PRODUÇÃO AGRONÔMICA DE OCIMUM BASILICUM L. EM CASA DE VEGETAÇÃO E A CAMPO NA ÉPOCA PRIMAVERA-VERÃO
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- Washington Malheiro de Mendonça
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1 CAMILO JS; Produção RESENDE agronômica RF; LUZ JMQ; de Ocimum CARDOSO basilicum RR; RABELO L. em casa PG; SILVA de vegetação SM e a Produção campo na agronômica época primavera-verão de Ocimum basilicum L. em casa de vegetação e a campo na época primavera-verão. Horticultura Brasileira 27: S4101-S4106. PRODUÇÃO AGRONÔMICA DE OCIMUM BASILICUM L. EM CASA DE VEGETAÇÃO E A CAMPO NA ÉPOCA PRIMAVERA-VERÃO Jéssica da Silva Camilo 1 ; Renata Ferreira de Resende 1 ; José Magno Queiroz Luz 1 ; Rodrigo Ribeiro Cardoso 1 ; Paulo Gonçalves Rabelo 1, Sérgio Macedo Silva 1 1 ICIAG/UFU Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Uberlândia. CEP , Uberlândia MG; jessicadasilvacamilo@gmail.com, renatafresende@yahoo.combr, jmagno@umuarama.ufu.br, rrodrigo_rc@yahoo.com.br, rabelopg@hotmail.com, sergiomacedosilva@yahoo.com.br. RESUMO O manjericão também conhecido por alfavaca é uma planta herbácea, aromática e medicinal de origem asiática que hoje é cultivada em todo o mundo. Além das propriedades medicinais do Ocimum basilicum L., ele também apresenta uma importância relevante na indústria de cosméticos, perfumaria, e codimentos. Devido à crescente demanda por ervas medicinais e aromáticas, e também à necessidade de melhoria do manejo agronômico das mesmas, foram realizados estudos sobre a melhor adubação, época de cultivo e ambiente para a produção quantitativa e qualitativa de manjericão. O experimento foi instalado no campo e casa de vegetação, na época primavera-verão, utilizando-se adubação química e orgânica isoladamente. As características avaliadas foram: massa de matéria fresca, altura de plantas e relação de comprimento e largura de folhas. Para a produção de manjericão, recomenda-se a casa de vegetação como local de cultivo associada à qualquer tipo de adubação (orgânica ou química). PALAVRAS-CHAVE: Manjericão, adubação, época de cultivo, casa de vegetação. ABSTRACT Agronomic production of Ocimum basilicum L. in greenhouse and field cultivation period in spring-summer The basil also known as Alfavaca is an herb, aromatic and medicinal of Asian origin who is now grown worldwide. In addition to the medicinal properties of Ocimum basilicum L., he also has a relevant importance in the industry of cosmetics, fragrances, and codimentos. Due to growing demand for medicinal herbs and aromatics, and also to improve the agronomic management of same, there was the best studies on fertilization, cultivation period and environment for the production quantity and quality of basil. The experiment was conducted in field and greenhouse in the spring-summer season, using chemical and organic fertilizer alone. The characteristics were evaluated: weight of fresh weight, plant height and ratio of length and width of leaves. For the production of basil, it is recommended as a place of growing greenhouse associated with organic manure or chemical. KEYWORDS: Basil, fertilization, cultivation period, the greenhouse. Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 S4101
2 INTRODUÇÃO O manjericão (Ocimum basilicum L.) é um subarbusto aromático nativo da Ásia tropical e introduzido no Brasil pela colônia italiana. É muito cultivado em quase todo o território brasileiro em hortas domésticas para uso condimentar e medicinal, podendo ser consumido tanto in natura quanto para o processamento industrial. É também considerado uma erva aromática de importância econômica relevante para o Brasil no que diz respeito à obtenção de óleos essenciais, sendo que estes são utilizados largamente na indústria de condimentos, cosméticos e perfumaria. Os EUA importaram em 1988, t de manjericão (folhas secas e óleo essencial), equivalente a 2,5 milhões de dólares (SIMON, 1990). Esse valor aumentou para t de matéria seca em 1996, equivalente a 5,5 milhões de dólares (USDA, 1998, BLANK et al., 2004). Nesse sentido, o manjericão por ser uma erva de