GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA DA ESCOLA PÚBLICA: QUEM SÃO OS ATORES
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1 GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA DA ESCOLA PÚBLICA: QUEM SÃO OS ATORES Iêda Carla Caus Sant ana* RESUMO Este artigo aborda a participação e envolvimento de todos os indivíduos que participam e devem participar de um modelo de escola democrática e participativa, onde os atores deste contexto atuem de forma que a escola abrace a educação no sentido de desenvolver as habilidades e competências de seus alunos como um ato de amor e solidariedade construída dia-a-dia, com o objetivo de melhorar a qualidade socioeducacional da escola e consequentemente de todos os atores. Palavras-chave: Escola Democrática e Participativa; Atores; Qualidade Socioeducacional. *Licenciada em Pedagogia Faculdade FETREMIS RS carlacaus@gmail.com
2 1 1 INTRODUÇÃO: A realidade atual da educação pública no Brasil, não difere de décadas atrás, um ensino decadente e desarticulado, destoante da época globalizada em que vivemos, pedindo socorro por mudanças. Não se pode mais fechar os olhos para esta realidade, precisamos estender as mãos urgentemente e juntar os esforços dos atores deste cenário: governo, sociedade, família e toda a comunidade escolar. A CF de 1988, em seu Capitulo III, Seção I, Artigos 205 a 214 tratam especificamente do direito à educação. O Artigo 205 determina que: A educação, direito de todos e dever do estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Alinhado a esta determinação, a LDB nº de 1996 em seu Artigo 1º determina: A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. As afirmativas que a CF e a LDB preconiza, realmente estão sendo realizadas de forma satisfatória? Ou melhor, estão sendo realizadas pelos atores deste cenário de forma concreta e participativa? Aqui nos cabe uma reflexão: Será que o estado, a família, a sociedade e a escola estão desempenhando seus papéis de protagonistas com os devidos méritos que o enredo merece, ou simplesmente estão participando como coadjuvantes que não precisam ser reconhecidos? Ao refletir tal propositura, podemos concluir que muito ainda falta para estes atores desempenharem seus papéis de forma a alcançar o mérito e o reconhecimento de suas ações e de seus trabalhos. Entendido o papel de cada um dentro do cenário socioeducacional, a escola deve ressaltar a educação para o pensar, levando o aluno a ter maior compreensão de seu cotidiano, de suas ações, da capacidade de tomar decisões e estar mais apto ao convívio social, a fim de que possa exercer sua cidadania com ética e dignidade, com o pensamento voltado para o amor, à fraternidade e a solidariedade.
3 2 Queremos uma escola que descubra potencialidades, que exercite talentos na direção da criatividade, da criticidade, deixando de lado à velha escola da memorização, do enciclopedismo, do conhecimento pronto e acabado. Precisamos fazer com que nossos jovens queiram aprender, e este querer aprender é uma das tarefas da escola, através de suas metodologias e didáticas, devendo sim, ser estimulados pela família e toda a comunidade em que esta inserido. Não há dúvidas de que a escola de hoje, pouco ou nada tem feito para tornar o ensino prazeroso, condição mais que necessária para o interesse do aluno, entretanto, não dependente exclusivamente dela, o gostar de aprender é um valor cultural que precisa ser permanentemente cultivado. 2 GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA DA ESCOLA PÚBLICA: O conceito de gestão escolar foi criado para superar um possível enfoque limitado do termo administração escolar. Foi constituído a partir dos movimentos de abertura política do país, que começaram a promover novos conceitos e valores, associados, sobretudo à ideia de autonomia escolar, à participação da sociedade e da comunidade, à criação de escolas comunitárias, cooperativas e associativas e ao fomento às associações de pais. Assim, no âmbito da gestão escolar, o estabelecimento de ensino passou a ser entendido como um sistema aberto, com uma cultura e identidade própria, capaz de reagir com eficácia às solicitações dos contextos locais em que se inserem. A definição de democracia segundo o dicionário prático da pedagogia, quer dizer que é um sistema de governo onde o ser humano, perante a lei, tem o direito de participar das tomadas de decisões por meio da igualdade, independendo da cor, raça ou crença. (2011) De acordo com Cury (2007, p.486): Essa igualdade pretende que todos os membros da sociedade tenham iguais condições de acesso aos bens trazidos pelo conhecimento, de tal maneira que possam participar em termos de escolha ou mesmo de concorrência no que uma sociedade considera como significativo e onde tais membros possam ser bem sucedidos e reconhecidos como iguais. Mesmo que a igualdade de resultados não possa ser assegurada a priori, seria odioso e discriminatório conferir ao conhecimento uma destinação social prévia.
