Universidade Federal de Viçosa Departamento de Solos
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- Catarina Bastos Belo
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1 Universidade Federal de Viçosa Departamento de Solos ZONA DA MATA centro de tecnologias alternativas Sistemas Agroflorestais: manejo do solo com biodiversidade Prof a Irene Maria Cardoso 2015: Ano Internacional do Solo
2 1. Um pouco sobre a ABA 2. Revisão rápida sobre solos 3. Um pouco de nossa experiência
3 ABA A ABA-Agroecologia (desde 2004) realiza e apoia ações dedicadas à construção do conhecimento agroecológico. Os esforços da ABA-Agroecologia têm sido o de apoiar e organizar eventos de socialização de conhecimentos (principalmente o CBA).
4 SOLOS TROPICAIS Como consequência de sua gênese tropical, são em geral solos profundos; baixa concentração de nutrientes; baixa CTC; grande capacidade de fixação de fósforo; ácidos e altos níveis de alumínio trocável; friáveis, susceptíveis a erosão (devido a estrutura). Ou seja, são solos muito intemperizados e lixiviados. Solos mal falados: ruins, fracos e pobres! Como lidamos e como devemos lidar com os nossos solos?
5 Como lidamos e como devemos lidar com os nossos solos? Como lidamos: Uso de fertilizantes e corretivos. Monocultura. Sem aporte ou pouco aporte de matéria orgânica. Uso de agrotóxicos. Fogo. Super pastejo. Solo exposto. Lixo. Mecanização: Uma aração e duas gradagens. Plantio direto com herbicida e monocultura.
6 Como devemos lidar: a) Profundidade dos solos e nutrientes: buscar onde está! Os solos profundos, fruto do intemperismo, podem ser melhor explorados no espaço e no tempo, utilizando sistemas agroflorestais diversificados imitando a natureza. - Por que a nossa referência de análise de solos é 20 cm?
7 b) Atividade biológica. Baixa concentração de nutrientes, dependemos da atividade biológica para ciclar os nutrientes. Plantas com capacidades distintas de se associarem aos microrganismos e de liberarem substâncias químicas, criando rizosferas diferentes. Espécies diferentes desempenham papéis diferentes. Por exemplo, algumas fixam nitrogênio da atmosfera, outras disponibilizam melhor o fósforo.
8 Nitrogênio, Fósforo e Potássio - NPK Brasil importa cerca de 74% N para a produção de fertilizantes. Produção de fertilizantes nitrogenados depende de petróleo. 53 % do fósforo consumido na produção de fertilizantes no País é importado. Brasil importa 93% do potássio para a produção de fertilizantes um dos 10 maiores itens da pauta brasileira de importação. Fonte: Instituto Brasileiro de Mineração, IBRAM (2012). Informações e análises da economia mineral BrasIleira. 7ª edição ( visitado em 21/01/2014).
9 Pico do fósforo: especialistas alertam que as reservas de rochas de fosfato do mundo estão acabando a outra verdade inconveniente! Reservas: estudos indicam que as reservas de P podem acabar entre 50 e 100 anos! Alguns dizem, 30 anos!
10 Os solos tropicais podem ser considerados uma grande reserva de fósforo do mundo (Resende, 1997). Um hectare de solo brasileiro (20 cm de profundidade): kg de P 2 O 5, em sua maioria fixado (Resende, 1997). Plantas, como o guandu (cajan cajanus) podem disponibilizar o fósforo fixado, utilizando para isto mecanismos especiais como a liberação de certos ácidos orgânicos (Ae et al., 1990). Fazer parcerias com os organismos do solo! O segredo é o mutirão! (Amauri Silva agricultor agroecológico, Espera Feliz MG).
11 c) Matéria orgânica. Para isto são necessárias entradas constantes de material orgânico no solo (alimentar os microrganismos, complexar o alumínio, estruturar os solos, melhorar a infiltração e retenção de água, proteger o solo das chuvas e sol intenso). Matéria orgânica nos trópicos Produção Destruição A matéria orgânica deve ser produzida no local, utilizando plantas com o objetivo de produção de biomassa.
