Novos dados sobre a Ribeira de Lisboa: intervenção arqueológica em torno do Largo do Terreiro do Trigo

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1 Novos dados sobre a Ribeira de Lisboa: intervenção arqueológica em torno do Largo do Terreiro do Trigo Cristina Gonzalez Lisboa Ribeirinha Medieval e Moderna - dados arqueológicos

2 Acompanhamento/Escavação Arqueológica Fevereiro-Outubro 2010 CRIVARQUE, Lda. -Bacia do Baixo Tejo; boca do estuário do Tejo; Ribeira de Lisboa -Concelho de Lisboa, freguesias da Sé, São Miguel e Santo Estêvão (Alfama) Fotografia aérea GoogleEarth Intervenção decorreu numa área extensa do interior do Largo do Terreiro do Trigo e arruamentos próximos: - Rua do Terreiro do Trigo, Rua do Cais de Santarém, Travessa de São João da Praça

3 Acompanhamento/Escavação Arqueológica Fevereiro-Outubro 2010 CRIVARQUE, Lda. -Bacia do Baixo Tejo; boca do estuário do Tejo; Ribeira de Lisboa -Concelho de Lisboa, freguesias da Sé, São Miguel e Santo Estêvão (Alfama) Fotografia aérea GoogleEarth Intervenção decorreu numa área extensa do interior do Largo do Terreiro do Trigo e arruamentos próximos: - Rua do Terreiro do Trigo, Rua do Cais de Santarém, Travessa de São João da Praça

4 Contexto de trabalhos para requalificação urbana Sistema de Intercepção do Largo do Chafariz de Dentro à Estação Elevatória da Estação Fluvial - SIMTEJO R. Terreiro do Trigo: valas 3m 5m, escavação na CVM-RTT Tv. S. João da Praça: vala 1,60m R. Cais de Santarém: valas 1,60m 2,20m Lg. Terreiro do Trigo: valas de 1,80m 5m; área para Estação Elevatória - 7m de profundidade, e CVM-LTT 4m Empreitada: Rua do Terreiro do Trigo à ligação entre Rua do Cais de Santarém e Avenida Infante Dom Henrique

5 Antecedentes: Intervenção arqueológica prévia em contexto de minimização de impactes ERA - Arqueologia Plano de Intervenção Arqueológica de Minimização. Projecto dos Interceptores do Largo do Chafariz de Dentro ao Cais do Sodré COELHO, M. D. - Diagnóstico Arqueológico do Largo do Chafariz de Dentro ao Terreiro do Trigo Pinto, M.; Ferreira, A. 7 sondagens de diagnóstico distribuídas pelas zonas de afectação do projecto

6 Antecedentes: Intervenção arqueológica prévia em contexto de minimização de impactes ERA - Arqueologia - Diagnóstico Arqueológico do Largo do Chafariz de Dentro ao Terreiro do Trigo Pinto, M.; Ferreira, A. Medidas de minimização de impactes - Acompanhamento arqueológico em todas as acções de remoção de terras. - Alargamento da escavação arqueológica em torno de uma sondagem realizada no Largo do Terreiro do Trigo, abrangendo toda a área da Estação Elevatória a ser construída, devido à detecção de muros em alvenaria associados a materiais do séc. XVI, XVII e XVIII. Fotografias ERA, S.A.

7 Travessa de São João da Praça - Acompanhamento Vala no início do arruamento: c. 14 m de comprimento 0,60 m a 1 m de largura 1,60 m de profundidade Localização sob a Porta ou postigo do Chafariz de El-Rei, pertencente à Cerca Moura A partir de Silva, V. da (1939) A Cerca Moura de Lisboa. 2ªedição. Lisboa: CML

8 Travessa de São João da Praça - Acompanhamento Vala no início do arruamento: c. 14 m de comprimento 0,60 m a 1 m de largura 1,60 m de profundidade Paramento da muralha em silharia calcária. Associada a elemento arquitectónico de arranque do arco com ressalto trabalhado (séc.xvi).

9 Travessa de São João da Praça - Acompanhamento Vala no início do arruamento: c. 14 m de comprimento 0,60 m a 1 m de largura 1,60 m de profundidade Área de limite com o Chafariz de El-Rei e estruturas hidráulicas conexas, monumento em vias de classificação Edifício da CML - acesso à cisterna do chafariz A partir de Silva, V. da (1939) A Cerca Moura de Lisboa. 2ªedição. Lisboa: CML

10 Travessa de São João da Praça - Acompanhamento Vala no início do arruamento: c. 14 m de comprimento 0,60 m a 1 m de largura 1,60 m de profundidade Área de limite com o Chafariz de El-Rei e estruturas hidráulicas conexas, monumento em vias de classificação A partir de Silva, V. da (1939) A Cerca Moura de Lisboa. 2ªedição. Lisboa: CML Uma de duas caleiras em pedra calcária que parecem desembocar num caneiro de alvenaria quinhentista.

