CURSO BÁSICO DE GESTÃO AMBIENTAL

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1 CURSO BÁSICO DE GESTÃO AMBIENTAL

2 Entidades Integrantes do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae Associação Brasileira dos Sebraes Estaduais Abase Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Industriais Anpei Associação Nacional das Entidades Promotoras de Empre en dimentos de Tecnologias Avançadas Anprotec Confederação das Associações Comerciais do Brasil CACB Confederação Nacional da Agricultura CNA Confederação Nacional do Comércio CNC Confederação Nacional da Indústria CNI Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MDIC Associação Brasileira de Instituições Financeiras de Desenvolvimento ABDE Banco do Brasil S.A. BB Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES Caixa Econômica Federal CEF Financiadora de Estudos e Projetos Finep

3 CURSO BÁSICO DE GESTÃO AMBIENTAL Brasília, 2004

4 2004, Sebrae Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610) 1ª edição 1ª impressão (2004): exemplares Distribuição e informações: Sebrae SEPN Quadra 515, Bloco C, loja 32 CEP Brasília, DF Telefone (61) Fax (61) Internet Sebrae/DF SIA Techo 3, lote CEP Brasília, DF Telefone (61) Internet webmaster@df.sebrae.com.br Equipe Técnica Newton de Castro James Hilton Reeberg Antonio de Souza Gorgonio Damião Maciel Guedes Róbson de Oliveira Nogueira Carmem Sílvia Treuherz Salomão Antônio José Rocha Andrade Capa D&M Comunicação Projeto gráfico e editoração eletrônica Marcus Vinícius Mota de Araújo Revisão ortográfica Mário Maciel Esta publicação faz parte do Programa Sebrae de Gestão Ambiental. Curso básico de gestão ambiental. Brasília : Sebrae, p. 1. ISO Gestão ambiental. CDU 504

5 SUMÁRIO INTRODUÇÃO MÓDULO O MEIO AMBIENTE EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GESTÃO AMBIENTAL NO MUNDO DESENVOLVIMENTOS INTERNACIONAIS DESDE OS ANOS DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL AGENDA 21 (GLOBAL) OBJETIVOS DA AGENDA 21 BRASILEIRA CARTA DA TERRA QUESTÕES AMBIENTAIS GLOBAIS A DESTRUIÇÃO DA CAMADA DE OZÔNIO EFEITO ESTUFA A PERDA DA BIODIVERSIDADE CRESCIMENTO POPULACIONAL QUESTÕES AMBIENTAIS NACIONAIS OS GRANDES ACIDENTES AMBIENTAIS A POLUIÇÃO DOS MARES MÓDULO INTRODUÇÃO OS CINCO MENOS QUE SÃO MAIS MENOS ÁGUA MENOS ENERGIA MENOS MATÉRIA-PRIMA MENOS RESÍDUOS MENOS POLUIÇÃO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) CONCEITO POR QUE IMPLEMENTAR SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL? COMENTÁRIOS INTRODUTÓRIOS INTRODUÇÃO COM BASE NA NBR ISO GESTÃO AMBIENTAL BENEFÍCIOS DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) MÓDULO O QUE É UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL? INTRODUÇÃO A ORIGEM DO SGA OBJETIVOS DEFINIÇÕES ELEMENTOS BÁSICOS COMO DESENVOLVER UM SGA PLANEJAMENTO (PLAN) AÇÃO (DO) VERIFICAÇÃO (CHECK) APERFEIÇOAMENTO/MELHORIA (ACT) FUNÇÕES DA EMPRESA QUE SERÃO ENVOLVIDAS QUEM VAI SUPERVISIONAR O SISTEMA? QUEM DEVE SER ENVOLVIDO?

6 MÓDULO AVALIAÇÃO AMBIENTAL INICIAL O QUE É AVALIAÇÃO AMBIENTAL INICIAL? METODOLOGIA PARA E AVALIAÇÃO AMBIENTAL INICIAL PLANEJAMENTO SELEÇÃO DA EQUIPE PREPARAÇÃO REALIZANDO A AVALIAÇÃO ENTREVISTAS RELATÓRIO BASE PARA UMA POLÍTICA AMBIENTAL MÓDULO IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS IDENTIFICAÇÃO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS METODOLOGIA PARA IDENTIFICAR E AVALIAR ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS IDENTIFICAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS SIGNIFICATIVOS DETERMINAÇÃO DO GRAU DE SIGNIFICÂNCIA DO IMPACTO AMBIENTAL ANEXOS BIBLIOGRAFIA EXERCÍCIO 1 MÓDULO 1 QUESTÕES AMBIENTAIS RELEVANTES EXERCÍCIO 2 MÓDULO 2 CONCEITOS DE GESTÃO AMBIENTAL EXERCÍCIO 3 MÓDULO 3 QUESTÕES AMBIENTAIS DE UMA EMPRESA ANEXO DO EXERCÍCIO 1 DO MÓDULO 3 GRÁFICA ANEXO DO EXERCÍCIO 1 DO MÓDULO 3 BENEFICIADORA DE GRANITO ANEXO DO EXERCÍCIO 1 DO MÓDULO 3 BENEFICIADORA DE ALIMENTO ANEXO DO EXERCÍCIO 1 DO MÓDULO 3 METALÚRGICA ANEXO DO EXERCÍCIO 1 DO MÓDULO 3 CERÂMICA ANEXO DO EXERCÍCIO 1 DO MÓDULO 3 OFICINA MECÂNICA ANEXO DO EXERCÍCIO 1 DO MÓDULO 3 TECELAGEM E ESTAMPARIA ANEXO DO EXERCÍCIO 1 DO MÓDULO 3 MADEIREIRA ANEXO DO EXERCÍCIO 1 DO MÓDULO 3 EMPRESA CURINGA EXERCÍCIO 4 MÓDULO 4 MODELO PARA ORIENTAÇÃO DOS EXERCÍCIOS EXERCÍCIO: MÓDULO 4 EMPRESA GRÁFICA E EDITORA EXERCÍCIO: MÓDULO 4 EMPRESA BENEFICIADORA DE GRANITO EXERCÍCIO: MÓDULO 4 EMPRESA BENEFICIADORA DE ALIMENTOS EXERCÍCIO: MÓDULO 4 EMPRESA METALÚRGICA EXERCÍCIO: MÓDULO 4 EMPRESA CERÂMICA DE TIJOLOS E TELHAS EXERCÍCIO: MÓDULO 4 OFICINA MECÂNICA EXERCÍCIO: MÓDULO 4 TECELAGEM E TINTURARIA EXERCÍCIO: MÓDULO 4 INDÚSTRIA MADEIREIRA EXERCÍCIO: MÓDULO 4 EMPRESA CURINGA EXERCÍCIO 5 MÓDULO 5 IDENTIFICAÇÃO, VALORAÇÃO E ORDENAMENTO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS ENDEREÇOS DO SEBRAE

7 INTRODUÇÃO O Curso Básico de Gestão Ambiental do Sebrae é produto de uma prática que vem sendo desenvolvida desde Seu conteúdo derivou originalmente do kit de treinamento em gestão ambiental desenvolvido pela Unep intitulado Environmental Management System Training Resource Kit UNEP/ICC/FIDIC, Version 1.0, january Essa publicação foi traduzida pelo Sebrae, com a devida autorização, e utilizada como ponto de partida para a elaboração do referido curso. Foi necessário adaptar os estudos de casos para a realidade brasileira e, principalmente, focar as micro e pequenas empresas, por se tratar do objeto de atuação do Sebrae. Outros recursos didáticos foram introduzidos à medida que novas experiências surgiram no decorrer do uso do material nos cursos que foram ministrados. Depois de ministrado em 31 turmas formadas nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Amapá, Pará, Santa Catarina, Alagoas, Goiás, Sergipe, Bahia, Maranhão, Rondônia e Distrito Federal, em que participaram mais de 800 pessoas de diferentes formações, desde estudantes, empresários, engenheiros, médicos, biólogos, geógrafos, químicos, geólogos, administradores, economistas e professores de várias áreas do conhecimento, o Sebrae achou por bem socializar o conteúdo do curso para as demais pessoas, e espera que os usuários deste material possam empregá-lo da melhor forma possível em proveito da melhoria do desempenho ambiental das nossas organizações. Ao fi nal de cada módulo propõe-se a realização de um exercício, em grupo (formados por um número de 4 a 6 pessoas), para ser apresentado e discutido, em classe, como forma de melhor apreender o conteúdo teórico abordado. Para esses exercícios são utilizadas informações de organizações 1 reais, omitindo-se apenas a identifi cação delas. A experiência adquirida demonstra que o número ideal de alunos para este curso é de no máximo 25. Todas as fi guras encontradas no texto estão disponibilizadas na forma de transparências, no CD-ROM anexo, para que possam ser utilizadas por instrutores na aplicação deste curso. Elas estão separadas em cinco módulos, seguindo a seqüência do texto. 1 A norma NBR ISO 14001/1996 (item 3.13) define organização da seguinte forma: companhia, corporação, firma, empresa, autoridade ou instituição, ou parte ou combinação destas, incorporada ou não, pública ou privada que tem função e estrutura administrativa própria. Curso Básico de Gestão Ambiental 7

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9 MÓDULO O Meio Ambiente De acordo com a defi nição contida na norma NBR ISO 14001:1996, item 3.2, meio ambiente é a circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo ar, água, solo, recursos naturais, fl ora, fauna, seres humanos e suas inter-relações. Na Política Nacional de Meio Ambiente, Lei nº 6.938/1981, em seu artigo 3, Para os fi ns previstos nesta Lei, entende-se por: I) meio ambiente, o conjunto de condições, leis, infl uências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; II) degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente III) poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; IV) poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; e V) recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superfi ciais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a fl ora. Já a Constituição Federal diz, em seu artigo 225, Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Portanto, com base nas defi nições acima, pode-se entender tanto a complexidade quanto a importância do meio ambiente para a sobrevivência das espécies, inclusive do homem, e do papel que temos na sua preservação. É nesse sentido que consideramos a relevância do conceito de Desenvolvimento Sustentável e a signifi cância da implantação de sistemas de gestão em geral e, em específi - co, o Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Considera-se um sistema o conjunto de elementos interdependentes, interrelacionados e interatuantes, coordenados entre si, e que funcionam como um todo complexo, uma estrutura organizada. Por isso, nada impede que se implante um sistema de gestão ambiental mesmo que já existam outros sistemas implantados, seja ele fi nanceiro, de qua- Curso Básico de Gestão Ambiental 9

10 lidade, saúde e segurança, responsabilidade social ou outro. Um bom sistema agrega valor aos existentes e pode ainda ser integrado aos demais. 1.2 Evolução Histórica da Gestão Ambiental no Mundo T1M1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GESTÃO AMBIENTAL NO MUNDO 1972: Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente Humano - Estocolmo 1984: Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento: Nosso Futuro Comum (1987) 1984: Programa de Atuação Responsável da Indústria Química 1991: A ISO discute o desenvolvimento de padrões ambientais 1991: 16 Princípios da Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável 1992: Rio 92 - Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 1992: 27 Princípios da Carta da Terra 1994: Normas e esquemas: BS 7750, EMAS, ISO 1996: Norma ISO : Rio Mais 10 Desenvolvimento Sustentável Desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações atenderem suas próprias necessidades Desenvolvimentos Internacionais desde os anos 70 Na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, e crescendo no mundo todo, a abordagem de controlar ou infl uenciar os impactos das atividades industriais na saúde humana e no meio ambiente sofreu uma transição signifi cante. Inicialmente, nos anos 70 e começo dos anos 80 na Europa, os esforços concentraram-se no desenvolvimento das estruturas legislativas e regulamentares, reforçados por uma estrutura de licenciamento ambiental. A resposta da indústria foi amplamente reacionária. A indústria investiu em soluções tecnológicas superfi ciais para assegurar que estava de acordo com as regulamentações, sempre mais restritivas, e com as licenças de operação relacionadas a condicionantes ambientais, na busca de atender ao comando-controle da legislação ambiental cada vez mais rigorosa. A combinação de negócios com aspectos ambientais em âmbito internacional começou depois da Conferência das Nações Unidas de 1972 (Conferência de Estocolmo), quando uma comissão independente foi criada: a Comissão Mundial de Desenvolvimento e Meio Ambiente (Brundtland Comission). Esta Comissão encarregou-se da tarefa de reavaliar o meio ambiente no contexto do desenvolvimento e publicou seu relatório Nosso Futuro em Comum em 1987, que hoje é considerado um marco. Esse relatório introduziu o termo Desenvolvimento Sustentável e incitou as indústrias a desenvolverem sistemas de gestão ambiental efi cientes. O relatório foi assinado por mais de 50 líderes mundiais, que agendaram uma conferência geral para discutir a necessidade do estabelecimento de ações a serem implementadas. A ONU, conseqüentemente, decidiu organizar a Conferência de Desenvolvimento e Meio Ambiente das Nações Unidas (Unced), também conhecida como ECO 92, realizada no Rio de Janeiro em junho de Líderes de governos, próceres comerciais, representantes de mais de cinco mil organizações não-governamentais, jornalistas internacionais e grupos privados de várias partes do globo se reuniram para discutir como o mundo poderia mudar em direção ao desenvolvimento sustentável. O resultado da ECO 92 foi a Agenda 21, um consenso global e compromisso político do mais alto nível, mostrando como os governos, as empresas, as organizações nãogovernamentais e todos os setores da ação humana podem cooperar para resolver os problemas ambientais cruciais que ameaçam a vida no planeta. O Secretário-Geral da Unced queria assegurar-se de que as corporações comerciais participariam no processo da discussão e da decisão fi nal. Ele, então, pediu a um líder industrial suíço para ser seu conselheiro nas questões comerciais. Esse industrial fez seu papel, estabelecendo o Conselho Empresarial de Desenvolvimento Sustentável (CE- BDS). Este Conselho publicou um relatório importante intitulado Mudança de Rumo, mas também decidiu aproximar-se da ISO para discutir o desenvolvimento de padrões ambientais. 10 Curso Básico de Gestão Ambiental

11 Paralelamente a esses acontecimentos, a Câmara do Comércio Internacional (ICC) desenvolveu a Carta Empresarial de Desenvolvimento Sustentável em 1990, que foi lançado no ano seguinte na Segunda Conferência Mundial de Gestão Ambiental das Indústrias (Wicem). A Carta Empresarial da ICC contém 16 princípios de gestão ambiental. Esta carta encontra-se nos anexos deste curso. Em outra iniciativa, a indústria química, preocupada com sua imagem pública deteriorada, lançou seu Programa de Atuação Responsável, começando no Canadá em 1984, cujos critérios condicionam à participação como membro na Associação das Indústrias Químicas. Sua abordagem é fi rmemente baseada nos princípios de controle ambiental e de qualidade total, incluindo avaliação da saúde potencial e real, segurança e impactos ambientais das atividades e produtos, e do fornecimento de informações para as partes interessadas. Desde a metade dos anos 80, e mais recentemente nas economias emergentes e dinâmicas do Oriente e do Ocidente, o segmento empresarial está tomando uma atitude mais proativa e reconhecendo que a gestão ambiental, como iniciativa voluntária, pode intensifi car a imagem de corporação, aumentar os lucros e a competitividade, reduzir os custos e prevenir a necessidade de proposição de emendas legislativas a serem tomadas pelas autoridades. Uma evidência disso é vista na mudança para produtos verdes, com o aumento da avaliação do ciclo de vida identifi car os impactos ambientais de um produto do berço ao berço. Também têm sido produzidas inúmeras ferramentas de gestão ambiental, tais como auditoria ambiental e sistemas de gestão ambiental. Essas ferramentas, em sua maioria, começaram como iniciativas voluntárias dentro das companhias, mas agora afetam as políticas e regulamentações governamentais na União Européia, e põem em risco as políticas administrativas nacionais e internacionais de bancos e companhias de seguro. A implementação de sistemas de gestão ambiental em empresas permanece voluntária. No entanto, organizações em todo o mundo estão estimando cuidadosamente não só os benefícios fi nanceiros (identifi cação e redução de desperdícios, melhora na efi ciência da produção, novo potencial de marketing etc.) que podem surgir de tais atividades, mas também os riscos de não empregar soluções organizacionais e técnicas para problemas ambientais (acidentes, incapacidade de obter crédito bancário e investimento privado, perda de mercado e da clientela). Uma das atividades mais importantes nos últimos anos talvez seja o desenvolvimento de padrões no campo ambiental, principalmente daqueles estabelecidos pela ISO. Essas atividades são essenciais se um SGA (e ações relacionadas) tem que ser aplicado no contexto de campo de atuação nivelado, como exigido por acordos internacionais de exportação e importação, incluindo a União Européia e a Mundial. Padrões desenvolvidos em nível nacional e europeu também afetam indústrias no mundo todo, sendo mais reconhecidos a BS 7750, da Grã-Bretanha desde outubro de 1996, substituída pela ISO 14001, e o EMAS (Environmental Management and Auditing Scheme), da União Européia. Dados de dezembro de 2003 estimam em empresas certifi cadas pela ISO no mundo todo Desenvolvimento Sustentável Mudança de paradigma Diminuir pressão sobre os recursos naturais Gerar menos impactos nas atividades econômicas Apostar na continuidade das atividades Assegurar a qualidade de vida para as gerações futuras T2M1 COLETA E DESTINAÇÃO CONSUMO TRANSPORTE MARKETING O CICLO DE VIDA DO PRODUTO EMBALAGEM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PROJETO E DESENVOLVIMENTO MATÉRIA-PRIMA PROCESSO PRODUTIVO 2 ISO World (Reinhard Peglau). isoworld@yahoo.co.jp Curso Básico de Gestão Ambiental 11

