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1 EDITORIAL Estamos retomando as atividades institucionais, depois do período de férias coletivas. Este número do Correio da APPOA, em sua seção temática, publica mais alguns trabalhos dos integrantes do Percurso de Escola. Textos que testemunham singularmente o efeito de uma tentativa de transmissão da psicanálise. Como o leitor poderá observar, cada autor mostra as conseqüências de seu engajamento com o discurso psicanalítico nos lugares mais diversos. É deste arejamento, desta exogamia que a psicanálise retira sua renovação. O interesse bem fundado e produtivo pela psicanálise (conforme Ata de Fundação) também pode ser tomado nesta apresentação das propostas de ensino que os Membros da associação fazem para este ano. Mais do que exibir um saber trata-se de dizer como cada um está dando conta de seus atos ao propor suas discussões publicamente. Outro momento importante é o enfrentamento com questionamentos e temas cruciais na vida das pessoas e, conseqüentemente, na via dos psicanalistas. Trazer para sua jornada de abertura o tema das Diferenças sexuais implica em apostar, mais uma vez, que é justamente nos lugares mais íntimos, naquilo que nossa cultura parece propor mais fórmulas e saberes, que podemos reabrir nossas interrogações e dar voz aos sintomas. C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

2 JORNADA DE ABERTURA 2004 A DIFERENÇA SEXUAL Durante milênios o ocidente, a despeito das observações, estava convencido de que éramos um só sexo, o masculino, sendo que a mulher era um masculino não desenvolvido a termo. As mulheres seriam um ser masculino in(tro)vertido. Como vemos, com a constatação biológica, pode-se fazer de tudo... as aparências enganam e os dados concretos não levam a conclusões óbvias. O quê, então, garante algo sobre nossas diferenças sexuais? Como podemos saber não estar imersos em outro paradigma falso a respeito delas? As reivindicações políticas admitem a diferença e pedem a igualdade para os sexos, sejam quantos forem. Para o estado não somos o mesmo, mas valemos o mesmo. Com isto, rompe-se uma hierarquia de séculos o que é uma grande notícia. Agora, resta-nos descobrir: como o discurso da igualdade política reflete-se na subjetividade? O amor e a procriação têm sido os organizadores desta confusão. O amor rende mais páginas de literatura, mais tentativas de ficção ao longo dos tempos do que qualquer outro tema. Concluímos que o amor é o abrigo último onde as grandes questões sobre a diferença se jogarão. Mas: amamos o mesmo ou amamos o diferente? Os casais cada vez mais insistem em se parecer, o que aumenta a instabilidade da vida amorosa, uma vez que é difícil perdoar quando o espelho não repete os movimentos. Esta uniformização talvez seja uma resposta defensiva à incógnita sobre o que fazer com a diferença, que já não pode mais ser respondida em termos do velho padrão hierárquico. A diferença dos sexos, mais do que uma questão, tem sido uma resposta cômoda para situar o lugar de cada um e principalmente para pôr uma lei na grande arena do sexo. Freud fez conjecturas polêmicas (muitas consideradas bem antipáticas), sobre as peculiaridades identitárias, sobretudo em relação às mulheres. Lacan, nas suas fórmulas da sexuação, formalizou o impasse freudiano, separando a escolha da neurose do destino anatômico. Num dos sexos residiriam as frágeis certezas, no outro, habitaria a esfinge. Em torno destas questões, um conceito fundamental para a psicanálise: a castração simbólica, o efeito psíquico de saber se posicionar frente à incompletude. Resta-nos questionar: será que ainda existe diferença? DATA: 03/04/2004 SÁBADO LOCAL: NOVOTEL Avenida Soledade, 575 Bairro Três Figueiras Porto Alegre, RS PROGRAMA 9h30min Dieferença Sex-Uau! Otávio Augusto Winck Nunes (APPOA, Porto Alegre) Questões para o masculino hoje Maria Ida Fontenelle (APPOA, Brasília) 15h Segregação urinária Maria Cristina Poli (APPOA, Porto Alegre) A impostura do macho Maria Rita Kehl (APPOA, São Paulo) INSCRIÇÕES * Valores Antecipadas ** até 31/03 Após 31/03 e no local Associados R$40,00 R$60,00 Estudantes de graduação *** R$50,00 R$70,00 Profissionais R$70,00 R$90,00 * As vagas são limitadas (300 lugares). Não há reserva de vagas sem inscrições. ** As inscrições antecipadas poderão ser feitas na APPOA. Inscrições por fax, mediante pagamento bancário para: ASSOCIAÇÃO PSICANALÍTICA DE PORTO ALEGRE, Banco: Banrisul; Ag. 032, conta-corrente: IMPORTAN- TE: enviar por fax o comprovante de pagamento devidamente preenchido com os dados do participante! Haverá inscrições no local somente se ainda existirem lugares disponíveis. *** Estudantes devem apresentar, ou enviar por fax, comprovante de matrícula em Curso de Graduação. 2 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

3 QUADRO DE ENSINO 2004 SEMINÁRIOS O DECLÍNIO DO IMPÉRIO PATRIARCAL Coordenação: Alfredo Jerusalinsky segunda-feira 14h mensal em São Paulo FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE Coordenação: Alfredo Jerusalinsky Bi-mensal em Belém CRIAÇÕES CÊNICAS: UTOPIAS DO OLHAR E DA VOZ Este seminário propõe a trabalhar o sujeito nas suas expressões cênicas dentro do campo da arte: o corpo em cena numa ficção narrativa ou numa escritura cujo papel é a música, a dança. Também o corpo em cena numa escrita composta com o texto, a representação de um personagem. A ficção como elemento indispensável á constituição do sujeito moderno também na sua sustentação com o laço cultural. Se no teatro há o corpo a corpo que evoca o interdito, no cinema o puro virtual o economizaria? Que diferentes efeitos trazem as múltiplas vivências de teatro hoje? Serão constituintes de um novo sujeito, como reedições do estadio do espelho, através da pulsão invocante, a pulsão inaugural? Estas são as questões iniciais que movem este seminário a compor um espaço de debates. Coordenação: Ângela Lângaro Becker terça-feira 19h30min quinzenal MOMENTOS CRUCIAIS NA CONDUÇÃO DE UMA ANÁLISE Coordenação: Alfredo Jerusalinsky quarta-feira 20h30min quinzenal O SINTHOMA NA CLÍNICA E NA ESCRITA Pretendo retomar a leitura do seminário homônimo de Lacan, seguir seus comentários sobre James Joyce e propor algumas discussões a partir da clínica e dos efeitos que a transmissão lacaniana provoca na escuta analítica. Além disto, ao longo do ano, iremos examinar as articulações da psicanálise com a literatura, o cinema e outras artes e ciências do homem (incluindo-se a religião). Uma de nossas propostas é ver e discutir O Morto, filme de John Huston, baseado no conto do mesmo nome extraído da coletânea Os dublinenses. Coordenação: Robson de Freitas Pereira sexta-feira 18h30min quinzenal TOPOLOGIA E A LÓGICA DO FANTASMA Durante o ano letivo de 1966/67, Lacan apresentou aquele que foi considerado por muitos seu seminário mais árduo: La logique du fantasme. Neste, podemos acompanhar a elaboração da teoria lacaniana, através de construções lógicas e teoremas. Em 2004, ano em que completaremos 10 anos do ensino da topologia na APPOA, nossa proposta é retomar a discussão sobre os conceitos e teses fundamentais para a psicanálise, tais como: objeto a, Outro, fantasma, gozo, o ato analítico, o não-ato sexual, a não-existência da mulher visando à sua definição e formalização. Coordenação: Ligia Víctora sexta-feira 18h15min quinzenal CLINICANDO: A ESCRITA DE CASO Em relação à particularidade da escrita do caso, vamos encontrar em Freud a queixa de ser lido mais como novela, do que como produção científica. Essa queixa contém em si um índice de que, nesse terreno, lidamos com fronteiras não muito definidas. Essa indefinição pode ser, no mínimo, de dois registros. Primeiro, e mais evidente, a identificação do analista com seu caso. Tanto com relação a Freud, quanto no único caso que Lacan escreveu, muito já se produziu em torno dos impasses identificatórios e fantasmáticos dos próprios autores. O segundo registro diz respeito a fronteiras de campo: o que permitiria reconhecer que se trataria de uma transmissão própria ao campo da psicanálise? Continuaremos buscando desenvolver as interrogações em torno desse tema para o próximo ano, seguindo o procedimento de trabalho textual, tanto quanto de discussão de apresentação clínica. Coordenação: Ana Costa sábado 10h mensal 4 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

4 PROBLEMAS EM CLÍNICA PSICANALÍTICA Coordenação: Alfredo Jerusalinsky sábado 17h mensal em São Paulo PSICOSSOMÁTICA: INTERDISCIPLINA E TRANSDISCIPLINA A psicossomática é hoje um tema abordado por múltiplas disciplinas inclusive a psicanálise geralmente de forma isolada, com pouca ou nenhuma interlocução e questionamento recíproco entre elas. A abordagem multidisciplinar é, por isto, empobrecedora e reducionista, pois cada disciplina cuida de seu objeto de estudo, sem levar em consideração às demais, bem como ao sujeito que está sendo atendido de forma fragmentada pelas mesmas. Este seminário visa a constituição de um espaço comum onde os participantes (de diferentes especialidades), partindo do desejo de interdisciplinaridade, possam construir uma rede de significações que articule as respectivas disciplinas e transcenda as fronteiras dos saberes de cada uma. Isso não implica uma descaracterização de cada disciplina, mas sim a construção de um saber compartilhado a partir do trabalho das diversas especialidades, em função de intervenções clínicas específicas dos participantes. Coordenação: Jaime Betts sábado 10h mensal em Novo Hamburgo PSICOPATOLOGIA DA ADOLESCÊNCIA CONTEMPORÂNEA Coordenação: Alfredo Jerusalinsky Extensão de 20 horas por semana. Uma semana bi-mensal em Fortaleza GRUPOS TEMÁTICOS PSICANÁLISE E PROBLEMAS DE LINGUAGEM Coordenação: Alfredo Jerusalinsky Segunda-feira 8h Mensal em São Paulo A INFÂNCIA CONTEMPORÂNEA, O BRINCAR E A PSICANÁLISE O presente grupo temático tem como eixo de trabalho a infância e a subjetividade contemporânea, com linhas de reflexão e estudo acerca do brincar hoje entre os jogos artificiais e as brincadeiras infantis, dos lugares da infância na cidade e do lugar da cultura e do laço social na produção do brincar. Estes temas são diretamente articulados aos processos de subjetivação da criança, desde seus primórdios. Este grupo encontra-se em andamento, sendo que a partir de março de 2004 será desenvolvido o tema referente à subjetivação e às configurações do brincar na contemporaneidade a partir da leitura de textos da psicanálise e outras áreas. Até o momento foram trabalhados os seguintes textos referentes ao laço social, ao brincar e à infância contemporânea. Coordenação: Ana Marta Meira segunda-feira 10h quinzenal O SUJEITO NA INFÂNCIA O presente grupo temático desenvolve-se desde abril de 2003, sendo que a partir de janeiro de 2004 o tema a ser objeto de reflexão será o estádio do espelho e a construção do imaginário na criança. Com vistas ao aprofundamento do mesmo, serão realizadas leituras de escritos de Lacan, Bergès e outros autores, articuladas à clínica psicanalítica. Convém ressaltar que este trabalho apresenta como eixo de reflexão a infância contemporânea, onde pensar acerca das novas configurações do laço social e sua articulação aos processos de subjetivação é o horizonte deste trabalho. Coordenação: Ana Marta Meira segunda-feira 10h quinzenal PSICANÁLISE: CLÍNICA E CULTURA Com este título buscamos confluir os dois temas que vinham propostos para serem trabalhados no ano anterior e que são mesmo indissociáveis, na medida em que se pense o sujeito como constituído no social. Inicialmente acompanharemos a produção de Lacan em seu segundo seminário, onde ao mesmo tempo em que ele segue seu projeto de recortar os registros do simbólico e do imaginário, esboçando por aí a noção de outro aspectos clínicos relevantes são abordados. Segue no horizonte a tomada de produções clássicas desde Freud e Lacan até elaborações recentes, dos psicanalistas às voltas com sua clínica. Ainda, o acompanhamento de elementos do mundo contemporâneo que possam auxili- 6 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