11 Rua do Cais de Santarém - Acompanhamento Abertura de uma vala desde o edifício do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) até ao Largo do Terreiro do Trigo: 0,80 m a 1,5 m de largura; 1,60 m a 2,20 m de profundidade Sucessivos níveis de pavimento detectados no corte A 1,10 m - 1,30 m de profundidade registou-se um pavimento regular e bem preservado em calçada de basalto (pedras de média dimensão; pontualmente algumas de calcário). Conservada numa extensão de 18,50m ao longo da vala.

12 Rua do Cais de Santarém - Acompanhamento Continuação de abertura de vala frente ao Chafariz de El-Rei: 1,5 m de largura 2,20 m de profundidade Sondagem 2 (Pinto e Ferreira, 2008), a partir de desenho de ERA, S.A. Detectou-se um muro rectilíneo que circundaria o chafariz numa área imediatamente a Norte da vala, associado a pavimento em lajeado de calcário. Presença de estruturas de caleiras em alvenaria que se prolongavam para Sul. Estruturas hidráulicas conexas ao Chafariz de El-Rei. Reforma geral das infra-estruturas do chafariz, em momento avançado na época moderna, a avaliar pela sua sobreposição por uma calçada, possivelmente dos finais do séc.xvii ou primeira metade do séc.xviii, que se estendia para Este (Largo do Terreiro do Trigo).

13 Largo do Terreiro do Trigo Escavação EE-TT e CVM-LTT/Acompanhamento na abertura de valas Nível de derrube e aterros posteriores ao Terramoto de 1755

14 Largo do Terreiro do Trigo Escavação EE-TT e CVM-LTT/Acompanhamento de abertura de valas X réis (cobre) D. João V, 1743 V réis (cobre) D. João V Nível de derrube e aterros posteriores ao Terramoto de 1755

15 Largo do Terreiro do Trigo Escavação EE-TT e CVM-LTT/Acompanhamento de abertura de valas Edifício de muros em alvenaria na área mais a Sul do actual Largo do Terreiro do Trigo Três compartimentos detectados na área de afectação - paredes interiores revestidas a estuque; - compartimento com rodapé de tijoleira; - Pavimento não conservado, apenas a sua preparação em argamassa

16 Largo do Terreiro do Trigo Escavação EE-TT e CVM-LTT/Acompanhamento de abertura de valas Edifício de muros em alvenaria na área mais a Sul do actual Largo do Terreiro do Trigo Três compartimentos detectados na área de afectação - paredes interiores revestidas a estuque; - compartimento com rodapé de tijoleira; - Pavimento não conservado, apenas a sua preparação em argamassa

17 Largo do Terreiro do Trigo Escavação EE-TT e CVM-LTT/Acompanhamento de abertura de valas Registo da continuação das estruturas para Oeste da EE-TT em acompanhamento Edifício terminava a Oeste num muro de alvenaria de grandes dimensões (1,5m largura) com orientação Sul-Norte, do qual não se encontraram os limites Ao muro Sul-Norte encostava perpendicularmente outro muro, que se estendia para Oeste

18 Largo do Terreiro do Trigo Escavação EE-TT e CVM-LTT/Acompanhamento de abertura de valas Nível de calçada de basalto bem preservada Contemporânea das estruturas de alvenaria Cerâmica séc. XVII no nível abaixo de preparação da calçada

19 Largo do Terreiro do Trigo Escavação EE-TT e CVM-LTT/Acompanhamento de abertura de valas Disposição irregular dos seixos de uma forma geral Excepção para duas fiadas de seixos que compõem duas linhas com orientações distintas: uma genérica Este-Oeste, e outra Norte-Sul.

20 Largo do Terreiro do Trigo Escavação EE-TT e CVM-LTT/Acompanhamento de abertura de valas Pavimento em cerâmica de construção compactada com argamassa sob os muros de alvenaria Sucessivas fases de pavimentação espaço público de longa duração Na fase mais antiga do pavimento negativos de estacas em madeira (não conservadas) construções temporárias

21 Largo do Terreiro do Trigo Escavação EE-TT e CVM-LTT/Acompanhamento de abertura de valas Sob o pavimento de argamassas níveis de aterro (material arqueológico séc.xvi) Profusão de estruturas negativas de pequena dimensão e planta circular construções em madeira Níveis de aterro com grande concentração de matéria orgânica (negros) intercalados com níveis arenosos (brancos/acinzentados)

22 Largo do Terreiro do Trigo Escavação EE-TT e CVM-LTT/Acompanhamento de abertura de valas Sob o pavimento de argamassas níveis de aterro Profusão de estruturas negativas de pequena dimensão e planta circular construções em madeira Níveis de aterro com grande concentração de matéria orgânica (negros) intercalados com níveis arenosos (brancos/acinzentados) CVM-LTT - Grande caneiro em alvenaria sob os mesmos níveis de aterro

23 Rua do Terreiro do Trigo - Escavação CVM-RTT Área extremamente afectada, quer pela presença de árvores, quer de grandes infraestruturas de saneamento e distribuição de água, que se traduz numa realidade muito fragmentada. Sob os níveis de pavimento contemporâneos e aterros genericamente enquadráveis no pós-terramoto de 1755, encontravam-se algumas estruturas em alvenaria associadas a um nível de calçada muito mal preservado.

