Guia do Formando. IEFP - Paulo Buchinho. ISQ / Pedro Paulino OMNIBUS, LDA BRITOGRÁFICA, LDA BRITOGRÁFICA, LDA Exemplares X
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- Luiz Benevides Mangueira
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2 IEFP ISQ Título Suporte Didáctico Coordenação Técnico - Pedagógica Mecânico de Aparelhos de Gás IEFP - Instituto de Emprego e Formação Profissional Departamento de Formação Profissional Direcção de Serviços de Recursos Formativos Coordenação do Projecto Autores ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade Direcção de Formação Augusto Mendes / Carlos Moreno Capa Maquetagem e Fotocomposição Revisão Montagem Impressão e Acabamento Propriedade 1.ª Edição Tiragem IEFP - Paulo Buchinho ISQ / Pedro Paulino OMNIBUS, LDA BRITOGRÁFICA, LDA BRITOGRÁFICA, LDA Instituto do Emprego e Formação Profissional Av. José Malhoa, Lisboa Portugal, Lisboa, Março de Exemplares Depósito Legal ISBN X Copyright, 2002 Todos os direitos reservados IEFP Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma ou processo sem o consentimento prévio, por escrito, do IEFP. Mecânico de Aparelhos de Gás
3 IEFP ISQ Índice ÍNDICE I - INTRODUÇÃO AOS APARELHOS DE GÁS Objectivos 1 Temas 1 Introdução 2 Classificação quanto ao tipo 2 Classificação segundo o modo de transmissão de calor 6 Aprovação de aparelhos a gás 7 Resumo 10 Actividades / Avaliação 11 II - FUNCIONAMENTO DOS APARELHOS DE GÁS Objectivos 13 Temas 13 Queimadores 14 Aparelhos de produção de água quente 24 Avarias possíveis dos dispositivos e aparelhos a gás 45 Resumo 50 Actividades / Avaliação 51 M.T5.05 Mecânico de Aparelhos de Gás 1
4 Índice IEFP ISQ III - LIGAÇÃO DOS APARELHOS DE GÁS Objectivos 53 Temas 53 Tubos de ligação aos aparelhos 54 Tubagens flexíveis 54 Tubagens rígidas 57 Tipos de ligação 58 Resumo 59 Actividades / Avaliação 60 IV - MONTAGEM DOS APARELHOS DE GÁS Objectivos 61 Temas 61 Escolha dos locais 62 Resumo 70 Actividades / Avaliação 71 2 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05
5 IEFP ISQ Índice V - EVACUAÇÃO DOS PRODUTOS DA COMBUSTÃO Objectivos 73 Temas 73 Evacuação dos produtos da combustão 74 Extracção mecânica do ar viciado 80 Resumo 83 Actividades / Avaliação 84 VI - CONVERSÃO Objectivos 85 Temas 85 Conversão 86 Potência do queimador 91 Afinação 92 Cálculo do diâmetro dos injectores 92 Conversão de equipamentos 94 Resumo 98 Actividades / Avaliação 99 VII - BIBLIOGRAFIA 101 M.T5.05 Mecânico de Aparelhos de Gás 3
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7 IEFP ISQ Introdução aos Aparelhos de Gás OBJECTIVOS No final desta unidade temática, o formando deverá estar apto a: Classificar os aparelhos a gás quanto ao tipo de evacuação dos produtos da combustão; Classificar os aparelhos a gás quanto ao modo de transmissão de calor; Classificar os aparelhos a gás quanto à sua categoria; Identificar e explicar as inscrições da chapa sinalética dos aparelhos a gás. TEMAS Introdução Classificação quanto ao tipo Classificação segundo o modo de transmissão de calor Aprovação de aparelhos a gás Resumo M.T5.05 Ut.01 Actividades / Avaliação Mecânico de Aparelhos de Gás 1
8 Introdução aos Aparelhos de Gás IEFP ISQ INTRODUÇÃO Os aparelhos a gás são equipamentos de uso doméstico e industrial, utilizados na confecção e conservação de alimentos, aquecimento de águas sanitárias, ambiente e para diversos fins industriais. Os aparelhos a gás são constituídos por três grupos principais: Aparelhos domésticos, de variados géneros e que podemos encontrar em 95% dos lares portugueses; Aparelhos de cozinha industrial, como é o caso dos fogões e fornos industriais, fritadeiras, etc.; Queimadores industriais, que tanto pode ser um simples maçarico de canalizador, como um forno túnel de 100 m com o seu sistema de queima. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TIPO Podemos classificar os aparelhos quanto ao modo de evacuação dos produtos da combustão, da seguinte forma: Tipo A Tipo B Tipo C Aparelhos do tipo A são aparelhos que retiram o ar necessário à combustão do local onde este se encontra e descarregam os seus produtos de combustão no mesmo meio. Fig.I.1 - Esquema dum aparelho do tipo A 2 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.01
9 IEFP ISQ Introdução aos Aparelhos de Gás Como exemplo de alguns aparelhos do tipo A, temos: Fogão; Aquecedor catalítico; Placas; Fornos de encastrar. Aparelhos do tipo B são ligados a uma conduta de evacuação dos produtos da combustão. Este tipo de aparelho retira o ar necessário à combustão do local onde está instalado e lança os respectivos produtos da combustão para uma conduta de evacuação. Fig.I.2 - Esquema dum aparelho do tipo B Como exemplo de alguns aparelhos do tipo B, temos: Esquentador ; Caldeira. Aparelhos do tipo C são aparelhos ligados a condutas de evacuação dos produtos da combustão e de admissão de ar. Este tipo de aparelho retira o ar necessário à combustão do exterior do edifício e lança os respectivos produtos da combustão para uma conduta de evacuação. M.T5.05 Ut.01 Mecânico de Aparelhos de Gás 3
10 Introdução aos Aparelhos de Gás IEFP ISQ Fig.I.3 - Esquema dum aparelho do tipo C Como exemplo de alguns aparelhos do tipo C, temos: Esquentador estanque; Caldeira estanque. Os aparelhos podem também ser classificados como aparelhos de circuito estanque e aparelhos de circuito não estanque. O circuito de combustão de um aparelho de circuito estanque, é estanque em relação ao local em que está montado e o seu funcionamento é, assim independente das condições de ventilação do local. Os aparelhos de circuito estanque podem ser montados em qualquer compartimento, mesmo quando este não dispõe de portas ou janelas para o exterior. Os orifícios de evacuação dos aparelhos de circuito estanque devem ficar situados a, pelo menos 0,4 m de qualquer abertura do imóvel e a não menos de 0,6 m dos orifícios de admissão de ar de ventilação. Estas distâncias devem ser medidas entre os pontos mais próximos de cada elemento. Os aparelhos de circuito estanque recebem o ar de combustão e descarregam os gases queimados directamente de e para o exterior do edifício, através de um sistema fornecido com o aparelho. O lado externo deste equipamento de admissão de ar/descarga de produtos da combustão tem sempre um acessório (deflector) que impede os ventos incidentes de interferirem com o processo de queima do aparelho. Podem-se distinguir os seguintes tipos de aparelhos não estanques: Aparelhos não-ligados - são os aparelhos domésticos de cozinha sem câmara de combustão (fogão, frigoríficos, alguns caloríferos, etc.). 4 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.01