5 ar a refletir sobre o que possa estar induzindo a mudanças no(s) sintoma(s), na(s) demanda(s), etc, ou seja, na clínica. Coordenação: Carlos Henrique Kessler segunda-feira 17h quinzenal INCONSCIENTE E LINGUAGEM: FREUD E LACAN Introdução ao estudo do inconsciente freudiano a partir do enunciado lacaniano o inconsciente se estrutura como linguagem, visando explicitar e analisar a lógica das formações do inconsciente, a hipótese do inconsciente e o lugar do Outro na articulação entre desejo, fantasma e sintoma. Coordenação: Mario Fleig segunda-feira 17h30min quinzenal em São Leopoldo CLÍNICA DA CRIANÇA Com esse grupo nos propomos a analisar questões pertinentes à clínica com crianças. Uma primeira e fundamental interrogação é acerca da compreensão dos sintomas da criança no que se referem serem eles decorrentes da constituição da estrutura psíquica da mesma ou das manifestações sintomáticas advindas dos ideais propostos pelas figuras parentais. Considerando a peculiaridade do sintoma poderemos, também, encontrar o diferencial e a especificidade que surgem nesse trabalho, seja pelas transferências que se estabelecem e sua efetividade no desenrolar do trabalho de cura, seja pelo uso de objetos, jogos, desenhos que intermediam a transferência entre analista e analisando sem desconsiderarmos que o trabalho se situa no campo da linguagem e que, desde sempre, a criança está imersa na cultura. Coordenação: Izabel Dal Pont e Margareth Martta segunda-feira 19h45min quinzenal em Caxias do Sul D. W. WINNICOTT EM JACQUES LACAN D.W.Winnicott e Jacques Lacan são os analistas que mais influenciam a prática clínica contemporânea e estamos chegando a um momento em que a história da relação entre esses dois pensamentos supera a oposição e complementaridade, para aceder a uma fase em que a suplementaridade passa a ocupar o primeiro plano. Nesse movimento, propomos uma atividade em que poderemos ler, em Lacan, o modo como DWW é recebido e, de Lacan, voltarmos aos textos e noções winnicottianas discutidos por Lacan. Esse Seminário temático pretende percorrer e discutir todas as referências feitas por Lacan a Winnicott no decorrer de seus 26 Seminários. A atividade se desenvolverá de acordo com a seguinte metodologia: 1. leitura e discussão das sessões dos seminários onde DWW é citado. 2. estabelecimento das relações entre o discutido por Lacan e aquilo que de DWW é citado. 3. leitura de textos de DWW que trabalham as noções discutidas por Lacan. 4. participação de convidados. Coordenação: Charles Lang segunda-feira 20h mensal CONSEQÜÊNCIAS CLÍNICAS (NA INFÂNCIA E NO ADULTO) DA ESTRUTURAÇÃO SUBJETIVA EM SEUS PRIMÓRDIOS No ano de 2004, desenvolveremos esta proposta que visa fazer um trânsito pela leitura clínica da estruturação subjetiva do bebê (abordada a partir da articulação sincrônica e diacrônica), assim como do valor sintomático das alterações da inscrição e da constituição desejante. Este estudo será realizado com o suporte de filmagens de bebês, feitas pelos seus pais, na convivência familiar, bem como através da discussão de casos clínicos de adultos. É um estudo que permite, também, formular inferências sobre as conseqüências na clínica com adultos, de formações sintomáticas estabelecidas nos primórdios da vida, assim como partindo da clínica de adultos inferir as formações sintomáticas primordiais da estruturação subjetiva. Coordenação: Silvia Molina e Jaime Betts segunda-feira 20h mensal CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA PSICANÁLISE Neste ano, daremos continuidade à leitura do seminário 11 de Lacan, articulando e traduzindo termos e conceitos no sentido de relaciona-los com fatos do cotidiano e também com a constituição do sujeito. Este grupo se destina àqueles que sentem-se convocados pelo tema proposto. Coordenação: Silvia R. Carcuchinski Teixeira terça-feira 18h quinzenal em São Gabriel 8 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

6 ESTUDOS SOBRE A INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA Este grupo é aberto a pessoas que tenham interesse em estudar, discutir e relacionar textos psicanalíticos que tratem sobre temas relacionados a adolescência, infância, educação modernidade, feminilidade, toxicomanias, função paterna, falo, etc. Os textos são variados, onde o tema é apresentado pelo coordenador a partir de uma preparação prévia. Transitamos em textos de Lacan, Freud Melman e outros autores psicanalíticos. Participam deste grupo pessoas de diversas formações profissionais que sentem-se convocadas e desejam trabalhar esta temática. Coordenação: Silvia R. Carcuchinski Teixeira terça-feira 18h quinzenal em São Gabriel ESTRUTURAÇÃO DO SUJEITO NA INFÂNCIA Este grupo já vem sendo oferecido desde agosto do ano passado em Gramado e gostaríamos de incluí-lo no Quadro de Ensino da APPOA em O grupo é oferecido a profissionais que trabalham com a infância em diferentes âmbitos. A proposta é aprofundar o estudo dos aspectos envolvidos nos primórdios da estruturação psíquica e no que eles refletirão na maneira como este sujeito irá se posicionar frente a seus semelhantes, a si mesmo e ao mundo que o cerca. Serão trabalhados textos Françoise Dolto, Maud Mannoni, Winnicott, Jean Bergès, Gabriel Balbo, Alfredo Jerusalinsky, Silvia Molina entre outros autores. Este estudo é realizado através de reflexões teórico-clínicas e com o suporte de filmagens de bebês feitas por seus pais e observações trazidas pelos próprios participantes a partir de seu trabalho. Coordenação: Grasiela Maria Kraemer e Soraya A. M. Maihub Manara quarta-feira 17h30min quinzenal em Gramado AS PSICOSES NA INFÂNCIA A proposta deste grupo de estudos pretende avançar no estudo e discussão das possibilidades e impasses na inserção escolar e social das crianças em estruturação psicótica. Por um lado, pretende-se aprofundar o estudo teórico a partir dos textos de Lacan: As psicoses (O Seminário III) ; De uma questão preliminar a todo tratamento possível da psicose, O Estádio do Espelho como formador da função do eu ; somados a textos de Winnicott, Jerusalinsky, Maria Cristina Kupfer, que tratam do tema. Por outro lado, propõe-se uma discussão, a partir da experiência clínica e institucional de cada um dos participantes do grupo, das particularidades e conseqüências da inclusão escolar das crianças autistas e psicóticas. Tema bastante atual, pois há uma tendência generalizada à inclusão escolar de crianças com transtornos globais de desenvolvimento (incluindo-se aí as crianças psicóticas), de forma imperativa e compulsória. Na maior parte das vezes, sem que haja uma avaliação cuidadosa e escuta clínica singular de cada criança considerando se há indicação de ingresso escolar e em que condições. Isto afeta não só à criança em questão e sua família, mas ao professor, aos demais alunos e à escola como um todo. Este grupo de estudos destina-se a profissionais da área da psicanálise e da educação que se interessem pelo tema das psicoses na infância, seja pela via da clínica, seja pela via educacional. Coordenação: Ieda Prates da Silva quarta-feira 19h30min quinzenal em Novo Hamburgo CLÍNICA PSICANALÍTICA DAS LOUCURAS As perdas da realidade diversas, como Freud as contrapôs nas neuroses e nas psicoses, oferecem-se hoje ainda como uma dificuldade pelas suas semelhanças e diferenças, na clínica contemporânea e na complexidade dos espaços institucionais. O que são os quadros que se nos apresentam numa homogeneidade artificial nas instituições de internação, por exemplo? O que são as loucuras neuróticas, quadros que na prática produzem a mesma invalidez ou incomunicabilidade que as psicoses, e tão comuns num hospital psiquiátrico, por exemplo? E os famosos borderline, como os define tradicionalmente a psiquiatria? O que faz o perverso no habitat da loucura? Como ele se serve do estigma da loucura? Questões saídas da participação e observação nos espaços sociais destinados à loucura, bem como nos grandes ambulatórios públicos, contrapostos ou aproximados à clínica psicanalítica de consultório, nas suas formas de contrato mais tradicionais. É a proposta desse grupo temático, dirigido a pessoas orientadas para a clínica. Coordenação: Eduardo de Freitas Xavier quinta-feira 14h30min semanal 10 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