grande interesse para a indústria, pode se constituir como uma alternativa de geração de renda e também uma excelente oportunidade para os agricultores brasileiros. Atualmente, existe uma procura crescente de plantas medicinais, e para suprir o mercado de maneira quantitativa e qualitativa tornou-se necessário desenvolver novas habilidades e técnicas agronômicas no manejo e cultivo das mesmas. Dessa maneira, o objetivo não é apenas produzir uma grande quantidade de biomassa de ervas, mas produzi-las com boa qualidade no que diz respeito aos princípios ativos. É pertinente ressaltar que estes princípios ativos estão estreitamente relacionados com a forma de cultivo e que a falta de conhecimento dos processos de manejo da cultura do manjericão levará, provavelmente, a baixa qualidade da biomassa e dos teores dos constituintes químicos. O manjericão é uma planta anual ou perene, dependendo do local e do manejo em que é cultivado. A quantidade de cortes possíveis depende da região de plantio. No caso do nordeste do Brasil e, especificamente, no Estado de Sergipe, há condições climáticas as quais permitem que essa espécie seja cultivada como planta perene, podendo-se realizar vários cortes por ano (BLANK et al., 2005b). Na Europa, em regiões frias, se comporta como cultura anual, diferente do caráter perene dos centros de origem (SANTOS et al., 2005) O setor de produção de plantas medicinais e aromáticas no Brasil vem sendo beneficiado de alguns anos para cá por um aumento no número de pessoas interessadas no estudo dessa matéria (MATTOS, 1997). Todavia, há necessidade de se fazer exaustivos estudos a respeito do cultivo e da produção de tais ervas, para que se tenha êxito na obtenção das características exigidas pelo mercado, uma vez que as condições edafoclimáticas podem interferir no comportamento das espécies. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado e conduzido em campo e casa de vegetação na época de cultivo primavera-verão na Fazenda Experimental do Glória (18º57' S e 48º12' W), propriedade da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) que situa-se na BR 050 a 12 km do centro de Uberlândia-MG. O transplantio das mudas foi realizado no dia 03 de setembro de 2008, e as plantas foram colhidas no dia 19 de novembro de 2008 na casa de vegetação e no dia 03 de dezembro de 2008 no campo. Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 S4102
3 Para realização do experimento foi utilizada a variedade de manjericão (Ocimum basilicum L.) Maria Bonita desenvolvida pela Universidade Federal de Sergipe. Foi retirada uma amostra do solo antes da instalação dos experimentos no campo e na casa de vegetação, e esta foi encaminhada ao Laboratório de Análise de Solos da Universidade Federal de Uberlândia. E, de acordo com o laudo emitido pelo laboratório houve necessidade de se utilizar 3 kg/m² de cama de frango no tratamento orgânico, 2,5 kg/m² de gesso e 2 kg/m² de Sulfato de magnésio no experimento instalado no campo. A adubação teve dois tratamentos, um apenas mineral e o outro somente orgânico. No primeiro, foi utilizado um adubo formulado NPK e o último teve como fonte a cama de frango. A quantidade de adubo químico utilizada foi definida com base na análise de solo. Para a produção de mudas de manjericão, realizou-se a semeadura da variedade Maria Bonita em bandejas de poliestireno de 128 células, utilizando-se substrato comercial. As mudas foram produzidas na casa de vegetação da Área Experimental da Universidade Federal de Uberlândia. O transplantio para o campo e para a Casa de Vegetação da Fazenda Experimental Glória foi realizado quando a maioria das plantas apresentaram três ou quatro pares de folhas verdadeiras, 30 a 40 dias após a semedaura. Para a instalação do experimento, foram utilizados os seguintes espaçamentos: 60 cm entre linhas e 30 cm entre plantas. A irrigação foi realizada por aspersão e o controle das plantas daninhas foi realizado manualmente. A colheita do manjericão ocorreu quando as plantas estavam em pleno florescimento. As temperaturas máximas e mínimas do local onde os experimentos foram instalados foram anotadas diariamente. A correção do solo e as adubações foram as mesmas tanto nos experimentos de campo quanto nos experimentos na Casa de Vegetação. Da mesma forma, a produção de mudas, os espaçamentos, os tratos culturais e a colheita. A casa de vegetação onde foram conduzidos os experimentos é do tipo túnel alto com 8 m de largura com 50 m de comprimento e 4 m de altura lateral com estrutura metálica e cobertura com filme plástico agrícola com espessura de 150 micras. Os experimentos de campo e casa de vegetação foram instalados e conduzidos simultaneamente na época primavera-verão. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso dentro de cada experimento com dois tratamentos para as condições de campo e casa de vegetação. Em cada tipo de condução houve 10 repetições. As parcelas no campo e na estufa tinham 4 fileiras de 3m de comprimento e foi considerada parcela útil as duas fileiras centrais. A colheita foi realizada no momento do florescimento do manjericão. Antes de se realizar a colheita, foram medidas as alturas de três plantas escolhidas aleatoriamente na parcela útil de cada repetição como auxílio de uma fita métrica. Em seguida, foram escolhidas aleatoriamente três folhas totalmente expandidas da parcela útil de cada repetição e nestas folhas foram medidos o comprimento e a largura também com o auxílio de uma fita métrica. Posteriormente, as plantas do campo e da Casa de Vegetação foram cortadas a 30 cm do solo e acondicionadas em sacos plásticos e conduzidas ao Laboratório de Fitotecnia do Instituto de Ciências Agrárias da UFU, onde foi pesada a parte aérea total. Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 S4103
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Em relação à massa de matéria fresca, não houve interação significativa entre os tratamentos utilizados, ou seja, local de produção (campo e casa de vegetação) e tipo de adubação (química e orgânica). Tendo esta característica como base, é possível inferir que a adubação não está condicionada ao local de produção e vice-versa. Nem a adubação, nem o local de produção interferem na produção de massa de matéria fresca de Ocimum basilicum L. (manjericão). (Tabela 1). As plantas conduzidas no interior da casa de vegetação apresentaram um ciclo de vida menor se comparadas àquelas produzidas no campo. O manjericão produzido no campo apresentou inflorescência uniforme entre a 12 e 13 semana após o transplantio das mudas, enquanto as plantas do ambiente protegido (casa de vegetação) apresentaram uniformidade no início da 11 semana após o transplantio. Assim, houve antecipação da colheita na casa de vegetação, o que é um fator agronômico de importância relevante, pois está estreitamente relacionado com o custo de produção da cultura. Contudo, isso não resultou em diferenças significativas entre os locais de produção em relação à massa de matéria fresca. Bernadete et al. (2004), estudando os efeitos do local de produção na cultura da alface observaram uma antecipação da colheita da cultura produzida em casa de vegetação, porém, as plantas do campo apresentaram menor massa de matéria fresca se comparada às plantas que foram produzidas no ambiente protegido. Para a altura de planta, assim como para a massa de matéria fresca, não houve interação significativa entre o local e adubação. Isso significa que o local de produção de manjericão independe da adubação utilizada, assim como a adubação não sofre interferência do local onde o Ocimum basilicum L. é produzido. A altura da planta de manjericão não depende da adubação usada, ou seja, se é química ou orgânica. Contudo, o local de produção interfere na altura de planta. Com a produção de Ocimum basilicum L. em casa de vegetação obteve-se plantas com maiores alturas, enquanto que no campo as plantas se apresentam com menor porte. (Tabela 2). Através, destes resultados observou-se que não houve correlação positiva entre massa de matéria fresca da parte aérea e altura de planta. Resultados semelhantes foram observados por BLANK et. al (2004) que trabalhando com vários genótipos de Ocimum sp. não