METAMORFOSE EM VERSO E PROSA. Da Larva à Borboleta

Transcrição

1 METAMORFOSE EM VERSO E PROSA Da Larva à Borboleta

2 2 Fátima Almeida

3 Metamorfose em verso e prosa METAMORFOSE EM VERSO E PROSA Da Larva à Borboleta Fátima Almeida Prefacio Tânia Meneses Silva Aracaju, novembro de

4 Fátima Almeida Notas da autora: 1 Os textos contidos neste volume estão registrados no Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional. 2 Imagem da capa encontrada na web. 4

5 Metamorfose em verso e prosa Caro leitor, Sempre fui amante de uma boa leitura. Um livro para mim é um companheiro mágico, daqueles que nos levam a lugares distantes e inimagináveis. Aos 13 anos, fui apresentada à Antologia Poética de Vinícius de Moraes, poemas de Cecília Meirelles e de Carlos Drummond de Andrade. Foi paixão à primeira leitura! A partir daí achei-me com direito de tentar registrar os meus sentimentos de forma livre e espontânea, mas claro, continuei admirando Castro Alves, Olavo Bilac, Mário Quintana e muitos outros nomes da nossa literatura, sem contar que mais tarde conheci Fernando Pessoa, outra paixão, Pablo Neruda e Florbela Espanca. No período em que comecei a escrever as fases da minha metamorfose, eis que surgiu o primeiro texto, que pretensiosamente chamei de poesia, mas aos 14 anos, conhecendo o primeiro amor... É justificável. Por quê? Pergunto-me, por quê? Esta pergunta é sem resposta Por quê? Por que você não gosta de mim E eu gosto tanto de você? (1968) 5

6 Fátima Almeida Daí em diante, não perdia oportunidade de transformar os meus sentimentos e emoções em versos. Com o passar do tempo, as crises existenciais foram superadas, e a larva com muito sacrifício foi transformando-se em borboleta, até que conseguiu, livre do casulo, alçar o seu primeiro voo. Este livro para mim significa o primeiro voo da borboleta. Por isso, peço ao amigo que me concedeu a honra de ler os meus rabiscos, que não desista de continuar a leitura na fase inicial porque lembrando Exupèry: Precisamos suportar algumas larvas se quisermos conhecer as borboletas. Fátima Almeida 6

7 Metamorfose em verso e prosa Leitor amigo, O que seria de nós? O que seria da poesia moderna se esta metamorfose não tivesse acontecido? Por certo o mundo não estaria em processo de evolução e de completude. A metamorfose acontece com a ação da natureza e de energias sublimes sobre as quais pouco sabemos. O processo de transformação começou lírico e belo, no coração de uma jovem que se perguntava: Por quê? Pergunto-me, por quê? Esta pergunta é sem resposta Por quê? Por que você não gosta de mim E eu gosto tanto de você? (1968) Não haveria no mundo a poesia se alguém não começasse justo assim, com o peito inundado de sonhos e de amor. O amor é a essência dos poetas e da poesia. Há, na poesia de Fátima Almeida, a alma de uma poeta que se analisa e se questiona, que observa ao seu redor. Assim como se nesse movimento dos olhos já tivesse a certeza de encontrar a poesia. E a encontra! O estado de um ser eminentemente poético é o da contemplação, da reflexão e do olhar sobre todas as coisas com a intenção de conhecerlhes a alma. O sentido amplo da condição de ser poeta é 7

8 Fátima Almeida este, o de ser predestinado e o de ter a sensibilidade de ouvir e ver o governo de tudo o que existe, a pulsação do Criador por toda parte. Fátima é uma poeta para além da comum realidade, ela atravessa pelos átrios por nós desconhecidos, ela frequenta o Paraíso da poesia e é de lá que traz a luz da razão em versos como estes onde diz como é ser poeta: É alguém que sabe dar Nome romântico às desgraças E uma forma concreta Às coisas abstratas. A incansável pedagoga da poesia espalha seus ensinamentos no afã de contribuir para a construção de uma humanidade melhor, mais leve e colorida como as borboletas. Por isto mesmo ela preleciona acerca de saudade, rotina, fatalidade, perdão, amor, amizade; sobre também sonhos e solidões, como em: VOZES DA SOLIDÃO Perdida no silêncio da noite Ouvi o murmúrio do vento Senti o lamento das águas Vi o brilho do firmamento... 8

9 Metamorfose em verso e prosa A voz da poeta se faz forte e se pergunta enquanto nos pergunta sobre temas de profunda importância a exemplo de Utopia, Ética, Virtudes e Defeitos: VIRTUDES X DEFEITOS Apraz-me viver com dignidade Ambição desmedida conduz ao mal Aprecio deveras, a humildade, Uma virtude sublime, sem igual.... Fátima Almeida é aquela poeta que pode nos encantar tanto pelo seu talento e estilo, que pode nos fazer ler um livro de seus poemas de uma sentada só. Ela pode, inclusive, como a sereia, com o seu canto encantar a prefaciante tentada a passar todos os seus versos para esta página. Antes que eu me enverede pelas sendas dos versos de Fátima Almeida, que nasce estrela entre nós, acrescento que sua poesia infantil é edificante e doce, assim como nos versos de Uma saúva na chuva. Fátima, além de poeta, é uma prosadora de texto enxuto, atraente e significativo. A sua produção de crônicas, reflexões e microcontos são páginas que sugerem a meditação. Textos cujas mensagens penetram o íntimo do leitor e o obrigam a refletir sobre a solidariedade, a liberdade, a liderança. Ela não se esqueceu do Criador de todas as coisas e da questão da fé em contraposição à ciência. É aí que a escritora assevera: Deus existe porque 9

10 Fátima Almeida eu existo, o fogo queima, o gelo é frio, a geleia é mole, etc. O átomo, a célula, a harmonia do Universo e milhões de outras provas nos dão essa certeza, inclusive a dúvida sem fundamento, de um cético como você. E sobre os microcontos? Dou um exemplo para que você nunca mais se esqueça de que eu tenho razão em tudo que digo neste prefácio. E ainda fico devedora. ENGANO CRUEL Abdicou da tranquilidade do seu lar e partiu, no afã de encontrar um grande amor. Precipitou-se, e só conheceu a dor. Apostou no perdão e ele não veio. Seu mundo desmoronou. Boa leitura! Tânia Meneses Silva Graduada em Letras Português/Inglês, pela UFS. Escritora, poeta, cronista e autora de textos, inclusive de pesquisas, palestrante, Professora Orientadora de TCC/Monografia e possuidora de um imenso currículo na área de Educação e Cultura. 10