7 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE FREUD E LACAN E AS SUBJETIVIDADES CONTEMPORÂNEAS Este grupo é oferecido a estudantes de psicologia e áreas afins, interessados em experimentar uma maior aproximação à psicanálise, através do trabalho com textos de Freud, Lacan e outros autores contemporâneos. A apresentação e discussão dos textos abordarão seus fundamentos clínicos e a atualidade de seu interesse, tanto no campo mais estrito da clínica, quanto no que se refere à compreensão de diversas modalidades de relação social presentes em nossa sociedade. Coordenação: Maria Ângela Brasil e Eduardo Mendes Ribeiro Sexta-feira 10h30min quinzenal CLÍNICA PSICANALÍTICA: ALGUNS CONCEITOS FUNDAMENTAIS Defrontar-se com o início da prática clínica produz inúmeras questões que o desafio da condução do trabalho coloca. Da mesma forma, introduzir-se nas leituras dos pressupostos teóricos da psicanálise traz interrogações. A pesquisa freudiana, desde o seu início, passou por várias transformações no que se refere ao método, à técnica e à construção dos conceitos. O trabalho deste grupo de estudos visa resgatar os principais pontos da construção de alguns conceitos que estruturam o corpo teórico da psicanálise enquanto essenciais à prática clínica e com ela fazendo sua articulação. Este estudo será também orientado por uma releitura das contribuições de Lacan em seus Seminários. A trajetória inclui questões relativas ao início do tratamento, aos conceitos de transferência e identificação, como também aos quadros clínicos. Pretende-se que o estudo destes temas possa ser articulado à prática, a partir de exemplos clínicos. É destinado a todos os que se interessam pela discussão destes temas e também àqueles aos quais a prática clínica psicanalítica e seus pressupostos teóricos suscita interrogantes. Coordenação: Carmen Backes sexta-feira 14h30min quinzenal ADOLESCÊNCIA: IMPASSES DE UMA TRAVESSIA Coordenação: Ângela Lângaro Becker, Eda Tavares e Maria Cristina Poli sexta-feira 17h30min quinzenal PÚBERES E ADOLESCENTES: INSTITUIÇÃO E CLÍNICA Coordenação: Ângela L. Becker e Ieda Prates da SIlva sábado 10h mensal em Novo Hamburgo FUNDAMENTOS PSICANALÍTICOS Tem objetivo de aproximar estudantes e interessados em psicanálise orientando este percurso pelos textos freudianos, lacanianos e de autores contemporâneos, privilegiando a conceitos fundamentais da clínica e da relação com elementos da cultura que interagem com a psicanálise. Coordenação: Volnei Antonio Dassoler sábado 10h quinzenal em Santa Maria GRUPOS TEXTUAIS SEMINÁRIO X, , A ANGÚSTIA, DE J. LACAN Vocês verão, penso, que a angústia é muito precisamente o ponto de encontro onde os guarda tudo o que fazia parte de meu discurso anterior e onde se esperam entre si, um certo número de termos que, até o presente, não apareceram para vocês suficientemente unidos. J. L. _ S10, 11. Propomos seguir estudando este seminário nodal para o fio lacaniano. Coordenação: Adão Costa segunda-feira 10h semanal SEMINÁRIO V, AS FORMAÇÕES DO INCONSCIENTE, DE J. LACAN Estudo dos mecanismos psíquicos presentes nas formações do inconsciente (chiste, sonho e atos falhos) e na formação do sintoma, à luz da lógica da estruturação do sujeito, a partir da leitura do Seminário V, com especial referência à elaboração da noção de Outro na construção do grafo do desejo. Coordenação: Mario Fleig quarta-feira 18h quinzenal em Caxias do Sul INIBIÇÃO, SINTOMA E ANGÚSTIA, DE S. FREUD Estudo da última teoria da angústia de Freud (angústia originária e angústia como sinal) em confronto com as teorias da angústia na filosofia (Kierkegaard e 12 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

8 Heidegger) e com a releitura feita por Lacan com a introdução da noção de grande Outro, no Seminário 10, A angústia. Coordenação: Mario Fleig quarta-feira 18h quinzenal em Caxias do Sul SEMINÁRIO XXII R.S.I., DE J. LACAN É neste Seminário que Lacan vai explicitar de forma mais avançada o uso analítico da cadeia do nó borromeano, através da trilogia dos registros do Real, do Simbólico e do Imaginário, apresentando-os como uma escrita topológica, os quais podem variar ao infinito sem transformar a estrutura de suas relações. Esta abordagem surpreendente avança, quando Lacan, afirmando-se em sua prática clínica, coloca a teoria do nó borromeano à transformação de conceitos psicanalíticos até então tomados de maneira metafórica, como é o caso do Inconsciente, do Grande Outro, do Falo ou do sentido. É um momento decisivo de virada de seu ensino, pois, vai perguntar-se o que os nós nos trazem ou de que modo eles permitem mudar a nossa abordagem da psicanálise, a nossa interpretação, a nossa prática. Os conceitos freudianos podem então ser retomados, já que encontram nesta escrita um lugar que transforma suas definições em uma situação de estrutura. Coordenação: Maria Auxiliadora Sudbrack quinta-feira 14h quinzenal MOMENTO DE LER Propomos um espaço dedicado especialmente à leitura e discussão de textos psicanalíticos. Textos variados, sem compromisso de preparo prévio, incluindo autores que sejam no momento do interesse dos colegas (co-legère, ler juntos), ou mesmo opção de leitura por determinados artigos cujos assuntos estejam em pauta ou referenciados a algum movimento de estudo na APPOA. O trabalho de leitura em textos psicanalíticos, a partir da originalidade da letra de Freud e Lacan, leva o leitor a um lugar onde, em determinados pontos, esses escritos não constituem sentido. Os equívocos dessa leitura esburacada tendem a promover um lugar a partir do qual cada sujeito estará como que forçado a pensar. Por sua própria especificidade, este espaço permanece sempre aberto, dirigindo-se também àqueles que só desejem nele transitar enquanto forem tratados assuntos de seu interesse. Coordenação: Maria Auxiliadora Sudbrack sexta-feira 16h semanal OFICINAS LACAN TELEVISÃO TEXTO TRANSMISSÃO Projeto em três tempos. Filme, escrito e discusssão. A partir do filme Television, dirigido em 1973, por Benoït Jacquot onde Lacan responde a uma série de perguntas a respeito do inconsciente, da prática analítica (a cura), das diferenças entre psicoterapia e psicanálise, da ética do bem dizer, do laço social entre analistas e das três perguntas que resumem o interesse da nossa razão (o que posso saber? Que devo fazer? O que me é lícito esperar?) iniciar uma discussão. No segundo momento as discussões tem como fio condutor o texto Televisão editado alguns anos depois, ao qual temos acesso em português. Desta diferença entre um texto escrito e uma entrevista filmada: quais as articulações possíveis? Quais as impossibilidades? A que Real tentamos responder quando nos responsabilizamos pela psicanálise, pela nossa história na psicanálise, esta que articula uma transmissão cuja transferência está referida a letra, a voz, a imagem e ao que escutamos. Coordenação: Robson de Freitas Pereira Sábado* OFICINA DE TOPOLOGIA A CINTA DE MŒBIUS Como primeira Oficina de Topologia, propomos o trabalho sobre a cinta de Moebius: nesta superfície unilátera, em que o direito e o avesso se (e nos) confundem... o desejo e a realidade se tecem para formar a fantasia. A melhor maneira de aprender sobre sobre esta, que foi considerada por Lacan como o prêt-à-porter do fantasma, é construindo-a, desconstruindo-a, manipulando-a, e refletindo juntos sobre ela. Aberto aos associados e convidados (crianças serão bem-vindas!) Coordenação: Ligia Víctora Sábado* 14 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

9 TROVAS PSICANALÍTICAS A proposta é de realizar encontros onde se examinaria um conceito da psicanálise em profundidade. Um expositor traria uma leitura do conceito na obra de Freud e outro, a seguir, na de Lacan. Nossa idéia é iniciarmos, para em seguida outras duplas que tiverem desejo poderem seguir. Gostaríamos que fossem encontros que implicassem a instituição de modo geral. Coordenação: Rossana Oliva e Maria Cristina Poli Sábado* * atividades a serem desenvolvidas aos sábados, em horários e datas a serem previstas EXERCÍCIOS CLÍNICOS Datas: 24/04, 03/07, 11/09, 27/11. NÚCLEOS DE ESTUDOS NÚCLEO PASSAGENS Ato Psicanalítico, Ato Criativo segunda-feira 21h reuniões mensais Responsáveis: Ana Costa, Edson Sousa e Lucia Pereira NÚCLEO DAS PSICOSES O Núcleo de estudos sobre as psicoses consiste em um espaço de interlocução sobre as produções, reflexões e inquietudes acerca da especificidade desta clínica. Acontece mensalmente, nas segundas-feiras, às 20h30min. A cada dois meses, ocorrem também as apresentações de pacientes prática de longa tradição lacaniana, as quais são seguidas por interessantes e profícuas discussões clínicas. O núcleo é aberto a todos que desejarem compartilhar as suas experiências, estudos e indagações sobre essa tão desafiante clínica. segunda-feira 21h reuniões mensais Responsáveis: Éster Trevisan, Mário Corso e Rosane Ramalho NÚCLEO DAS TOXICOMANIAS sábado 10h reuniões mensais Responsáveis: Eduardo Mendes Ribeiro e Otávio Augusto W. Nunes * atividades gratuitas e abertas aos interessados JORNADA DE ABERTURA A diferença sexual Data: 03 de abril de 2004 Local: NOVOTEL Porto Alegre RS PRINCIPAIS EVENTOS DO ANO 2004 IIº CONGRESSO DE CONVERGÊNCIA, MOVIMENTO LACANIANO PARA A PSI- CANÁLISE FREUDIANA Variantes do tratamento padrão Qual a direção da análise no movimento lacaniano? Datas: 27, 28 e 29 de maio de 2004 Local: Hotel Glória Rio de Janeiro RJ RELENDO FREUD Um tipo especial de escolha de objeto feita pelos homens Sobre a tendência universal à depreciação na esfera do amor O tabu da virgindade Data: 18 a 20 de junho de 2004 Local: Hotel Continental Canela RS CONGRESSO DA APPOA Sobre o masculino Data: 22 a 24 de outubro de 2004 Local: Centro de Eventos do Hotel Plaza São Rafael Porto Alegre RS 16 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

10 PERCURSO DE ESCOLA TURMA VI Em andamento. Quinto Semestre: A Transferência. TURMA VII Início. Primeiro Semestre: O Inconsciente. OBSERVAÇÕES 1. Mais informações (datas, programas, bibliografias) sobre as atividades: na Secretaria da APPOA. As informações que não forem esclarecidas pela Secretaria, poderão ser obtidas diretamente com os coordenadores das atividades ou discutidas com os membros da Comissão de Acolhimento da APPOA. 2. O programa completo do Percurso de Escola encontra-se à disposição na Secretaria da APPOA. CURSO DE EXTENSÃO/UFRGS A CLÍNICA PSICANALÍTICA O conteúdo deste curso dirige-se àqueles que se interrogam sobre o início da prática clínica, tendo Freud e Lacan como referência teórica. Serão abordadas questões relativas ao início do tratamento, às entrevistas preliminares e ao lugar do analista na direção da cura. Esses temas, tratados de forma geral num primeiro momento, serão retomados posteriormente na abordagem específica de cada um dos quadros clínicos. Pretende-se que o estudo teórico desses temas possa fazer amarração com a prática clínica a partir da abordagem de exemplos clínicos. Local: Instituto de Psicologia/UFRGS Rua Ramiro Barcelos, 2600, sala a confirmar Horário: sextas-feiras, das 9h30min às 11h30min, início dia 19/03/04 Duração: Março a Julho/2004 Informações e inscrições: de 08 a 18/03/04, fone: (pela manhã), Valor: R$ 80,00 Promoção: Departamento de Psicanálise e Psicopatologia/Instituto de psicologia/ufrgs Coordenação: Carmen Backes, Liliane Froemming e Valéria Rilho Professores convidados: Ana Maria Costa, Gerson Pinho, Liz Nunes Ramos, Lúcia Mees e Maria Cristina Poli PROGRAMA DO CURSO 1. INÍCIO DO TRATAMENTO E PRIMEIRAS ENTREVISTAS queixa e demanda o estabelecimento da transferência 2. PSICANÁLISE COM CRIANÇAS entrevistas com os pais o sintoma na infância 3. A ESTRUTURAÇÃO SUBJETIVA édipo, castração e função paterna adolescência 4. LUGAR DO ANALISTA NA DIREÇÃO DA CURA construção do fantasma ato e interpretação 5. A DIREÇÃO DA CURA NOS QUADROS CLÍNICOS histeria neurose obsessiva psicose depressão e melancolia fobias toxicomania e outras adições Carmen Backes p/coordenação MUDANÇA DE ENDEREÇO Marcia da Rocha Lacerda Zechin informa seu novo endereço eletrônico: marciaz@portoweb.com.br 18 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