11 IEFP ISQ Introdução aos Aparelhos de Gás Aparelhos ligados - caldeira tradicional, serviço simples (aquecimento) ou serviço duplo (água quente sanitária / aquecimento) e esquentador, ligados a uma conduta de fumos, que funciona com tiragem natural ou mecânica. Em resumo, temos: Tipos de Aparelhos Não Estanques Não Ligados (Tipo A) Ligados (Tipo B) Exemplo: Fogão Placa Aquecedor Forno Exemplo: Esquentador Caldeira Estanques (Tipo C) Exemplo: Esquentador Caldeira M.T5.05 Ut.01 Mecânico de Aparelhos de Gás 5
12 Introdução aos Aparelhos de Gás IEFP ISQ CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO O MODO DE TRANSMISSÃO DE CALOR Distinguem-se os aparelhos de convecção natural, de convecção forçada e irradiação. a) Aparelhos de convecção natural Os corpos de aquecimento do calorífero, conduzidos a uma temperatura elevada, aquecem o ar do local que está em contacto com eles. Uma vez aquecido, este ar torna-se leve e eleva-se, cedendo o local ao ar mais frio. As correntes ascendentes, ditas de convecção, participam na renovação do ar do local e à homogeneização da temperatura. Fig.I.4 - Aparelho de convecção natural Estes caloríferos têm igualmente mudanças por irradiação, mas a percentagem de calor irradiado é inferior a 20%. Distinguem-se também os caloríferos de convecção escuros e os radiadores de fogo visível. Nos primeiros, a combustão do gás não é aparente, pois ele é mascarado com a carroçaria do aparelho. Nos segundos, as chamas tomam uma cor avermelhada e estão colocadas atrás de um vidro especial, criando assim a atmosfera e a irradiação das lareiras de outros tempos. 6 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.01
13 IEFP ISQ Introdução aos Aparelhos de Gás b) Aparelhos de convecção forçados Para assegurar a circulação do ar no ambiente, alguns aparelhos são providos de um ventilador que permite também a homogeneização da temperatura ambiente. c) Aparelhos de irradiação Para estes aparelhos as trocas por irradiação são mais importantes se se elevar a 40% as trocas totais. Fig.I.5 - Irradiador a gás APROVAÇÃO DE APARELHOS A GÁS Os aparelhos devem ser concebidos e fabricados de modo a funcionar com toda a segurança e a não apresentarem perigo para as pessoas, animais domésticos e bens, quando normalmente utilizados. Aquando da sua colocação no mercado, todos os aparelhos devem: a) Estarem acompanhados de instruções técnicas, destinadas ao montador / instalador; b) Estarem acompanhados de instruções de utilização e de manutenção destinados ao utilizador; c) Exibirem, assim como a respectiva embalagem, as advertências adequadas. M.T5.05 Ut.01 Mecânico de Aparelhos de Gás 7
14 Introdução aos Aparelhos de Gás IEFP ISQ As instruções técnicas devem, nomeadamente, especificar: a) O tipo de gás utilizado; b) A pressão de alimentação utilizada; c) Regulação da entrada de ar primário: Para alimentação da combustão, Para evitar a criação de misturas com um teor perigoso de gás não queimado, As condições de evacuação dos produtos da combustão, Para os queimadores com ventilação e os geradores de calor a equipar com tais queimadores, as respectivas características, os requisitos de montagem, etc. Classificação dos aparelhos em Categorias Os aparelhos são classificados em categorias de acordo com a Norma Europeia EN 30. A Categoria do Aparelho a gás define qual(ais) a(s) família(s) de gás que o aparelho pode utilizar assim como indica dentro de cada família o gás que pode ser utilizado. Existem três categorias: Categoria I Aparelho concebido para utilizar uma única família de gás Categoria II Aparelho concebido para utilizar duas famílias de gás Categoria III Aparelho concebido para utilizar as três famílias de gás Além desta indicação, terá de ser indicado por categoria qual(ais) o(s) gás que pode ser utilizado dentro da respectiva família, nomeadamente: I 3B - Só Butano I 3P - Só Propano I 3+ - Butano e Propano I 2H - Ar propanado, ar butanado, gás natural, grupo H II 2H3P - Ar propanado, ar butanado, gás natural H e Propano II 2H3B - Ar propanado, ar butanado, gás natural H e Butano II 2H3+ - Ar propanado, ar butanado, gás natural H e Butano e Propano III Gás de cidade, gás natural, propano e butano, etc. (todos os gases das três famílias) 8 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.01
15 IEFP ISQ Introdução aos Aparelhos de Gás Exemplo: O que significa um aparelho da categoria II 2H3+? O II significa que pode utilizar duas famílias de gases. O 2 significa que pode utilizar gases da 2ª família e o H significa que esse gás é o gás natural do tipo H. O 3 significa que pode utilizar gases da 3ª família e o + significa que tanto pode utilizar Butano como Propano. Marca CE e Inscrições A marca CE é constituída pelo símbolo CE seguido dos últimos dois algarismos do ano em que a marca tiver sido aposta e do símbolo de identificação do organismo qualificado que tiver efectuado o controlo. O aparelho ou a sua chapa sinalética devem ostentar, além da marca CE, as seguintes inscrições: a) O nome ou o símbolo de identificação do fabricante; b) A designação comercial eléctrica; c) O tipo de alimentação eléctrica utilizado, se aplicável; d) Categoria do aparelho. Fig.I.6 - Chapa sinalética Devem ser acrescentadas as informações necessárias para instalação, de acordo com a natureza do aparelho. Nota: A Portaria 1248/93 de 7 de Dezembro estabelece a regulamentação técnica decorrente da transposição para a ordem jurídica interna da Directiva nº 90/396/CEE, de 29 de Junho de 1990, relativa aos aparelhos que queimam combustíveis gasosos e respectivos dispositivos de segurança. M.T5.05 Ut.01 Mecânico de Aparelhos de Gás 9
16 Introdução aos Aparelhos de Gás IEFP ISQ RESUMO Nesta Unidade Temática foram apresentados os aparelhos a gás e foi explicada a classificação quanto a três aspectos: quanto ao tipo, quanto ao modo de transmissão do calor e à categoria do aparelho. A classificação quanto ao tipo indica-nos a forma como é feita a admissão do ar para a combustão e evacuação dos produtos de combustão. O modo de transmição do calor pode ser por convecção natural, forçada, ou por irradiação. A classificação de aparelhos em categorias é uma classificação que define qual, ou quais, famílias de gás que o aparelho pode utilizar, bem como, dentro de cada família qual o gás que pode ser utilizado. 10 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.01
