenciária não estabelece qualquer tipo de limitação ou restrição aos mecanismos de prova, sendo, pois, admissível prova testemunhal, ainda que inexista início de prova material. Precedentes. 4. Ocorrido o óbito após a edição da Lei 9.528/97 e havendo requerimento administrativo, o benefício de pensão por morte deve ser contado a partir da data do requerimento administrativo. 5. A correção monetária deve ser calculada nos termos da Lei 6.899/81, a partir do vencimento de cada parcela (Súmulas 43 e 148 do STJ), utilizando os índices constantes do Manual de Cálculos da Justiça Federal. 6. Apelação provida. Sentença reformada. Convocado: O EXMO. SR. JUIZ FEDERAL FRANCISCO NEVES DA CUNHA, Relator Trata-se de recurso de apelação interpostos pela autora contra a r. sentença de fls. 155/158, que julgou improcedente o pedido. A autora interpôs recurso de apelação sustentando, em síntese, que possui dependência econômica em relação ao de cujus, salientando que, morava no mesmo domicilio, e que o Segurado faleceu no estado de solteiro, de modo que tem direito ao benefício requerido, merecendo reforma a r. sentença. Pretende a autora receber pensão por morte em razão do falecimento de seu filho Gleydson Marconi Ferreira de Souza ocorrido em A autora juntou aos autos os seguintes documentos: 1) certidão de óbito do de cujus, fl 90;. 2) ação trabalhista, do espólio (rescisão contratual do de cujus;(fls. 102/114), com vários recibos de pagamentos em nome do empregador, Sr. NobertoRodrigues Pereira; As testemunhas ouvidas em audiência realizada em prestaram os seguintes esclarecimentos: Alexandro Feliciano de Almeida Damasceno: (...)que o depoente conviveu com Glaydson, pelo período de 10 anos, aproximadamente; que o depoente não sabe informar se Glaydson trabalhou para o Sr. Noberto; no período acima informado de 6 meses; que Glaydson trabalhou todos os dias para o Sr. Noberto no período acima informado de 6 meses; embora o depoente trabalhasse para o Sr. Noberto de Empreitada, sabe dizer que o pagamento feito a Glaydson (Fl. 131.) Gleids Cardozo Moreira Dias : que a depoente conhece a autora há 8 anos, aproximadamente e que conheceu Glaydson por um período de 6
4 fls.4/6 anos, aproximadamente; que a depoente é proprietária do Supermercado Moreira; que a autora não exercia atividade laborativa; embora não possa precisar pois não mantinha relacionamento com a família, a depoente recorda que Glaydson trabalhava como servente d epdedreiro ou como pedreiro, não sabendo esclarecer qual a atividade; que Glaydson comprava mantimentos no estabelecimento da depoente e dizia que era para sua mãe; que atualmente a autora não faz compras por m~es no Supermercado, mas apenas. Adquiri produtos em separado, como por exemplo. Pacote de sal, fubá, etc. (Fl. 132.) A lei 8.213/91 dispõe o seguinte sobre os dependentes: Art. 16. São beneficiários do Regime Geral da Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: I o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido; II os pais; $4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada. Da análise do dispositivo supracitado, tem-se que a dependência econômica dos pais em relação ao filho falecido deve ser comprovada para fins de concessão do benefício de pensão por morte. Noutro passo, a Lei 8.213/91 só exige início de prova documental para fins de comprovação de tempo de serviço, não ocorrendo tal exigência para fins de comprovação de dependência econômica. Ocorre que, da análise das provas dos autos, bem como dos depoimentos testemunhais, a autora dependia economicamente do de cujus. Constato que a autora trouxe aos autos início de prova documental corroborada por prova testemunhal que atesta a qualidade de dependente do de cujus. Observo que a Lei 8.213/91 só exige início de prova documental para fins de comprovação de tempo de serviço, não ocorrendo tal exigência para fins de comprovação de dependência econômica. Conforme entendimento firmado por esta Corte e pelo egrégio STJ, a legislação previdenciária não estabelece qualquer tipo de limitação ou restrição aos mecanismos de prova, sendo, pois, admissível prova testemunhal, ainda que inexista início de prova material: PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL - TRABALHADOR RURAL - PENSÃO POR MORTE - SEM PRÉVIA POSTULAÇÃO NA VIA ADMINISTRATIVA - LEI VIGENTE À ÉPOCA DO ÓBITO - PROVA DA ATIVIDADE RURÍCOLA - INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADA POR PROVA TESTEMUNHAL - MÃE DE TRABALHADOR RURAL FALECIDO - DEPENDÊNCIA ECONÔMICA COMPROVADA - AUSÊNCIA DE LIMITES AOS MECANISMOS DE PROVA - DATA DE INÍCIO - CITAÇÃO VÁLIDA - PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL - JUROS DE MORA - 1% (UM POR CENTO) AO MÊS, A PARTIR DA CITAÇÃO - CORREÇÃO MONETÁRIA A PARTIR DO VENCIMENTO DE CADA PARCELA 1. A concessão de pensão por morte, devida a dependentes de segurado falecido, deve observar os requisitos da lei vigente à época do óbito, não se aplicando legislação posterior, ainda que mais benéfica. Precedentes do STJ e TRF da 1.ª Região. 2. A mãe do trabalhador rural é dependente do segurado. Para comprovação dessa dependência, a legislação previdenciária não estabelece qualquer tipo de limitação ou restrição aos mecanismos de
5 fls.5/6 prova, sendo, pois, admissível prova testemunhal, ainda que inexista início de prova material. Precedentes do STJ e TRF da 1.ª Região. 3. Comprovada a dependência econômica, defere-se a pensão por morte à mãe de rurícola, cuja condição restou demonstrada em início de prova material corroborada por convergente prova testemunhal. 4. Em razão do art. 201, 5.º (na redação original), a pensão por morte de rurícola deve ser fixada no valor de um salário mínimo (Cf. STF, RE /SP, Primeira Turma, Ministro Celso de Mello, DJ 16/10/1998; STJ, RESP /PE, Sexta Turma, Ministro Anselmo Santiago, DJ 05/08/1996; TRF1, Súmula 23; AC /MG, Primeira Turma Suplementar, Juiz João Carlos Mayer Soares, DJ 28/08/2003). Vale lembrar que subsiste o direito dos pais à pensão por morte do filho, ainda que a dependência econômica em relação a este não seja exclusiva. Nesse sentido, se manifestou esse Egrégio Tribunal, in verbis. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE DE FILHO SOLTEIRO. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA PARCIAL. COMPROVAÇÃO. CARÊNCIA. INEXIGIBILIDADE. 1. A mãe do segurado tem direito à pensão previdenciária, em caso de morte do filho, se provada a dependência econômica, mesmo a não exclusiva (Súmula 229, do extinto TFR) 2. A Lei n /91, em seu art. 26, inciso I, elenca os benefícios previdenciários que independem de carência. Entre eles está a pensão por morte, assegurada à mãe do segurando que, por isso, tem direito à pensão previdenciária. 3. Apelação a que se nega provimento. (AC /MG, Rel. Juiz Federal Francisco de Assis Betti (Conv.), Primeira Turma Suplementar do TRF 1ª Região, DJ de 19/09/2002, p. 185.) O artigo 74 da Lei 8.213/91 dispunha em sua redação originária: Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data do óbito ou da decisão judicial, em caso de morte presumida. A Lei 9.528, de , alterou a disposição do artigo 74 da Lei 8.213/91, disciplinando a matéria da seguinte forma: Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto de dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data: I do óbito, quando requerida até trinta dias depois deste; II do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso anterior; III da decisão judicial, no caso de morte presumida. Verifico pela certidão de óbito de fl. 10, que o falecimento de Leuslane Tavares Rodrigues ocorreu em , na vigência da Lei 9.528/97. No que tange ao termo inicial do benefício, verifico que a autora requereu o benefício na via administrativa (fl. 20), em , de modo que a pensão é devida a partir da data deste requerimento, não merecendo reparo a r. sentença no particular. A correção monetária deve ser calculada de acordo com a Lei 6.899/81, a partir do vencimento de cada parcela, nos termos das Súmulas 43 e 148 do STJ, aplicando-se os índices constantes do Manual de Cálculos da Justiça Federal. Os juros moratórios nos benefícios previdenciários em atraso são devidos no percentual de 1% (um por cento) ao mês, a partir da citação, em face de sua natureza alimentar (STJ, 5ª Turma, REsp /CE, Rel. Ministro José Arnaldo da Fonseca, DJ , p. 331).
6 Assim, comprovada a dependência econômica para com seu filho falecido, a autora preenche os requisitos à pensão requerida. Ante o exposto, dou provimento à apelação. É como voto. fls.6/6 Juiz Federal FRANCISCO NEVES DA CUNHA Relator Convocado
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