11 SEÇÃO TEMÁTICA DIETER, L. Do nome próprio... ASeção Temática deste Correio da APPOA está composta por textos que foram apresentados na Jornada da turma V do Percurso de Escola. Uma primeira apresentação dos textos daquele evento já foi feita na Seção Temática do último mês e, neste número, damos seqüência a mesma com a publicação da segunda parte deles. Os textos que reunimos aqui testemunham os efeitos de transmissão produzidos por esta modalidade de ensino, que completa dez anos de existência neste ano de Cada um deles representa o singular caminho trilhado por seus autores no Percurso de Escola. Assim, o eixo que permite agrupá-los não é a temática específica que é trabalhada, já que cada autor escreveu a partir dos pontos que mais lhe tocaram. Mesmo que, em muitos momentos, as questões abordadas se aproximem e se cruzem, o fio que possibilita associar estes escritos em um mesmo conjunto está situado muito mais na origem comum de sua produção. DO NOME PRÓPRIO AO PRÓPRIO NOME Leandro Dieter Somos convocados a responder, nos diferentes grupos dos quais participamos e na especificidade dos vínculos mais restritos, a um chamado peculiar. Vez ou outra, ainda podemos nos surpreender quando, vindo diretamente da infância, uma voz recupera um apelido ao qual, apesar do caráter anacrônico que apresenta agora, respondemos impensadamente. Estamos sujeitos a diferentes alcunhas, marcas que nos foram superpostas, nem sabemos porque, mas que nos engancham na relação ao Outro. Se não importa quem fala 1, importa que alguém me fale! A nomeação realiza o preenchimento que dá unidade ao corpo, palavra fundadora e, ao mesmo tempo alienante, se lhe ficamos prisioneiros. Unidade aqui não implica em totalidade pois o preceptor escreve o 1 assim, com uma barra ascendente que indica, de alguma forma, de onde ele emerge, [LACAN, A identificação. Aula de 29 de novembro de 1961] o que situa o sujeito sob o efeito de uma barra. O sujeito dividido ocupa seu lugar, sob o traço da fração, na posição de denominador. Pode, a partir daí, exercer a possibilidade, também, de nomear. Como acontece esta trans/posição da palavra pronunciada que clama por alguém para a inscrição de uma marca, através da qual alguém se reconhece? Ao receber o nome do Outro, como alguém pode fazer nome? Se o nome nos identifica, apresenta, confere referência e consistência, também pode representar um estranhamento. O sujeito excêntrico 2 a um nome que incomoda, não veste bem, cacofônico, muito grande ou quase uma interjeição, ele é insuficiente ou mesmo excessivo. 1 Esta expressão é de Samuel Becket. 2 Conforme Marcel Czermak, em Comment Dois-Je Vous Appeler, na neurose o sujeito exsiste ao seu nome, e na psicose o nome ex-siste ao sujeito. Le Trimestre Psychalytique, C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

12 SEÇÃO TEMÁTICA DIETER, L. Do nome próprio... Em toda enunciação do nome há uma vertente imaginária que faz pregnância, terreno onde o nome produz um sentido capaz de ser traduzido, revelando a identidade do sujeito. O nome também está situado numa perspectiva simbólica, atribuindo àquele que o conduz um lugar na ordem da filiação. Entretanto, nas formas de transmissão do nome de família sempre há uma falha e algo de uma insuficiência simbólica, pois como bem observou Martins não existe patronímico que proteja de tudo e de todos. (MARTINS, Francisco. O nome próprio: UNB, 1991). Para dar conta dos desdobramentos que o nome próprio oferece precisa-se abrir uma perspectiva que permita a leitura das rasuras no nome, dimensão que nos abre a função da letra, instância da letra no inconsciente. Para um sujeito encarregar as letras, orientando-as para uma composição determinada, ele, antes, precisa carregar, suportar as letras que o compõe. Ao ser escrito, o nome, como aponta Lacan em 20 de dezembro de 1961, alcança sua maior contundência, na medida em que possibilita a leitura da letra como estrutura essencialmente localizada do significante. Um dos caminhos possíveis, ao deparar-se com a falta no nome, é de realizar uma obturação, fazendo escrever certo. Proponho, ao contrário, suspender, elevar o lapso em torno da escrita do nome próprio como privilegiado para situar que, se o escrevente é servente da língua e, portanto não é capaz de esgotá-la enquanto objeto de reflexão o sujeito pode assinar embaixo da escrita que o constitui. Cada uma destas dimensões, nas quais o nome próprio pode ser tomado, encontra ressonância em formas de leitura específicas 3, onde a escrita do nome próprio pode ser analisada no que ele guarda de uma cifra. É necessário entreler, ler nas entrelinhas da escrita do nome próprio algo de uma singularidade, articulando o universal da tradição com o particular de uma versão, para percebermos que não há insuficiência de linguagem 4, mas que, justamente, ao deixar cair letras 5 um sujeito pode advir. Não se trata, portanto, de uma tentativa de adequação ao nome próprio que foi transmitido, mas das operações que estão em jogo na passagem da transmissão à apropriação do próprio-nome. Na leitura que Freud faz do esquecimento de Signorelli, ele não permanece preso à imagem do nome como fazendo uma boa forma, uma gestalt; ao contrário, lê o nome como fragmento, capaz de, ao dividir-se, realizar novas conexões com outros restos. Assim, sem levar em conta o significado ou os limites acústicos das sílabas (FREUD, (1901) 1976, Psicopatologia da vida cotidiana p.23), que emprestam uma identidade monolítica ao nome, revela-se o seu lugar, antes, enquanto suscetível a prestar-se a deslocamentos e condensações. Como no sonho, o nome produz um rébus 6, apresentado para ser lido de forma literal. Aquilo que está recalcado acaba encontrando a possibilidade de um retorno através da reaparição das mesmas sílabas, ou melhor, seqüência de letras (Ibid., p.24). Contudo, esta reaparição se faz de uma maneira que não se dá a ler diretamente, mas realiza novas conexões para os restos que sobraram das letras recalcadas. No seminário sobre as formações do inconsciente, Lacan lê o esquecimento de Signorelli na perspectiva da metáfora quando ao procurar o nome, encontramos a falta no lugar (LACAN, ( ) 1999, p.64). Importa aqui pensar no estatuto desta falta. Uma coisa é a letra que falta porque ela não está inscrita no alfabeto do sujeito é hiância, ausência. A dissolução produzida na psicose se dá na medida em que a falta desta letra desarticula todas as outras, e com isto a lei que regula o alfabeto vai para o brejo. Por outro lado, na neurose, a letra faz falta, ou seja, permite, através da transitoriedade desta ausência e de sua associatividade, instaurar um sujeito que denomina. 3 Jean Allouch em Letra a Letra apresenta a transcrição, a tradução e a transliteração como leituras com o escrito que correspondem aos registros do real, imaginário e simbólico. 4 Ângela Vorcaro em A criança na clínica psicanalítica, refere que se há algo de uma insuficiência, ela é da ordem da subjetividade. 5 Conforme BERGÈS & BALBO em A criança e a psicanálise. 6 Enigma figurado que consiste em exprimir palavras ou frases por meio de figuras e sinais, cujos nomes produzem quase os mesmos sons que as palavras ou frases representam. ETIM fr. (1512) equívoco, palavra tomada em outro sentido que não o natural. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa 22 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

13 SEÇÃO TEMÁTICA DIETER, L. Do nome próprio... Quando Lacan retorna, anos mais tarde, sobre o esquecimento de Signorelli em seu seminário sobre os problemas cruciais da psicanálise, amplia a formalização sobre o esquecimento de nomes próprios, ao revelar que está em questão o nome próprio de Freud 7. Que é o que ele (Freud) perde? Ele perde algo como sua sombra, seu duplo, que não é de tal forma o signor isto é, talvez ir demasiado longe (...). É o Sig Signans Signatum Sigmund Freud (aula de 06 de janeiro de 1965). Se Freud não vê ou não lê a palavra que lhe falta é na medida em que a imagem do afresco de Signorelli olha Sigmund no ponto cego de seu desejo. Georges Didi- Huberman 8 altera nossa perspectiva frente uma imagem que nos espreita, agora com o poder de impor sua visualidade como uma abertura, uma perda ainda que momentânea praticada no espaço de nossa certeza visível a seu respeito. O que está em questão para Freud incide sobre a sustentação que mantém no traço unário, mínimo traço, Sig não tem nenhum ponto que possa dar-lhe um limite preciso. Assim, Sigismund 9 ou meu pequeno Sigi 10, permanece inscrevendo Freud frente a uma forma de ler seu nome próprio. A queda do is 11 que se opera na passagem do nome de Freud de Sigismund para Sigmund abre a perspectiva de re/nomeação daquilo que estava dado, enquanto heteronomia. O que conduz o portador de um nome a movê-lo incessantemente, através de diferentes jogos de letras? Estará tentando encontrar o nome que lhe vista ou caia bem? O nome, na neurose, talvez, permaneça entre fazer vista semblante para uma revista do Outro e a tentativa, ao lhe tomar o nome, de fazer letra caiada 12 ou calada. A letra no nome, ao traçar sobre o sujeito a castração, inscreve a marca de uma falta. Ao mesmo tempo, a letra do nome, serve para o exercí- 7 Na abertura dessa perspectiva foi importante a leitura d Os Nomes do Pai em Jacques Lacan de Erik Porge. 8 O que vemos, o que nos olha. Editora 34, 1998, p Nome de batismo de Sigmund Freud. 10 Como sua mãe costumava chamá-lo. 11 Mário Fleig, lembra, em comunicação pessoal, o quanto a subtração desse is pode remeter ao Israel do pai de Freud. 12 Caiada remete a disfarce, dissimulação, mascaramento. cio de preenchimento da falta. Se o neurótico é, no fundo, um Sem-Nome (LACAN, (1966) 1998, p.841), isto lhe concede a possibilidade, ao esquecer ou incorporar letras de um nome perdido, de construir o seu nome enquanto próprio? O que se pode vislumbrar ou entreler a respeito dos nomes perdidos sobre os quais o sujeito, em seu exercício sobre o nome, retorna, transforma e rasura? A construção do nome próprio retorna sobre as letras de outros nomes, sobretudo do pai e da mãe, ou quem lhes faz função, ao articular o lugar do sujeito perante o Outro. A rasura de nenhum vestígio que seja anterior (LACAN, Lituraterre) desvela que nesse retorno sobre a letra do Outro não se vai encontrar a resposta ao enigma. Apesar do nome apresentar-se como incessante suporte para um deslizamento de significações na tentativa de recuperação de um pequeno traço que caiu do Outro, não há assimilação que possa apaziguar o sujeito ao encontrar o seu recanto. É justamente este inominável que permite retornar sobre aquilo que cai da letra no Outro, ao tomá-la no exercício do nome próprio, enquanto singular. Se o sujeito empaca em alguma letra é para que ela possa encontrar seu lugar no alfabeto na cadeia significante enquanto letra articulável, sujeita a combinações novas, em outros nomes. Se alguma letra está fora do lugar, falta ou excede na escrita do nome próprio, é porque aí, o sujeito pode-se produzir enquanto efeito de re/ordenamento da cadeia significante, enganchado-se em seu intervalo. Numa primeira sessão, recebo um menino de 8 anos que engole letras e acrescenta outras 13, juntamente com seus pais. A questão gira entorno da escrita do nome e pergunto se ele poderia escrever o seu, com o que concorda. Enquanto Matias 14 escreve no quadro, sua mãe diz, falando da educação que deu à filha mais velha, que a fez comer o alfabeto. Disseram-lhe que havia sido muito severa com ela e aí aliviou com Matias. Apesar disto, enquanto o menino está escrevendo o seu nome, a mãe vai corrigindo-o. 13 É desta forma que a mãe o apresenta, na primeira sessão. 14 Realizei uma re/nomeação, inclusive no desenho, onde joguei com as letras. Impõe-se, não só o sigilo, mas a queda do nome. 24 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