17 IEFP ISQ Introdução aos Aparelhos de Gás ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO 1. Como podem ser classificados os aparelhos a gás quanto ao tipo? 2. Qual é a diferença entre um aparelho ligado e um aparelho não ligado? 3. Como podem ser classificados os aparelhos a gás segundo o modo de transmissão do calor? 4. Quais as categorias dos aparelhos a gás? 5. Qual, ou quais, o(s) gás(es) que pode utilizar um aparelho da categoria II 2H3+? M.T5.05 Ut.01 Mecânico de Aparelhos de Gás 11
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19 IEFP ISQ Funcionamento dos Aparelhos de Gás OBJECTIVOS No final desta unidade temática, o formando deverá estar apto a: Identificar os vários tipos de queimadores e de injectores de gás; Identificar os componentes dos aparelhos a gás para confecção dos alimento e para produção de água quente; Explicar o funcionamento dos componentes dos aparelhos a gás; Diagnosticar os principais tipos de avarias dos aparelhos a gás e seleccionar a melhor forma de correcção. TEMAS Queimadores Aparelhos de produção de água quente Possíveis avarias dos dispositivos e aparelhos a gás Resumo Actividades / Avaliação M.T5.05 Ut.02 Mecânico de Aparelhos de Gás 13
20 Funcionamento dos Aparelhos de Gás IEFP ISQ QUEIMADORES A combustão é realizada por equipamentos denominados queimadores. Uma função comum a todos os queimadores é a de pôr em contacto o combustível e o ar em condições que tornem possível a realização e o controlo da combustão. O queimador tem como função: Assegurar a mistura de ar e gás em proporções convenientes e mantê-la constante entre determinada gama de caudais; Manter a estabilidade da chama; Dar à chama a dimensão apropriada à do recinto onde se realiza a combustão; Um queimador é normalmente constituído por: Espalhador; Câmara de combustão; Venturi. Existem dois tipos básicos de queimadores: Queimadores de chama branca ou difusão Queimador onde não há pré mistura com o ar, o que confere à chama as seguintes características: Cor branca amarelada; Grande difusão de luz (chama incandescente); Baixa temperatura da chama. Este tipo de queimadores são utilizados principalmente para iluminação como, por exemplo, o Petromax. Queimadores de chama azul No queimador há uma pré mistura ar/gás, assim é queimada uma mistura que já contém oxigénio, o que confere determinadas características à chama. Chama de cor azul; Pouca difusão de luz; Alta temperatura da chama. 14 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.02
21 IEFP ISQ Funcionamento dos Aparelhos de Gás Este tipo de queimadores são os mais comuns, utilizados para produzir calor. Chama Injector Venturi Câmara de Mistura Espalhador Ar Primário GÁS Ar Primário Ar Primário GÁS Ar Primário Fig.II.1 - Queimador de chama azul O gás é injectado na câmara de mistura e através do efeito de venturi, arrasta o ar primário. Esse ar vai-se misturar com o gás na câmara de mistura e vai sair pelo espalhador onde se mistura com o ar ambiente (ar secundário). Essa mistura é inflamada dando origem à chama. Queimadores para aquecimento do ambiente Nos queimadores catalíticos a combustão tem lugar numa lã ignífuga (que não se queima), a qual se encontra impregnada de um elemento catalisador, geralmente sais de platina. Este elemento catalisador favorece a reacção química entre o combustível e o oxigénio do ar. Nestes queimadores o processo de combustão dá-se a uma temperatura sensivelmente mais baixa que a de um queimador normal (cerca de 150 ºC), e sem chama visível. A característica mais importante destes queimadores é a de não produzir monóxido de carbono, pelo que não é prejudicial a sua utilização nos locais habitados. Este tipo de queimador tem grande aplicação por exemplo nos aquecedores. M.T5.05 Ut.02 Mecânico de Aparelhos de Gás 15
22 Funcionamento dos Aparelhos de Gás IEFP ISQ Grelha protectora Painel catalítico Difusor Câmara Ar secundário mistura ar gás Regulador ar primário Ar primário Injector GÁS Fig.II.2 - Queimador catalítico O funcionamento de um queimador infravermelho é similar à de um queimador atmosférico de chama azul, mas em vez de a chama se produzir na atmosfera, produz-se nas proximidades da superfície exterior de uns pequenos canais de uma placa cerâmica. Ao aquecer-se a placa ao rubro esta gera calor sob a forma de radiação (infravermelha). Reflector Placa cerâmica Ár secundário Mistura de gás Regulador de ár primário Ár primário Injector GÁS Fig.II.3 - Queimador infravermelhos 16 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.02
23 IEFP ISQ Funcionamento dos Aparelhos de Gás Coma a radiação infravermelha não se produz o aquecimento do ar mas apenas dos corpos ou objectos situados no seu campo de acção. É por isso especialmente indicado para o aquecimento em grandes espaços. Injectores Os injectores são dispositivos de admissão de gás ao queimador. Quando a secção de saída é invariável o injector diz-se calibrado e determina a potência calorífica do queimador. Fig.II.4 - Injectores Ao modificar o diâmetro do orifício do injector, vai haver alterações na potência do queimador e na qualidade e estabilidade da combustão. Os injectores têm como função: Realizar o efeito de Venturi, para que a admissão de ar primário seja em quantidade adequada; Controlar a quantidade de gás a fornecer ao queimador. Fig.II.5 - Esquema de um injector M.T5.05 Ut.02 Mecânico de Aparelhos de Gás 17
24 Funcionamento dos Aparelhos de Gás IEFP ISQ Funcionamento dos aparelhos a gás Aparelhos para confecção de alimentos Fazem parte deste grupo de aparelhos de uso doméstico para preparação de alimentos os aparelhos a seguir enumerados: Fogareiros; Fogões baixos; Fogões; Fornos; Grelhadores. Os Fogões são aparelhos de preparação de alimentos que assentam directamente no solo. Fig.II.6 - Aparelho para confecção de alimentos (fogão), parte frontal e parte traseira São compostos por: Uma mesa de trabalho com um ou mais queimadores; Um ou mais fornos com ou sem termostato; Eventualmente, um grelhador que pode ser de contacto ou radiante. 18 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.02
