O VISOR TV. Texto e fotos: Paulo de Oliveira

Transcrição

1 O VISOR TV Texto e fotos: Paulo de Oliveira Quem quiser jogar pelo seguro e puder pagar esse conforto poderá adquirir, ou construir, um sistema de controlo remoto assistido por televisão. De qualquer modo os poucos produtos deste tipo disponíveis no mercado são quase todos eles de fabrico mais ou menos artesanal. Na Europa aconselho de novo a consultar o catálogo da marca francesa Jama Electronique ( Foto 1 Mas se gostar de bricolage também pode facilmente construir um sistema idêntico aos comerciais. Comece por adquirir uma pequena câmara vídeo, daquelas usadas nos circuitos fechados de televisão para vigilância. Existem alguns modelos com apenas 3x3 cm já encerrados numa pequena caixa plástica e munidos de objectiva. Os modelos que funcionam sem objectiva formando a imagem através de um minúsculo orifício ( pinhole ) não servem para os nossos propósitos porque abarcam um ângulo de campo demasiado vasto. As objectivas com que estas câmaras vêm normalmente equipadas também não servem pelos mesmos motivos. Vai ter que adquirir, separadamente, uma objectiva com de 8 a 9 mm de distância focal. Estas objectivas dispõem, normalmente, de uma rosca de montagem que serve ao mesmo tempo para a focagem. Foto 2

2 Pode optar, evidentemente, entre uma câmara de vídeo a cores ou preto e branco. Mas para o fim em vista a cor tem pouco interesse; além de serem mais caras as câmaras a cores fornecem uma imagem com pior definição e precisam mais luz para trabalharem convenientemente. Foto 3 Foto 4 Já na posse da câmara e da objectiva, vai ter que mandar tornear um adaptador para poder aplicar a câmara de vídeo directamente na ocular da câmara fotográfica. Se a ocular da sua câmara possuir uma rosca para a montagem do vidro da ocular, como acontece na maior parte dos modelos da Nikon, basta fazer uma peça que enrosque na ocular e onde irá encaixar, à justa, a objectiva da câmara de vídeo que será mantida em posição por um pequeno parafuso. Se tiver uma câmara sem rosca na ocular, como por exemplo as Canon, não desespere e experimente o pequeno adaptador FE-10, da Nikon, que esta marca fabrica justamente para resolver aquele problema nalguns dos seus modelos mais económicos. Estas câmaras de vídeo são normalmente alimentadas por corrente contínua com voltagens entre 9 e 12V. Em condições pontuais e durante utilizações pouco demoradas é possível alimentar a câmara com uma pequena pilha alcalina de 9V mas para maiores tempos de vigília é essencial comprar uma bateria compacta de 12V com pelo menos 3 amperes. Também pode usar, evidentemente, a bateria do seu próprio automóvel fazendo uma ligação directa com pinças ou através da ficha do isqueiro situada no tabelier. A ligação da câmara ao monitor é assegurada por um cabo de vídeo ou, se a distância for pequena, um simples cabo de dois condutores equipado de fichas RCA. Se pretender separar a câmara do monitor mais de 30 metros, será preferível usar um dos emissores receptores de TV sem fios, que são fáceis de encontrar no mercado de electrodomésticos. Os melhores modelos permitem-lhe enviar o sinal vídeo até mais de 200 metros, desde que não existam obstáculos entre o emissor e o receptor.

3 Foto 5 Foto 6 Como monitor poderá usar uma daquelas pequenas televisões a pilhas, a preto e branco, que se encontram à venda em qualquer supermercado. Deve ter apenas o cuidado de verificar se dispõe de entrada para sinal vídeo ( Vídeo In ). Na sua maioria estas televisões podem também ser alimentadas a 12 V a partir de uma bateria externa. Ligada a câmara e o monitor, se tudo estiver bem, irá obter uma imagem semelhante à que vê quando espreita pela ocular do visor da sua câmara. Em muitos modelos, e consoante a ampliação da imagem no visor, é possível mesmo observar as regulações fotométricas, a confirmação de focagem correcta e do disparo do flash. Foto 7 Monitor construído pelo autor e aplicado em punho disparador eléctrico Leica. Foto 8 Pára-sol para visualizar a imagem em pleno dia, mesmo com bastante luminosidade ambiente. Mas se quiser ir ainda um pouco mais longe, adquira também uma cabeça eléctrica das que são utilizadas para mover as câmaras de vídeo de vigilância de maiores dimensões. Permitem um movimento de rotação no plano horizontal e vertical. A alimentação é também quase sempre de 12V e o comando processa-se através de um cabo de vários condutores que poderá vir a ter o comprimento que quisermos. Tanto o cabo como as fichas de multicondutores, normalmente do tipo DIN, poderão ser facilmente adquiridas numa loja de acessórios para electrónica. Estas cabeças podem operar sem problemas uma câmara de 24x36 mm ou uma 6x4,5 cm compacta, equipadas com uma objectiva de média distância focal. É evidente que todo o sistema é um pouco complexo de montar e não se destina a ser transportado casualmente na mochila todos os dias. Mas utilizado nas situações certas poderá melhorar bastante o seu conforto e a possibilidade de obter boas, imagens.

4 Foto 9 Imagine, por exemplo, que tem a sua câmara devidamente camuflada e montada perto de um ninho. Dentro do carro ou num esconderijo situado a escassas dezenas de metros, poderá afinar ao milímetro o enquadramento e a focagem, disparando a câmara apenas no momento certo através de um disparador também remoto. A sua câmara fotográfica instalada na extremidade de uma vara ou de um monopé comprido e munida da tal câmara de televisão aplicada no visor, permite-lhe, por exemplo, através da janela semicerrada de um jeep fazer fotografias muito próximas daquelas duas leoas que estão a devorar uma gazela recém capturada. Foto 10 Foto 11 Se a câmara de televisão for encerada numa pequena caixa estanque e aplicada na ocular da caixa estanque da sua câmara fotográfica (fotos: 11, 12 e 13) vai poder finalmente fotografar sem perigo, a partir da borda do barco, aquele grupo de tubarões do recife a debaterem-se num frenesim de alimentação enquanto abocanham um pedaço de carne colocado a apenas alguns centímetros de distância em frente da câmara (foto: 9). Ou então, de uma forma muito mais tranquila, fotografar bem a seco na margem aqueles magníficos barbos que nunca iriam permitir a sua aproximação debaixo de água.

5 Foi o que fiz para as caixas estanques das Nikon F5. O Action Finder DA-30 permite obter uma imagem vídeo de grande qualidade onde se podem vislumbrar todas as regulações fotométricas da câmara, a confirmação do autofocus, etc. O monitor fica fixo sobre um punho especial em PVC com um disparador da câmara e uma lâmpada avisadora do alarme de entrada de água. Um segundo punho lateral serve para bloquear o conjunto a qualquer altura do tubo de fixação à caixa estanque e para ajudar a estabilizar o sistema (fotos: 14 e 15). Foto 12 Foto 13 Foto 14

6 Foto 15 As câmaras digitais compactas já possuem quase sempre uma saída vídeo que nos permite visualizar à distância, num monitor, tudo o que elas estão a ver assim como as respectivas regulações fotométricas e de focagem. Só é pena que em quase todas estas câmaras a paralaxe de tempo de disparo seja demasiado longa para captar cenas mais movimentadas. Mas as novas digitais SLR, como a Nikon D300 e a Canon 450D dispõem de um sistema de visão Live View que permite fazer o mesmo e beneficiar de um disparo muito mais rápido.