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- Juliana Bicalho Beretta
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1 1 Prezado(a) candidato(a): Assine e coloque seu número de inscrição no quadro abaixo. Preencha, com traços firmes, o espaço reservado a cada opção na folha de resposta. Nº de Inscrição Nome LEIA OS TEXTOS ABAIXO PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DE 1 A 5. TEXTO 1 LÍNGUA Caetano Veloso TEXTO 2 Aula de português Carlos Drummond de Andrade Gosto de sentir a minha língua roçar A língua de Luís de Camões Gosto de ser e de estar E quero me dedicar A criar confusões de prosódia E uma profusão de paródias Que encurtem dores E furtem cores como camaleões Gosto do Pessoa na pessoa Da rosa no Rosa E sei que a poesia está para a prosa Assim como o amor está para a amizade E quem há de negar que esta lhe é superior? E deixe os Portugais morrerem à míngua "Minha pátria é minha língua" Fala Mangueira! Fala! Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó O que quer O que pode Esta língua? [...] A língua é minha pátria E eu não tenho pátria, tenho mátria E quero frátria [...] A linguagem na ponta da língua, tão fácil de falar e de entender. A linguagem na superfície estrelada de letras, sabe lá o que ela quer dizer? Professor Carlos Góis, ele é quem sabe, e vai desmatando o amazonas de minha ignorância. Figuras de gramática, esquipáticas, atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me. Já esqueci a língua em que comia, em que pedia para ir lá fora, em que levava e dava pontapé, a língua, breve língua entrecortada do namoro com a prima. O português são dois; o outro, mistério.
2 2 Q U E S T Ã O 1 Leia as considerações sobre os textos em exame e assinale a INCORRETA. a) No texto 1, o autor remete a duas línguas: o português do Brasil e o de Portugal. b) No texto 2, o autor remete ao português falado e ao escrito. c) No texto 1, o autor pretende criar novas formas linguísticas. d) Dos textos 1 e 2 pode-se inferir que ambos os autores operam com a ideia de variabilidade das línguas. Q U E S T Ã O 2 Leia as considerações acerca do emprego da palavra língua nos trechos em exame: Gosto de sentir a minha língua roçar A língua de Luís de Camões A linguagem Na ponta da língua Tão fácil de falar e de entender. É INCORRETO afirmar que a) em ambos os trechos, a palavra em análise é polissêmica, por evocar mais de um sentido. b) em ambos os trechos, a palavra em análise sugere uma significação tanto denotativa como conotativa, por isso provoca uma ambiguidade. c) nos versos de Drummond, a expressão na ponta da língua é uma metonímia, cujo sentido é explicado nos versos que a seguem. d) nos versos de Caetano Veloso, os verbos sentir e roçar contribuem para que a palavra língua encarne uma carga polissêmica.
3 3 Q U E S T Ã O 3 Para responder a essa questão, é importante destacar que, no trecho a seguir, há um diálogo estabelecido por Caetano Veloso com Fernando Pessoa, ao trazer para a sua canção o enunciado "Minha pátria é minha língua", retirado do Livro de Desassossego, desse poeta português, que, no original, assim se registra: Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. (p. 259) E deixe os Portugais morrerem à míngua "Minha pátria é minha língua" Fala Mangueira! Fala! [...] A língua é minha pátria E eu não tenho pátria, tenho mátria E quero frátria Observe as seguintes considerações: I. O sentimento de amor ao país é expresso através do amor pela sua língua. A língua é expressão da identidade de um povo. II. Mátria e frátria são criações lexicais estilísticas que remetem à formação da palavra pátria, as quais apresentam um significado exclusivo daquele texto. III. Em tenho mátria é uma construção metafórica que evoca a ideia de que a língua portuguesa, falada no Brasil, tem afetivamente Portugal como mãe, reflexo do processo de colonização pelo qual passou o Brasil. IV. Em E quero frátria é uma construção metafórica que evoca a ideia de que a língua portuguesa, falada no Brasil, tem a sua expressão e identidade própria, o que lhe permitiria um afastamento das raízes culturais portuguesas. São considerações CORRETAS: a) I e II, apenas. b) I, III e IV, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) I, II, III e IV.