25 IEFP ISQ Funcionamento dos Aparelhos de Gás A Mesa de trabalho é parte de um aparelho para preparação de alimentos com um ou vários queimadores, cobertos ou descobertos, e concebida de modo a poder suportar recipientes que contêm alimentos. Fig.II.7 - Mesa de trabalho A figura seguinte mostra os componentes de uma mesa de trabalho. 1. Um conjunto de Queimadores 2. Colector de alimentação 3. Reguladores do ar primário 4. Torneiras 5. Manípulos de comando Fig.II.8 - Componentes de uma mesa de trabalho M.T5.05 Ut.02 Mecânico de Aparelhos de Gás 19
26 Funcionamento dos Aparelhos de Gás IEFP ISQ Na cabeça dos queimadores é onde se encontram os orifícios de saída da mistura ar / gás. A cabeça dos queimadores (com ou sem espalhadores) podem ter diversas formas. Estas formas dependem essencialmente da aplicação para a qual o queimador está destinado. Fig.II.9 - Queimadores e espalhadores Fig.II.10 - Queimador do forno e queimadores do fogão O colector de alimentação é o troço do tubo que tem início no porta-tubos. Está disposto de forma a conduzir o gás até aos dispositivos de comando de cada queimador. Fig.II.11 - Colector de alimentação 20 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.02
27 IEFP ISQ Funcionamento dos Aparelhos de Gás Os sistemas de regulação do ar primário mais frequentemente utilizados, são indicados de seguida. a ) Por brida b) Por disco roscado c) Por venturi regulável Fig.II.12 - Sistemas de regulação do ar primário As torneiras devem ser montadas de forma a nenhum deslocamento involuntário, em relação ao colector de alimentação, seja possível. Fig.II.13 - Torneira O manipulo de comando permite o comando exterior das torneiras. Fig.II14 - Manípulo de comando M.T5.05 Ut.02 Mecânico de Aparelhos de Gás 21
28 Funcionamento dos Aparelhos de Gás IEFP ISQ Os Fornos são compartimento fechado destinado à confecção de assados, pastelaria, etc. e os Grelhadores são aparelhos destinados à confecção de alimentos a seco ou grelhados, a temperatura elevada, quer por irradiação, quer por contacto directo. O conjunto forno - grelhador é composto por: Grelhador 8 9 Forno 10 Fig.II.15 - Conjunto forno - grelhador Legenda: 1. Manípulo de comando, 2. Torneira, 3. Termopar grelhador, 4. Tubo de alimentação do grelhador, 5. Regulador de ár primário do gerlhador, 6. Injector do grelhador, 7. Tubo de alimentação do forno, 8. Regulador de ar primário do forno, 9. injector do forno, 10. Termopar forno. 22 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.02
29 IEFP ISQ Funcionamento dos Aparelhos de Gás A torneira do forno e do grelhador contem uma electroválvula, a qual estão incorporados 2 termopares. Um ligado ao queimador do forno e outro ao queimador do grelhador, desta forma, o sistema de segurança com o termopar e electroválvula, permite que, no caso da chama do queimador do forno ou do grelhador se apagar acidentalmente ou por qualquer outro motivo, o abastecimento de gás seja automaticamente cortado. O grelhador é instalado na parte superior do forno e normalmente constituído por uma gambiarra. O comando do grelhador e do forno é o mesmo, quer isto dizer que, se ligarmos o forno num sentido o grelhador será ligado num sentido inverso, para evitar o funcionamento em simultâneo dos dois queimadores. Para além dos fogões domésticos, existem também os fogões industriais, grelhadores, chapas e outros, que aplicam o mesmo principio de funcionamento. Fig.II.16 - Aparelhos de cozinha industriais Tipos de queimadores Caudal Nominal para todos os Tipos de Gás (m3/h) Tipo de Queimador em relação ao Poder Calorífico Superior em relação ao Poder Calorífico Inferior Queimadores auxiliares 0,23 < 1,16 0,21 < 1,05 Queimadores principais - semi-rápido - rápido - ultra-rápido 1,16 < 2,3 2,3 < 3,5 3,5 1,05 < 2,09 2,09 < 3,14 3,14 Quadro II.1 - Tipos de Queimadores M.T5.05 Ut.02 Mecânico de Aparelhos de Gás 23
30 Funcionamento dos Aparelhos de Gás IEFP ISQ APARELHOS DE PRODUÇÃO DE ÁGUA QUENTE Pertencem a este tipo de aparelhos: Esquentadores Caldeiras Termoacumuladores Esquentadores Estes aparelhos são essencialmente compostos por: Frente Costas Unidade de ignição Automático de água Automático de gás Queimadores Câmara de combustão Chaminé A frente é constituída por uma chapa de aço zincado, e faz a cobertura dos órgãos do aparelho. As costas não são mais que um perfil pré-fabricado em chapa de aço, que suporta os diversos componentes do aparelho. Assegura também a fixação do aparelho à parede. 24 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.02
31 IEFP ISQ Funcionamento dos Aparelhos de Gás Fig.II.17 - Frente e costas de um esquentador O automático de água está dividido em 2 câmaras por uma membrana de borracha. Existe um veio que é actuado pelo movimento dessa membrana e que na sua posição superior, abre as válvulas do automático de gás, permitindo assim a presença do gás para o queimador principal. Fig.II.18 - Automático de água M.T5.05 Ut.02 Mecânico de Aparelhos de Gás 25
32 Funcionamento dos Aparelhos de Gás IEFP ISQ O automático de água é composto pelos seguintes elementos: Selector de água (1) Caixa (2,3,4,7) Membrana (5) Selector de temperatura (8) Parafusos (9) Fig.II.19 - Automático de água desmontado A Membrana ou diafragma é construída em silicone, tem como finalidade a separação da câmara superior e inferior do automático de água. O seu movimento provoca o accionamento de um veio que na sua posição superior, abre as válvulas do automático de gás. No seu estado de repouso é mantida na sua posição inferior pela acção de uma mola. Fig.II.20 - Membrana 26 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.02
33 IEFP ISQ Funcionamento dos Aparelhos de Gás Venturi Quando se abre a torneira de água quente, a água que sai passa pelo esquentador através da câmara inferior do automático de água e através do Venturi, peça que tem uma forma especial e que produz uma depressão na câmara superior. Essa depressão provoca pressões diferentes, sendo a da câmara inferior maior que a superior. O resultado dessa diferença de pressão é o suficiente para vencer a força das molas e assim actuar a válvula do automático de gás. O regulador do caudal é responsável pela quantidade de água no aparelho. É um elemento importante, pois permite a manutenção de um determinado caudal, mesmo que varie a pressão de entrada de água (dentro de determinados limites), mantendo assim o esquentador em funcionamento. O selector de temperatura funciona pela acção de uma válvula que permite, quando aberta fazer passar mais água sem ser através do venturi. Assim quando passa mais água e se queima a mesma quantidade de gás (esquentador convencional), esta sai mais fria, sendo, portanto, uma das formas de controlar a temperatura de saída. O automático de gás é responsável pelo controlo do gás, a ele compete fazer a abertura da válvula de gás que é provocada pelo movimento ascendente do veio de água. M.T5.05 Ut.02 Mecânico de Aparelhos de Gás 27