12 d) Resíduos Bagaço de cana-de-açúcar Palha de café energia/ biocombustível! Pó de rochas: quanto se perde como resíduos de pedras ornamentais? Restos de comida Resíduos humanos
13 Um pouco de nossa experiência
14 Zona da mata Fragmentos envoltos por uma matriz agrícola de monocultura. Fragmentos envoltos por uma matriz agrícola de monocultura. Está é a realidade da Floresta Atlântica 5º ponto quente (hotspot) de biodiversidade. Perfecto et al (Nature s Matrix: Linking Agriculture, Conservation and Food Sovereignty). pastagem Café Fragmentos de mata
15 DRP Diagnóstico Rural Participativo (1993) Um dos principais problemas: enfraquecimento dos solos erosão e nutrientes. Uma das prioridades: recuperação das terras. Criação da comissão Terra Forte (agricultores, UFV e CTA). Uma das sugestões: sistemas agroflorestais; Implantação participativa
16 Propostas da comissão Terra Forte Cordão de contorno com cana-de-açúcar Não capinar, só roçar Tirar o gado da palhada do milho Calagem: Ca e Mg Leguminosa Não queimar Experimentação participativa com sistemas agroflorestais (1994)
17 Monitoramento participativo ( ) Sistematização (participativa) das experiências 2003/2004 Cardoso et al., 2001 (Agricultural Systems, 69); Souza et al., 2012 (Agroforestry Systems, 85)
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19 Critérios para a definição de espécies nos SAFs Compatibilidade com o Café - aspectos fitossanitários - sistema radicular Biomassa - solo coberto (herbáceas) - quantidade de resíduos Mão-de-obra - caducifolismo - facilidade de poda - arquitetura dos ramos - aquisição de mudas Diversidade de produção humano - alimento criação animal fauna - madeira/lenha (quantidade e qualidade) ZONA DA MATA DPS/UFV centro de tecnologias alternativas
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22 Espécies recomendadas: 1. Açoita-cavalo 2. Ipê-preto 3. Eritrina 4. Ingá 5. Fedegoso 6. Papagaio 7. Abacate 8. Banana 9. Maria-preta 10. Capoeira branca
23 Comparação entre café convencional (pleno sol) e agroflorestal (Souza et al. 2010; Agroforestry systems, 2010) Indicadores Convencional Agrofloresta População de café (árvores/ha) Produtividade (kg/árvore) 0,79 0,62 Preço (R$ saco 60kg) Total (R$/ha) 4.187, ,00 Custo (R$/ha) 2.300,0 750,00 Lucro (R$/ha) 1.887, ,00 1 Custos/lucro (%) 54,93 29,50 Produtos da agrofloresta R$ R$ Mamão (150 árvores) - 112,5 Banana (40 árvores) Citrus (123 árvores) Manga, abacate, goiaba, jaca (51 árvores) Palmito, figo, ameixa (162 árvores) Outras frutas não comercializadas (114 árvores) - Maderia não comercializada (51 árvores) - - Sub-total - 701,50 2 Total 1.887, ,50 3
24 Rezende et al. (2014) coletaram 79 espécies de artrópodes alimentando-se no nectar de ingá. Quase 80% dos visitantes eram inimigos naturais. Entre eles, inimigos naturais do bicho mineiro e da broca do café. Um tripes foi observado se alimentado de brocas. Isto nunca tinha sido observado. Nectários extrafloral: pequenos potes com néctar no pecíolo. E néctar atrai inimigos naturais. Rezende et al. (2014) Agric. Ecosyst. Environ. 188:
25 Proportion of bored fruits Coffee production Coffee fruit weight Proportion mined leaves Em outro experimento, encontrou-se que a associação de café com ingá resultou em maior peso dos frutos; uma produção um pouco maior; menos frutos brocados e menos folhas minadas. Control Inga control inga F 1,201 = 13.5, P= Time [weeks] *** * * Rezende et al. in prep.
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27 A sobrevivência dos insetos expostos aos solos de sistemas agroflorestais foi menor (3-8 dias) do que os insetos expostos aos solos de sistemas a pleno sol. Quatro fungos (3 entopatogênicos): Beauveria bassiana, Metarhizium spp., Isaria fumosorosea e Fusarium spp. Metarhizium: encontrado mais em solos de sistemas agroflorestais Moreira et al., 2014, submetido Agric. Ecosyst. Environ.
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29 Temperature ( o C) Temperatrura Com as árvores a temperatura pode diminuir de 2 o C a 5 o C SAF AFS SPS FSC 20 o C JAN FEB MAR APR MAY JUN JUL AUG SEP OCT NOV DEC
30 10 cm 30cm 1m Carvalho, 2012 Índice de capacidade de água disponível em diferentes profundidades do solo cultivado com café em sistema agroflorestal e pleno sol, em Araponga, MG.
31 C-CO2 (mg) Respirometria (mineralização) Senna eritrina ipê-preto Papagaio Abacate Inga Luehea solo Horas
32 3,0 Nitrogênio (Folhas) dag kg -1 2,0 1,0 0,0 Duarte, 2011
33 Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN): ingá (20.6 %), fedegoso (16.6 %) Considerando a fração de Nitrogênio na massa produzida, cada árvore de ingá contribuíria com ~ 60 g e de fedegoso com 140 g N / ano, devido a FBN. Os agricultores familiares aplicam ~ 40 g N / ano / planta de café - NPK ( )
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35 Masi biodiversidade associada café
36 Café 60 produtos + café
37 João dos Santos
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40 Perenifólias Folhas pequenas A sombra não pode sobrepor Jacaré, angico...
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42 Manejo agroecológico dos agroecossistemas Construção coletiva dos Saberes Agroecologia Biodiversidade Solos Água A biodiversidade é importante para produzir os serviços ambientais ( as bondades da natureza ), incluindo a qualidade dos solos. Solo de qualidade é a base para o desenvolvimento dos agroecossistemas saudáveis. A biodiversidade precisa ser estudada e manejada, e para isto o conhecimento do agricultor pode-se associar ao conhecimento científico.
43 Intercâmbios: ambientes de interação agroecológica baseado na metodologia campesino a campesino. Onde nossas pesquisas são construídas (pesquisa-ação).
44 Muito obrigada! Solo é vida: cuide do solo para cuidar da vida! Ministério do Desenvolvimento Agrário
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