14 SEÇÃO TEMÁTICA DIETER, L. Do nome próprio... Pergunto se os pais podem escrever seus nomes próprios e os nomes de seus pais. A mãe, prontamente, ergue-se e escreve seu nome no topo do quadro, o nome de sua mãe e de seu pai, todos completos e legíveis. Enquanto a mãe escreve, o pai diz que só sabe escrever o seu nome. Mesmo assim, peço que escreva o nome dos seus pais, a sua maneira. Escreve o nome de seu pai trocando as vogais de seu primeiro nome, três letras do segundo nome (que apresenta 8 letras) e omite o último nome, sobrenome do lado do pai. Ao escrever o nome de sua mãe, Ruis inverte algumas letras do seu prenome, acrescenta o sobrenome de casa e o sobrenome de casada, completos e escritos corretamente. O que impede a escrita do sobrenome Pedreira no lado paterno, de onde ele provêm, e seu surgimento do lado materno? Enquanto Ruis escreve o nome de sua mãe, a esposa chama-lhe a atenção para a inversão das vogais que realizou e estende-lhe a carteira de identidade que estava em sua bolsa de onde Ruis copia o nome da mãe, corretamente. Helena também guarda a carteira de identidade do filho e conta que ao fazê-la, Matias não conseguiu assinar e precisou colocar o dedão. Quais são as letras que Matias engole e quais as que acrescenta? Ao escrever o sobrenome do lado da mãe, Millo, Matias omite a letra O, que podemos tomar como número zero, operador que permite a soma acontecer. Algo há do lado da mãe, na leitura que Matias realiza, que não está inscrito na ordem daquilo que falta? A falta no significante primordial, coloquemos a mãe aí, é fundamental para que se movimente em direção a outro significante, a quem o sujeito estará representado. Matias indica nesta escrita que a falta faz falta no nome da mãe? O nome da mãe, enquanto irredutível à letra que a completa, estaria testemunhando que o nome do pai, o que vêm a seguir, não é convocado a preencher esta falta? O nome próprio é a maneira singular com que cada um tenta elaborar as circunstâncias da articulação do nome-da-mãe com o nome-do-pai. O sobrenome do lado do pai é escrito por Matias como Pedlal. A letra R é omitida por duas vezes e em seu lugar surge o L. Há uma reduplicação da letra L do nome da mãe no lado do nome do pai, uma prevalência da Letra L no lugar de R, que também é a inicial do prenome do pai. O que lhe faz, nesse momento, inacessível à letra do pai? Para Matias, assim como para Ruis, algo do nome-do-pai permanece em falta. Resta ler aí a possibilidade de novos exercícios sobre-o-nome, pois é enquanto que uma destas letras está ausente que as outras funcionam, mas que sem dúvida é na sua falta que reside toda a fecundidade da operação (LACAN, Sem. A lógica do fantasma Aula de 23 de novembro de 1966). A forma através da qual se dá a inscrição numa linhagem, criará estruturas possíveis de ex-crição de sujeito. Penso a ex-crição como a operação da ordem da letra no inconsciente, repercutindo na letra escrita, na qual um sujeito pode advir ao realizar novas versões de pertença a sua filiação, ressignificando seu legado. Como abordar a escrita, naquilo que se apresenta como um suposto equívoco, sem um viés colonialista que estampa na testa da criança um problema de aprendizagem? Há uma execução rondando a cabeça de todos os envolvidos na tarefa de ensinar a escrever certo: escreveu, não leu, pau comeu. Geralmente, a criança avança enormemente tanto no que escreve, como naquilo que lê do que escreve. Ao escrever o nome próprio, a criança 26 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

15 SEÇÃO TEMÁTICA BARTZSCH, C. M. Diga-me com que nome... reconfigura seu mundo, transitando por operações complexas na língua, que transcendem o nome enquanto signo de identidade e o tomam enquanto significante. Neste momento, ao escrever o nome, não é só este que está em questão, mas todos os outros aos quais está remetido. Ao não ser capaz de ler corretamente o que já está escrito, o sujeito deve ser castrado? Ou é, antes, porque algo da castração não operou-se, indisponibilizando traços à leitura, que uma escrita não se inscreve? Proponho que se faça uma transliteração deste ditado para: escreveu, não leu, pai comeu! Se Matias engole letras é porque o nome-do-pai foi engolido. Se acrescenta outras, é porque o nome-da-mãe não foi comido, no que ele se apresenta como excessivo. DIGA-ME COM QUE NOME ANDAS E EU TE DIREI QUEM ÉS... Claudia M. Bartzsch What s your name?, Comment vous appellez-vous?, Wie heissen Sie?, Qual é o seu nome, como você se chama? é uma das interrogações básicas que aprendemos quando mergulhamos no universo de uma língua diferente daquela primeiramente aprendida. Trata-se de uma pergunta que nos é endereçada de modo constante ao longo da vida. Nosso nome está sempre sendo solicitado. Quando nos apresentamos, dizemos nosso nome. Quando preenchemos fichas pelos mais diferentes motivos, o nome é, em geral, o primeiro item da lista, podendo estar classificado como dado de identificação. Quando o ouvimos na chamada dos bancos escolares, respondemos, gritando um aqui ou um presente. Ele está em todos nossos documentos: certidão de nascimento, carteira de identidade, carteira de motorista, passaporte, históricos escolares, boletins... Poder fazer essa pergunta no contexto da prática clínica tem um valor enorme. É poder escutar a história desse nome, como foi escolhido e o que significa para o sujeito ser portador dele. Diga o seu nome completo é um pedido que ouviremos inúmeras vezes em nossas vidas. A pessoa deve dizer não apenas seu prenome, mas também seu sobrenome. Ou seja, um nome completo consta habitualmente de nome ou prenome e de sobrenome materno e ou paterno. Um prenome traz a marca do desejo de quem o escolheu. Os pais escolheram-no juntos ou a idéia de um deles prevaleceu? Foram outras pessoas da família que o decidiram? Foi um amigo ou padrinho? Esse nome é uma homenagem a uma pessoa da família, a um amigo ou a uma figura pública? Foi a equipe de um hospital ou de uma instituição que deu nome a um bebê abandonado, sem nome? Moradores de rua, dos quais se desconhece o nome, muitas vezes são batizados pela vizinhança ou pelas equipes que deles se ocupam. Lembramos de um que recebeu o nome da rua em que 28 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