34 Funcionamento dos Aparelhos de Gás IEFP ISQ O automático de gás num esquentador é composto por: Junta (1) Mola (2) Prato de válvula (3) Veio (4) Caixa do automático de gás (5) Electroválvula (6) Fig.II.21 - Automático de gás desmontado Os queimadores de um esquentador, são constituídos por. Tubo de gás do piloto Queimador piloto Cachimbo Barra de injectores 28 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.02
35 IEFP ISQ Funcionamento dos Aparelhos de Gás O queimador piloto tem como funções provocar a ignição do gás quando este sai pelo queimador e servir como elemento de segurança. Este elemento é constituído por um pequeno queimador que pode ter ou não ar primário e que está permanentemente aceso (no caso dos aparelhos com chama piloto). Fig.II.22 - Queimador piloto O cachimbo serve de suporte ao queimador principal e também faz de tampa do automático de gás. O queimador principal é fabricado em aço especial, sendo concebido de um modo a permitir a sua fácil conversão para qualquer tipo de gás. É do tipo chama azul, constituído por diversas unidades de queima, sendo a mistura de gás com o ar primário efectuada junto aos injectores. Essa mistura é conduzida através de uma conduta ao longo de uma chapa perfurada, de um modo a obter uma chama. A barra de injectores é o elemento responsável pela regulação da potência do queimador. Tem um orifício que fixa o caudal de gás em função da pressão de serviço. Fig.II.23 - Queimador principal M.T5.05 Ut.02 Mecânico de Aparelhos de Gás 29
36 Funcionamento dos Aparelhos de Gás IEFP ISQ A câmara de combustão é composta por um permutador de calor, uma saia e uma serpentina, que são geralmente construídas em cobre. Fig.II.24 - Câmara de combustão A chaminé é provida de deflectores que garantem a correcta evacuação dos gases. Desta forma é mantido o ar limpo no local onde se encontram instalados os aparelhos. Fig.II.25 - Chaminé Os deflectores têm uma forma que, em caso de haver uma corrente descendente pela chaminé provocada pelo vento ou outra razão, o queimador não é afectado. 30 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.02
37 IEFP ISQ Funcionamento dos Aparelhos de Gás Situação Correcta de Evacuação Retorno de gases Fig.II.26 - Evacuação dos gases da combustão Os esquentadores convencionais (não inteligentes) têm um funcionamento muito simples baseado em princípios mecânicos. 1. Tubo de gás piloto 2. Vela de ignição 3. Termoelemento 4. Câmara de combustão 5. Queimador príncipal 6. Injector 7. Prafuso para medição da pressão 8. Filtro de gás piloto 9. Válvula de fecho 10. Válvula electromagnética 11. Filtro de gás 12. Válvula de ignição lenta 13. Venturi 14. Tubo de entrada de gás 15. Automático de água 16. Selector de temperatura 17. Regulador do caudal de água 18. Filtro 19. Membrana 20. Entrada de água fria 21. Saída de água quente (flexível) 22. Tecla do piezo 23. Selector de potência 24. Tecla para acender o piloto 25. Prato da válvula 26. Válvula de gás piloto 27. Injector do gás piloto 28. Válvula de gás príncipal 29. Anilha de estrangulamentos 30. Dispositivo de controlo dos gases de combustão 31. Bica de tiragem directa 32. Torneira de água quente 33. Torneira de água fria Água Gás Fig.II.27 - Esquema do funcionamento do esquentador convencional M.T5.05 Ut.02 Mecânico de Aparelhos de Gás 31
38 Funcionamento dos Aparelhos de Gás IEFP ISQ A electroválvula é o elemento responsável pela interrupção da passagem do gás aos queimadores e ao piloto, no caso de extinção da chama. Quando o piloto está apagado, a diferença de potencial entre os extremos do termopar é nula. Deste modo a electroválvula encontra-se em repouso, e bloqueia a passagem do gás para os queimadores e para o piloto. Quando se pretende ligar o esquentador, vai-se exercer uma pressão num dispositivo, empurrando-o com a mão. Esta pressão vai fazer com que a força da electroválvula seja vencida, permitindo a passagem de gás para o piloto; provoca-se a ignição deste carregando no piezo. A chama do piloto ao incidir directamente sobre o termopar, provoca uma corrente eléctrica suficiente para alimentar a electroválvula e assim, mante-la aberta, o que permite deixar de pressionar o manípulo. Ao ligar a torneira de água quente, dá-se o movimento ascendente do veio, provocando a abertura do prato da válvula, permitindo assim a passagem de gás para o queimador principal e a sua consequente ignição. Quando o piloto se apaga, a corrente eléctrica produzida vai diminuindo devido ao arrefecimento do termopar, até que já não seja suficiente para alimentar a electroválvula, e assim esta fecha-se. O prato de válvula, permite a passagem do gás para o queimador principal. É um elemento a ter em atenção no momento da conversão do aparelho. Os esquentadores inteligentes tem um funcionamento ligeiramente distinto, logo com alguns componentes distintos, como a unidade de ignição e a válvula de membrana. 1. Queimador piloto 2. Vela de ignição 3. Sonda de ionização 4. Câmara de combustão 5. Queimador príncipal 6. Injector 7. Parafuso p/ medição da pressão 8. Hidrogerador 9. Anilha de estrangulamento 10. Válvula de gás 11. Válvula de membrana 12. Válvula piloto 13. Válvula servo 14. Válvula de ignição lenta 15. Venturi 16. Tubo de entrada de gás 17. Automático de água 18. Cone de comando 19. Selector de temperatura 20. Interruptor 21. Regulador do caudal de água 22. Filtro de água 23. Membrana 24. Tubo de água fria 25. Tubo de água quente 26. Unidade de ignição 27. Válvula de gás príncipal 28. Tubo de gás piloto 29. Limitador de temperatura 30. Dispositivo de controlo dos gases de combustão 31. Parafuso de regulação Fig.II.28 - Esquema do funcionamento do esquentador inteligente 32 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.02