24 Rua do Terreiro do Trigo - Escavação CVM-RTT Destaca-se um muro maciço de alvenaria, que pertenceria a um edifício de grandes dimensões. Orientação NE e SO, na direcção da actual Alfândega. Estrutura assente em estacaria de madeira. Vários momentos de construção no espaço durante a primeira metade do séc.xviii: remodelações diferentes do pavimento em calçada a Norte e a Oeste do edifício.

25 Rua do Terreiro do Trigo - Escavação CVM-RTT Sob o nível anterior: alguns depósitos sedimentares e um pavimento alaranjado composto de argilas e argamassas compactadas. Vários momentos de construção/reparação. Buracos para construções de madeira Particularidade no recurso a pequenos seixos na construção de pavimento.

26 Rua do Terreiro do Trigo - Escavação CVM-RTT Aterros que se sucedem em profundidade até ao substrato geológico Finos depósitos muito heterogéneos: uns de composição mais arenosa com vestígios de cal, outros com maior concentração de matéria orgânica (negros). Níveis de ocupação/utilização efectiva do espaço

27 Rua do Terreiro do Trigo - Escavação CVM-RTT A partir de Silva, V. da (1987) A Cerca Fernandina de Lisboa. Vol. II. 2ªedição. Lisboa: CML Grande caneiro em alvenaria, proveniente do interior do espaço muralhado

28 Ribeira de Lisboa Século XVI Ribeira Velha espaço de logradouro a Este do Terreiro do Paço e Alfândega quinhentista onde se localiza o mercado dos víveres (vegetais, peixe e açougues da carne) - espaço ligado a actividades portuárias e industriais (Campo da Lã actual Largo do Terreiro do Trigo) - principais chafarizes de abastecimento de água à cidade e embarcações (Chafariz d El-Rei, Chafariz de Dentro ou dos Cavalos) Pormenor de Panorâmica de Lisboa, Anónimo Biblioteca da Universidade de Leiden

29 Largo do Terreiro do Trigo Escavação arqueológica na EE-TT/Acompanhamento de abertura de valas Sob os pavimentos de argamassas e depósitos do séc.xvii níveis de aterro grande volume de espólio séc. XVI Importações de Itália, Sevilha e Valência Cerâmica comum (barro vermelho) e vidrada (tigelas carenadas)

30 Ribeira de Lisboa Século XVII Representação de grande espaço aberto no exterior das muralhas entre Chafariz d El-Rei e Chafariz de Dentro. Representação do Chafariz Novo. Planta da cidade de Lisboa, João Nunes Tinoco Pavimento em argamassa

31 Ribeira de Lisboa Século XVII Porcelana chinesa kraak porselein Faiança portuguesa Pavimento em argamassa

32 Ribeira de Lisboa 1755 N Pormenor do edifício da Alfândega interina na planta do projecto de reconstrução da cidade segundo Eugénio dos Santos e Carlos Mardel (Museu da Cidade Câmara Municipal de Lisboa). Planta das estruturas em alvenaria detectadas em relação ao edifício setecentista da Alfândega Interina

33 Ribeira de Lisboa 1755 Largo do Terreiro do Trigo Rua do Terreiro do Trigo

34 Ribeira de Lisboa 1755 N SILVA, António Delgado da, compil. (1842) Supplemento à Collecção de Legislação Portugueza. Anno de 1750 a Lisboa: Typografia de Luiz Correa da Cunha, p.437 Pormenor do edifício da Alfândega interina na planta do projecto de reconstrução da cidade segundo Eugénio dos Santos e Carlos Mardel (Museu da Cidade Câmara Municipal de Lisboa). RIBEIRO, J. P. (1807) Índice Chronologico Remissivo da Legislação Portugueza posterior à publicação do Codigo Filippino com hum appendice. Parte III. Continuação de additamentos desde a acclamação do Senhor D. João IV ate o anno de Lisboa: Academia Real das Sciencias, p.229

35 Ribeira de Lisboa 1755 N SILVA, António Delgado da, compil. (1842) Supplemento à Collecção de Legislação Portugueza. Anno de 1750 a Lisboa: Typografia de Luiz Correa da Cunha, p.437 Com a Alfandega interina gastou 224:593$582 rs. Esta Alfandega edificou-se junto ao lugar, em que existe o terreiro do trigo; e ficou inutilizada a despeza, porque se incendiou. Pormenor do edifício da Alfândega interina na planta do projecto de reconstrução da cidade segundo Eugénio dos Santos e Carlos Mardel (Museu da Cidade Câmara Municipal de Lisboa). NEVES, J. A. das (1827) Noções historicas, economicas e administrativas sobre a producção e manufactura das sedas em Portugal, e particularmente sobre a real fabrica do suburbio do Rato, e suas annexas. Lisboa: Impressão Régia, p.125.

36 Lisboa Ribeirinha Medieval e Moderna dados arqueológicos Lisboa, 10 de Novembro de 2012