16 SEÇÃO TEMÁTICA BARTZSCH, C. M. Diga-me com que nome... costumava permanecer. Recentemente, lemos no jornal que um bebê abandonado na rua foi, a princípio, chamado com o nome da loja na frente da qual foi encontrado. Esse nome tem o peso de ser o nome de um morto? Trazemos, como exemplo, a história de uma paciente que perdeu dois filhos: um bebê do sexo masculino que nasceu prematuro e, outro, do sexo feminino que já nasceu morto. No caso do menino, ela fez nova certidão de nascimento para dar o mesmo nome a um dos outros filhos que teve posteriormente. Ficaram existindo dois documentos que eram diferentes apenas quanto à data, a ponto dela chegar a dizer: eu tenho duas certidões iguais: a do vivo e a do morto. No caso da menina natimorta, a situação se repetiu com a diferença de que, para os natimortos, não é possível ser feita uma certidão de nascimento. Ao filho seguinte, que era também do sexo feminino, ela deu exatamente o mesmo nome da natimorta, sendo que as duas letras iniciais, além de uma consoante do nome da mãe, se repetiram no nome da filha. Seria algo semelhante à mãe ser chamada Sharise e a filha, Sheron. Ao nível da escrita,como no exemplo citado acima, é comum observar que o nome dos filhos porta a letra inicial do nome de um dos pais, ou mesmo sílabas. E o que dizer de famílias que repetem a mesma inicial no nome de todos os filhos? O que marca essa letra? Ou por que são colocados nomes parecidos? Lembramos de dois irmãos gêmeos univitelinos, ambos psicóticos. Os prenomes que receberam, ao invés de afirmarem a sua singularidade subjetiva, marcavam sua indiferenciação. Ambos tinham dois prenomes, sendo que o primeiro era igual em ambos. Somente o segundo prenome marcava alguma diferença. Era algo assim como Sandro José e Sandro César. Já os sobrenomes, diferentemente dos prenomes, não são escolhidos, são herdados. Remontam a uma origem. No Brasil, país marcado pelas sucessivas colonizações, é comum a presença de sobrenomes estrangeiros. Há um ancestral, representante de uma outra língua que, por algum motivo, escolhe sair de seu país de origem e ir viver num país desconhecido. O que seria um sobrenome brasileiro? Seriam os de origem portuguesa ou espanhola, remetendo às primeiras colonizações? Se é que exis- tiram, desconhecemos algum sobrenome indígena que tenha sobrevivido. Do mesmo modo, se eles os usavam, se perderam os sobrenomes de origem africana. Se bem nos lembramos, os escravos acabaram recebendo o sobrenome da família de seus proprietários. Quando alguém diz seu sobrenome, está dizendo de onde veio, não apenas no sentido geográfico, mas especialmente no sentido simbólico, embora comumente nem se dê conta disso. Trazemos a fala de dois pacientes de ascendência alemã, ambos com sintomas psicóticos. O primeiro nos diz que as coisas começaram a dar errado quando seu avô paterno veio ao Brasil e o sobrenome foi registrado de modo incorreto. O a tremado foi substituído por um e, aportuguesado. O segundo, em crise, nos diz que já foi ao cartório e retificou seu sobrenome paterno, restituindo à letra o o trema que faltava, o que, por sinal, produz uma pronúncia diferente. Que diferença tão grande fazem dois pontinhos, uma letra? No caso desses dois pacientes, parece-nos que a presença do trema no sobrenome fica como uma marca da ascendência, da língua alemã, presença essa que não é encontrada na língua portuguesa. A ausência do trema no sobrenome desses pacientes parece, então, servir para representar uma falta em relação à função paterna. Uma outra paciente, de ascendência italiana, reclamava da ignorância de seu pai. Ele não se importou em registrar os filhos com um único c e não com o duplo c que fazia parte do seu sobrenome. Dizia a paciente: assim, até parece que eu não era filha dele. Um sobrenome, em geral, é composto pelo sobrenome materno e pelo sobrenome paterno. A ausência de um deles, especialmente o paterno, em nossa cultura, também é uma marca importante. A mesma paciente que perdeu os dois filhos nos dizia chorando muito e nos mostrando a carteira de identidade: eu não tenho o nome do pai nos meus documentos. Tal ocorreu por ela ser fruto da união de seu pai com uma amante. Antigamente, os filhos concebidos fora do casamento não eram considerados legítimos e não podiam ser reconhecidos legalmente, recebendo apenas o sobrenome materno. Em termos legais, há um avanço no sentido de que a paternidade possa ser reconhecida, independentemente do tipo de união que a gerou, embora reconhecimento legal, obviamente, não garanta 30 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

17 SEÇÃO TEMÁTICA BARTZSCH, C. M. Diga-me com que nome... uma eficácia simbólica da função paterna. Às vezes, até pode propiciar. Por outro lado, parece que culturalmente tomamos a direção de permitir uma certa margem de escolha em relação ao sobrenome. Assim, por exemplo, as mulheres que se casavam eram obrigadas a adotar o sobrenome do marido; atualmente, são livres para manter seu sobrenome original. Para finalizar, trazemos justamente um caso em que a questão do sobrenome paterno é deveras marcante. Aos onze anos, E. encontra na rua uma velha senhora que lhe diz: mas tu és a cara do V. Descobre, então, que essa mulher é sua avó paterna biológica. Seu pai verdadeiro faleceu quando ele era muito pequeno, sem tê-lo reconhecido, fato omitido até então por sua mãe, a qual casou-se, ainda grávida, com outro homem cujo sobrenome E. recebeu. Ele fica se debatendo entre esses dois sobrenomes: o do pai e o do padrasto, expressão que ele passa a utilizar para nomear o marido da mãe, um homem que os maltratou muito, que lhes roubou bens e que terminou por abandoná-los. E. tenta constituir um delírio com uma figura histórica, um padre com o mesmo sobrenome de seu pai. Afirma que é um descendente desse padre. Chama de parentes a outros quatro pacientes do serviço que descobre terem esse sobrenome, buscando estabelecer uma relação de amizade com um deles. Procura, insistentemente, em livros a história de seu sobrenome paterno e de outros sobrenomes familiares. Diz-se parente também de figuras históricas ou públicas que os portam. Diversas vezes, destrói ou perde seus documentos, em especial a carteira de identidade. Quer se livrar de um sobrenome que o atormenta. Fala em entrar na Justiça para pôr o sobrenome de seu pai e ter direito a uma herança que ele refere como material, mas que é, na verdade, eminentemente simbólica. Os recortes clínicos trazidos nesse texto são todos referentes a casos atendidos no local em que trabalho, o Centro de Atenção Integral à Saúde Mental da região Centro-Cais Centro, anteriormente denominado Cais 8, serviço da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre. Quase todos os recortes apresentados são de pacientes com sintomatologia psicótica. Com eles, procurei ilustrar quão importante é a escuta do discurso relativo ao prenome e ao sobrenome de um sujeito para a prática clínica, na medida em que se articula a questões fundamentais como filiação e função paterna. Desse modo, o que um sujeito, ainda mais um sujeito psicótico, diz a respeito de seu nome, fala das referências que ele tem ou não tem para poder ocupar um lugar simbólico no mundo, na cultura, no social C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

18 SEÇÃO TEMÁTICA MORAES, L. F. R. Fragmentos da psicanálise... FRAGMENTOS DA PSICANÁLISE EM UM PROJETO DE EDUCAÇÃO FÍSICA Luiz Fernando Ribeiro Moraes Ocaso que aqui vai descrito ocorreu em um projeto relacionado a uma das muitas possibilidades de um professor de educação física e especificamente relativo a objetivos educacionais. Tratou-se de um projeto de extensão da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, destinado a alunos da Rede Pública de Ensino de Porto Alegre, inseridos em escolas de algumas vilas da periferia da cidade e realizado no Campus Olímpico. O ato pedagógico normalmente caracterizado nas atividades físicas visa, no geral, a objetivos fisiológicos da atividade física ou, quando mais centrado na educação, os resultados da socialização dos grupos envolvidos. O relato a seguir apresenta uma outra possibilidade, que é de permitir observar as singularidades dos alunos dentro das aulas de Educação Física a partir de um enfoque psicanalítico, deixando claro não se tratar de uma psicanálise de divã, mas de tornar possível, através de seu conhecimento, talvez fragmentos, permitir ao professor uma outra possibilidade de atuação, qual seja, a da escuta do sujeito, neste caso alunos, que de alguma forma falam de seus sofrimentos e de suas faltas. Esta história deu-se há alguns anos atrás, em um projeto de iniciação desportiva com enfoque em atletismo. Lá ingressou um menino pré-adolescente, muito pobre, cheirando mal, com as roupas rasgadas e grandes, tênis furado e bem maior que seus pés. Aproximando-se do professor falou: eu vim aqui porque eu queria entrar na UFRGS. Tão logo ele falou, os demais alunos todos da mesma vila e da mesma escola, especialmente as meninas, em voz alta falaram: não deixa ele entrar, ele é muito chato, ele fede a merda. Sem muito constrangimento, ele falou: não dá bola para eles, eu quero também ser da UFRGS. Evidentemente que a intenção do projeto não era excluir alguém e mesmo sob a chantagem das meninas, de que se ele entrasse elas não viriam mais, este menino foi aceito. O começo deste menino apresentou duas facetas. Uma em que ele mostrou-se muito comunicativo e deixando transparecer todas as suas mazelas, através da falta de banho, suas vestes e aceitando as palavras duras de seus colegas, pois embora não ficasse calado, não fazia nada de prático para mudar esta situação. A outra faceta era o fato de que não realizava nenhuma das atividades solicitadas. Passava todo o tempo se interpondo a frente de quem estivesse realizando alguma atividade física, atirando pequenas pedras nos colegas, jogando-se ao chão quando cobrado para realizar as atividades e, muitas vezes, fugindo para outros locais do Campus, sem, no entanto, sair do mesmo. Como de praxe, neste projeto não se excluía ninguém e tanto professor, como alunos e monitores, passaram a observar com muita atenção todo o comportamento deste menino, garantindo a ele sempre de que continuaria no projeto. Entretanto, ao mesmo tempo em que lhe era dada esta garantia passou-se a realizar algumas ações na sua direção. Assim, foi cobrado o horário de estar na pista de atletismo, já que estava sempre antes da hora de início; foi cobrada mudança na linguagem, pois falava muitos palavrões, mesmo quando não provocado; foi contentemente estimulado a realizar as tarefas propostas, tanto físicas quanto para falar sobre os problemas que ocorriam no grupo ou ainda aprender a ouvir os colegas quando estes eram solicitados a se manifestarem. Embora houvesse este tipo de procedimento regularmente, pois freqüentemente havia entre eles pequenos furtos, quebra das árvores e alguns vidros, papéis espalhados pelos banheiros, desacato aos seguranças e funcionários, havia ainda as conversas reservadas quanto a questões pontuais referente a atitudes isoladas e bem identificadas. Quanto ao menino em questão, houve uma atenção muito grande em que lhe era, com freqüência, perguntado sobre porque ele utilizava roupas rasgadas e maiores que o seu tamanho, o que impossibilitaria a priori realizar as atividades físicas, embora não as realizasse de qualquer forma, ou porque preocupava-se mais em atrapalhar os colegas do que tentar realizar junto, porque implicava com as meninas mesmo sabendo que elas o ofenderiam muito. 34 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