4 3 A gestão escolar democrática não pode restringir-se apenas no seu interior, mas, envolver principalmente todos os atores, de modo que possam produzir efeitos que vão além dos muros da escola, fazendo com que toda a comunidade em que ela esta inserida participe e interaja com os acontecimentos que ela proporciona. A escola deve ser um local que esteja sempre de portas abertas, deve usar uma linguagem que os pais compreendam para assim se sentirem mais confiantes, estabelecendo um diálogo franco, claro e mútuo, para que ocorra a troca de saberes. A participação dos pais gera de forma imediata concordância e até mesmo entusiasmo, pois parece correta porque se baseia na obrigação natural, e é desejável para aumentar a participação democrática e o aproveitamento escolar, por isso é necessário à família e a escola terem culturas próximas. Neste sentido Tiba (1996, p.140), afirmou: O ambiente escolar dever ser de uma instituição que complete o ambiente familiar do educando, os quais devem ser agradáveis e geradores de afeto. Os pais e a escola devem ter princípios muito próximos para o benefício do filho/aluno. Uns dos caminhos que a escola deve usar para incentivar e promover a participação da família e da comunidade é na construção e efetivação do PPP (Projeto Político Pedagógico), sensibilizando-os sobre as necessidades do projeto, pois é necessário que eles entendam a proposta, para se verem como parte indispensável deste processo. A reflexão coletiva é importante e necessária, a fim de se estabelecer compromisso de todos, com um instrumento de participação efetiva e democrática. Ao construí-lo em processo democrático, busca-se instaurar uma forma de organização do trabalho pedagógico que supere os conflitos entre escola - família, pois a família vai conhecer a proposta da escola. Mudanças começam a partir dos processos políticos na participação e decisão na escola através do colegiado e da gestão democrática. Lück (2000, p.37), afirma que a liderança participativa é uma estratégia empregada para aperfeiçoar a qualidade educacional.
5 4 A gestão democrática da educação consiste na transparência, envolvimento, autonomia e liderança de um trabalho coletivo, onde, a direção seja dinâmica, comprometida e motivadora para que possa arrebanhar todos os envolvidos no processo educacional, lembrando que conforme a LDB 9.394, Art. 64, o gestor precisa estar capacitado profissionalmente para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional [ ]. Desse modo, a participação requer formas de trabalho que atenda as necessidades comuns dos atores envolvidos, sejam eles alunos, pais, funcionários da escola, corpo docente e comunidade. Com essa democratização, onde cada grupo assume um papel, assumem compromissos e responsabilidades, passando aos alunos, desde séries iniciais, conceito de democracia e noções de política, assuntos os quais eles participarão futuramente. O aluno, desde cedo, amplia sua concepção de cidadania através das práticas de democracia. De acordo com Vieira (2001), com as mudanças na gestão, no que se refere à escola, [...], antes território quase exclusivo de professores, diretores, funcionários e alunos, passa a compartilhar seu espaço com outros atores pais, membros da comunidade, amigos da escola, [...] (P. 23). Os sistemas de ensino devem assegurar as unidades escolares autonomia pedagógicas, administrativa e de gestão financeira, sendo estes princípios defendidos na CF de 1998 e reforçada na LDB de 1996 em seus artigos 3º, 14 e 15, que determinam: Art. 3º- O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: [ ] VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; Art Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público Na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