39 IEFP ISQ Funcionamento dos Aparelhos de Gás Na unidade de ignição são recebidos e processados todos os sinais enviados por alguns dos elementos do esquentador. Ao abrir a torneira da água quente, o micro-interruptor é activado, enviando um sinal à unidade de ignição. Esta por sua vez acciona a vela de ignição, fazendo saltar a faísca junto do queimador piloto; a energia necessária à faísca é fornecida pelas baterias. De seguida, é dada ordem para a válvula do piloto abrir possibilitando assim a passagem do gás para o piloto. Com a chama do piloto a incidir sobre a sonda de ionização, origina-se uma corrente de ionização que chega até à unidade de ignição que por sua vez emite um sinal para a válvula servo fechar. Fig.II.29 - Sonda de ionização No caso da evacuação dos produtos da combustão não estar a ser feita correctamente, o dispositivo de controlo dos gases envia um sinal à unidade de ignição e esta emite um sinal de modo a bloquear a passagem de gás para os queimadores. A unidade de ignição é composta por. Caixa de baterias Circuito de ignição Micro-interruptor Dispositivo de controlo dos gases O circuito de ignição é responsável pela ignição do gás ao queimador do piloto. Uma vez que, ao abrir a água quente o circuito é ligado, e faz saltar uma faísca junto ao queimador. Micro-interruptor Ao abrir a torneira de água quente, o automático de água acciona o micro-interruptor, que dá um sinal ao circuito eléctrico, provocando a ignição da vela e simultaneamente, abrindo a válvula do piloto inflamando o gás. M.T5.05 Ut.02 Mecânico de Aparelhos de Gás 33
40 Funcionamento dos Aparelhos de Gás IEFP ISQ Válvula de membrana O princípio em que se baseia a segurança do esquentador é o de que se não houver chama no queimador piloto, então deve-se cortar a chegada do gás ao automático de gás e, assim evitar que este saia pelo queimador principal sem ser queimado. Se existir chama no queimador piloto, então quando o gás chegar ao queimador principal efectua-se a sua imediata ignição. Fig.II.30 - Válvula de membrana O funcionamento da válvula de membrana resume-se a três situações: 1 Quando o aparelho se encontra desligado, a válvula do piloto encontra-se fechada, enquanto a válvula servo está aberta, ou seja, não existe passagem de gás para o piloto. 2 Quando a água de saída do aparelho (água quente) é aberta, dá-se início à passagem de gás, que se encontra na válvula de membrana para o piloto. Nesta situação ambas as válvulas se encontram abertas. 3 Quando o queimador principal está ligado, a válvula servo fecha, continuando a válvula piloto aberta. Existem, no mercado, esquentadores com várias potências, como por exemplo: DESIGNAÇÃO POTÊNCIA ÚTIL KW CONSUMO DE GÁS m 3 (st)/h GÁS NATURAL PCS Kcal/m 3 GÁS PROPANO PCS Kcal/m 3 Esquentador 19,2 (11 l) 2,3 1,7 24,4 (14 l) 2,9 2,2 31 (17 l) 3,7 2,75 34 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.02
41 IEFP ISQ Funcionamento dos Aparelhos de Gás Caldeiras As caldeiras à semelhança dos esquentadores são aparelhos que são utilizados para o aquecimento de água. Contudo, as caldeiras podem fazer o aquecimento de águas sanitárias e aquecimento de água para o aquecimento central. Fig.II.31 - Caldeira mural para produção de águas quentes sanitárias e também para circuito de aquecimento central e caldeira de chão. A instalação individual para aquecimento central a gás, permite alcançar e manter a temperatura seleccionada no interior de uma habitação ou local comercial com total independência da existente no exterior. A caldeira a gás é, como gerador de calor, o principal componente de um crescente numero de aquecimentos centrais, e pode também fornecer águas sanitárias. As caldeiras simples, fornecem calor à água de aquecimento e enviam-na, através do circuito de distribuição, aos radiadores e a outros emissores de calor. Fig.II.32 - Radiadores Estas caldeiras, transmitem instantaneamente à água de aquecimento, o calor gerado na combustão, quando esta passa pelo seu permutador de calor. Mediante a sua bomba de circulação e através da tubagem de distribuição, a água portadora de calor, é impulsionada até aos radiadores ou outros emissores de calor. O controlo termostático das caldeiras assegura o seu funcionamento automático. M.T5.05 Ut.02 Mecânico de Aparelhos de Gás 35
42 Funcionamento dos Aparelhos de Gás IEFP ISQ As caldeiras mistas de produção de águas sanitárias instantâneas têm dois circuitos de água separados. Um de água de aquecimento e outro de águas sanitárias. Se se abre uma torneira de água quente, a água de aquecimento cede o seu lugar à água sanitária, aquecendo-a no instante em que passa pelo permutador de calor. Gás Retorno Água fria Águas de água sanitárias de aquecimento Saída de águas de aquecimento Fig.II.33 - Esquema de funcionamento das caldeiras mistas 36 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.02
43 IEFP ISQ Funcionamento dos Aparelhos de Gás Dentro destas temos as de produção instantânea de água e as caldeiras com acumulador. As mistas com cumulador, impulsionam a água de aquecimento, através de uma serpentina, que está banhada pela água sanitária contida num acumulador. Ali a água de aquecimento cede o seu calor à água sanitária, mantendo-a apta para utilização. Gás Retorno de água de aquecimento Saída de água de aquecimento Água fria Águas sanitárias Fig.II.34 - Esquema de funcionamento das caldeiras mistas com acumulador M.T5.05 Ut.02 Mecânico de Aparelhos de Gás 37
44 Funcionamento dos Aparelhos de Gás IEFP ISQ Dentro da caldeira ou acoplados a ela podem encontrar-se acumuladores até 60 litros. Os de maior capacidade (até 300 litros), colocam-se não longe da caldeira e ligados a esta. Fig.II.35 - Caldeira mural com acumulador Fig.II.36 - Acumuladores de água quente sanitária Um século de experiência de desenho e construção de aparelhos de aquecimento instantâneo de água e a consciência da sua responsabilidade para com os utilizadores, no uso racional da energia e na preservação do meio ambiente, levaram os fabricantes de caldeiras convencionais a gás, tornar possível que estas alcancem rendimentos próximos dos 90%. Existem também as chamadas caldeiras de condensação. Estas caldeiras de alto rendimento são de concepção muito distinta das caldeiras convencionais. Funcionam com pré-mistura estequiométrica ar-gás, e tiragem forçada. Extraem aos produtos da combustão, o calor latente do vapor de água gerado na combustão do gás, e alcançam assim rendimentos superiores a 100% do poder calorífico inferior do combustível. 38 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.02