19 SEÇÃO TEMÁTICA MORAES, L. F. R. Fragmentos da psicanálise... O processo inicial durou aproximadamente quatro meses, com ações a cada encontro que se pode denominar de ação conta-gotas. Professor, monitores, um aluno e uma aluna do curso de Licenciatura em Educação Física, ouviam, falavam, relevavam algumas atitudes e cobravam outras que faziam parte da regra do jogo previamente acordada entre todas as partes e comuns a todos os integrantes do projeto. Os primeiros sinais de mudança foram percebidos quando aquele menino começou a fazer questão de, a cada dia de atividade, procurar o professor bem antes do início das atividades para cumprimentá-lo, mesmo que na hora efetiva do início dos trabalhos não estivesse na pista, e também por começar a contar acontecimentos da escola e da vila. Observou-se, um pouco mais adiante, que começou a fazer um esboço de participação nas atividades físicas, mesmo que não persistente. A virada nas atitudes e comportamento em geral deu-se simultaneamente com alguns episódios importantes. O primeiro foi uma corrida de duzentos metros, organizada dois a dois, onde o garoto foi se esquivando para sobrar, pois como estavam em um grupo ímpar o último não teria com quem correr. O professor prontificou-se a correr com ele, sendo que o convencimento se deu porque ele correria com um velho de quase cinqüenta anos. Esta foi a primeira vez em que ele realizou uma atividade por inteiro, mesmo que esta tenha sido de curta duração. Merece menção que o garoto correu o tempo todo dando gargalhadas. Dias após, em uma aula de salto em distância, que ele nunca conseguira realizar apesar da sua simplicidade motora, executou em uma das tantas tentativas um salto completo, o que valeu o primeiro registro de alguma modalidade para ele. Após este salto, seguiram-se outros tendo este dia se caracterizado por uma dificuldade em encerrar as atividades, pois queria continuar saltando. Como talvez o último acontecimento importante deste período, a exemplo de alguns outros alunos do projeto, havia pintado o cabelo de loiro imitando um jogador de futebol de um clube de Porto Alegre, fato este que gerou uma brincadeira, estes alunos passaram a ser chamados de as loirinhas do atletismo. Ao ser questionado pelo professor porque ele havia querido se tornar uma das loirinhas, retrucou: não fala isto porque vai pegar mal com as meninas. Dias depois, raspou a cabeça e não mais pintou os cabelos. Os momentos que se seguiram após e até o final do ano foram de uma completa mudança de atitude. O garoto passou a ser o primeiro a estar na pista no início das tarefas do dia, liderava espontaneamente o aquecimento, passou a cobrar responsabilidade dos outros, realizava as atividades com muito empenho, apesar das dificuldades motoras e fisiológicas, mudou a forma de se vestir, passou a conversar agradavelmente com as meninas. Com isto, cessaram as queixas contra ele e as meninas não pediam mais para que ele fosse mandado embora, bem como não o achavam mais fedorento. O ato pedagógico aqui foi possível, por levar-se em conta a singularidade de um menino que diferenciava-se do restante do grupo, pois mostravase esfarrapado e produzia constantes ações que irritavam seus colegas. Procurou-se, dessa forma, oferecer inicialmente as funções materna e paterna, por isto possibilitou-se ouvir, falar, dialogar, relevar e cobrar as regras estabelecidas com muita insistência. É importante também pensar que parece ter havido uma relação de parentalidade, esta não intencional e incompleta. Não intencional, porque proveniente do acaso de um projeto e por não se repetir com todos os alunos. Incompleta, por restringir-se ao tempo de estada das horas e dos dias do projeto. Parentalidade, porque o garoto agia como se o professor e monitores fossem seus familiares. Demonstrava uma atitude de respeito muito grande para com o professor ouvindo-o, mostrando seus progressos e esperando uma palavra de retorno, bem como tentando evitar que este soubesse seus deslizes. Ao mesmo tempo, contava aos monitores, com quem tinha uma relação muito fraterna, suas manhas e artimanhas na vila, na escola e no projeto. Também falava de seus desejos, pois era capaz de sonhar enunciando um discreto projeto para um futuro, embora não muito distante nem muito grande. Por outro lado, jamais fez qualquer comentário sobre sua família. Neste sentido, cabe dizer que, quase um ano após seu ingresso no projeto, descobriu-se que na turma havia um irmão seu, mais velho, sendo isto por conta de comentários de outros participantes do projeto. Cabe chamar a atenção que este irmão também nunca se apresentou como tal e jamais intercedeu quando pelas atitudes do garoto, alguém o agredia verbal ou fisicamente. 36 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

20 SEÇÃO TEMÁTICA MORAES, L. F. R. Fragmentos da psicanálise... Este episódio, mostra uma outra possibilidade da educação, uma outra possibilidade do professor. Não se trata de desenvolver uma ação voltada para todas as singularidades posta em um grupo ou em uma turma da escola, não se trata de querer fazer do professor um psicanalista. Trata-se de pensar o professor como professor, mas, além disto, poder pensar em que lugar ele se encontra. Não só como um mediador das disputas do grupo, ou um pedagogo de jogos e movimentos ou um treinador que determina as atividades e espera de antemão um desempenho determinado. Não se vislumbra aqui um novo professor, nem tampouco quer se negar o que já se faz. Pensa-se, na verdade, que pode ser acrescida a possibilidade de identificar de alguma forma alunos com algum tipo de necessidade que não são comuns ao grande grupo, com a finalidade de incluí-los nas aulas e na escola e quem sabe no social. Assim, pode o professor acrescer outros objetivos ao seu ato pedagógico. Assim podemos perguntar: com que olhar e com que ouvidos pode-se postar frente aos alunos? Ou ainda: o que é que alguns alunos mostram e dizem sem que seja preciso um divã? Voltando ao caso descrito, o garoto fez um pedido para entrar na UFRGS, expressou um desejo, porém parece que este acesso, além do sim do professor, necessitava de um olhar e de uma escuta. O ingresso tinha uma expectativa, que era a possibilidade de que os outros, os seus pares, o reconhecessem. Não um reconhecimento para ser excluído, mas um reconhecimento para ficar, para fazer parte da turma, para se sentir um deles. Havia ali uma possibilidade de realizar os ritos de passagem próprios da adolescência. Parece que neste caminho houve a busca de uma parentalidade provisória com o professor e os monitores, pois para eles foi endereçado um espelhamento. Importava-se muito com o que lhe era dito. Quando criticado por atitudes fora das regras, retrucava, mas fazia sempre menção de mudar. Quando executava as atividades propostas, ficava a espera do comentário e quando este não ocorria fazia sua queixa. Quando um dos monitores faltava, perguntava se estava doente ou havia acontecido alguma coisa. O tempo da permanência deste garoto no projeto foi de cerca de dois anos e meio, interrompido pela troca de escola, uma vez que houve a necessidade da troca de turno. Eventualmente, nos primeiro meses, retornou ao local das atividades do projeto de educação física para uma visita. Depois, ficaram as interrogações. Qual caminho tomou? Houve uma mudança efetiva de comportamento? Que relação passou a ter com sua família? Continuou a não referi-la? Mesmo que se levante indagações que seriam respostas sobre o presente momento, merece registro que quase ao final da participação daquele menino no projeto ele retornou ao comportamento de atrasar-se para o início das atividades e até mesmo em algumas faltas, mesmo estando no campus. Entretanto, agora, porque as meninas de uma outra escola o procuravam, insistentemente, já que agradável, bem falante, não cheirando mal e bem vestido, podia exercer seu narcisismo plenamente. Pode, enfim, dar seqüência aos seu rito de passagem próprio da adolescência. 38 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

21 SEÇÃO TEMÁTICA ROCHA, F. A. G. Não existem sujeitos... NÃO EXISTEM SUJEITOS NAS ORGANIZAÇÕES Fabrício Acosta Gonçalves Rocha Buscando encontrar o foco do trabalho, lembrei de uma preocupação que tinha vindo a minha mente um dia desses. Eu trabalho na Secretaria Municipal de Administração do município de Porto Alegre e estava tentando falar por telefone com uma pessoa na Secretaria Municipal de Saúde. Liguei para um setor que deveria ser o de minha colega e pedi para falar com ela. Gostaria de falar com a Rosa. Rosa? De onde? A Rosa Castilhos, Chefe da UCADTS? Só um minuto! Enquanto esperava a passagem da ligação, pensava no seguinte: o que faz com que esta pessoa do outro lado do telefone, que não tem a mínima idéia com quem está falando, passe a ligação para a Rosa e não para qualquer outro ramal dos milhares possíveis. Afinal, ela deve ter mil questões a resolver. Eu estava preocupado com a pessoa do outro lado do telefone e com o seu fazer. Ao relatar esta experiência, Edson Sousa comentou: O que faz com que essa massa permaneça coesa? E me veio a mente outra imagem. O operário de Charles Chaplin em Tempos Modernos. O que faz com que aquele operário persiga parafusos a serem torcidos em uma chapa? O tempo da máquina é diferente do tempo do seu corpo e mente, entretanto ele persegue os parafusos na esteira, até se perder em toda extensão das engrenagens produtivas. A máquina o engole e o consome. Alienado pela máquina, ele permanecerá tentando. Alienação tem esse sentido sem sentido, um sofrimento com aparência de normalidade, como refere Dejours em seu texto Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações, do livro O indivíduo na Organização - Dimensões Esquecidas (pág. 151). Para identificarmos os fatores que pressionam o fazer, didaticamente, podemos distingui-los em três conjuntos: um conjunto de mecanismos externos, um conjunto de mecanismos internos ao sujeito e podemos falar ainda de um terceiro resultado que é o enlace destas duas forças. Esta separação é meramente didática a fim de percebermos os mecanismos em ação, pois o resultado dessa pressão sobre o fazer é percebida como uma força única pelo trabalhador. Thomas Abraham, no texto Estética da Existência e Pós-capitalismo, que abre o livro O Valor Simbólico do Trabalho e o Sujeito Contemporâneo, aborda o conceito de estética a partir de uma leitura foucaultiana onde a busca do belo existia antes da modernidade por uma tentativa de automodelagem a partir de uma sabedoria. Um trabalho interno de constante aperfeiçoamento e que se perdeu sendo substituída na modernidade pela existência histórica de tecnologias que são utilizadas moralmente na estruturação subjetiva dos sujeitos:...há tecnologias morais. Os personagens morais e os cenários, que esboçam ideais. Essas técnicas são múltiplas. Variam de acordo com o material que transformam e com a finalidade que perseguem...as técnicas morais, a ascética, são parte constitutiva dos processos históricos, e do que se chama de processos de subjetividade ou de subjetivação. (pág.15) Abraham está preocupado neste artigo, entre outras questões, com a visão de mundo e de sociedade contidas nas biografias escritas por grandes vencedores do mundo capitalista. Ricos e famosos que contam histórias sem graça, mas que fornecem no imaginário social, modelos a serem seguidos. E o que eu realço desse processo de subjetivação é que existe por trás destes paradigmas individuais um conceito de produtividade a ser perseguido, e que funciona como justificativa e confirmação do fato de nos obrigarmos a levantar todos os dias e nos olharmos ao espelho com um sorriso no rosto e a idéia fixa de que hoje vamos vencer. Estas biografias traduzem um modelo de como devemos ser a partir de como fazemos, ou pelo menos deveríamos fazer as coisas. Esta é uma modelagem que vem de fora para dentro. Existe um conceito social de produtividade que impulsiona o trabalho de cada um. 40 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