6 5 Art Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público. (BRASIL, 1996). A gestão baseada nos princípios de democracia e participação pressupõe a existência de um líder cujo conhecimento e perfil favoreça o aprimoramento da escola, além do que cabe a ele a tarefa de difundir tal postura e formar um grupo de trabalho comprometido com o bom desempenho da instituição no seu todo. Cabe ao diretor valer-se de uma postura condizente com a proposta da instituição, da qual parta coerência entre discurso e prática segurança etc. além de outros requisitos, tais como: tenha criatividade; perceba o macro; saiba trabalhar em equipe; seja ágil na resolução de conflitos e se comunique com eficiência. (LARANJEIRA, 2008, p. 242). Vale ressaltar que o Diretor Escolar hoje não atua mais sozinho, o Conselho Escolar é composto pelo Gestor, por representante dos professores, dos alunos, dos pais de alunos e da comunidade, com a responsabilidade de auxiliar o gestor na tomada de decisões e tomar conhecimento e dar ciência de como esta sendo utilizada a verba em dinheiro que vem para a escola pelo PDDE (Projeto Dinheiro Direto na Escola) financiado pelo governo federal. É importante também que o diretor escolar esteja em contato aberto com os educadores para estabelecer o foco da aprendizagem e promover a educação como um todo, dando atenção ao currículo escolar e metodologia de ensino em vigor e sugerindo eventuais mudanças. O gestor de uma escola democrática e participativa, além de manter o bom relacionamento entre todas as partes, tem como papel fundamental motivar a equipe de colaboradores e manter os professores engajados com o projeto de ensino adotado, devendo criar um ambiente no qual todos se sintam estimulados para contribuir com o rendimento da escola. Ou seja, no exercício de sua liderança, devem pautar seu trabalho de desenvolvimento humano na motivação da equipe, compartilhamento de responsabilidades, capacitação profissional, desenvolvimento de habilidades e, é claro, em uma comunicação eficiente para que todos estejam alinhados e trabalhando por um mesmo ideal.
7 6 3 CONCLUSÃO: A gestão escolar deve promover a organização, mobilização e articulação das condições essenciais para garantir o avanço do processo socieducacional das instituições de ensino, para que frutos possam ser colhidos no futuro, e os atores deste cenário possam vislumbrar novos caminhos e com a certeza de uma sociedade mais igualitária, fraterna e solidária para todos. A escola ao prover a educação democrática e participativa, deve preparar sua estrutura com mecanismos institucionais que estimulem a participação em sua gestão não só de educadores e funcionários, mas também dos usuários, a quem ela deve servir. (Paro 1998). Conclui-se então, que a escola de qualidade social, permeada com a gestão democrática e participativa, é aquela que atende às expectativas de vida de seus atores: famílias, estudantes e profissionais que a compõem e também colabora na construção de vivências humanas efetivamente democráticas na escola, não podendo esquecer do grande ator deste cenário que é o Estado, pois, este sim, deve prover os recursos necessários de toda ordem que possam viabilizar um ensino escolar com um mínimo de qualidade, propiciando a todos os atores envolvidos contribuir para a construção de uma realidade soioeducacional para a emancipação dos indivíduos enquanto cidadãos, participando efetivamente de uma sociedade democrática, proporcionando meios, não apenas para sobreviver, mas, e, sobretudo, viver bem e melhor. 4 REFERENCIAS ANTUNES, Ricardo, 1953 Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a Centralidade do mundo do trabalho. 2ª. Ed. São Paulo Cortez; Campinas, editora da Universidade Estadual de Campinas, GRIPINO, Izabel Sadalla, Pratica Pedagógica (Estruturando pedagogicamente a Escola), 1998.
8 7 LIBANEO, José Carlos. Buscando a qualidade social do ensino. In: Organização e Gestão da Escola Teoria e Prática. Goiânia: Editora Alternativa, (p )., Jose Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. 2ª ed. São Paulo: Cortez, Menezes Albuquerque. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, Gestão Democrática: Uma questão de legislação. MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete gestão escolar. Dicionário Interativo da Educação Brasileira - Educabrasil. São Paulo: Midiamix, Disponível em: < Acesso em: 17 de nov PARO, Vitor Henrique. Gestão Escolar, Democracia e Qualidade do Ensino São Paulo: Ática, 2007 VIEIRA, Sofia Lerche. Educação básica: política e gestão da escola./ Sofia Lerche Vieira. Fortaleza: Liber Livro, (Coleção Formar).. Política e planejamento educacional. / Sofia Lerche Vieira, Maria Gláucia
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