4 4 Q U E S T Ã O 4 Leia o trecho abaixo. Sobre ele, NÃO se pode afirmar que: Gosto de ser e de estar E quero me dedicar A criar confusões de prosódia E uma profusão de paródias Que encurtem dores E furtem cores como camaleões a) Paródia é uma forma discursiva que altera o sentido de outro texto sem, no entanto, negar as ideias do texto original. b) Ao se pronunciar a palavra gratuito, por exemplo, como se nela houvesse um hiato (gra/tu/i/to) e não um ditongo (gra/tui/to), para a gramática tradicional ocorre um problema de prosódia. c) A expressão furtem cores suscita a ideia de que a língua portuguesa, falada no Brasil, ganha tons, conforme o seu uso. d) Há uma ênfase à liberdade de expressão, ao uso da língua, o que sugere a desconstrução de alguns modelos e/ou regras da língua. Q U E S T Ã O 5 Considerando-se apenas o trecho abaixo, assinale a opção que NÃO pode ser confirmada pelos versos. Professor Carlos Góis, ele é quem sabe, e vai desmatando o amazonas de minha ignorância. Figuras de gramática, esquipáticas, atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me. a) Valorizar somente a língua padrão faz com que a sala de aula deixe de ser um espaço de comunicação e interação, onde se expressam os conhecimentos, e passa a ser um cenário de correção e repressão. b) A língua sofre mudanças e variações com o tempo e no espaço, o que permite o questionamento imposto pelo professor em sala de aula. c) As pessoas não falam como prescreve a norma culta da língua portuguesa; a escola é um espaço que marca essa diferença. d) A língua portuguesa ensinada na escola difere bastante da linguagem que o aluno traz de seu ambiente social. Essa diferença leva o aluno a acreditar que não sabe o português e que sua língua é difícil.
5 5 AS QUESTÕES DE 06 A 11 DEVEM SER RESPONDIDAS COM BASE NA LEITURA DA INTRO- DUÇÃO DO LIVRO AMOR DE PERDIÇÃO, DO ESCRITOR PORTUGUÊS CAMILO CASTELO BRANCO. INTRODUÇÃO Folheando os livros de antigos assentamentos, no cartório das cadeias da Relação do Porto, li, no das entradas dos presos desde 1803 a 1805, a folhas 232, o seguinte: Simão Antônio Botelho, que assim disse chamar-se, ser solteiro, e estudante na Universidade de Coimbra, natural da cidade de Lisboa, e assistente na ocasião de sua prisão na cidade de Viseu, idade de dezoito anos, filho de Domingos José Correia Botelho e de D. Rita Preciosa Caldeirão Castelo Branco; estatura ordinária, cara redonda, olhos castanhos, cabelo e barba preta, vestido com jaqueta de baetão azul, colete de fustão pintado e calça de pano pedrês. E fiz este assento, que assinei - Filipe Moreira Dias. À margem esquerda deste assento está escrito: Foi para a Índia em 17 de março de Não seria fiar demasiadamente na sensibilidade do leitor, se cuido que o degredo de um moço de dezoito anos lhe há de fazer dó. Dezoito anos! O arrebol dourado e escarlate da manhã da vida! As louçanias do coração que ainda não sonha em frutos, e todo se embalsama no perfume das flores! Dezoito anos! O amor daquela idade! A passagem do seio da família, dos braços de mãe, dos beijos das irmãs para as carícias mais doces da virgem, que se lhe abre ao lado como flor da mesma sazão e dos mesmos aromas, e à mesma hora da vida! Dezoito anos!... E degredado da pátria, do amor e da família! Nunca mais o céu de Portugal, nem liberdade, nem irmãos, nem mãe, nem reabilitação, nem dignidade, nem um amigo!... É triste! O leitor decerto se compungiria; e a leitora, se lhe dissessem em menos de uma linha a história daqueles dezoito anos, choraria! Amou, perdeu-se, e morreu amando. É a história. E história assim poderá ouvi-la a olhos enxutos a mulher, a criatura mais bem formada das branduras da piedade, a que por vezes traz consigo do céu um reflexo da divina misericórdia?! Essa, a minha leitora, a carinhosa amiga de todos os infelizes, não choraria se lhe dissessem que o pobre moço perdera honra, reabilitação, pátria, liberdade, irmãs, mãe, vida, tudo, por amor da primeira mulher que o despertou do seu dormir de inocentes desejos?! (BRANCO, CAMILO CASTELO. Amor de perdição. Disponível em Acesso em 20 ago )
6 6 Q U E S T Ã O 6 No texto, o autor/narrador NÃO a) expõe as razões que o levaram a escrever. b) prevê a reação dos possíveis leitores. c) apresenta o protagonista da história. d) sintetiza o enredo da narrativa. Q U E S T Ã O 7 NÃO se identificou corretamente o sentido do termo em destaque em: a) Não seria fiar demasiadamente na sensibilidade do leitor, se cuido que o degredo de um moço de dezoito anos lhe há de fazer dó. (SUPONHO) b) O arrebol dourado e escarlate da manhã da vida! (AMANHECER) c) E degredado da pátria, do amor e da família! (DESTERRADO) d) O leitor decerto se compungiria. (DECEPCIONARIA) Q U E S T Ã O 8 Assinale a alternativa em que NÃO se identifica corretamente o recurso empregado na passagem. a) À margem esquerda deste assento está escrito: Foi para a Índia em 17 de março de 1807 intertextualidade. b) Dezoito anos! O arrebol dourado e escarlate da manhã da vida! metáfora. c) O leitor decerto se compungiria; e a leitora, se lhe dissessem em menos de uma linha a história daqueles dezoito anos, choraria! metalinguagem. d) Essa, a minha leitora, a carinhosa amiga de todos os infelizes, não choraria se lhe dissessem que o pobre moço perdera [...] tudo, por amor da primeira mulher que o despertou do seu dormir de inocentes desejos?! discurso direto.