obtiveram correlação positiva entre a massa seca de parte aérea e altura de planta. Essa não correlação pode ser oriunda da interação do diâmetro de copa, espaçamento entrenós, tamanho de folhas e número de folhas por plantas (BLANK et. al., 2004). Assim como para as duas características discutidas anteriormente, a adubação não depende do local de produção tendo como referência a relação entre comprimento e largura da lâmina foliar de manjericão. Todavia, a maior relação foi observada na casa de vegetação. Mas, a adubação não interfere nesta relação, isto é, não houve diferenças significativas entre a adubação química e orgânica para esta característica em questão. (Tabela 3). Resultados semelhantes foram encontrados por Bernadete et. al. (2004) na cultura da alface. O ambiente da casa de vegetação favoreceu o aumento da área foliar específica da cultura que é a relação da área foliar pelo respectivo peso. De acordo com Dale (1988), quanto maior o sombreamento a que uma planta é submetida, maiores e mais finas são as folhas. Em suma, pode-se afirmar que o manjericão tem melhor desempenho vegetativo (características avaliadas neste trabalho) na época primavera-verão quando cultivado em casa de vegetação com qualquer tipo de adubação, isto é, orgânica ou química. Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 S4104
5 A FAPEMIG pelo auxílio financeiro. AGRADECIMENTOS REFERÊNCIAS BLANK, A.F; FILHO, J.L.S.C; NETO, A.L.S.; ALVES, P.B.; ARRIGONI-BLANK, M.F.; SILVA- MANN, R.; MENDONÇA, M.C. Caracterização morfológica e agronômica de acessos de manjericão e alfavaca.. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 22, n.1, p , Jan./Mar BLANK, A.F.; SILVA, P.A.; ARRIGONI-BLANK, M.F.; SILVA-MANN, R.; BARRETO, M.C.V. Influência da adubação orgânica e mineral no cultivo de manjericão cv. Genovese. Revista Ciência Agronômica, Fortaleza, v. 36, n.2, p , maio/ago. 2005b. DALE, J.E. The control of leaf expansion. Annual Review of Plant Physiology and Plant Molecular Biology, Palo Alto, v.30, p , MATTOS, J.K. de A. Tendências fitotécnicas e econômicas de espécies vegetais utilizadas na medicina popular. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 15, p , Palestra. Suplemento. SIMON, J.E.; QUINN, J.; MURRAY, R.G. Basil: a source of essential oils. In: JANICK, J.; RADIN, B.; JÚNIOR, C.R; MATZENAUER, R.; BERGAMASCHI, H. Crescimento de cultivares de alface conduzidas em estufa e a campo.. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 22, n.2, p Abr./Jun SIMON, J.E. (Ed.). Advances in new crops. Portland: Timber Press, p SANTOS, J.E., LUZ, J.M.Q.; FURLANI, P.R.; MARTINS, S.T.; HABER, L.L.; LANA, R.M.Q. Cultivo da alfavaca em sistema hidropônico sob diferentes concentrações de solução nutritiva. Bioscience Journal, Uberlândia, v.21, n.2, p.21-24, maio/ago Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 S4105
6 Tabela 1. Massa de matéria fresca (g) de Ocimum basilicum L.(manjericão) Matéria Fresca (g) 1 Local de Produção Orgânica Adubação Mineral Média Estufa 1537, , ,00 a Campo 1505, , ,82 a Média 1521,33 a 1342,49 a - CV (% ,68 1Médias seguidas por letras distintas na coluna e na linha diferem significativamente pelo teste de Tukey a 0,05 de significância. Tabela 2. Altura (cm) de Ocimum basilicum L.(manjericão) Altura (cm) 1 Local de Produção Orgânica Adubação Mineral Média Estufa 52,67 53,53 53,10 a Campo 41,83 40,41 41,12 b Média 47,25 a 46,97 a - CV (%) ,46 1Médias seguidas por letras distintas na coluna e na linha diferem significativamente pelo teste de Tukey a 0,05 de significância. Tabela 3. Relação entre comprimento e largura da lâmina foliar (cm/cm) de Ocimum basilicum L.(manjericão) Local de Produção Relação comprimento e largura da lâmina Foliar (cm/cm) 1 Adubação Orgânica Mineral Média Estufa 2,51 2,41 2,46 a Campo 2,19 2,22 2,21 b Média 2,35 a 2,32 a - CV (%) - - 5,84 1Médias seguidas por letras distintas na coluna e na linha diferem significativamente pelo teste de Tukey a 0,05 de significância. Hortic. bras., v. 27, n. 2 (Suplemento - CD Rom), agosto 2009 S4106
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