12 Neste início do século 21, o homem passa a assumir a mea culpa pelo passado de uso predatório dos recursos naturais. Fala de desenvolvimento sustentável, como forma de redimir-se dos danos causados ao meio ambiente em que vive. Passar do discurso do desenvolvimento sustentável para a prática das ações ambientais diárias é um caminho que envolve mudanças de comportamento, de procedimentos; demora tempo e custa dinheiro, que nem sempre está disponível para essa fi nalidade. Falar de desenvolvimento sustentável é falar de coisas novas, é rever conceitos. É falar de biotecnologia, de tecnologias limpas, de mudanças de padrões de produção e consumo, de reciclagem, de reuso, de reaproveitamento e de outras formas de diminuir a pressão sobre matérias-primas, e ao mesmo tempo reduzir os impactos causados pelos descartes de substâncias e objetos no meio ambiente. É importante ressaltar que cada cidadão tem o dever de exercitar procedimentos de gestão ambiental onde quer que exerça suas atividades: no lar, no trabalho, nas instituições de ensino, nos ambientes de lazer e, também, nas ruas por onde passa. Dê sua contribuição de forma coerente e envide esforços para que as crianças sigam rumo certo no caminho da sustentabilidade ambiental, como condição para a sobrevivência da própria espécie humana no planeta Terra. Conceito de Desenvolvimento Sustentável É o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades (Relatório Brundtland Nosso Futuro Comum, da Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento ONU). 1.4 Agenda 21 (Global) A humanidade se encontra em momento de defi nição histórica. Defrontamo-nos com a perpetuação das disparidades existentes entre as nações e no bojo delas, o agravamento da pobreza, da fome, das doenças e do analfabetismo, e com a deterioração contínua dos ecossistemas de que depende nosso bem-estar. Não obstante, caso se integrem as preocupações relativas a meio ambiente e desenvolvimento e a elas se dedique mais atenção, será possível satisfazer às necessidades básicas, elevar o nível da vida de todos, obter ecossistemas mais bem protegidos e gerenciados e construir um futuro mais próspero e seguro. São metas que nação alguma pode atingir sozinha; juntos, porém, podemos numa associação mundial em prol do desenvolvimento sustentável Objetivos da Agenda 21 brasileira 4 A Agenda Global, assinada em 1992 por 179 chefes de Estado e de Governo, representou um caminho universal a ser seguido. A Agenda 21 Brasileira, demonstrando grande visão de futuro, é produto da participação de cerca de 40 mil pessoas, representantes dos mais diversos segmentos da comunidade brasileira. Essa Agenda lança o destino do Brasil no cenário internacional, como líder da conservação ambiental no planeta. Traça, para os próximos dez anos, 21 objetivos que, se implementados, colocarão a Nação na liderança mundial do desenvolvimento sustentável. Objetivo 1 Produção e consumo sustentáveis contra a cultura do desperdício. Objetivo 2 Ecoefi ciência e responsabilidade social das empresas. Objetivo 3 Retomada do planejamento estratégico, infra-estrutura e integração regional. Objetivo 4 A energia renovável e a biomassa. 3 Agenda 21, Capítulo 1, Preâmbulo, item A Questão Ambiental no Distrito Federal, edição Sebrae DF, Brasília, Curso Básico de Gestão Ambiental

13 Objetivo 5 Informação e conhecimento para o desenvolvimento sustentável. Objetivo 6 Educação permanente para o trabalho e a vida. Objetivo 7 Promover a saúde e evitar a doença, democratizando o SUS. Objetivo 8 Inclusão social e distribuição de renda. Objetivo 9 Universalizar o saneamento ambiental protegendo o ambiente e a saúde. Objetivo 10 A gestão do espaço urbano e a autoridade metropolitana Objetivo 11 Desenvolvimento sustentável do Brasil rural. Objetivo 12 Promoção da agricultura sustentável. Objetivo 13 Promover a Agenda 21 Local e o desenvolvimento integrado e sustentável. Objetivo 14 Implantar o transporte de massa e a mobilidade sustentável. Objetivo 15 Preservar a quantidade e melhorar a qualidade da água nas bacias hidrográfi cas. Objetivo 16 Política fl orestal, controle do desmatamento e corredores de biodiversidade. Objetivo 17 Descentralização e pacto federativo: parcerias, consórcios e o poder local. Objetivo 18 Modernização do Estado: gestão ambiental e instrumentos econômicos. Objetivo 19 Relações internacionais e governança global para o desenvolvimento sustentável. Objetivo 20 Cultura cívica e novas identidades na sociedade da comunicação. Objetivo 21 Pedagogia da sustentabilidade: ética e solidariedade. 1.5 Carta da Terra 5 O Sebrae acredita que o destino do planeta Terra é responsabilidade de todos: dos empresários, dos seus colaboradores internos e externos, dos fornecedores, dos clientes e dos que, direta ou indiretamente, estão envolvidos com o sistema produtivo. Divulgar a Carta da Terra, portanto, é um dever. A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, reunida no Rio de Janeiro, de 3 a 14 de junho de 1992, reafi rmando a Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, adotada em Estocolmo em 16 de junho de 1972, e buscando avançar a partir dela, com o objetivo de estabelecer uma nova e justa parceria global por meio da estipulação de novos níveis de cooperação entre os Estados, os setores-chave da sociedade e os indivíduos, trabalhando com vistas à conclusão de acordos internacionais que respeitem os interesses de todos e protejam a integridade do sistema global do meio ambiente e desenvolvimento, reconhecendo a natureza interdependente e integral da Terra, nosso lar, proclama, em seus 27 princípios, em linhas gerais e, resumidamente: Que para haver desenvolvimento sustentável e atendermos as necessidades das gerações presentes e futuras, temos que estar em harmonia com a natureza; Que os Estados têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos; Que devemos lutar para erradicar a pobreza e reduzir as disparidades; 5 A Questão Ambiental no Distrito Federal, edição Sebrae DF, Brasília, 2004 Curso Básico de Gestão Ambiental 13

14 Que os Estados devem cooperar para a conservação, proteção e restauração da saúde e da integridade do ecossistema terrestre; Que os países em desenvolvimento e aqueles ambientalmente mais vulneráveis devem receber atenção especial; Que os países desenvolvidos reconhecem a responsabilidade que têm em vista das pressões exercidas por suas sociedades sobre o meio ambiente; A adoção de legislação ambiental efi caz, assim como da avaliação de impacto ambiental para atividades que possam vir a ter impacto negativo no meio ambiente; A adoção do princípio da precaução para proteger o meio ambiente; Que as populações indígenas têm um papel fundamental na gestão do meio ambiente em virtude de seus conhecimentos e práticas tradicionais e, Que a guerra é, por defi nição, contrária ao desenvolvimento sustentável. IMPACTOS AMBIENTAIS GLOBAIS QUE AFETAM A VIDA DE TODOS NO PLANETA A destruição da camada de ozônio O efeito estufa A perda da biodiversidade Crescimento populacional barreiras à importação de produtos resultantes de processos prejudiciais ao meio ambiente. A atividade industrial, principalmente, é responsável por expressiva parcela dos problemas globais incidentes no meio ambiente. Você vai conhecer, a seguir, quais são as ameaças com que a humanidade se defronta. Entenda melhor, também, o esforço das nações e da sociedade em geral para reverter o processo acelerado de degradação dos recursos naturais no mundo, que também tem como causas a explosão demográfi ca e as precárias condições de vida de grande parte da população, especialmente as do terceiro mundo. Existem questões ambientais de suma importância para a Humanidade, que se caracterizam como impactos ambientais negativos. Algumas dessas questões são descritas a seguir: o aumento da temperatura da Terra; a diminuição das quantidades de espécies vivas (conhecida como perda da biodiversidade); a destruição da camada de ozônio; a contaminação ou exploração excessiva dos recursos dos oceanos; a escassez, mau uso e poluição das águas; T3M1 a superpopulação mundial; 1.6 Questões Ambientais Globais Os grandes problemas ambientais ultrapassam as fronteiras nacionais e são tratados de forma global, pois afetam a vida de todos no planeta. Isto explica, em parte, por que os países mais desenvolvidos colocam a utilização/desperdício dos recursos naturais não renováveis (petróleo, carvão mineral, minérios); o uso e a ocupação inadequados e a degradação dos solos agricultáveis; a destinação fi nal dos resíduos (lixo); 14 Curso Básico de Gestão Ambiental

15 a gravidade do aumento das doenças ambientais, produzidas pelo desequilíbrio da estabilidade planetária; e a busca de novos paradigmas de produção e consumo A Destruição da Camada de Ozônio Estratosfera (15-50 Km) O 2 + O = O3 Absorve parte da radiação CFCs: (fabricação de espumas e isopor, refrigeração, solventes para limpeza e aerossóis.) Destruição do O 3 pelo cloro a 25 km da superfície Legislação: instrumentos legais; e protocolos internacionais CAMADA DE OZÔNIO pela ação da energia solar, liberando átomos de cloro. Estes átomos reagem quimicamente com o ozônio, destruindo a molécula e diminuindo sua concentração. O mais grave é que esta reação química ocorre em cadeia, ou seja, cada átomo de cloro pode provocar a destruição de milhares de moléculas de ozônio, provocando danos irreversíveis à camada de ozônio, provocando o que se convencionou chamar de buraco na Camada de Ozônio. Chama-se a atenção para o fato de que, embora o ozônio encontrado na atmosfera seja de extrema importância para a preservação da vida no planeta, esse mesmo ozônio, se presente próximo à superfície, age como um poluente prejudicial aos seres vivos. T4M1 Na atmosfera terrestre, entre 15 e 50km acima da superfície (estratosfera), a energia na forma de luz solar promove a dissociação do oxigênio molecular (O 2 ) em oxigênio atômico (O). O Brasil tem participado ativamente dos foros internacionais, sendo signatário do Protocolo de Montreal (1987) e do Protocolo de Quioto (1997). Tem assumido postura coerente com estes Protocolos, estabelecendo instrumentos legais apropriados para dar sua contribuição à manutenção e à melhoria da qualidade ambiental do planeta. O oxigênio atômico, na presença da luz solar e de substâncias químicas, combina-se com o oxigênio molecular (O 2 ) formando o ozônio (O 3 ). O ozônio seletivamente absorve parte da radiação solar, impedindo a incidência da maior parte dos raios ultravioleta e da radiação gama provenientes do Sol, que poderiam, ao atingir a superfície do planeta, provocar graves doenças nos seres vivos, em geral. Os clorofluorcarbonetos (CFCs) são compostos químicos estáveis, com vida média de 139 anos, são muito usado pelas indústrias na fabricação de espumas, isopor, nas máquinas de refrigeração, nos aparelhos de ar-condicionado, como propelentes em aerossóis, como isolantes em transformadores elétricos e como solventes para a limpeza de placas de circuitos elétricos. Por se tratar de produtos voláteis de baixa densidade, com o tempo os CFCs chegam à estratosfera, onde são degradados T5M Efeito Estufa Isolamento térmico natural Gases estufa naturais Dióxido de carbono CO2 Vapor d água Aumento acelerado da temperatura média da Terra. Até o ano 2100, aumento entre 0,06ºC e 0,8ºC por década Aumento no nível dos oceanos. EFEITO ESTUFA O efeito estufa, em condições naturais, é um fenômeno climático de extrema importância para a vida dos seres existentes, hoje, no planeta. A temperatura da Terra manteve-se relativamente constante por centenas de anos, Curso Básico de Gestão Ambiental 15

16 graças a um efeito de isolamento térmico natural (efeito estufa) que ocorre por meio do seguinte fenômeno: durante o dia ocorre elevação da temperatura, com a chegada da energia solar, e à noite uma diminuição, devida à irradiação de parte da energia absorvida durante o dia, para o espaço. Nesse balanço térmico, gases e vapores, como o dióxido de carbono e o vapor d água, têm importância fundamental, pois permitem a passagem de parte das ondas de calor provenientes do Sol e retêm parte da energia irradiada pela Terra em direção ao espaço. Não fosse esse processo, a temperatura da Terra teria uma variação aproximada de ºC durante o dia e 200ºC durante a noite. Desta forma, o acréscimo excessivo na quantidade de dióxido de carbono e de outros poluentes da atmosfera poderia provocar maior retenção do calor, que seria irradiado para o espaço, causando um aquecimento gradual e progressivo da atmosfera terrestre, ocasionando um agravamento do efeito estufa. Este fenômeno pode provocar um aumento da temperatura na superfície da Terra. O incremento acelerado da temperatura média da Terra vem ocorrendo desde a Revolução Industrial, devido à maior concentração de gases na atmosfera (principalmente o CO 2 dióxido de carbono), decorrente das seguintes atividades: combustão de petróleo, gás, carvão mineral e vegetal; emissão de gases pelas indústrias; desmatamento e queimada da cobertura vegetal; e fermentação de produtos agrícolas. Existem estudos que demonstram a elevação do nível dos mares em decorrência do aumento da temperatura global do planeta. Estima-se que as temperaturas possam variar entre 0,06ºC e 0,8ºC por década até o ano 2100 e que, em decorrência desse aquecimento, o nível dos mares possa aumentar de 1cm a 24cm por década no mesmo período. Um aumento dos níveis dos oceanos, por menor e gradual que seja, provoca prejuízos incalculáveis em todo o mundo, visto que grande parte da população humana vive ao longo da linha litorânea. No Brasil, de acordo com dados do IBGE de , o equivalente a 23,93% da população vive na zona costeira. T6M A Perda da Biodiversidade Extinção da flora e fauna 5 a 10 milhões de espécies (1,7 milhões identificadas) 74% a 86% vivem em florestas tropicais úmidas 20% a 50% podem ser extintas em um século Ameaças à reprodução natural. Vertebrados, exceto Peixes de País Mamíferos Aves Répteis Anfíbios os peixes água doce Brasil 524 (131) b (>191) 468 (172) 517 (294) (788) >3.000 África do Sul 247 (27) 774 (7) 299 (76) 95 (36) (146) 153 Austrália 282 (210) 751 (355) 755 (616) 196 (169) (1.350) 183 China 499 (77) (99) 387 (133) 274 (175) (484) 1010 Colômbia 456 (28) (>142) 520 (97) 583 (367) (634) >1.500 Equador 271 (21) (37) 374 (114) 402 (138) (310) >44 Estados Unidos 428 (101) 768 (71) 261 (90) 194 (126) (388) 790 Filipinas 201 (116) 556 (183) 193 (131) 63 (44) (474) 330 Índia 350 (44) (52) 408 (187) 206 (110) (393) 750 Indonésia 515 (201) (397) 511 (150) 270 (100) (848) Madagascar 105 (77) 253 (103) 300 (274) 178 (176) 836 (630) 75 Malásia 286 (27) 738 (11) 268 (68) 158 (57) (163) 600 México 450 (140) (125) 717 (368) 284 (169) (802) 468 Papua N. Guiné 242 (57) 762 (85) 305 (79) 200 (134) (355) 282 Peru 344 (46) (109) 298 (98) 241 (>89) (342) 855 Rep. Dem. do Congo 415 (28) (23) 268 (33) 80 (53) (137) 962 Venezuela 288 (11) (45) 293 (57) 204 (76) (189) BIODIVERSIDADE A perda da biodiversidade é um fato incontestável e que se agrava dia-a-dia. A destruição de ecossistemas e a conseqüente extinção de espécies da fl ora e da fauna constituise em grave e irreversível problema global. Segundo estimativas conservadoras, existem entre 5 a 10 milhões de espécies de organismos no mundo; mas há quem calcule até 30 milhões. Destas, somente 1,7 milhões foram identifi cadas pelo homem. Estima-se que 74% a 86% das espécies identifi cadas vivem em fl orestas tropicais úmidas, como a Floresta Amazônica. Alguns autores acreditam que entre 20% a 50% das espécies estarão extintas até o fi nal do século 21, vítimas da destruição dos ecossistemas fl orestais e dos santuários ecológicos situados nas ilhas. 6 Fontes: Contagem da população Rio de Janeiro: IBGE, v.; Censo demográfico Características da população e dos domicílios: resultados do universo. Rio de Janeiro: IBGE, Curso Básico de Gestão Ambiental