45 IEFP ISQ Funcionamento dos Aparelhos de Gás Termoacumuladores A instalação de um termoacumulador a gás, para aquecimento de água quente sanitária, tem a função de armazenar, aquecer e manter quente um volume de água suficiente para abastecer abundantemente e em simultâneo vários pontos de utilização. O seu âmbito de aplicação são as instalações com elevados débitos momentâneos de água quente sanitária, como habitações com duas ou mais casas de banho, onde é frequente a simultaneidade de uso, tais como cabeleireiros, cafés, restaurantes, ginásios, etc.. Uma vez em serviço e com a temperatura pretendida seleccionada, o termoacumulador vai accionar o queimador, sempre que a temperatura da água se encontre abaixo do pretendido. O calor gerado pela combustão do gás, transmite-se à água através das paredes da câmara de combustão e da conduta/ permutadora de calor. Quando o sensor de temperatura assinala que a temperatura desejada foi alcançada, a válvula termostática apaga o queimador, permanecendo acesa a chama piloto para acender de novo o queimador. Quando se abre uma torneira, a pressão da rede de abastecimento, impulsiona a água, de modo que esta entre pela parte inferior do acumulador. Cada vez que entra água fria, desce a temperatura dentro da cuba e o queimador liga-se automaticamente, até que a água alcance de novo a temperatura desejada. Os gases queimados (dióxido de carbono e vapor de água), após subir pela conduta/ permutadora, são expulsos para o exterior através de uma chaminé. De seguida pode-se ver o esquema do funcionamento de um termoacumulador. Chaminé Entrada de água fria Envolvente exterior Isolante térmico Cuba de aço esmaltado e vitrificado Câmara de combustão Queimador atmosférico Ligação à conduta de evacuação Saída de água quente sanitária Ânudo de protecção contra a corrosão Conduta permutadora de calor Termostato Válvula de gás Entrada de gás Entrada de ar para a combustão Fig.II.37 - Esquema do funcionamento de um termoacumulador M.T5.05 Ut.02 Mecânico de Aparelhos de Gás 39
46 Funcionamento dos Aparelhos de Gás IEFP ISQ Outros dispositivos utilizados nos aparelhos a gás Dispositivos de segurança Dispositivos de acendimento Dispositivos de corte Dispositivos de regulação Dispositivos de segurança São dispositivos destinados a interromper o acesso do gás aos queimadores no caso de a chama por qualquer razão se apagar. Lâmina bimetálica Este dispositivo baseia-se no princípio de que juntando duas lâminas de metais distintos, consolidadas entre si, com coeficientes de dilatação diferentes, ao serem aquecidas, como não têm o mesmo coeficiente de dilatação, dobram para o lado do metal que dilate menos (elemento passivo). lâminas Separadas À TEMPERATURA AMBIENTE Elemento passivo dilatação mínima Elemento activo dilatação máxima AO AQUECER lâminas Solidárias LÂMINAS BIMETÁLICAS AO AQUECER À TEMPERATURA AMBIENTE Fig.II.38 - Princípio de funcionamento das lâminas bimetálicas Ao ser aquecida pela chama do pavio a lâmina dobra empurrando o êmbolo da válvula de admissão de gás ao queimador, abrindo-a. Quando o pavio se apaga a lâmina retorna à sua posição inicial, deixando de empurrar o êmbolo da válvula de segurança e esta corta a passagem de gás ao queimador. 40 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.02
47 IEFP ISQ Funcionamento dos Aparelhos de Gás Pavio apagado Lâmina bimetálica Chama do pavio Lâmina bimetálica quente ao queimador Mola Gás Válvula de segurança Gás PAVIO APAGADO PAVIO ACESO Fig.II.39 - Modo de actuação das lâminas bimetálicas Termopar Este dispositivo de segurança baseia-se no princípio de que se tivermos dois metais com propriedades condutores diferentes unidos por um fio que também seja um bom condutor eléctrico, ao aquecermos um desses metais, vai gerar-se entre as duas extremidades uma corrente eléctrica. Elemento A Soldadura fria Pavio Soldadura quente Consumidor de corrente Elemento B Soldadura quente Fig.II.40 - Principio de funcionamento do termopar Ao acender o esquentador actua-se normalmente sobre a válvula de passagem de gás e ao mesmo tempo também sobre o isqueiro do aparelho, implantando deste modo a chama do pavio. Esta por sua vez, aquece a extremidade do termopar provocando uma corrente eléctrica que vai prender a válvula (electroválvula), e dar continuidade à passagem de gás para os queimadores. Pelo contrário, assim que se extingue a chama do pavio, deixa de haver corrente eléctrica na electroválvula e esta fecha, cortando assim, a passagem do gás por completo. M.T5.05 Ut.02 Mecânico de Aparelhos de Gás 41
48 Funcionamento dos Aparelhos de Gás IEFP ISQ Posição desligado Posição de acendimento manual Posição de funcionamento Fig.II.41 - Principio de funcionamento termopar / electroválvula Sonda de Ionização Trata-se de um dispositivo que contem alguma sofisticação, por isso mesmo, aparece geralmente associado a aparelhos do tipo esquentador Inteligente. Este dispositivo é constituído geralmente por um filete metálico orientado sobre o queimador (Fig. 29), e ligado ao circuito integrado que faz a gestão do aparelho. Este dispositivo detecta a presença de calor na câmara de combustão, e quando deixa de detectar esse calor, transmite essa informação ao circuito integrado, e este efectua o corte do gás aos queimadores. Sonda de Viciação Atmosférica Este dispositivo detecta níveis elevados de dióxido de carbono (CO 2 ) e/ou monóxido de carbono (CO). Este dispositivo é muito vulgar não só em esquentadores mas também em aquecedores a gás. Sonda de Ultra Violetas Este dispositivo, detector de chama, é constituído, essencialmente, por uma ampola de vidro contendo um gás e dois eléctrodos. Quando as radiações ultravioletas emitidas pela chama incidem na ampola, o gás ioniza-se fechando o circuito eléctrico entre os eléctrodos. Pelo contrário quando deixa de haver combustão o circuito é interrompido e dá-se o corte do gás. Interruptor térmico Em caso de má evacuação dos gases da combustão e consequente retorno, vai haver um aumento de temperatura junto a saída da câmara de combustão. Quando tal acontece o interruptor térmico vai actuar na electroválvula, fazendo o corte do gás. 42 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.02