7 7 AS QUESTÕES DE 09 A 11 DEVEM SER RESPONDIDAS, CONSIDERANDO-SE O ESTILO DE ÉPOCA A QUE SE FILIA A OBRA AMOR DE PERDIÇÃO, DE CAMILO CASTELO BRANCO. Q U E S T Ã O 9 É CORRETO afirmar que o estilo em questão a) vigora entre o fim do século XIX e início do século XX. b) reflete a influência das ciências naturais na prática da literatura. c) surge em oposição ao racionalismo e às regras da tradição clássica. d) entra em declínio quando eclodem os movimentos de vanguarda na Europa. Q U E S T Ã O 10 Duas características desse estilo presentes na Introdução do livro de Camilo Castelo Branco são: a) o descritivismo e a valorização da natureza. b) o sentimentalismo e a idealização da mulher. c) o gosto pela linguagem formal e o escapismo. d) o egocentrismo e a visão de mundo pessimista. Q U E S T Ã O 11 No Brasil, a prática desse estilo tem como traço próprio e diferencial a) o engajamento social da poesia condoreira. b) a defesa de uma visão antropofágica da cultura. c) a adoção do índio como símbolo da nacionalidade. d) a abordagem irônica dos hábitos da classe burguesa.
8 8 P R O D U Ç Ã O D E T E X T O O texto abaixo deverá ser lido por você atentamente, pois ele será o mote para o seu trabalho de argumentação acerca do tema diálogo entre as línguas no cenário da globalização. Para realizar essa tarefa, você deverá: 1. produzir um artigo de opinião, a ser publicado no mesmo veículo de comunicação em que se publicou o texto em pauta; 2. assumir um posicionamento, contrário ou favorável, relativamente ao que se discute no texto apresentado, deixando claro o seu ponto de vista e construindo argumentos para fundamentá-lo; 3. empregar em seu texto a variante culta da língua portuguesa. ESTRANGEIRISMOS BANIDOS Minha pátria é minha língua Por Ben-Hur Rava em 26/04/2011 na edição 639 Causa arrepio, para não dizer frisson, a aprovação da lei do deputado Raul Carrion (PCdoB-RS), que proíbe o uso de expressões estrangeiras na comunicação social. A ideia do parlamentar é proteger o idioma de estrangeirismos que se incorporam à língua escrita. Contraditória atitude de quem deveria ser "aberto" ao mundo; afinal, o comunismo é fruto da internacionalização desde 1864, com a Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) de Marx, com ápice em 1919, na III Internacional Comunista (Komintern), que espalhou as diretrizes ideológicas ao mundo. E nesse caso, a língua foi o mais ativo instrumento de divulgação. Os tempos são outros e a pluralidade de ideias alcança espectro maior, inclusive para além da política. Mudaram comportamentos, grupos e formas de expressão. Portanto, duvidosa, senão pífia, a medida legal. Com a palavra filólogos, linguistas e gramáticos, que melhor demonstrarão que a vividez da língua é o que ela tem de mais importante, eis que se incorpora aos modos e usos do cotidiano. Os dizeres situam-nos no tempo e espaço. E tempo e espaço presentes são fluídos quase "líquidos", no dizer de Zygmunt Bauman, em face à globalização e encurtamento de distâncias, do saber, da informação. Não há como ser local sem ser global. "O único ódio que sinto" O próprio deputado que acredita que "outro mundo é possível", sabe isso. Se assim não fosse, as ditaduras na África e Oriente não estariam ruindo graças a tweets, posts e blogs, com clicks em mouse ou send de celular. As possibilidades de diversificação cultural e inclusão social, política, econômica estão ao alcance de todos aqueles que estejam abertos às experimentações sem o viés de xenofobia que contamina percepções. Medida sã é educar o povo sobre a língua portuguesa, sem afastá-la do colorido de outros idiomas. Questões da língua são importantes demais para serem tratadas de forma prisioneira, pois, como dizia Pessoa, no Livro do Desassossego, "Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita (...)".
9 9 R A S C U N H O D O T E X T O
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