17 Vale chamar a atenção para o fato de que a diminuição de populações, abaixo de um mínimo reprodutivo, para cada espécie, é um fator impeditivo à perpetuação da espécie. Nesses casos, cabe ao homem utilizar-se da biotecnologia e ajudar essas espécies a ultrapassarem a barreira do impedimento reprodutivo e a recuperarem seu potencial biótico natural. A proteção da diversidade biológica compreende a proteção da variabilidade em diversos níveis, como os ecossistemas e habitats, espécies e comunidades, genomas e genes. A Convenção sobre Diversidade Biológica, ratifi cada pelo Brasil através do Decreto Legislativo de fevereiro de 1994, determina várias responsabilidades, entre as quais a identifi cação e o monitoramento de ecossistemas e habitats, espécies e comunidades que estejam ameaçadas, genomas e genes de importância social e econômica. O Brasil está incluído entre os países dotados da chamada megadiversidade, doze nações que abrigam 70% da biodiversidade total do planeta. À importância, de âmbito global, da conservação da biodiversidade no Brasil, soma-se sua relevância para a economia do país ( a/ ambientais/ids/ids.pdf p.101) (Lista de espécies em extinção, ver Fontes: Ibama. Fauna: lista ofi cial de fauna ameaçada de extinção. Disponível em: < br/fauna/extincao.htm>) A extinção de ecossistemas e suas espécies constituintes provoca desequilíbrio na natureza, além de impedir o aproveitamento dos recursos naturais em benefício do homem, na forma de matéria-prima, de alimento e de fármacos para a cura de suas doenças. O desenvolvimento sustentável implica a preservação do meio ambiente em condições de equilíbrio, que depende, por sua vez, da conservação dos ecossistemas brasileiros 7. Ao lado de estratégias de proteção, tais como o controle do impacto das ações humanas, o estabelecimento de áreas protegidas visa a vários objetivos, entre os quais se destaca a proteção à biodiversidade. São objetivos do Sistema Nacional de Unidades de Conservação contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no Território Nacional e nas águas jurisdicionais; proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional; contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais; promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento; proteger paisagens naturais e pouco alteradas, de notável beleza cênica; proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural; proteger e recuperar recursos hídricos e edáfi cos; recuperar ou restaurar ecossistemas degradados; proporcionar meios e incentivos a atividades de pesquisa científi ca, estudos e monitoramento ambiental; valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica; favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico; proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente. De acordo com o Ministério de Meio Ambiente (MMA) 8, o Brasil dispõe, hoje, de um quadro de unidades de conservação (UC) extenso, sendo 2,61% constituídas de unidades de proteção integral (de uso indireto) e 5,52% de unidades de uso sustentável (de uso direto), totalizando 8,13% do território nacional. Importantes esforços têm sido empreendidos com a fi nalidade de ampliar as áreas protegidas. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação SNUC, abre a possibilidade de criação de um sistema de unidades de conservação que integre, sob um só marco legal, as unidades de conservação das três 7 pdf (pg. 104) 8 Curso Básico de Gestão Ambiental 17

18 esferas de governo (federal, estadual e municipal). Pela primeira vez no Brasil, o meio ambiente é visto não como uma restrição ao desenvolvimento, mas como um mosaico de oportunidades de negócios sustentáveis que harmonizam o crescimento econômico, a geração de emprego e renda, e a proteção de nossos recursos naturais. A Floresta Amazônica é um dos principais biomas predominantemente fl orestais do território brasileiro 9. Em termos mundiais, é a maior fl oresta tropical existente, correspondendo a 1/3 das reservas de fl orestas tropicais úmidas. Abriga grande número de espécies vegetais e animais, muitas delas endêmicas. Estima-se que detém a mais elevada biodiversidade e o maior banco genético do mundo, 1/5 da disponibilidade mundial de água potável e patrimônio mineral ainda em parte desconhecido. Quatro milhões de km 2 da Amazônia brasileira estão associados a uma cobertura com fi sionomia fl orestal primária. A área total desfl orestada na Amazônia é da ordem de 15% da superfície total. O processo de desfl orestamento acentuou-se nas últimas quatro décadas, concentrado nas bordas sul e leste da Amazônia Legal (Arco do Desfl orestamento). Algumas formações vegetais características desta região já estão sob risco de desaparecimento. O desfl orestamento é realizado, majoritariamente, para a formação de pastos e áreas agrícolas, decorrendo também da extração predatória de madeira. Este indicador é útil para a avaliação do avanço das atividades agrossilvo-pastoris, e da ocupação antrópica em geral, nas áreas recobertas por fl orestas no norte do Brasil. 9 pdf Já a Mata Atlântica corresponde ao segundo maior conjunto de fl orestas tropicais úmidas do Brasil, menor apenas que a Floresta Amazônica. Originalmente, este bioma se estendia do litoral nordestino ao Rio Grande Sul, adentrando pelo interior no Centro-Sul do país. Ao longo de sua área de ocorrência, a Mata Atlântica apresenta grande variabilidade fi sionômica e fl orística, possuindo elevada biodiversidade, com grande número de espécies endêmicas. A Mata Atlântica foi quase totalmente derrubada e substituída por áreas agrícolas, pastoris e urbanas. De sua área original (mais de 1 milhão de km2), restam hoje menos de 10% recobertos com fl orestas nativas, boa parte delas formações secundárias, de pequena extensão e restritas aos locais de relevo mais íngreme. Por conta disto, a Mata Atlântica é considerada como um dos biomas mais ameaçados de desaparecimento no mundo. Assim como a Mata Atlântica, por sua localização, as formações vegetais costeiras (restingas e manguezais) foram muito alteradas desde a chegada dos colonizadores portugueses ao Brasil. Além de abrigarem muitas espécies exclusivas, ajudam a fi xar os solos das áreas costeiras e fornecem abrigo e alimentação à fauna estuarina (manguezais). Outros fatores importantes são aqueles de que os seres humanos necessitam para sobreviver dignamente na superfície do planeta, quais sejam água, saneamento básico, solo para cultivo, moradia, saúde, educação e lazer. Mais de um bilhão dos habitantes da Terra não têm acesso a habitação segura e serviços básicos, embora todo ser humano tenha direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza. Essas pessoas desprovidas de quase tudo vivem, particularmente, em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. A falta de saneamento básico, de abastecimento d água e de coleta do lixo, além de signifi carem altos riscos para a saúde humana, são fatores de degradação do meio ambiente. Isto ocorre especialmente nos cinturões de miséria das grandes cidades, onde se aglomeram multidões de pessoas em espaços mínimos, de precária higiene. Estudos do Banco Mundial (1993) estimam que o ambiente doméstico inadequado é responsável por quase 30% da ocorrência 18 Curso Básico de Gestão Ambiental

19 de doenças nos países em desenvolvimento. O Quadro 1 a seguir ilustra a situação. Visto que apenas 0,6% de água no mundo são água doce disponível naturalmente, sua escassez devido à distribuição geográfi ca que favorece algumas regiões e não favorece outras, seu mau uso e a poluição, caso não sejam combatidos, podem inviabilizar sociedades e mesmo nações inteiras. A água em quantidade e qualidade é fator de saúde pública, capaz de prevenir 80% das doenças humanas. O solo agricultável é essencial para assegurar o sustento da população mundial. É preciso conservá-lo e manejar melhor os insumos (adubos, pesticidas, água de irrigação), de modo a garantir a produção de alimentos no futuro. A produção agrícola deve ser melhorada com a intensificação do uso das terras já cultivadas, evitando-se sua expansão para as terras marginais e a invasão de ecossistemas frágeis. Para isso, é preciso substituir as técnicas atuais de manejo, que têm provocado a degradação pela acidificação, erosão e salinização dos solos, por práticas não agressivas. É preciso ter em mente que um centímetro de solo agrícola demora mais de 500 anos para se formar; se manejado inadequadamente, pode acabar em um mês. Estima-se uma perda mundial de 30 bilhões de toneladas de solos agrícolas, por ano. Somente em Santa Catarina, a perda anual calcula- da é da ordem de 12 milhões de toneladas anuais Crescimento Populacional Há muito tempo que os pesquisadores vêm demonstrando preocupação com o aumento da população no planeta, principalmente pelo comprometimento de sua estabilidade ambiental e pela exaustão dos seus recursos naturais. A Tabela 1 mostra uma projeção do aumento populacional no mundo, em bilhões de pessoas. Tabela 1. Aumento populacional no mundo População Primeiro bilhão Segundo bilhão Terceiro bilhão Quarto bilhão Quinto bilhão Sexto bilhão Tempo necessário de anos Ano em que atingiu ou atingirá (projeção) anos anos anos anos anos 1995 Fonte: Nações Unidas, por Brown, Lester (1980) É importante observar que essa projeção, feita há 24 anos, teve um nível de acerto bastante significativo. A ONU confirmou para o Quadro 1. Causas principais de algumas doenças Doenças Diarréias Doenças tropicais Verminoses Infecções respiratórias Doenças respiratórias crônicas Câncer do aparelho respiratório Causas Falta de saneamento, de abastecimento d água, de higiene Falta de saneamento, má disposição do lixo, foco de vetores de doenças nas redondezas Falta de saneamento, de abastecimento d água, de higiene Poluição do ar em recinto fechado, superlotação Poluição do ar em recinto fechado Poluição do ar em recinto fechado Curso Básico de Gestão Ambiental 19

20 mês de outubro de 1999 o nascimento do sexto bilionésimo ser humano no planeta Terra. Entretanto, desde a publicação do relatório Limites de Crescimento pelo Clube de Roma em 1972, a comunidade internacional entendeu ser necessário diminuir as taxas de crescimento populacional. Note-se a variação do crescimento populacional estimado em 1992, para o período , Tabela Questões Ambientais Nacionais O Brasil apresenta características próprias Abriga 60% da Floresta Amazônica PRINCIPAIS PREOCUPAÇÕES AMBIENTAIS QUESTÕES AMBIENTAIS NACIONAIS A destruição da camada de ozônio As alterações climáticas Os riscos à biodiversidade e à extinção de espécies A poluição dos mares e ecossistemas Redução da mata atlântica, cerrado e caatinga DEMONSTRAÇÃO GRÁFICA REAL E PROJETADA DO AUMENTO DA POPULAÇÃO MUNDIAL T8M1 T7M1 BilhõesdePessoas Anos O Brasil é um país que apresenta características próprias por ter dimensões continentais, grandes variações em latitude e longitude, um mosaico de classes de solo, relevo diversifi cado, climas variando de úmido a semi-árido, grandes ecossistemas distintos e um sem-número de formas de uso e ocupação do espaço, vinculadas à heterogeneidade cultural do seu povo. De acordo com as projeções, seguindo o padrão histórico do crescimento demográfi - co, a população mundial poderá passar dos 9 bilhões de habitantes em Grandes investimentos são necessários para aumentar a produção agrícola e para compensar a exaustão dos recursos não-renováveis, como os combustíveis fósseis (petróleo, gás natural, carvão). Nosso país tem ocupado posição de destaque nas preocupações ambientais do mundo inteiro, principalmente por abrigar 60% (sessenta por cento) da Amazônia Internacional, a grande reserva da biodiversidade no planeta. Podemos destacar as seguintes preocupações nacionais: Tabela 2. Variação do crescimento populacional estimado em 1992, para o período Ano População total estimada Período Taxa de crescimento (%) Tempo aproximado para dobrar a população (anos)* , , , , , , ,99 71 Fonte: El-Badry (1992), acrescentado* 20 Curso Básico de Gestão Ambiental

21 a destruição da camada de ozônio; as alterações climáticas; os riscos à biodiversidade e a extinção das espécies; a poluição dos mares e ecossistemas contíguos à costa brasileira; redução da Mata Atlântica, além de outros dois grandes biomas, o Cerrado e a Caatinga. Como em qualquer outro país do mundo, o Brasil também sofre as conseqüências do chamado efeito estufa, que provoca o aumento da temperatura terrestre. As causas, como vimos, estão relacionadas ao lançamento de gases na atmosfera, principalmente o dióxido de carbono, o metano, os óxidos de nitrogênio e os hidrocarbonetos halogenados. Nesse tópico, o Brasil deve direcionar suas preocupações para as seguintes questões: Como as mudanças da cobertura vegetal na Amazônia, em particular o desmatamento, podem alterar o equilíbrio climático na região e em outras áreas? Em que intensidade as emissões de fumaça e gases provocadas pelas queimadas, pelas indústrias, pelos meios de transporte e produção de energia no Brasil, contribuem para as alterações climáticas globais? Como estas mudanças afetariam os ecossistemas naturais e os de produção agropecuária no território brasileiro? Que efeitos permaneceriam no ambiente, mesmo que as emissões de gases e o desmatamento no Brasil fossem controlados? Não existem ainda respostas defi nitivas para tais questões. Sabe-se que a Floresta Amazônica tem importância para o clima no mundo, mas não em que proporção. É preciso que o País acompanhe os estudos em andamento e utilize a Amazônia em seu benefício, com a consciência da importância que tem a região em escala mundial. Os fenômenos El Niño e La Niña, que ocorrem devido ao aquecimento e ao resfriamento, respectivamente, das águas do Oceano Pacífi co, também infl uenciam nosso clima. A biodiversidade ou diversidade biológica pode ser compreendida como o conjunto formado pelos ecossistemas, as populações com suas espécies componentes e o patrimônio genético que as caracterizam, portanto, engloba todas as plantas, animais e microorganismos, bem como os ecossistemas do qual fazem parte. Recentes estudos conduzem à previsão de que o mundo perderá entre 2% e 7% das espécies nos próximos 25 anos, correspondentes à extinção de 8 mil a 28 mil espécies por ano, ou seja, de 20 a 75 espécies por dia. As Américas do Sul e Central abrigam 51% das plantas tropicais existentes no mundo, enquanto a África e Madagascar respondem por 23%, e a Ásia, 26%. Como exemplo cita-se a região de Cubatão, que apresentava, na época de seu ritmo mais intenso de industrialização (1950 a 1960), todos os atrativos para a implantação do pólo industrial em termos de proximidade do centro consumidor, de porto marítimo de grande porte, de malha viária, de disponibilidade de mão-de-obra, água e energia elétrica. Os aspectos ambientais foram praticamente ignorados nos processos de análises e nas decisões sobre a instalação de atividades industriais no município, o que provocou intensa degradação ambiental. Além disso, os ataques à vegetação da Serra do Mar, provocados pelas atividades humanas e, particularmente, pelos efeitos fi totóxicos das emissões industriais (chuvas ácidas), tornaram suas encostas instáveis, criando riscos de deslizamentos sobre o complexo industrial. Curso Básico de Gestão Ambiental 21

22 A partir de 1983, foi desencadeado o Programa para a Recuperação da Qualidade Ambiental de Cubatão, como resposta às pressões sociais em curso. Em 1984, o Programa aprovou vários planos individuais para controle ambiental nas indústrias. Cubatão transformou-se, pela gravidade dos níveis de poluição e riscos para a população, em caso emblemático que atraiu intensa reação. Em 1986, o Ministério Público do Estado de São Paulo e uma entidade ambiental não-governamental ajuizaram ações civis públicas contra 24 empresas poluidoras pelos danos causados à Serra do Mar. Hoje, os resultados da aplicação do citado Programa mostram signifi cativa redução nos níveis de emissão de poluentes, diminuindo o número de ocorrências de alerta e emergência na região, cuja incidência chegava anteriormente a 17 vezes por ano. O caso de Cubatão serve de exemplo de planejamentos feitos sem considerar as implicações dos aspectos e dos impactos ambientais de um empreendimento dessa natureza. Outros problemas ambientais que preocupam as autoridades e toda a população brasileira estão distribuídos ao longo de todo o território nacional, a saber: saneamento básico inadequado ou inexistente; crescimento populacional; pobreza; urbanização descontrolada; consumo e desperdício de energia; perda de solo agricultável; desertifi cação no Semi-Árido brasileiro; práticas agrícolas inadequadas; substâncias tóxicas perigosas; inefi ciente gestão dos recursos hídricos; mineração e garimpos predatórios; processos industriais poluentes; poluição do ar em áreas metropolitanas; e alteração da Mata Atlântica, da Caatinga e do Cerrado, queimadas na Amazônia, ocupação e destruição de mangues em toda a costa, principalmente próximo aos limites urbanos. 1.8 Os Grandes Acidentes Ambientais T9M1 Impactos na flora e fauna Perdas sociais e econômicas DESASTRES AMBIENTAIS Petroleiro Exxon Valdez Os grandes acidentes ambientais que vêm ocorrendo em todo o mundo, além de provocar o extermínio local de grandes populações de animais e plantas, têm atingido diretamente as populações humanas, tanto pela perda de vidas como pelas grandes perdas sociais e econômicas. Basta relembrar as tragédias de Minamata, Bhopal, Three Mile Island, Chernobyl, Exxon Valdez, o derrame de 1.290m 3 de óleo combustível na Baia de Guanabara feito por um oleoduto da Refi naria Duque de Caxias, o afundamento do navio petroleiro Prestige, em novembro de 2002, com 70 mil toneladas de óleo, na costa da Espanha. Essa quantidade de óleo é duas vezes maior que a contida no Exxon Valdez. O acidente de Bhopal, ocorrido em Madyma Pradejh, na Índia, provocado pelo vazamento de trinta toneladas de metil isocianato de uma fábrica da Union Carbide, morreram, 22 Curso Básico de Gestão Ambiental