49 IEFP ISQ Funcionamento dos Aparelhos de Gás Dispositivo de acendimento Estes dispositivos destinam-se a inflamar o gás colocando o aparelho em funcionamento. Acendimento por resistência eléctrica A resistência eléctrica é colocada à saída do pavio ou no caso de este não existir, à saída do queimador. O princípio de funcionamento é simples, a resistência eléctrica aquece, e o gás ao passar através dela inflama- -se. Estas resistências trabalham com tensões de 6 a 12 Volt. Sistema de acendimento piezoeléctrico Sistema que funciona por percussão, isto é, ao dar-se um pequeno choque num cristal, este produz uma corrente eléctrica de grande voltagem que provoca uma faísca. Este dispositivo é colocado à saída do pavio, ou no caso deste não existir, à saída do queimador, sendo a faísca produzida à frente da inflamação do gás. 3 mm Fig.II.42 - Sistema de acendimento piezoeléctrico Dispositivos de corte Estes dispositivos não pertencem ao aparelho propriamente dito, são dispositivos pertencentes à rede, e são conhecidos como Válvulas de Corte Rápido. Estes dispositivos destinam-se a efectuar o corte manual do gás ao aparelho. Os mesmos são também designados como válvulas de ¼ de volta. Existem também dois tipos de válvulas consoante a forma do corpo da válvula. M.T5.05 Ut.02 Mecânico de Aparelhos de Gás 43
50 Funcionamento dos Aparelhos de Gás IEFP ISQ Válvulas de macho cónico Em que o corpo da válvula tem a forma cónica. Fig.43 - Válvula de macho cónico Válvulas de macho esférico Em que o corpo da válvula tem forma esférica. Fig.II.44 - Válvula de macho esférico Temos na figura seguinte uma válvula de esférico na posição aberta e fechada. O corpo destas válvulas roda numa camada de teflon o que assegura a sua estanquidade. Posição fechada Posição Aberta Fig.II.45 - Válvula de macho esférico 44 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.02
51 IEFP ISQ Funcionamento dos Aparelhos de Gás Dispositivo de Regulação Estão incluídas nesta categoria: Torneiras dos queimadores dos fogões; Dispositivos de regulação dos esquentadores de potência variável (válvula de regulação do caudal de gás que o aparelho consome); Termóstatos para regulação de temperatura em caldeiras que produzam água quente para aquecimento central. Este tipo de dispositivos destinam-se a regular a potência dos aparelhos assim como a forma de funcionamento dos aparelhos. AVARIAS POSSÍVEIS DOS DISPOSITIVOS E APARELHOS A GÁS Avarias possíveis dos dispositivos de segurança Termoeléctricos: Avaria observada no aparelho Causas possíveis Formas de corrigir O dispositivo de termopar não funciona ou funciona mal O termopar está avariado ou mal apertado no corpo Há formação de depósitos de carvão na ponta do termopar. Substituir ou enroscar melhor. Nunca curvar o termopar em curvas apertadas; o fio interior é fácil de partir. Limpar. A ponta do termopar está mal colocada em relação à chama do pavio ou do queimador. Corrigir a posição do termopar. Esta deve ficar apenas ligeiramente mergulhada na chama. O queimador continua aceso após o dispositivo ter actuado A sede da vedação está ofendida, definida ou suja Há prisão na agulha do dispositivo Desmontar, limpar, substituir ou rectificar consoante o caso Desmontar, lubrificar ou desempenar, conforme os casos M.T5.05 Ut.02 Mecânico de Aparelhos de Gás 45
52 Funcionamento dos Aparelhos de Gás IEFP ISQ Avarias possíveis dos dispositivos de segurança contra a viciação atmosférica Avaria Observada no Aparelho Causas Possíveis Formas de Corrigir O dispositivo não acende, mesmo ao ar livre O dispositivo acende, mas apaga-se rapidamente A atmosfera está muito pesada e o dispositivo não apaga Injector entupido Chama mal colocada em relação ao termopar A atmosfera está muito viciada O dispositivo foi mal montado na fábrica A chaminé está obstruída com cinza e cabeças de fósforos O dispositivo não funciona porque já foi antes alterado, em relação à afinação de fábrica A ponta do termopar está muito em cima da chaminé e evita assim que a chama descole Limpar com jacto de ar comprimido. Nunca usar mandril ou agulhas para este fim. Montar na posição exacta todas as peças que desmontou. mesmo ao ar livre Corrigir a posição do termopar. Este deve ficar apenas ligeiramente mergulhado na chama. Muito afastado não faz ligação. Muito mergulhado perturba o funcionamento do queimador e pode dar lugar a rápida formação de depósitos de carvão. Arejar o compartimento Não mexer. Trocar o dispositivo por outro novo. Só pode ser regulado na fábrica. Limpar, sem alterar as posições relativas das diversas peças. Isto acontece, em especial, nos dispositivos em que a chaminé é, por montagem, vertical. Esta avaria só pode ser solucionada na fábrica ou em laboratório. Trocar por um novo. Desapertar o termopar e recuar a ponta até esta ficar apenas a roçar a chama do pavio. 46 Mecânico de Aparelhos de Gás M.T5.05 Ut.02
53 IEFP ISQ Funcionamento dos Aparelhos de Gás Avarias possíveis dos fogões Avaria Observada no Aparelho Causas Possíveis Formas de Corrigir Cheiro a gás com as torneiras do aparelho fechadas Chamas amarelas Chamas a deslocar Fuga entre o tubo de borracha e o porta - tubos do redutor ou da válvula de corte Fuga de gás na rosca do porta - tubos Porta - tubos fléxiveis estalado Fuga na junta da torneira com o colector de alimentação Fuga pelo macho da torneira Redutor com fuga pela junta da tampa ou pelo furo de respiração Entradas de ar primário Gás em excesso Descentramento do injector em relação ao misturador do queimador Excesso primário Apertar a braçadeira, se estiver desapertada. Se a ponta do tubo estiver em mau estado, cortar a mesma Se o tubo já está esticado deve-se substituir Desmontar o porta-tubos e, se as roscas não apresentarem defeitos, tornar a montar aplicando como vedante fita de teflon, massa de litargírio com glicerina, locktite ou araldite Substituir por outro novo Desmontar a torneira e fazer como indicado na 2ª alínea Desmontar o macho; se não apresentar defeitos, lubrifica com massa grafitada ou silicones. Se o macho apresentar riscos ou outros defeitos parecidos,substituir a torneira Substituir o redutor e devolver o avariado para a companhia, anotando o defeito encontrado Limpar, ou afinar o respectivo regulador de ar primário Se, com o regulador de ar primário todo aberto, persistirem as chamas amarelas deve verificar-se o injector Centrar o conjunto Fechar o respectivo regulador até ao ponto conveniente M.T5.05 Ut.02 Mecânico de Aparelhos de Gás 47
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