23 num primeiro momento, pessoas e cerca de 35 mil tiveram o funcionamento de seus pulmões afetado em diversos níveis. Em decorrência desse acidente, a empresa teve que ressarcir, pelos danos causados às pessoas e ao meio ambiente, uma soma da ordem de dez bilhões de dólares. Há acidentes que ocorrem no dia-a-dia, como o do césio, em Goiânia. A tragédia de Caruaru, com a contaminação de pacientes de hemodiálise, é também um acidente ambiental como tantos outros A Poluição dos Mares Quase 80% dos poluentes lançados nos mares concentram-se nas regiões costeiras que, além de ser altamente habitado, é um habitat marinho vulnerável 10. De acordo com a Academia Nacional de Ciências dos EUA, estima-se que 14 bilhões de quilos de lixo são jogados (sem querer ou intencionalmente) nos oceanos todos os anos. Outra questão importante que vem sendo objeto de preocupação em todo o mundo é a água de lastro. Estima-se que, somente na costa brasileira, são despejadas, anualmente 40 milhões de toneladas de água de lastro, proveniente de diversas partes do mundo. T10M1 Águas poluídas escoam para o mar Declínio das zonas pesqueiras t/ano de óleo no mar Entre 1967 e 1983 foram lançados t de resíduos radioativos 14 bilhõeskg de lixo por ano A POLUIÇÃO DOS MARES Responsáveis pelo transporte de mais de 80% dos materiais comercializados em todo o mundo, os navios translocam, anualmente, mais de 10 bilhões de toneladas de água de um local para outro, levando nesse volume cerca de três mil espécies de organismos vivos. Esses organismos, dispersos por diferentes pontos do bioma marinho e também fl uvial, causam problemas incomensuráveis em função de suas características adaptativas. A poluição do mar causada pelos despejos de rejeitos domésticos e industriais e materiais assemelhados e o escoamento de águas poluídas por insumos agrícolas, entre outros, vem aumentando de forma progressiva, no mundo inteiro. Tudo isso, aliado ao excesso de pesca, está levando ao declínio diversas zonas pesqueiras regionais. Calcula-se em 500 mil toneladas anuais o derrame de petróleo nos oceanos. Entre 1967 e 1983 foram lançadas 90 mil toneladas de resíduos radioativos no mar pelos países industrializados, o que, ofi cialmente, não ocorre mais. As autoridades buscam estabelecer medidas internacionais de controle, para evitar que espécies exóticas de grande poder de adaptação se instalem em ecossistemas frágeis e provoquem desequilíbrios em seu funcionamento. Além de alterações nos ecossistemas, em geral essas espécies causam grandes prejuízos econômicos em todo o mundo. Exercício 1 Para a fi xação do conteúdo abordado no Módulo 1, propõe-se a realização do exercício apresentado na página =./agua/salgada/index.html&conteudo=./agua/salgada/ artigos/poluicaomar.html Curso Básico de Gestão Ambiental 23

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25 MÓDULO 2 Introdução T1M2 Para as pequenas empresas, os conceitos das normas ISO série podem ser implementados a partir de Programas de Melhoria de Desempenho Ambiental (PMDA), com ênfase na Redução de Desperdícios. Diante dos problemas ambientais que a sociedade mundial e, particularmente, a comunidade brasileira precisam equacionar, faz-se necessário o estabelecimento de programas capazes de contribuir para a minimização da prática do desperdício. Neste sentido, foi instituído o Programa de Melhoria de Desempenho Ambiental (PMDA), com ênfase na redução do desperdício e da poluição, para que os micro e pequenos empresários pudessem participar da melhoria dos seus processos produtivos e, conseqüentemente, do uso racional dos recursos naturais, transformando-se, assim, em agentes multiplicadores das boas práticas ambientais. 2.1 Os cinco menos que são mais A ação ambiental do Sebrae visa colocar os micro e pequenos empresários em condições de competição no mercado, em face à globalização. O engajamento dos micro e pequenos empresários é feito pela internalização dos cinco principais pontos de economia que lhes ren- derão produtividade, o que fará alcançarem a competitividade que tanto almejam e necessitam. Num primeiro momento, problemas como a prevenção e a redução dos desperdícios e da poluição são cruciais para a melhoria do desempenho ambiental das Micro e Pequenas Empresas (MPEs). Pode-se afi rmar, sem dúvida, que procedimentos simples de gestão ambiental enfocando os itens abaixo representam, no conjunto de mais de quatro milhões e meio de empresas brasileiras, um passo importante na busca do desenvolvimento sustentado. Minimização do desperdício de água na produção; Minimização do desperdício de energia por unidade de produção; Minimização das perdas de matéria-prima por unidade de produção; Minimização da geração de resíduos; e Minimização da poluição. Com essas minimizações, a produção de resíduos será reduzida (sólidos, líquidos e gasosos) e, conseqüentemente, será diminuída a poluição dos ecossistemas. A maior parte das atividades humanas, e, principalmente as ações empresariais, estão diretamente envolvidas com a questão do uso de recursos naturais, na forma de matériasprimas, geração de produtos e subprodutos. Cabe ao empresário atuar de modo a economizar insumos e matérias-primas, como re- Curso Básico de Gestão Ambiental 25

26 quisito para aumentar a competitividade dos negócios. Entre os recursos naturais há que se destacar aqueles que são considerados não-renováveis, visto que foram formados em épocas geológicas anteriores à atual, como é o caso do petróleo, do carvão mineral e os minérios em geral. O uso desses recursos deve ser feito sempre com parcimônia, ao mesmo tempo que se procura um recurso alternativo para substituílo. O não-atendimento a esse requisito implica a exaustão do recurso ou a inviabilidade do seu uso, pela relação custo-benefício que passa a representar. A questão central que afeta os negócios é que os preços se elevam na medida em que a escassez dos produtos aumenta. Felizmente, com a crescente escassez de matériasprimas, aumenta a criatividade do homem e, conseqüentemente, surgem alternativas de uso sustentável dos recursos naturais. A manutenção da oferta e do custo da matéria-prima é função da demanda, da efi ciência da exploração (com maior ou menor tecnologia) e, principalmente, da dimensão da reserva do recurso (minérios em geral). Quanto aos recursos naturais renováveis, aqueles que se renovam naturalmente, ou que podem ser ajudados pelo homem (solos, água, plantas e animais, energia solar, eólica e de maré, entre outros) devem igualmente ser utilizados de forma correta, sempre se respeitando o seu potencial de exploração, de acordo com a prática do uso sustentável do recurso Menos Água No caso específi co da água, há que se ressaltar que, embora seja considerada um recurso natural renovável, ainda assim é um recurso fi nito, dado que os processos naturais de renovação (evaporação e evapotranspiração, condensação, precipitação e fi ltragem no solo), em muitos lugares, estão sendo mais lentos do que os processos humanos que promovem sua deterioração e, porque os processos artifi ciais de purifi cação da água servida são muito dispendiosos. T2M2 Menos água recurso natural renovável, porém finito em 98,8%, da água doce disponível é subterrânea outros 1,2% são rios e lagos Consumo de água em diversos tipos de indústria Tipo de indústria Consumo (m 3 ) Têxtil por tonelada de tecido Refinação do petróleo 290 por barril refinado Papel 250 por tonelada de papel Lavanderias 100 por tonelada de roupa Laminação de aço 83 por tonelada de aço Usinas de açúcar 75 por tonelada de açúcar Couros-Curtumes 55 por tonelada de couro Cervejarias 20 por tonelada de cerveja Fábrica de conservas 20 por tonelada de conserva Matadouros 3 por animal abatido Saboarias 2 por tonelada de sabão Laticínios 2 por tonelada de produto 5 MENOS QUE SÃO MAIS Note-se a necessidade de melhoria dos processos industriais que utilizam como matéria prima a água, como elemento de refrigeração, de geração de vapor e sobretudo como lavagem de máquinas e equipamentos. Essa água muitas vezes sofre alteração em suas características físico-químicas e torna-se agente poluidor dos solos e dos mananciais. Quanto mais tecnologia limpa for aplicada aos processos produtivos, menor será o consumo de água, que tem como conseqüência imediata a redução dos efl uentes. O Brasil perde cerca de 40% de sua água tratada canalizada em redes de distribuição defi cientes, o que acarreta enormes prejuízos de recursos, elevando custos que, invariavelmente, são repassados ao consumidor. Sabemos hoje que 97,2% de toda a água existente no planeta está nos oceanos (água salgada) e os 2,8% restantes têm distribuição desigual. Do total de 2,8% tiramos 2,14% das águas que formam as calotas polares e as geleiras, e o restante, isto é, 0,6% formam as águas dos rios (0,001%), dos lagos de água doce (0,009%), dos lagos da água salgada (0,008%) e das reservas subterrâneas de água (0,61%). De maneira geral, pode-se dizer que apenas 0,6% de água no mundo são água doce e disponível naturalmente. 26 Curso Básico de Gestão Ambiental

27 Na realidade, as águas mais disponíveis são as superfi ciais dos rios e lagos, principalmente os reservatórios artifi ciais. As águas subterrâneas dos aqüíferos, muitos deles profundos, são de difícil acesso. O Brasil possui cerca de 13% da água doce disponível no planeta. Entretanto, a aparente abundância de água da região amazônica e do pantanal corresponde a apenas 0,001% de água doce que mais usamos. Outro aspecto relevante é que grande parte da água doce é subterrânea e em volume muitas vezes maior que o das águas superfi ciais, isto é, dos rios e lagos. No que diz respeito ao volume de água captada no Brasil, 70,1% são para uso agrícola, 20,0% para uso industrial, e 9,9% para abastecimento urbano. Esta distribuição irregular da água leva-nos a nos preocuparmos com um uso mais adequado e não abusivo dela, sob pena de comprometermos a vida das futuras gerações. O mau uso e a poluição dos recursos hídricos, caso não sejam combatidos, poderão inviabilizar sociedades e mesmo nações inteiras. Além disto, a água em quantidade e qualidade não adequadas é fator de saúde pública, podendo levar a várias doenças mostradas no Quadro 1 da página 19. O consumo global de água doce aumentou seis vezes entre 1900 e 1995 mais do que duas vezes a taxa de crescimento populacional. Cerca de um terço da população do mundo vive em países considerados com escassez de água, ou seja, gastam mais de 10% da água que possuem. A continuar esta tendência, duas entre três pessoas no planeta viverão nestas condições. A produção industrial consome muita água. Assim sendo, uma empresa, ao adotar um sistema de gestão ambiental, deve preocupar-se em evitar desperdícios, fazendo campanhas preventivas com seus funcionários e adotando medidas que minimizem estas perdas, o que reverterá em lucros. Um sério problema causado pelo não-tratamento dos efl uentes líquidos das indústrias é a poluição dos mananciais hídricos por substâncias químicas tóxicas. Por outro lado, o esgoto doméstico leva para as águas nutrientes como o fósforo e o nitrogênio, os quais enriquecem estes ambientes, processo denominado de eutrofi zação, que torna a água eutrófi ca. Este processo leva à perda da transparência, induz a proliferação de algas que dão à água uma cor verde-azulada, além de favorecer a proliferação de plantas aquáticas superiores (macrófi tas) como o águapé (baronesa), alterando as propriedades físico-químicas da água. Além disto, os esgotos contaminam as águas com coliformes fecais (bactérias que podem causar danos à saúde humana), tornando o líquido inviável para o consumo. Dois importantes instrumentos legais devem ser considerados no planejamento e gestão dos recursos hídricos visando a sua proteção e conservação. Um deles é a Resolução Conama nº 20/86, que classifi ca a água e estabelece normas para o enquadramento de um manancial hídrico em termos de seu uso. O outro é a Lei n 9.433/97 a Lei das Águas brasileiras que propõe um gerenciamento descentralizado e integrado, com participação da comunidade, das bacias hidrográfi cas. Neste contexto, interessa à empresa o conhecimento das questões ligadas à outorga (licença de uso) e cobrança que são previstas na Lei n 9.433/97, e que serão fatores relevantes na tomada de decisão para implantar qualquer tipo de empreendimento. T3M Menos Energia 5 MENOS QUE SÃO MAIS Menos energia a geração é altamente impactante uso racional 35% de perda na distribuição investimentos em melhores tecnologias Curso Básico de Gestão Ambiental 27

28 Quanto à energia, vale considerar, em primeiro lugar, que sua geração, de variadas formas, é altamente impactante ao meio ambiente, além da difi culdade e dos custos crescentes para a sua obtenção. No Brasil, onde as hidroelétricas respondem pela maior parcela, temos muitos impactos ambientais adversos, desde a construção até o enchimento dos reservatórios com perda de biodiversidade e dos solos, acarretando alterações signifi cativas em termos sociais (remanejamento de comunidades inteiras), econômicos e culturais. As atividades humanas requerem energia, e esta é demandada em quantidades cada vez maiores no processo de desenvolvimento, sem que sejam avaliadas as conseqüências. É preciso utilizar energia de modo racional, como princípio de sustentabilidade da própria energia que se utiliza e, também, como modo de diminuir o custo de produção. No Brasil perdem-se cerca de 35% de energia elétrica em redes de distribuição, o que tem levado as companhias de eletricidade a desenvolverem campanhas de economia de energia, já que é mais barato eliminar desperdícios, nessa área, do que construir novas hidroelétricas. Pode-se economizar energia apenas diminuindo o desperdício, aumentando a efi ciência dos equipamentos ou utilizando energias naturais de custo zero, como é o caso da luz solar. A utilização de máquinas e equipamentos modernos, ainda que muitas vezes requeiram investimentos iniciais, justifi ca-se por si mesmas, pela economia de energia, pelo melhor desempenho, que requer menos controle de qualidade e menor custo operacional. Programas institucionalizados, tais como o Procel da Eletrobrás, auxiliam o empresário a diminuir seus custos, aumentando sua competitividade e auxiliando a conservação dos recursos naturais. T4M Menos Matéria-Prima Menos matérias-primas 30% de desperdício na construção civil até 80% de desperdício na extração de madeiras 25% de perda de alimentos no armazenamento e acondicionamento O Brasil desperdiça mais que os países do primeiro mundo Onde está a origem de tanto desperdício? 5 MENOS QUE SÃO MAIS O tratamento que se deve dar ao uso de matérias-primas não é diferente. Pode-se aumentar a efi ciência do uso da matéria-prima e produzir mais com menos. No Brasil desperdiçam-se até cerca de 30% de material de construção numa obra. Isto quer dizer que, a cada três prédios que se constróem, foi desperdiçado material sufi - ciente para se construir um quarto edifício. É claro que esse desperdício é repassado ao consumidor como custo de produção no valor de venda do imóvel. São enormes os desperdícios na exploração da madeira. Em alguns casos, o que o produto final aproveita representa apenas 20% do que foi originalmente extraído da floresta. Esse processo produtivo não vai muito adiante à medida que existe concorrência e algumas empresas passam a produzir com melhor qualidade e menor preço. Esse fator faz reduzir o uso inefi ciente da matéria-prima, pela necessidade de se baixar o preço de custo para se manter vivo no negócio. Por outro lado, à medida que a matéria-prima escasseia, os custos se elevam e os negócios podem inviabilizar-se. Qualquer atividade humana, empresarial ou não, deve investir em melhoria de desem- 28 Curso Básico de Gestão Ambiental

29 penho. É importante verifi car quanto o processo gera de sobras ou rejeitos Menos Resíduos 5 MENOS QUE SÃO MAIS Menos resíduos 25% do alimento produzido são perdidos 30% da produção de bens e serviços são descartad os por falta de qualidade 1 kg lixo/dia produzido por pessoa (produção anual de lixo no planeta = 400 milhões ton) Algumas empresas reciclam entulho de construção na fabricação de blocos de cimento, com redução do custo de produção e eliminação de despesas com transporte para descarte de rejeitos, além de não ter problemas para a disposição fi nal. A destinação fi - nal desse tipo de rejeito é objeto da Resolução Conama nº 307/2002. No setor de alimentos, pesquisas têm demonstrado que, por vícios culturais ou mesmo por falta de conhecimento, muitos alimentos menos nutritivos são preferidos, enquanto outros de melhor qualidade são preteridos. Quanto maior a produção de resíduos, maior o desperdício de matérias-primas, maior o potencial de poluição e, provavelmente, menos poder de competição, no caso do setor produtivo. T5M2 As sobras geradas por uma empresa podem ser a matéria-prima de outro processo industrial. Pode-se desenvolver um setor específi co na própria unidade geradora, ou vender a terceiros. No Brasil perdem-se cerca de 25% do alimento produzido, na armazenagem, no transporte e no acondicionamento dos produtos. Uma grande parte é desperdiçada no processo de manipulação inclusive em nível doméstico. Segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados, esse setor perdeu, somente no ano de 1995, cerca de 500 mil toneladas de alimento, por falhas ocorridas nos processos de colheita, transporte, armazenamento e manipulação antes do consumo. A situação do desperdício no Brasil e em países do primeiro mundo é a seguinte: No Brasil, 30% de sua produção de bens e serviços são descartados pela falta de qualidade; No Japão esses desperdícios variam de 1% a 3%; Nos EUA, variam de 5% a 8%; Nossos carros consomem 60% mais combustíveis que os similares japoneses e europeus; Nossos refrigeradores gastam 45% mais energia que os americanos e 60% mais que os japoneses; Considerado-se, apenas para exemplifi - car, as matérias-primas mais utilizadas e de maior percepção da população, tais como madeira, petróleo e minérios, e aplicandose procedimentos de sustentabilidade, não só haverá enormes economias para as empresas, mas, principalmente, em relação aos impactos ambientais, que serão reduzidos de forma signifi cativa. Energia: 33% do nosso consumo residencial de energia é jogado fora; O Brasil recicla menos de 5% de seu lixo urbano; Outros países, EUA: reciclam 40%; Alemanha, 60%; Suécia, 60%, média européia, 40%. Numa organização podem ocorrer muitos desperdícios, que podem ser identifi cados no ciclo de vida de um produto, numa abordagem do berço ao berço, que vai da extração de matérias-primas ao descarte fi nal desse Curso Básico de Gestão Ambiental 29

30 produto, passando pela reciclagem. Esses desperdícios podem ter várias origens: Erros na produção que devem ser corrigidos, consumindo mão-de-obra e recursos naturais; Etapas e tarefas nos processos que se revelam desnecessárias; Movimentação aleatória de pessoal de um local para outro, implicando desperdícios de horas de trabalho; Transporte de materiais de um local para outro envolvendo operações desnecessárias, requerendo mudanças de layout; Grupos de pessoas paradas numa linha de produção, aguardando a conclusão de etapas do processo que dependem de outras, posicionadas anteriormente; Produtos para os quais não existem compradores; e Produtos que têm, ou teriam comprador, mas que não atendem suas exigências. Considerando que resíduos são perdas nos processos, devem ser minimizados. Por outro lado, mesmo se fazendo o possível para evitar sua geração, e maximizando o reuso, eles existem e podem ser fonte de riqueza, pois servem tanto de matéria-prima para outros processos, como podem sofrer reciclagem e reduzir o consumo de recurso natural na produção de um novo bem. Resíduos são o resultado de processos de diversas atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços, e ainda da varrição pública. Os resíduos apresentam-se nos estados sólido, gasoso e líquido. Pesquisas indicam que cada ser humano produz, em média, um pouco mais de 1 quilo de lixo por dia. Atualmente, a produção anual de lixo em todo o planeta é de, aproximadamente, 400 milhões de toneladas. Para se ter uma ideia do volume de lixo produzido numa grande cidade como São Paulo, são gerados mais de 12 mil toneladas de lixo por dia, o que, durante uma semana, daria para encher um estádio para 80 mil pessoas. Perfi l do lixo produzido nas grandes cidades brasileiras 11 : 39%: papel e papelão 16%: metais ferrosos 15%: vidro 8%: rejeito 7%: plástico laminado 2%: embalagens longa vida 1%: alumínio Portanto, considerando que sua geração seja inevitável, é importante que tanto os empresários quanto a população em geral tenham a consciência do não-desperdício, adotando medidas de fácil aplicação e que podem resultar em geração de emprego e renda, assim como diminuição de custos. Para isso basta reaproveitar ao máximo, com criatividade, rever processos, separar o lixo (coleta seletiva) e dispor dele de maneira correta. T6M Menos Poluição Menos poluição Coleta de lixo: em área urbana 93% em área rural 19% Disposição: adequada 40% inadequada 60% 5 MENOS QUE SÃO MAIS 11 Fonte: Ambientebrasil 30 Curso Básico de Gestão Ambiental

31 De acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico PNSB 1989, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística IBGE e editada em 1991, a disposição fi nal de lixo nos municípios brasileiros assim se divide: 76% em lixões; 13% em aterros controlados e 10% em aterros sanitários; 1% passa por tratamento (compostagem, reciclagem e incineração). Informações sobre a relação entre a quantidade de lixo produzido e quantidade de lixo coletado são de extrema relevância 12, fornecendo um indicador que pode ser associado tanto à saúde da população exposta, quanto à proteção do ambiente, pois resíduos não coletados ou dispostos em locais inadequados acarretam a proliferação de vetores de doenças e, ainda, podem contaminar, principalmente, o solo e corpos d água. Conforme o Quadro 1 da página 19 o número de moradores em domicílios particulares permanentes, com coleta de lixo em relação à população total, por situação do domicílio, do relatório do IBGE, na área urbana, até 1999, representava 92,9% da população, enquanto na área rural esse número cai para 18,8% no mesmo período pdf pg.107 As variáveis utilizadas neste indicador são a quantidade de lixo coletada por dia, que recebe destino fi nal considerado adequado, e a quantidade total de lixo recolhido diariamente, expressas em toneladas/dia. Considera-se um destino adequado ao lixo sua disposição fi nal em aterros sanitários; sua destinação a estações de triagem, reciclagem e compostagem; e sua incineração através de equipamentos e procedimentos próprios para este fi m. Por destino fi nal inadequado compreende-se seu lançamento, em bruto, em vazadouros a céu aberto, vazadouros em áreas alagadas, locais não fi xos e outros destinos, como a queima a céu aberto sem nenhum tipo de equipamento. A disposição do lixo em aterros controlados também foi considerada inadequada, principalmente pelo potencial poluidor representado pelo chorume, que não é controlado neste tipo de destino. O indicador é constituído pela razão, expressa em percentual, entre o volume de lixo cujo destino fi nal é adequado e o volume total de lixo coletado. A fonte das informações deste indicador é o Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística. IBGE, através da Diretoria de Pesquisas,Departamento de População e Indicadores Sociais (Pesquisa nacional de saneamento básico 2000, 2002). O acesso ao serviço de coleta de lixo é fundamental para a proteção das condições de saúde, através do controle e redução de vetores e, por conseguinte, das doenças relacionadas. A coleta do lixo traz signifi cativa melhoria para a qualidade ambiental do entorno imediato das áreas benefi ciadas, mas por si só não é capaz de eliminar efeitos ambientais nocivos decorrentes da inadequada destinação do lixo, tais como a poluição do solo e das águas, através do chorume. O tratamento do lixo coletado é condição essencial para a preservação da qualidade ambiental e da saúde da população. Associado a outras informações ambientais e socioeconômicas, incluindo serviços de abastecimento d água, saneamento ambiental, saúde, educação e renda, é um bom indicador de desenvolvimento humano. Trata-se de indicador muito importante, tanto para a caracterização básica da qualidade de vida da população residente num território e das atividades usuárias dos solos e das águas dos corpos receptores, quanto para o acompanhamento das políticas públicas de saneamento básico e ambiental. Em resumo, com base no relatório do IBGE, em sua Tabela 58 Quantidade de lixo coletado, por tipo de destino fi nal no Brasil , a quantidade de lixo coletado, por tipo de destino fi nal, foi considerada no ano 2000, de um total de toneladas geradas por dia, 40,5% ou toneladas/ Curso Básico de Gestão Ambiental 31

32 dia foram consideradas dispostas de modo adequado, enquanto 59,5%, ou toneladas/dia, de maneira inadequada. Dados extraídos do IBGE, na edição de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável do Brasil, com informações sobre a realidade brasileira, integrando as dimensões social, ambiental, econômica e institucional, apresentam os diversos temas desta nova abordagem teórico-metodológica, voltada a pensar a ação presente considerando também as necessidades futuras. 13 A dimensão ambiental dos indicadores de desenvolvimento sustentável diz respeito ao uso dos recursos naturais e à degradação do ambiental, e está relacionada aos objetivos de preservação e conservação do meio ambiente, considerados fundamentais ao benefício das gerações futuras. Estas questões aparecem organizadas nos temas atmosfera, terra, oceanos, mares e áreas costeiras, biodiversidade e saneamento. Nesta dimensão, optou-se por reunir num tema relativo a sanea mento os indicadores relacionados a abastecimento d água, esgotamento sanitário, e coleta e destino de lixo, por também expressarem pressões sobre os recursos naturais, e serem questões pertinentes à política ambiental. Veja abaixo um resumo desses temas: Camada de ozônio (fonte: ibge.gov.br/home/geografia/ambientais/ ids/ids.pdf) O ozônio da atmosfera absorve a maior parte dos raios ultravioleta (UV-B) nocivos do ponto de vista biológico. Sem a ação de fi ltragem da camada de ozônio, os raios ultravioleta podem penetrar na atmosfera e provocar profundos efeitos sobre a saúde humana, dos animais, das plantas e dos microorganismos. É capaz de afetar a vida marinha, os ciclos biogeoquímicos e a qualidade do ar. A eliminação de substâncias destruidoras da camada de ozônio e sua substituição por substâncias menos nocivas conduzirão à 13 pdf reconstituição da camada de ozônio e à utilização de produtos menos agressivos ao meio ambiente Poluição do ar A poluição do ar nos grandes centros urbanos é um dos grandes problemas ambientais da atualidade, com conseqüências dramáticas sobre a saúde da população, especialmente para as crianças, os idosos, e os portadores de doenças do trato respiratório, como asma e insufi ciência respiratória. Automóveis, veículos a diesel e indústrias são as principais fontes de poluição atmosférica dos centros urbanos. A concentração de poluentes no ar ambiente é o resultado, em determinado território, da emissão proveniente das fontes estacionárias e móveis, conjugada a fatores tais como clima, geografi a, uso do solo, distribuição e tipologia de fontes, condições de emissão e dispersão dos poluentes. O monitoramento do ar nestas áreas visa a fornecer informações sistemáticas e regulares para a análise do estado da qualidade do ambiente, subsidiando ações de fi scalização, controle e gestão da qualidade do ar, como, por exemplo, melhoria dos transportes públicos e introdução de tecnologias não-poluentes. Agricultura/Uso de Agrotóxicos O aumento da produção de alimentos de maneira sustentável é o grande desafio atual do setor agrícola. Os agrotóxicos, produtos utilizados para o controle de pragas, doenças e ervas daninhas, estão entre os principais instrumentos do atual modelo de desenvolvimento da agricultura brasileira. Agrotóxicos podem ser persistentes, móveis e tóxicos no solo, na água e no ar. Tendem a se acumular no solo e na biota, e seus resíduos podem chegar às águas de superfície por escoamento, e às subterrâneas por lixiviação. A exposição humana e ambiental a esses produtos cresce em importância pelo aumento do volume de vendas. O uso intensivo dos agrotóxicos está associado a agravos à saúde da população, tanto dos consumidores quanto dos trabalhadores que lidam diretamente com os produtos, à contaminação de alimentos e à degradação do meio ambiente. 32 Curso Básico de Gestão Ambiental

33 Agricultura/Queimadas No Brasil e em outros países, o uso do fogo é prática tradicional para a renovação de pastagens e liberação de novas áreas para as atividades agropecuárias. As queimadas são ações autorizadas pelos órgãos ambientais, implicando controle e manejo do fogo para a renovação e a abertura de pastos e áreas agrícolas. Elas têm sido a forma mais usada para a conversão de fl orestas na Amazônia e dos cerrados do Brasil Central em áreas agropastoris. Os incêndios florestais correspondem a situações de fogo descontrolado, que consomem grandes áreas com vegetação nativa, pastagens e cultivos. Têm origem em queimadas descontroladas e no uso não autorizado do fogo para fi ns agropastoris. Tanto as queimadas quanto os incêndios fl orestais destroem, anualmente, grandes áreas de vegetação nativa no Brasil, sendo uma das principais ameaças aos ecossistemas brasileiros. Ocorrem, majoritariamente, durante a estação seca (maio-setembro). A freqüência de ocorrência de focos de calor pode ser utilizada como indicador do avanço das atividades agropecuárias e áreas antrópicas sobre as regiões com vegetação nativa, desde que associados a outros indicadores. Esgotamento sanitário A ausência ou defi ciência dos serviços de esgotamento sanitário é fundamental para a avaliação das condições de saúde, pois o acesso adequado a este sistema de saneamento é essencial para controle e redução de doenças. Associado a outras informações ambientais e socioeconômicas, incluindo outros serviços de saneamento, saúde, educação e renda, é um bom indicador universal de desenvolvimento sustentável. Trata-se de indicador muito importante tanto para a caracterização básica da qualidade de vida da população residente num território, quanto para o acompanhamento das políticas públicas de saneamento básico e ambiental. Ao permitir a discriminação das áreas urbanas e rurais, este indicador fornece subsídios para análise de suas diferenças. No Gráfi co 37 (p. 122) o número de moradores em domicílios particulares permanentes urbanos, (por tipo de esgotamento sanitário Brasil 1992/1999), demonstra que em 1999, aproximadamente 50% possuem rede coletora, 25% fossa séptica e 25% outras formas de esgotamento, enquanto menos de 5% não possuíam esgotamento sanitário. Já em relação ao esgoto tratado versus o esgoto coletado, o Gráfi co 39 (p. 128) demonstra que em 2000, apenas 35% do esgoto coletado é tratado, se comparado com 20% em Acesso a água O acesso à água tratada é fundamental para a melhoria das condições de saúde e higiene. Associado a outras informações ambientais e socioeconômica, incluindo outros serviços de saneamento, saúde, educação e renda, é um indicador universal de desenvolvimento sustentável. Parte signifi cativa da população é provida de água através de poço ou nascente, cuja qualidade pode ser ou não satisfatória. Portanto, neste indicador é considerado apenas o conjunto da população que tem acesso à rede geral de abastecimento. Considerando o Gráfi co 36 (p. 117), o Percentual de moradores em domicílios particulares permanentes com acesso a sistema de abastecimento d água, segundo situação do domicílio Brasil período 1992/1999, em área urbana esse número da população é em torno de 90%, enquanto na área rural não chega a 30%. Este relatório demonstra claramente o quanto desperdícios e falta de estrutura podem resultar na poluição do meio ambiente e na perda da biodiversidade. Além disso, o lixo resulta em poluição visual, do ar, do solo e da água e pode ainda provocar a transmissão de doenças transmitidas por insetos (mosquitos da dengue, malária, febre amarela) ou animais (ratos e urubus, que podem transmitir leptospirose, tifo, desinteria, entre outras doenças) cuja cadeia alimentar se faz no lixo. Curso Básico de Gestão Ambiental 33

34 Classes dos Resíduos 14 Classe 1 Resíduos Perigosos: são aqueles que apresentam riscos à saúde pública e ao meio ambiente, exigindo tratamento e disposição especiais em função de suas características de infl amabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. Classe 2 Resíduos Não-inertes: são os resíduos que não apresentam periculosidade, porém não são inertes; podem ter propriedades tais como: combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água. São basicamente os resíduos com as características do lixo doméstico. Classe 3 Resíduos Inertes: são aqueles que, ao serem submetidos aos testes de solubilização (NBR 10007, da ABNT), não têm nenhum de seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água. Isto signifi ca que a água permanecerá potável quando em contato com o resíduo. Muitos destes resíduos são recicláveis. Estes resíduos não se degradam ou não se decompõem quando dispostos no solo (se degradam muito lentamente). Estão nesta classifi cação, por exemplo, os entulhos de demolição, pedras e areias retiradas de escavações, Tabela Sistema de Gestão Ambiental (SGA) T7M Conceito O conceito foi primeiramente introduzido na Holanda em 1985 SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL A parte do Sistema de Gestão Global que inclui estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, prática, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental. (NBR ISO 14001) Tabela 3. Tempo de decomposição dos materiais Material Aço Alumínio Cerâmica Chicletes Cordas de nailon Embalagens longa vida Embalagens PET Esponjas Filtros de cigarros Isopor/Isonor Louças Luvas de borracha Metais (componentes de equipamentos) Papel e papelão Plásticos (embalagens, equipamentos) Pneus Sacos e sacolas plásticas Vidros Tempo de Degradação Mais de 100 anos 200 a 500 anos indeterminado 5 anos 30 anos Até 100 anos (alumínio) Mais de 100 anos indeterminado 5 anos indeterminado indeterminado indeterminado Cerca de 450 anos Cerca de 6 meses Até 450 anos indeterminado Mais de 100 anos indeterminado 14 residuos/index.php3&conteudo=./residuos/residuos.html 34 Curso Básico de Gestão Ambiental

35 A parte do sistema de gestão global que inclui estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental (NBR ISO 14001:1996) Por Que Implementar Sistemas de Gestão Ambiental? A indústria poluição do ar poluição da água Poluição do solo POR QUE IMPLEMENTAR SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL? Menor qualidade de vida da população A saúde e o bem-estar da população e do meio ambiente dependem, exatamente, do que as pessoas fazem hoje. A Terra continuará sofrendo, e o meio ambiente, do qual o homem depende para sobreviver, continuará a deteriorar-se, a menos que se mude drasticamente o modo de vida, trabalho e lazer, ou seja, o modo de produção e consumo. A indústria pode ser a fonte de alguns dos mais sérios problemas ambientais locais e internacionais, particularmente daqueles relacionados à poluição do ar, da água e do solo. Esses problemas podem ter impactos imediatos ou graduais na saúde humana, afetando bairros, cidades ou regiões inteiras de um país. A poluição pode viajar por intermédio do ar, rios e lençóis subterrâneos de um país para outro, causando sérias mudanças na qualidade de vida das pessoas. T8M2 Partes interessadas no desempenho ambiental Objetivos Ambientais Aspectos Ambientais Política Ambiental A gestão ambiental é uma abordagem sistêmica em que a preocupação ambiental está em todos os aspectos dos negócios das organizações 15. A implementação de sistema de gestão ambiental é, normalmente, um processo voluntário. Ao optar pela sua implantação, porém, as companhias não estão visando apenas os benefícios fi nanceiros (economia de matéria-prima, efi ciência na produção e marketing). Estão também, estimando os riscos de não gerenciar adequadamente seus aspectos ambientais (acidentes, descumprimento da legislação ambiental, incapacidade de obter crédito bancário e outros investimentos de capitais, e perda de mercados por incapacidade competitiva) Comentários Introdutórios 15 Esta metodologia de gestão ambiental tem como base a Metodologia UNEP/CCI/FIDIC (Versão 1.0, janeiro de 1997) traduzida e adaptada pelo Sebrae e adaptada à dos micro e pequenos empresários brasileiros. A comunidade empresarial se deu conta de que os padrões de produção e consumo correntes são insustentáveis. Ao mesmo tempo entenderam que, para manterem-se funcionando, sua empresas terão que integrar, cada vez mais, componentes ambientais a suas estratégias comerciais e seu planejamento de longo prazo. Isso é essencial para aproveitar oportunidades de negócios, competir com outras organizações que levem o meio ambiente em consideração, e oferecer mais informações sobre o seu desempenho ambiental, melhorando as expectativas das partes interessadas, como acionistas, fornecedores, consumidores, entre outros. Uma estratégia ambiental adequada, expressa numa política ambiental, obviamente, é o marco inicial para que as empresas integrem seus aspectos ambientais às suas operações. As ferramentas para assegurar atenção sistemática e atingir a política ambiental e os objetivos ambientais incluem, entre outras, sistema de gestão ambiental e auditorias ambientais. Essas, ajudam a controlar e aperfeiçoar o desempenho ambiental de acordo com a política ambiental da companhia. Ferramentas adicionais também estão à disposição, como metodologias para avaliação do ciclo de vida dos produtos, programas de rotulagem ambiental e métodos para avaliação de desempenho. Curso Básico de Gestão Ambiental 35

36 Esses instrumentos têm sido reputados em vários países, pelas corporações governamentais, como instrumentos convenientes para que as organizações adotem um SGA e o usem com livre arbítrio, sem pressão legislativa. Ao mesmo tempo, organizações nacionais e internacionais vêm adotando esses instrumentos como ferramentas úteis. Ao aplicar esses instrumentos, muitas companhias e suas partes interessadas têm demandado maior clareza de detalhes para elaborar e implementar sistemas de gestão ambiental e entender os conceitos de auditorias desses sistemas. Ao mesmo tempo, surgiu a necessidade de um campo de atuação nivelado em relação a esses aspectos, que, por sua vez, requer um novo aprendizado não só dos dirigentes empresariais, mas de todos os atores do processo produtivo (colaboradores internos, fornecedores, terceirizados, vendedores e compradores) Introdução com base na NBR ISO Organizações de todos os tipos estão cada vez mais preocupadas em atingir e demonstrar um desempenho ambiental correto, controlando os impactos de suas atividades, produtos ou serviços no meio ambiente, levando em consideração sua política e seus objetivos ambientais. Esse comportamento se insere no contexto de uma legislação cada vez mais exigente, do desenvolvimento de políticas econômicas, de outras medidas destinadas a estimular a proteção ao meio ambiente e de uma crescente preocupação das partes interessadas em relação às questões ambientais e ao desenvolvimento sustentável. Muitas organizações têm efetuado análises ou auditorias ambientais a fi m de avaliar seu desempenho ambiental. No entanto, por si sós, tais análises e auditorias podem não ser sufi cientes para proporcionar a uma organização a garantia de que seu desempenho não apenas atende, mas continuará 16 Norma NBR ISO 14001:1996, Introdução, p. 2 a atender aos requisitos legais e aos de sua própria política. Para que sejam efi cazes, é necessário que esses procedimentos sejam conduzidos dentro de um sistema de gestão estruturado e integrado ao conjunto das atividades de gestão. As Normas Internacionais de gestão ambiental têm por objetivo prover às organizações os elementos de um sistema de gestão ambiental efi caz, passível de integração com outros requisitos de gestão, de forma a auxiliá-las a alcançar seus objetivos ambientais e econômicos. Essas Normas, como outras Normas Internacionais, não foram concebidas para criar barreiras comerciais não-tarifárias, nem para ampliar ou alterar as obrigações legais de uma organização. Esta Norma especifi ca os requisitos de tal sistema de gestão ambiental, tendo sido redigida de forma a aplicar-se a todos os tipos e portes de organizações e para adequar-se a diferentes condições geográfi cas, culturais e sociais. A base desta abordagem é representada na fi gura 1. O sucesso do sistema depende do comprometimento de todos os níveis e funções, especialmente da alta administração. Um sistema deste tipo permite a uma organização estabelecer e avaliar a efi - cácia dos procedimentos destinados a defi nir uma política e objetivos ambientais, atingir a conformidade com eles e demonstrá-la a terceiros. A fi nalidade desta Norma é equilibrar a proteção ambiental e a prevenção de poluição com as necessidades socioeconômicas. Convém notar que muitos desses requisitos podem ser abordados simultaneamente, ou reapreciados a qualquer momento. Existe uma importante distinção entre esta especifi cação, que descreve os requisitos para certifi cação e/ou autodeclaração do sistema de gestão ambiental de uma organização, e uma diretriz não-certifi cável destinada a prover orientação genérica a uma organização que visa implementar ou aprimorar um sistema de gestão ambiental. A gestão ambiental abrange uma vasta gama de questões, inclusive aquelas com implicações estratégicas e competitivas. A demonstração de 36 Curso Básico de Gestão Ambiental

37 um processo bem-sucedido de implementação desta Norma pode ser utilizada por uma organização para assegurar às partes interessadas que ela possui em funcionamento um sistema de gestão ambiental apropriado. Orientação sobre técnicas de apoio à gestão ambiental fará parte de outras Normas. Esta Norma contém apenas aqueles requisitos que podem ser objetivamente auditados para fi ns de certifi cação/registro e/ou autodeclaração. Recomenda-se àquelas organizações que necessitem de orientação adicional sobre outras questões relacionadas a sistemas de gestão ambiental consultarem a NBR ISO 14004:1996, Sistemas de gestão ambiental, Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio. Convém observar que esta Norma não estabelece requisitos absolutos para o desempenho ambiental além do comprometimento, expresso na política, de atender à legislação e regulamentos aplicáveis e com a melhoria contínua. Assim, duas organizações que desenvolvam atividades similares, mas que apresentem níveis diferentes de desempenho ambiental, podem, ambas, atender aos seus requisitos. A adoção e implementação, de forma sistemática, de um conjunto de técnicas de gestão ambiental pode contribuir para a obtenção de resultados ótimos para todas as partes interessadas. Contudo, a adoção desta Norma não garantirá, por si só, resultados ambientais ótimos. Para atingir os objetivos ambientais, convém que o sistema de gestão ambiental estimule as organizações a considerarem a implementação da melhor tecnologia disponível, quando apropriado e economicamente exeqüível. Além disso, é recomendado que a relação custo/benefício de tal tecnologia seja integralmente levada em consideração. trabalho. No entanto, ela não procura desencorajar uma organização que pretenda desenvolver a integração de tais elementos ao sistema de gestão. Entretanto, o processo de certifi cação somente será aplicável aos aspectos do sistema de gestão ambiental. Esta Norma compartilha princípios comuns de sistemas de gestão com a série de Normas NBR ISO 9000 para sistemas da qualidade. As organizações podem decidir utilizar um sistema de gestão existente, coerente com a série NBR ISO 9000, como base para seu sistema de gestão ambiental. Entretanto, convém esclarecer que a aplicação dos vários elementos do sistema de gestão pode variar em função dos diferentes propósitos e das diversas partes interessadas. Enquanto os sistemas de gestão da qualidade tratam das necessidades dos clientes, os sistemas de gestão ambiental atendem às necessidades de um vasto conjunto de partes interessadas e às crescentes necessidades da sociedade sobre proteção ambiental. Não é necessário que os requisitos do sistema de gestão ambiental especifi cados nesta Norma sejam estabelecidos independentemente dos elementos do sistema de gestão existente. Em alguns casos, será possível atender aos requisitos adaptando-se os elementos do sistema de gestão existente. Esta Norma não pretende abordar e não inclui requisitos relativos a aspectos de gestão de saúde ocupacional e segurança no Curso Básico de Gestão Ambiental 37

38 2.3 Gestão Ambiental A gestão ambiental pode ajudar dirigentes de organizações a abordarem questões ambientais sistematicamente e a integrarem o cuidado ambiental como uma parte normal de suas operações e estratégia comercial. Alguns dos principais atrativos para as companhias nesse contexto são: Benefícios de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) pressão de grupos de interesse ambiental, organizações não-governamentais, consumidores, clientes internos e externos e suas organizações e o público em geral (na sua localidade) devido ao aumento da conscientização da comunidade sobre o meio ambiente (atuação responsável); e risco de acidentes resultando em publicidade negativa e conseqüente prejuízo à imagem da organização. Melhoria da competitividade GESTÃO AMBIENTAL PRINCIPAIS ATRATIVOS (BENEFÍCIOS) Conformidade legal Pressão das partes interessadas, melhoria da imagem (reputação) Melhoria da competitividade Redução de custos Conformidade junto à matriz e/ou clientes Visão preventiva x visão corretiva Melhoria contínua por exigências tanto do mercado interno quanto do externo (barreiras comerciais). Redução de custos (finanças) a otimização dos processos e do uso/reuso de matérias-primas e insumos em geral, resulta na diminuição dos custos (produção mais limpa e ecoefi ciência); T9M2 na redução do uso de recursos naturais; Conformidade legal Além da existência de um crescente volume de requisitos legais (legislação), seu cumprimento é obrigatório, independentemente de se ter ou não um sistema de gestão. Este item, portanto, resulta em ganhos fi nanceiros reais, já que evita multas e passivos ambientais, além de uma maior transparência e confi ança junto aos órgãos fi scalizadores e gestores de meio ambiente; Pressão de partes interessadas/melhoria da imagem (reputação) pressão crescente de terceiros, como instituições fi nanceiras, companhias de seguro e outras partes interessadas em cada ramo de negócio; pressão dos acionistas quanto à imagem da organização junto ao público, autoridades e sua valorização; melhoria do grau de risco da instituição (planos de seguro mais atrativos); maiores facilidades de crédito e incentivos do governo; com conseqüente valorização da empresa; e redução nos riscos de acidente e seus custos fi nanceiros, de remediação, interrupção; e pela introdução de instrumentos econômicos (fi nanceiros), como impostos ou tributos sobre os resíduos gerados, para estimular a diminuição nos níveis de poluição; Conformidade junto à matriz e/ou clientes por determinação ou requisitos da matriz e/ou de clientes; 38 Curso Básico de Gestão Ambiental

39 Visão preventiva (vigente) x visão corretiva (antes da existência desta norma) empresas com gestão ambiental conseguem prevenir ocorrências geradoras de impactos signifi cativos ao meio ambiente, gerenciando suas atividades potencialmente poluidoras. Melhoria contínua a busca contínua da melhoria de seus processos que interajam com o meio ambiente. T10M Conformidade Legal Conformidade legal: Aumento das penalidades Exigência de automonitoramento Indenizações civis e processo criminal Menor tolerância das autoridades ante empresas poluidoras Paralisação das atividades Mudança de local Aquisição de novos equipamentos de controle e/ou correção do dano ambiental GESTÃO AMBIENTAL PRINCIPAIS ATRATIVOS Os governos de todos os níveis estão reforçando o controle das atividades industriais e aumentando as penalidades por violação das leis e regulamentações ambientais. O poder Judiciário dos países em desenvolvimento, em particular tem-se tornado, recentemente, bem verdes de fato. Penalidades civis e criminais novas e mais sérias são impostas à violação das lei ambientais, principalmente se a violação representa um risco à saúde ou danos de longo prazo aos recursos naturais, como qualidade do solo ou mananciais. Os empresários são obrigados a monitorar suas organizações para provar que elas estão em conformidade com a legislação em vigor, enquanto o pessoal das agências ambientais reguladoras está cada vez mais treinado para identifi car o descumprimento dessa legislação. Indenizações civis ou processos criminais por violações de leis e regulamentos administrativos estão tornando-se mais severas, e a base dos processos está-se alastrando em muitos países para cobrir qualquer dano ambiental sem evidência de culpa (obrigação estrita). Os riscos comerciais relatados incluem a perda da licença de operação ou produção e a imposição de penalidades criminais diretamente à administração superior. As autoridades podem aumentar o nível de controle e serem menos abertas a negociações e menos transigentes com a empresa que é conhecida por ter problemas em cumprir as leis e licenças ambientais, do que com aquelas que estão em conformidade com a lei. Fora indenizações civis e processos criminais pelos danos causados por poluição acidental ou qualquer outro dano ambiental. Um número cada vez maior de empresas, em diferentes países, está também enfrentando avisos de redução emergencial, quando autoridades ordenam que parem suas produções até que a situação de emergência passe. Em alguns casos, indústrias têm sido forçadas a mudar de local ou fazer grandes investimentos de capital em novos equipamentos de controle de poluição. Em outros casos, empresas têm sido forçadas a pagar para corrigir o dano ambiental causado por elas. T11M Pressão de Partes Interessadas/Melhoria da Imagem (Reputação) GESTÃO AMBIENTAL PRINCIPAIS ATRATIVOS Pressão de partes interessadas, melhoria da imagem ( reputação) Os consumidores preferem produtos ambientalmente corretos Instituições financeiras e seguradoras avaliam o desempenho ambiental das empresas A comunidade se manifesta contra a concessão de licenças Grupos de pressão e consumidores mais influentes Empresas limpas são bem-vistas Divulgar melhorias no desempenho ambiental Transparência Parceiros da comunidade Curso Básico de Gestão Ambiental 39

40 Espera-se que as empresas tenham boa atuação ambiental. Existem pressões para manter certos padrões mínimos e um nível de vigilância aceitável para prevenção de problemas ambientais. Muitos acham que uma empresa com uma postura ambiental ruim não pode, de jeito nenhum, fabricar produtos de alta qualidade. Cada vez mais consumidores preferem os produtos fabricados sob condições vistas como menos prejudiciais ao meio ambiente. Outros proprietários de ações como instituições fi nanceiras e companhias de seguro avaliam, cada vez mais, a postura ecológica de uma empresa, podendo ser um cliente atual ou em potencial, antes que outros serviços ou condições favoráveis sejam negociados. Um cliente importante de cada empresa é a comunidade local onde ela opera. As companhias industriais mais bem-sucedidas hoje em dia têm como ponto de vista que elas devem ganhar o direito de operar em cada comunidade onde elas estão presentes. Essas empresas aumentam os padrões de atitude ecológica dos seus competidores. Empresas que desconsideram as preocupações da população local com relação à poluição às vezes encontram seus pedidos de licença e seus portões de entrada bloqueados por manifestantes. Num caso extremo, uma multidão irada de cidadãos tailandeses, de fato, atacou e queimou uma fábrica por causa de um incidente de poluição de água potável. Normalmente, no entanto, a oposição resulta em atrasos na obtenção de permissão para projetos e construção e difi culdades com as autoridades regulamentadoras. Grupos de pressão e consumidores estão se tornando mais infl uentes em vários países, sem mencionar a cobertura da mídia. Na Conferência de Estocolmo, de 1972, estiveram presente cerca de 500 representantes de organizações não-governamentais; à Conferência do Rio de Janeiro, Rio 92, compareceram mais de cinco mil representantes dessas organizações, todas elas defensoras das questões ambientais, sociais e humanitárias em geral. Por tudo isso, a organização que não estiver atuando em conformidade com a legislação ambiental da sua terra, pode comprometer sua imagem no país e no mundo todo, assim como sua habilidade de vender bens e obter empréstimos ou captar investimento. É importante notar que disputas ecológicas não só prejudicam a reputação da empresa, como podem tirar a atenção dos dirigentes e demais colaboradores internos das suas responsabilidades principais, baixando sua moral e colocando sua organização em estado de confusão e incerteza. Que dirá um acidente ambiental! Empresas limpas são freqüentemente vistas como boas vizinhas, inspiram confi ança nas autoridades e nos clientes. É mais provável que eles sejam consultadas por legisladores sobre novas leis, podem ter uma forte posição de negociação com as autoridades licenciadoras no caso de acidentes ou de acordos de controle de poluição ou planos de melhoria ambiental. Assim que a postura ecológica da empresa é aperfeiçoada, ela pode propalar o seu progresso para aumentar seu valor e, possivelmente, seu mercado de troca. Por exemplo, algumas companhias têm políticas ambientais e planos de ação públicos; documentam seu progresso em relação à redução de poluição e de lixo e em relação ao alcance de metas e objetivos ambientais. Outras empresas publicam sua atuação em relação à produção mais limpa e o emprego de tecnologia mais limpa no seu sistema produtivo. Outras, ainda, desenvolvem produtos que usam materiais recicláveis ou biodegradáveis, ou cumprem exigências dos clientes de produzir menos resíduos e marcam seus produtos como verdes. A transparência junto à comunidade é um fator fundamental e, muitas vezes, gera ações conjuntas com a empresa, abrindo suas portas para a comunidade ou levando a 40 Curso Básico de Gestão Ambiental

41 educação ambiental para a sociedade local, para escolas, criando parcerias. T12M Melhoria da Competitividade GESTÃO AMBIENTAL PRINCIPAIS ATRATIVOS Melhoria da Competitividade Custos maiores por desperdício de recursos naturais, matéria-prima, retrabalho Exposição do trabalhador à poluição Compromisso ambiental é prática básica no comércio internacional Consumidores começam a exigir critérios ambientais Padrões internacionais mais rigorosos para acesso a mercados Uma empresa pode perder sua posição competitiva em mercados domésticos e também internacionais se deixar de prestar atenção às questões ambientais. A maneira mais óbvia é evidenciada pelos custos maiores vindos do desperdício de matériasprimas, água e energia, além de gastos com retrabalho e passivos ambientais. Uma empresa que falha em cuidar do meio ambiente pode fabricar produtos de menor qualidade que podem ser rejeitados pela clientela. Exposição ao lixo e à poluição pode causar danos ou doenças aos trabalhadores ou à comunidade local. Hoje em dia, nos Estados Unidos, na União Européia e em outras áreas ricas do mundo, as organizações devem assumir compromissos ambientais e, em muitos casos, aceitar a responsabilidade pelos impactos ambientais de suas ações como uma prática comercial básica. Até recentemente, essa tendência não se aplicava a empresas nas economias em desenvolvimento e em processo de industrialização. Mas, rapidamente, práticas comer ciais mundiais evoluídas e acordos internacionais preparam-se para mudar isso. Empresas com sérios problemas ambientais devem ser retiradas do mercado. O consumismo verde é agora uma força de mercado signifi cativa. Produtores ou fi rmas que vendem aos consumidores exigem, freqüentemente, que seus fornecedores cumpram novos e mais rígidos critérios ambientais. Tais requisitos podem atingir a garantia de que os produtos fornecidos estejam de acordo com todas as exigências locais dos países importadores, para obrigar os fornecedores a cumprirem critérios ambientais mínimos em seus próprios negócios e práticas de fabricação. Altos padrões de qualidade num produto podem signifi car que um fornecedor deve observar padrões igualmente altos no seu processo de produção. Algumas companhias podem impor padrões de processamento diretamente sobre seus fornecedores e controlar o cumprimento desses padrões. Nesses casos, quem não se adequar a tais exigências está fora do processo. Aí, não é a legislação ambiental que está exigindo mudanças, mas sim a concorrência do mercado. Leis podem ser aprovadas pelo congresso de um país a muitos quilômetros de distância e não ter nenhuma jurisdição direta sobre uma empresa, mas por proibirem um produto ou seu componente podem interromper os negócios dessa empresa. Como muitas substâncias formalmente aceitáveis estão sendo tiradas de circulação por causa das suas implicações na saúde e no meio ambiente, os fornecedores de produtos que contenham tais substâncias estão sendo forçados a encontrar alternativas para enfrentar a perda de mercado, ou investir em tecnologias mais limpas. Competidores nacionais e internacionais ganham vantagens competitivas vendendo seus produtos ou processos de produção ecologicamente amigáveis. Nesse caso, uma empresa pode ser obrigada a provar ao público um nível de concordância ambiental, se quiser permanecer com vantagem competitiva. O proprietário ou administrador de uma empresa deve preocupar-se com a gestão ambiental por uma razão fundamental: maus resultados ecológicos podem reduzir o valor de sua atividade e diminuir sua vantagem competitiva. Curso Básico de Gestão Ambiental 41

42 À primeira vista, preocupações ambientais podem parecer irrelevantes para companhias que operam nas atuais economias de mercados emergentes, cuja maior prioridade é a sobrevivência e liquidez. Isso parece ainda mais verdadeiro para pequenas e médias empresas que vendem produtos ou serviços no mercado nacional. Há uma crescente rede de padrões e exigências nacionais e internacionais que as empresas terão de cumprir se quiserem ter acesso aos novos mercados, ou mesmo se quiserem manter boas relações com as organizações e países para os quais exportam seus produtos. Num futuro muito próximo, as empresas não poderão exportar produtos perigosos ao meio ambiente (baixa biodegradabilidade, embalagens contendo substâncias perigosas etc.) ou que são fabricados sob condições ambientais inaceitáveis e, ainda, aquelas referente a questões de responsabilidade social. Esforços têm sido feitos para reduzir emissões em algumas indústrias, por exemplo, e a lista de produtos e resíduos regulados está crescendo rapidamente. Empresas em economias emergentes logo terão que atuar sob as mesmas normas que suas correspondentes nos Estados Unidos e União Européia (UE). Para poder vender seus produtos a esses mercados, terão que demonstrar que elas seguem as práticas ambientais internacionais aceitas. Alguns governos estão adotando leis de incentivo (não obrigatórias) a empresas para calcular os impactos ambientais de suas atividades e para reduzir desperdícios ou melhorar suas tecnologias. Outros, como os da UE, têm adotado amplas exigências para gestão ambiental e esquemas de auditoria. A nova Organização Mundial do Comércio prestará crescente atenção aos aspectos ambientais do comércio internacional nos anos a seguir, enquanto os padrões ambientais e as práticas comerciais tornam-se mais internacionais. Leis ambientais estão se tornando mais harmônicas em todas as partes do mundo. No futuro próximo, as leis em áreas de alta tolerância serão trazidas para um padrão mundial. As áreas de livre comércio, como a UE, a Área Econômica Européia e o Nafta nas Américas, têm estruturas comuns para regulamentações, políticas e cumprimento de leis ambientais. Às economias em desenvolvimento na América do Sul, África, Ásia, Europa Oriental e novos estados independentes serão solicitados a adotar os mesmos padrões estabelecidos, se quiserem exportar para as regiões ditas do primeiro mundo. Empresas em todo o globo também estarão sujeitas a um número cada vez maior de convenções ambientais internacionais num futuro muito próximo. Por exemplo: Comerciantes de resíduos devem cumprir a Convenção de Basiléia, no controle de movimentos entrefronteiras de resíduos nocivos e sua geração; Empresas de energia na Europa terão que cumprir os limites de emissão de enxofre, óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis, sob a Convenção da ECE (Comissão Européia de Economia), na poluição do ar de longo alcance; Empresas que comercializam produtos químicos na UE terão que cumprir as normas de importação, embalagem e rotulagem dos produtos químicos nocivos; Outros tratados internacionais, como os Protocolos de Quioto e de Montreal, implicam novas exigências a serem cumpridas pelos países signatários, refl etindo-se sobre as comunidades locais, num primeiro momento, e se estendendo para o mundo todo. No estágio de produção, as melhoras técnicas na performance ambiental podem, às vezes, desenvolver-se como novos produtos para novos mercados. Produtos que causam 42 Curso Básico de Gestão Ambiental

43 melhor impressão à sensibilidade ambiental de seus clientes podem ter uma importante vantagem competitiva sobre outros concorrentes que não dão importância a tais considerações, principalmente se a diferença de preço for compensatória. T13M Redução de Custos (finanças) GESTÃO AMBIENTAL PRINCIPAIS ATRATIVOS Redução de Custos (Finanças) Minimizar desperdícios de matéria-prima e insumos pode diminuir os custos de produção Favorece a obtenção de financiamentos e prêmios de seguro Funcionários concentram-se nas tarefas principais sem se preocuparem com riscos ou protestos públicos Elimina risco de passivo ambiental e despesas dele decorrentes Empresas que encontram maneiras de reduzir ou até eliminar poluição, resíduos e consumo de recursos naturais podem diminuir custos de produção, e portanto, ser mais competitivas. A diminuição nos custos torna as empresas mais lucrativas e, por conseguinte, mais valorizadas. Oportunidades de produção mais limpa são encontradas em áreas como efi ciência de energia, redução de emissões, reciclagem ou recuperação do valor dos resíduos, minimização do uso de matéria-prima etc. Este comportamento das empresas é, muitas vezes, estimulado por incentivos econômicos, tais como impostos ou tributos sobre emissão. Os bancos avaliarão, cada vez mais, os processos ambientais de uma companhia antes de liberar o capital ativo para fi nanciamentos; as companhias de seguro estão seguindo tendências similares. Uma empresa com baixos riscos ambientais pode obter fi - nanciamento de projetos mais facilmente, em condições mais favoráveis, assim como a redução no grau de risco de uma organização resulta em planos de seguro mais atrativos, a custos mais baixos. Legislação mais rígida pode também levar a custos de produção mais altos, não só por causa dos novos investimentos de capital exigidos da empresa, mas também em razão das novas exigências impostas aos fornecedores, incluindo a força motriz da companhia. Empresas que estiverem em posição de prever os impactos dos desenvolvimentos legislativos em suas atividades são capazes de reduzir os custos de pagamentos obrigatórios. Uma empresa sem grandes problemas ambientais tem funcionários livres para concentrarem-se em suas tarefas principais, sem medo de maiores riscos de acidentes ou protestos públicos sobre os impactos ambientais causados pelas atividades da organização. Além do mais, com a redução nos riscos de acidente, evitam-se custos fi nanceiros de remediação, interrupção de atividades, entre outros Outros: Conformidade Junto à Matriz e/ou Clientes T14M2 Conformidade Junto à matriz Junto a clientes Visão preventiva x visão corretiva mudança de paradigma evita ocorrência de acidentes e impactos minimiza despesas com remediação e multas Melhoria contínua dos processos, serviços e produtos GESTÃO AMBIENTAL PRINCIPAIS ATRATIVOS É cada vez mais comum que, por determinação ou requisitos da matriz, uma organização receba uma recomendação de que suas fi liais tomem providências para a certifi cação ambiental ISO Normalmente, os custos inerentes a essa iniciativa geram Curso Básico de Gestão Ambiental 43

44 despesas não orçadas que criam uma barreira inicial à implantação do sistema de gestão, obstáculo que se dissipa ao se constatarem os inúmeros outros benefícios, além da diluição rápida dos custos iniciais. Outra possibilidade é que clientes certifi cados pela norma ISO exijam que seus fornecedores tenham algum tipo de gestão, ou até mesmo a certifi cação, para continuarem a parceria. Visão Preventiva x Visão Corretiva A grande virada entre a visão antiga de reagir a acidentes e impactos ambientais diversos e a nova visão é, justamente, o caráter preventivo do novo paradigma. Evita-se que eles ocorram, o que, além de mais sábio por impedir a destruição que ocasionam, é menos dispendioso também. Despesas que podem ser de remediação, compensação, investimentos, multas, impostos, sem contar o desgaste para a imagem da organização. Empresas com gestão ambiental, mesmo que não certifi cada, conseguem prevenir ocorrências provocadoras de impactos signifi cativos ao meio ambiente, gerenciando suas atividades potencialmente poluidoras de modo muito mais efi caz e sustentável, além de estar contribuindo para as gerações presentes e futuras. Melhoria Contínua Empresas com sistema de gestão buscam contínuamente a melhoria de seus processos que interagem com o meio ambiente e, mesmo que não de forma imediata, estão sempre um passo adiante de seus concorrentes, na vanguarda e na tendência tanto em nível nacional como internacional. Exercício 2 Como exercício de fi xação de conceitos e terminologias utilizadas no decorrer do curso, propõe-se a realização do exercício apresentado nas páginas 80 a 83, utilizando-se o glossário resumido encontrado nas páginas de70 a Curso Básico de Gestão Ambiental

45 MÓDULO O que é um Sistema de Gestão Ambiental? T1M Introdução RISCOS MEIO AMBIENTE OPORTUNIDADES Poupar dinheiro reduzindo custos Ganhar dinheiro expandido-se no mercado Prevenção da poluição é rentável (Corporação 3M - Economia de mais de 1 milhão de dólares/ano). O QUE É UM SGA As questões ambientais têm crescentes e importantes implicações para as empresas. O meio ambiente empresarial apresenta tanto riscos quanto oportunidades, e as empresas bem-sucedidas estão tentando, cada vez mais, controlar os riscos e desenvolver as oportunidades. Elas fazem isso por, pelo menos, duas razões: poupar dinheiro, diminuindo os custos e reduzindo a probabilidade de compromissos fi nanceiros; ganhar dinheiro, expandindo-se no mercado ou conseguindo novos mercados. Risco ambiental pode ser a contaminação ou degradação do solo, do ar ou das águas em virtude de acidente em seu processo produtivo que acabe por prejudicar a posição da empresa no mercado nacional ou internacional, ou mesmo causar danos ou doenças a trabalhadores ou à comunidade local. Oportunidade ambiental Num mercado globalizado, competitivo e de consumidores exigentes, a gestão ambiental passou a ter maior relevância, pois as empresas mais bem controladas têm seus custos reduzidos porque consomem menos matérias-primas e insumos, geram menos resíduos, reutilizam, reciclam ou vendem resíduos e gastam menos com o controle da poluição e recuperação ambiental. Ao reduzir os custos de produção, as empresas elevam sua competitividade, podendo cobrar preços menores e melhorar sua imagem. Surgem também novas oportunidades de negócios, que podem gerar emprego e renda. Hoje, mais de 61 mil empresas em todo o mundo têm implantado sistemas de gestão ambiental, com base na norma ISO Muitas outras estão introduzindo tais sistemas para controlar os riscos e identifi car as oportunidades de negócios ambientais de maneira mais sistemática e efi ciente. A evolução das abordagens da questão ambiental vem sofrendo mudanças a partir do momento em que a sociedade passou a se preocupar com a qualidade de vida e o futuro do planeta. Inicialmente, com as constatações de que as atividades produtivas geram poluição e degradação ambiental, a abordagem era de controle das atividades poluidoras dissociadas do processo de produção, que adicionam custos para despoluir. Assim, viviase um dilema entre desenvolver e não poluir ou degradar o meio ambiente, onde as ações ambientais eram encaradas como externalidades, que sempre resultavam em aumento de custos para despoluição e recuperação de áreas e recursos naturais degradados. Curso Básico de Gestão Ambiental 45

46 Essa abordagem deu lugar à compreensão de que as questões ambientais estão relacionadas diretamente com o processo produtivo, onde a poluição dos recursos naturais, através da geração de resíduos e emissões, representam desperdício de insumos e matérias-primas. Assim, surgiram as normas internacionais, principalmente as da série ISO 14000, onde estão estabelecidos requisitos para implementação de Sistemas de Gestão Ambiental - SGAs, a serem implantados nas empresas, e certifi cados segundo os requisitos estabelecidos. Esses requisitos passaram a ter importância no comércio internacional, fazendo com que grandes empresas exportadoras passassem a implementar SGAs. As pequenas empresas fornecedoras passaram também a sofrer exigências quanto à gestão dos seus aspectos ambientais. Desta forma, é fundamental que as empresas ganhem competitividade pela implementação de procedimentos de gestão ambiental, tanto para a sua sobrevivência no mercado global, quanto para controle dos aspectos ambientais, garantindo a sustentabilidade do processo de desenvolvimento e, conseqüentemente, a melhoria da qualidade ambiental e de vida da população. A implantação de Sistemas de Gestão Ambiental numa empresa garante a redução de cargas poluidoras geradas, porque envolve a revisão do processo produtivo com vistas à melhoria contínua do desempenho ambiental da organização, resultando em redução de desperdícios de matérias-primas e insumos e das emissões de poluentes e resíduos. A certificação desses sistemas é um mecanismo que permite ser formalizada a internalização dos sistemas e dos instrumentos previstos nas política ambientais das organizações A Origem do SGA As empresas têm adotado uma série de respostas aos desafi os ambientais, desde não fazer nada à reação de crise, até a integração da gestão ambiental na administração geral da empresa por meio do sistema de gestão ambiental. T2M3 Aumento de custos Defeitos nos produtos Auditorias ambientais Qualidade Total Auditorias a mbientais (vários tipos) Auditorias de diligência devida Avaliações ambientais Auditorias de SGA Auditoria de conformidade A ORIGEM DO SGA SGA 1º Atendimento às leis 2º Vulnerabilidades ambientais Durante os últimos vinte anos a adoção de sistemas de gestão ambiental pelas empresas tem sido estimulada, principalmente devido ao desenvolvimento e à experiência de duas ferramentas administrativas: O aumento do custo das obrigações ambientais levou companhias na América do Norte e na Europa a desenvolverem auditorias ambientais como ferramentas de gerenciamento, para identifi car problemas ambientais e para monitorar o desempenho ambiental da companhia, de maneira similar à do balanço fi nanceiro, usado para medir o desempenho fi nanceiro. A primeira meta era assegurar o cumprimento das leis e regulamentações ambientais na companhia. Depois, o enfoque foi estendido para cobrir o monitoramento das melhores práticas de gestão, avaliando vulnerabilidades ambientais. Os conceitos do Controle de Qualidade Total (CQT), apesar de originalmente direcionados para a redução e, às vezes, para a eliminação de defeitos (não-cumprimento de especificações) na elaboração e aperfeiçoamento da eficiência dos processos comerciais, têm sido cada vez mais aplicados nas questões de gestão ambiental. A auditoria ambiental foi desenvolvida nos anos 70 e 80 por companhias tais como Allied Signal, Westinghouse, Philips e outras, em resposta ao crescente custo de não cumprir a legislação de saúde e segurança ambiental em países altamente regulados, como EUA, Canadá e Europa Ocidental. 46 Curso Básico de Gestão Ambiental

47 Uma auditoria de conformidade monitora o cumprimento das leis e regulamentações. Uma diligência devida (due diligence) ou auditoria de pré-aquisição é usada pelas empresas para identificar as vulnerabilidades ambientais (possível existência de passivo ambiental) e os problemas de um local ou empresa antes que qualquer investimento seja feito. Os resultados desta auditoria de pré-aquisição podem afetar o nível de investimento, o preço de compra, futuros investimentos e custos de operação relacionados ao local, ou até a decisão final sobre o investimento. Hoje em dia, o termo auditoria ambiental expandiu-se e é, muitas vezes, usado para signifi car avaliação ambiental, ou auditoria do SGA. Com reação A administração espera que eventos e assuntos sejam decididos externamente antes de tomar providências para lidar com elas. Estas empresas podem se benefi ciar a curto prazo, mas nunca estarão certas de como abordar as áreas problemáticas, e estarão mal equipadas quando o problema ocorrer. Com prevenção Estas empresas monitoram questões e preocupações ambientais como parte de seus negócios diários e formulam respostas antes que a situação se torne crítica. Esta política não signifi ca que estas empresas escapem das difi culdades, mas elas estão mais bem preparadas para lidar com situações de crise. Para esses casos, algumas organizações consideram até a precaução (quando não se pode prever o que pode acontecer). A Avaliação Ambiental é realizada para identifi car riscos, problemas e oportunidades ambientais quando o SGA está em funcionamento; é similar à auditoria de pré-aquisição Objetivos OBJETIVOS DE UM SGA Estabelecer uma Política Ambiental Identificar e controlar aspectos/impactos Definir e documentar tarefas, responsabilidades, autoridades e procedimentos Identificar, monitorar e cumprir requisitos legais Promover a comunicação (interna e externa) Estabelecer objetivos, metas e medir desempenho Treinar colaboradores internos e parceiros Atender a situações de emergência Identificar oportunidades de negócios Integrar o SGA com os demais sistemas existentes e promover a melhoria contínua Historicamente Organizações Com reação Com prevenção Sem reação Com precaução PESSOAS AR FAUNA ÁGUA EVOLUÇÃO DO CENÁRIO SOLO RECURSOS NATURAIS FLORA T4M3 T3M3 A Auditoria do SGA é uma ferramenta para determinar se o SGA se encaixa nos arranjos planejados pela organização e se ele foi implementado e mantido como planejado. Historicamente, as organizações vêm tratando as questões ambientais de três maneiras: Sem ação Elas não reconhecem oportunidades ou ameaças ambientais até que seja tarde demais. Uma avaliação ambiental ou uma auditoria ambiental tem, pelo menos, uma séria desvantagem: apesar de ser uma valiosa ferramenta administrativa, pode descrever somente a situação ambiental da empresa na época em que a avaliação ou a auditoria forem realizadas. Seguir as não-conformidades não é uma garantia de que, depois de algum tempo, essas ou outras deficiências no controle dos aspectos ambientais da organização não irão ocorrer. Faz-se necessária estabelecer procedimentos no sistema para assegurar que os objetivos e as metas ambientais da empresa sejam efetivamente atingidos. Além do mais, em razão das relações entre diferentes unida- Curso Básico de Gestão Ambiental 47

48 des funcionais da organização serem, muitas vezes, complexas, há uma necessidade de se ter um sistema de coordenação. Um SGA, portanto, pretende ligar esses diferentes processos por meio de uma rede de ações, procedimentos, documentos e arquivos, com o objetivo de: Estabelecer uma política ambiental e uma base para a gestão ambiental efetiva; Identifi car e controlar aspectos ambientais signifi cativos à organização, respectivos impactos e riscos relacionados; Defi nir e documentar tarefas, responsabilidades, autoridades e procedimentos específi cos para assegurar que cada colaborador interno cumpra suas tarefas ajudando a minimizar ou eliminar os aspectos ambientais que poderiam se converter em impactos ambientais negativos da empresa no meio ambiente; Identifi car, monitorar e cumprir as exigências legais; Promover a comunicação interna e externa; Estabelecer metas de curto, médio e longo prazos para o desempenho ambiental, assegurando o equilíbrio de custos e benefícios, para a organização, para seus acionistas e outras partes interessadas; Determinar a necessidade de recursos para atingir tais metas e garantir responsabilidades por elas, além de medir seu desempenho em relação a padrões e metas preestabelecidos e reorientar sua abordagem, quando necessário; Manter a direção informada e treinar pessoal para cumprir efi cazmente os compromissos assumidos; Estabelecer uma sistemática para identifi car o potencial e atender a situações de emergência, prevenindo e mitigando impactos delas decorrentes; Identifi car oportunidades de negócios ambientais; Integrar a gestão ambiental e a função administrativa geral de uma organização, porque o meio ambiente é um dentre vários assuntos que afetam o desempenho de uma empresa. Um sistema de gestão ambiental isolado não seria efi ciente; e Promover a melhoria contínua dos processos, produtos e serviços, por meio da abordagem do PDCA (Plan Do-Check- Act) ou Plano, Ação, Verifi cação e Melhoria contínua, como ferramenta de gestão do sistema de identifi cação e solução de problemas. Embora a comunicação dos objetivos e resultados ambientais da empresa ao público externo não seja um elemento básico de um SGA, esta tem sido considerada importante como objeto de marketing ambiental Definições Neste curso, inúmeros termos são usados para descrever vários aspectos de um SGA. Esses termos estão defi nidos nas normas, muitas em processo de desenvolvimento e que podem ser modifi cadas. Para facilitar o entendimento foi elaborado um glossário, com conceitos extraídos de diversas fontes bibliográfi cas que incluem, entre outras: Legislação ambiental brasileira, básica; Norma Internacional ISO para Sistemas de Gestão Ambiental Especifi cação com guia de uso e outras normas ISO da série 14000, já publicadas; e A Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável da Câmara do Comércio Internacional. 48 Curso Básico de Gestão Ambiental

49 T5M Elementos Básicos Política Ambiental Programa de Gestão Ambiental considerando a avaliação ambiental inicial Estrutura organizacional Integração da gestão ambiental nas várias atividades de negócios da organização Monitoramento, medição e registros Ações corretivas e preventivas Auditorias Análises críticas Treinamento e comunicação interna Comunicação externa ELEMENTOS BÁSICOS DO SGA Os Sistemas de Gestão Ambiental serão diferentes para diferentes tipos de organizações, dependendo da natureza, tamanho e complexidade das atividades, produtos e serviços de cada uma. Os elementos básicos incluem: Uma política ambiental expressando o compromisso da direção da empresa de incorporar a gestão ambiental. Compreende-se a política ambiental como sendo uma declaração pública das intenções e princípios de ação da empresa em relação ao meio ambiente. A declaração deve orientar a definição dos objetivos gerais que a organização quer alcançar. Um programa ambiental ou um plano de ação, descrevendo medidas que a empresa tomará na vigência do SGA. O programa ambiental ou o plano de ação traduz a política ambiental da organização em objetivos e metas e identifi ca as ações para atingi-lo. Defi ne as responsabilidades dos colaboradores internos e aloca os recursos humanos e fi nanceiros necessários para a sua implementação. Além disso, o programa deve levar em consideração os aspectos ambientais da organização, uma visão geral das exigências legais e outros requisitos aplicáveis. Uma estrutura organizacional estabelecendo tarefas, delegando autoridades e defi nindo responsabilidades para implementar as ações. No caso de empresas com locações múltiplas ou diferentes atividades comerciais, estão incluídas estruturas organizacionais para a empresa como um todo, assim como para as unidades de operação separadas. O representante da alta administração tem uma típica relação de comunicação direta com os executivos (direção) da empresa. A integração da gestão ambiental com as operações comerciais, que inclui procedimentos para incorporar as medidas ambientais em outros aspectos das operações da empresa, tais como a saúde e segurança ocupacional, compras, desenvolvimento de produtos, associações e aquisições, marketing, fi nanças, etc. Inclui o desenvolvimento de procedimentos ambientais especiais, geralmente especifi cados em manuais e outras instruções de trabalho, descrevendo medidas e ações a serem tomadas na implementação do programa ambiental ou plano de ação. Os procedimentos ambientais podem abrange: Documentação do SGA e controle dos documentos; Controle operacional: procedimentos e critérios para as operações e atividades, assim como para os bens e serviços, fornecedores e contratados da organização; Cálculo dos riscos e planos de ação de emergência, para identifi car acidentes em potencial e evitar que se tornem catástrofes. Procedimentos para monitoramento, medição e manutenção de registros para documentar e monitorar os resultados de ações e programas específi cos, assim como os efeitos globais das melhorias ambientais. Ações corretivas e preventivas para eliminar causas reais ou potenciais de nãocumprimento dos objetivos, metas, critérios e especifi cações. Curso Básico de Gestão Ambiental 49

50 Auditorias para verifi car a adequação e efi ciência da implementação e funcionamento do SGA. Análises críticas para a avaliação formal pela alta direção visando a adequação do SGA à luz das mudanças de circunstâncias. Comunicação interna e externa recebendo e respondendo a comunicação das partes interessadas internas e externas, assim como comunicação em todos os níveis da organização; no nível externo, relações com a comunidade para comunicar a postura e as metas ambientais da organização às pessoas interessadas de fora da empresa, e mantê-las informadas sobre questões, dificuldades ou outros assuntos ambientais específi cos que possam afetá-las, mantendo uma postura de transparência. Algumas empresas começam a desenvolver seus sistemas de gestão ambiental a partir do zero. Muitas delas, se não a maioria, já têm alguns procedimentos administrativos ou elementos de sistema que as levam, convenientemente, à incorporação dos assuntos ambientais. Muitas organizações dispõem de um colaborador interno responsável pela proteção da saúde do trabalhador, que também pode assumir as responsabilidades ambientais. A alta gerência da empresa, ou um gerente de fábrica, pode encarregar-se do desenvolvimento do SGA. Grandes empresas nacionais ou multinacionais muitas vezes procuram infl uenciar seus fornecedores a melhorar suas capacidades de atingir os padrões ambientais, de saúde, de segurança e de produtos. As ações da empresa são divididas em quatro fases: Planejamento, Ação, Verifi cação e Aperfeiçoamento. Treinamentos para assegurar que todos os empregados entendam onde estão insertos no contexto do SGA e em relação a suas atividades de trabalho, além da conscientização das questões ambientais relevantes, à política ambiental, os objetivos, metas e o papel de cada empregado no sistema de gestão ambiental. 3.2 Como desenvolver um SGA Planejamento (Plan) Análise Ambiental Inicial Requisitos legais e outros Política ambiental Aspectos ambientais PLANEJAMENTO Impactos ambientais COMO DESENVOLVER UM SGA Objetivos e metas T6M3 A P Ciclo do SGA ISO C D Agir/Melhorar Análises críticas Planejar Aspectos ambientais Requisitos legais Objetivos e metas Programa de gestão ambiental Checar/corrigir Monitoramento / medição Ação corretiva / preventiva Registros Auditorias Fazer Estrutura e Responsabilidades Treinamento Comunicação Documentação do SGA Controle de documentos Controle operacional Plano de emergência T7M3 Planejamento Programa de gestão ambiental A fase de planejamento inclui a identifi cação e classifi cação dos aspectos ambientais, o levantamento dos requisitos legais aplicáveis e a defi nição de objetivos e metas ambientais. Os empresários precisam fazer as perguntas fundamentais relativas a seus negócios. Onde estamos agora e para onde queremos ir? Responder a estas perguntas envolve três passos: 50 Curso Básico de Gestão Ambiental

51 Fazer Avaliação Ambiental Inicial: compreender a posição ambiental atual da empresa, as exigências legais impostas a ela, os aspectos ambientais relevantes, suas práticas e postura, identifi cação dos pontos fortes e fracos; Obter uma visão clara do futuro próximo: compreender os prováveis aspectos e impactos ambientais futuros e suas implicações na empresa, a fi m de identifi car os riscos e as oportunidades ambientais; e Estabelecer uma Política Ambiental: defi nir como a empresa irá reagir às questões ambientais atuais e futuras, antecipado-se a elas. A política ambiental deve ser estabelecida pelo(s) alto(s) executivo(s) da empresa, mesmo que as propostas possam vir de todos os níveis da força de trabalho. Defi nir metas, todavia, é um processo que deve ser apoiado e duplamente avaliado por toda a cadeia de comando. Os níveis mais baixos na hierarquia têm importante papel a cumprir, pois podem assegurar a viabilidade das metas. Algumas empresas envolvem outras partes interessadas, tais como órgãos ofi - ciais de governo, clientes, consumidores e até grupos ambientais, na defi nição de metas e estratégias. No desenvolvimento de objetivos e metas, planos de ação e procedimentos estratégicos estão relacionados uns com os outros. O levantamento dos aspectos e impactos relativos aos processos e serviços de uma empresa são, em conjunto com o levantamento dos respectivos requisitos legais aplicáveis, a parte mais demorada e crítica da montagem de um sistema. Esta deve ser feita com o máximo de detalhes possível para melhor refl etir sua organização. Tudo o mais depende desta etapa e, por isso, sua importância. E, por fi m, quanto mais o plano de ação leva em consideração os pontos de vista e interesses de todos os níveis da empresa, maior a probabilidade de ele ser realista e de o sistema fi car com a cara da empresa, o que resulta na sua sustentabilidade. T8M Ação (Do) IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO Estrutura e responsabilidade Treinamento, conscientização e competência Comunicação: interna, externa Documentação do SGA Controle dos documentos Controle operacional procedimentos, critérios, fornecedores, contratados Emergência: preparo e resposta A fase de implantação e operação do sistema implica a defi nição de estrutura e responsabilidades, treinamentos, comunicação, elaboração da documentação do sistema, incluindo a criação de procedimentos de controle operacional e atendimento das situações de emergência. As pessoas encarregadas da implementação das ações devem defi nir responsabilidades e procedimentos, que devem ser aprovados pela alta direção. Nesta fase, o levantamento das atividades, sua descrição, incluindo sua interação com o meio ambiente, é a parte principal. A partir daí é que as outras atividades dessa etapa se desenvolvem. T9M Verificação (Check) AÇÕES CORRETIVAS E DE VERIFICAÇÃO Monitoramento e medição Não-conformidades, ações preventivas e corretivas Registros Auditorias do SGA Curso Básico de Gestão Ambiental 51

52 Nesta etapa são empreendidas ações de monitoramento e medição conforme padrões ou requisitos legais, são levantadas não-conformidades, gerados registros e faz-se uma auditoria do sistema para avaliação da eficácia da sua implantação e maturidade. Estes resultados são analisados junto à direção da empresa, que promove uma análise crítica e determina mudanças de rumo, quando necessário, e/ou melhorias e ajustes ao sistema. A empresa deve possuir instrumentos para responder à pergunta como estamos indo?. Esses instrumentos de controle e monitoramento geralmente incluem exigências para relatórios sobre o desempenho ambiental e geração de resíduos (sólidos, líquidos e gasosos). Eles também incluem ações corretivas e preventivas, procedimentos e processos de auditoria ambiental. O objetivo desta fase é avaliar a real postura ambiental da empresa em relação às suas políticas defi nidas e aos objetivos e metas descritos no plano de ação Aperfeiçoamento/Melhoria A análise crítica periódica do plano de gestão assegura que o SGA continue a ser sensível às mudanças, identificando oportunidades de aperfeiçoamento, como novos conhecimentos científicos sobre os impactos ambientais de um produto químico, inovação tecnológica, novos processos e produtos, novos mercados, câmbio, regulações governamentais e mudanças nas exigências dos clientes e consumidores. Em resumo, essa etapa busca a melhoria contínua dos processos e serviços da organização no que tange a sua relação com o meio ambiente e, conseqüentemente, o desempenho ambiental da empresa. Uma melhoria pode ser tão simples quanto um controle de um procedimento existente, ou o desenvolvimento de um novo procedimento ou investimento para corrigir um problema não previsto, ou até a redefi nição das metas e objetivos ambientais da empresa, em resposta a mudanças nas circunstâncias internas e externas. Com este método, sempre que a direção da organização identifi car as mudanças que podem ou devem ser feitas no SGA, será inevitável voltar à fase de planejamento para introduzir tais alterações na Política Ambiental e no Plano de Ação. Objetivo: checar continuamente a adequação e a efetividade do SGA Análises documentadas Atenção para: mudanças na política ambiental, objetivos e metas, mudança de circunstâncias e compromisso com a melhoria contínua. Identificar oportunidades Desempenho P A D C ANÁLISES CRÍTICAS Melhoria contínua Virtualmente, cada SGA em operação hoje em dia é composto de ferramentas derivadas desse modelo, e todas as normas ambientais em desenvolvimento ou no processo de implementação o seguem. Os novos padrões de gestão ambiental nacionais e internacionais são todos baseados nisso (por exemplo, este é o conceito que sustenta a estrutura da Norma ISO 14001). T10M3 Garantia (Qualidade / Meio Ambiente) Tempo ÁREAS DA ORGANIZAÇÃO ENVOLVIDAS COM O SGA Quaisquer defi ciências ou imprevistos identifi cados são corrigidos, o plano de ação deve ser revisado e adaptado às novas circunstâncias, e os procedimentos são melhorados ou reorientados, se necessário. Produção Finanças Administração e distribuição Pesquisa, planejamento e desenvolvimento Marketing T11M3 52 Curso Básico de Gestão Ambiental

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