22 SEÇÃO TEMÁTICA ROCHA, F. A. G. Não existem sujeitos... Esta produtividade, como mecanismo interno, está ligada, penso eu, a constituição do eu e do desejo no sujeito. Lacan, no Seminário II, na aula de 17 de novembro de 1954, demonstra que o eu dos filósofos e da consciência comum é pré-analítico, e que os conhecimentos freudianos possibilitam romper com uma espécie de idéia de si próprio que o homem contemporâneo busca cultivar na travessia das suas incertezas. Diz que, como ocorre com os objetos, a simples apreensão pela consciência não revela suas propriedades, e que o mesmo ocorre com o [eu]. Fala da experiência de descentramento socrática na busca de elucidar que alguma coisa existe e que não pode ser apreendida no eu. A experiência de descentramento reflete a existência de um outro. O aparecimento de uma permanente distinção entre o eu pré-analítico e o [eu] da psicanálise é dada pelo reconhecimento dos fenômenos inconscientes. A partir desse reconhecimento, esse outro ocorre com a ampliação do conceito de subjetividade que nos permite falar de sujeito enquanto para a filosofia existe o indivíduo apreendido unicamente por fenômenos objetivos. Lacan diz: Com Freud faz irrupção uma nova perspectiva que revoluciona o estudo da subjetividade e que mostra justamente que o sujeito não se confunde com o indivíduo. (pág.16) No Seminário I, na aula de 05 de maio de 1954, Lacan trabalha esse lugar imaginário, a frente, distanciado do eu, em que situa a constituição ideal do eu, uma origem imaginária. Esse é o lugar da produtividade. Onde o eu nasce numa referência ao outro. O sujeito não sabe do seu desejo. É nesse lugar desconhecido onde não sabe nada, como diz Lacan, que o sujeito quando procura respostas à ignorância de si, produz algo. Um terceiro momento é no movimento de báscula, onde na tentativa do reconhecimento do seu desejo, para além do desejo do outro, que o sujeito reconhece a impregnação por um modelo externo. O modelo social é na verdade uma introjeção/inversão do desejo do outro. Com diz Lacan: A criança repete a frase que se lhe diz com o tu ao invés de fazer a inversão com o eu. Trata-se de uma hesitação na apreensão da linguagem.... isso basta para nos advertir que o eu se constitui inicialmente numa experiência de linguagem, em referência ao tu, e isso, numa relação em que o outro lhe manifesta o quê? ordens, desejos, que ela deve reconhecer, do seu pai, da sua mãe, dos seus educadores, ou dos seus pares e camaradas. (pág.193) É uma separação explicativa esses três tempos, primeiro é um modelo social, que num segundo momento se insere no desejo do outro que no terceiro tempo por um movimento de báscula será perseguido como seu próprio desejo, justamente pela ignorância de não saber nada. Essa é a tragédia do desenvolvimento que Marshall Berman, em seu livro Tudo que é Sólido Desmancha no Ar, identificou na história de Fausto de Goethe. Buscando um sentido para a vida, Fausto é movido por um desejo de desenvolvimento. Berman, baseado em Lukács, verifica que, na tentativa de eliminar a tragédia da vida, chegamos ao ponto em que o desenvolvimento das forças produtivas tornar-se superior a qualquer processo revolucionário. Neste sentido, acaba ocorrendo uma inversão naquilo que produz valor ao fazer, que não é mais o fazer, a atividade produtiva em si, a energia despendida. O valor não está mais no trabalho mas no produto do trabalho. São os objetos que oferecem significado à produção. Há uma exaltação do fazer onde, contraditoriamente, o ato de produzir perde sentido e passa a ser medido pelo que Lacan chama, no Seminário II, de realidade objetiva, quer seja, o que é observável do comportamento, é o que é visível, objetivo e pode ser medido. Caso se considere, como os behavioristas, aquilo que, no animal humano, no indivíduo como organismo se apresenta objetivamente, notar-seá um certo número de propriedades, de deslocamentos, certas manobras e relações, sendo que é da organização dessas condutas que se infere a maior ou menor extensão dos rodeios de que o indivíduo é capaz para alcançar coisas que, por definição, se enunciam com sendo suas metas. (pág. 16) 42 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

23 SEÇÃO TEMÁTICA ROCHA, F. A. G. Não existem sujeitos... A pessoa com quem eu falava ao telefone está jogada num dilema de eficácia, socialmente construído que, por um movimento de báscula, invertese e passa a um compromisso com o resultado que ela imagina que o outro espera da sua atividade produtiva. Entretanto, e este é um ponto de destaque, passa a existir no seu fazer implicações de valor que de certa forma estão para além do resultado objetivo do seu trabalho. Está para além da sua produção objetiva. Portanto, a produtividade não é apenas algo que se articula de fora para dentro, mas a partir de um gatilho interno se reproduz infinitamente na ânsia de se reconhecer e ser reconhecido. Lacan, Seminário II, destaca o fato que não é pelo resultado visível dessa realidade objetiva que podemos verificar a perfeição do indivíduo:...o que Freud nos traz, é o seguinte as elaborações do sujeito de que se trata não são, de maneira alguma, situáveis num eixo onde, na medida em que fossem mais elevadas, se confundiriam cada vez mais com a inteligência, a excelência, a perfeição do indivíduo. (pág. 16) Esta distinção entre o fazer e o resultado objetivo do fazer não é percebido nas organizações. O trabalho é percebido como um bloco único a partir do resultado, do objetivo, da meta, ou seja o produto concreto. No máximo, quando um resultado esperado não é atingido, esse fato é reconhecido como um adoecimento mental da pessoa. Reconhecer as implicações do desejo sobre o fazer modifica completamente a relação da organização com os sujeitos, pois redimensiona a compreensão que temos das pessoas no ato de produzir. ABRAHAM, Thomas. Estética da existência e pós-capitalismo. In: O valor simbólico do trabalho e o sujeito contemporâneo. Porto Alegre: Artes e Ofícios, BERMAM, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São Paulo: Companhia das letras, DEJOURS, Christophe. Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações. In: O indivíduo na organização: dimensões esquecidas. São Paulo: Atlas, LACAN, Jaques. O seminário: Livro I: os escritos técnicos de Freud. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, O seminário: Livro II: O eu na teoria de Freud e na técnica psicanalítica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 44 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

24 SEÇÃO TEMÁTICA FRANTZ, D. O despertar e a criação... O DESPERTAR E A CRIAÇÃO DE NOVOS SENTIDOS A PARTIR DAS IMAGENS FOTOGRÁFICAS DE EVGEN BAVCAR Daniela Frantz Alinguagem e a imagem, dependendo da forma como são compreendidas e trabalhadas, permitem a criação de novos sentidos sobre elas mesmas, sobre o sujeito e sobre a cultura. Quando a linguagem e a imagem se associam às tensões temporais e culturais formando imagens dialéticas e imagens alegóricas conceitos benjaminianos elaborados a partir da teoria da linguagem e da exposição da história os novos sentidos produzidos possibilitam ao sujeito despertar por alguns instantes de ou para o fato da sua condição narcísica e alienada. Para Walter Benjamin 1, o despertar ocorrido a partir das imagens dialéticas e alegóricas é sobretudo um momento político que deve desembocar em uma ação política e ética. Trata-se de um confronto entre o sonho e a vigília e tem a intenção de desnaturalizar o que está naturalizado, desmitificar os mitos e desiludir os iludidos em relação ao capitalismo. Mas despertar é também a possibilidade de retomar a faculdade da imaginação, a criatividade, a sensibilidade. A imagem dialética é uma imagem fulgurante e fugaz que produz uma fascinação ao sujeito. O fascínio acontece porque essa imagem mostra ao mesmo tempo pontos de visibilidade e invisibilidade. Ela transborda nossa possibilidade de simbolização imediata. Desarma nossa capacidade de pensar, suspendendo a consciência. Ficamos tão descentrados que o que retorna é o olhar. Causa angústia e resistência, mas interpela o sujeito de forma positiva, no sentido de que ele tem que fazer alguma coisa com isso que o desorienta. Pensamos que o despertar produzido pelas imagens dialéticas 1 BENJAMIN, Walter. Teses sobre filosofia da história. In: KOTHE, Flávio R. Walter Benjamin. Coleção Grandes Cientistas Sociais. 2 a. ed. São Paulo, BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas, v. I e v III. São Paulo: Brasiliense, constitui-se em uma experiência na qual irrompe o sujeito do desejo ao apresentar-se sob a forma de um choque que desequilibra sua construção identitária. Os momentos fugazes que possibilitam o despertar apresentamse ao sujeito proporcionalmente aos efeitos das rupturas no discurso fantasmático. Acreditamos, por isso, que a análise pessoal é um momento privilegiado para a formação de limiares que constituem o despertar. De acordo com Benjamin, a imagem dialética produz o despertar a partir de uma tensão espaço-temporal entre o ocorrido e o agora, conjugando-os numa imagem condensada que permite a assimilação, a crítica e a redenção das imagens coletivas. Ao suspender as distâncias temporais, desfaz as fronteiras entre o ocorrido e o agora, através do encontro súbito entre acontecimentos que, de repente, se cristalizam numa significação inédita por semelhanças não-sensíveis. Mas, se há semelhanças entre o ocorrido e o agora, o passado retorna diferente do que foi, estranho e, por isso, novo, grávido de futuro. Refere um passado irremediavelmente perdido, que pode se apresentar, inclusive, como aquilo que poderia ter sido, mas não chegou a ser. A imagem dialética une o ocorrido e o agora numa intensidade temporal que é dada a ler no tempo do agora da legibilidade. Por isso, o tempo do agora retoma o passado sendo fiel àquilo que nele pedia outro devir e pode atualizar-se abrindo possibilidades de futuro nascente. A tensão provocada pela imagem dialética apresenta, numa imagem paralisada, o passado e o presente, o sujeito e o Outro desfazendo, por instantes, suas fronteiras. Conforme Seligmann-Silva 2 essa tensão pode ser entendida como um instante de vivacidade que significaria, a partir do latim, pôr diante dos olhos. Pôr diante dos olhos o presente vivo e o passado reavivado que por algum motivo se entrecruzaram no tempo de um pensamento fugaz. Nesse sentido, a imagem com a força de suspender a dialética dos extremos temporais é visual. O discurso sobre ela vem num segundo momento, que pode ou não ser imediatamente após o vislumbre da imagem, uma vez que entre o visual e o discursivo há um abismo, mesmo que a 2 SELIGMANN-SILVA, Márcio. Ler o livro do mundo. Walter Benjamin: Romatismo e crítica literária. São Paulo: Editora Iluminuras, C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

25 SEÇÃO TEMÁTICA FRANTZ, D. O despertar e a criação... imagem dialética apareça na linguagem e sobre ela incida. Benjamin pretende mostrar a história ao invés de dizê-la. Para expor a história não é possível mantê-la presa ao discurso linear e homogêneo, por isso precisamos isolar os pequenos fragmentos da história para percebê-los de outras maneiras. O fragmento pode ser uma imagem, um significante, um objeto utilitário. Uma câmara obscura, por exemplo. Hoje ela está em desuso mas há algum tempo atrás estava no centro de uma coletividade e a partir dela muitas relações humanas, afetivas, comerciais, etc., foram realizadas ou deixadas de lado. O valor que damos a determinados objetos ou acontecimentos marca nossa história de maneira indelével, a não ser que este objeto ou acontecimento se apresente aos nossos olhos cruamente, desidealizado, desinvestido de valor, como efeito de uma análise, por exemplo. A crueza das coisas é percebida a partir da alegoria, nos diz Benjamin. Na alegoria os objetos apresentam-se como a ruína do objeto, o esqueleto, o resto, a face da história sem a máscara da idealização. A alegoria, portanto, mostra a hipocrisia das convenções. Talvez pudéssemos considerar o sujeito do inconsciente como sendo a alegoria do eu. Sabemos que o sujeito nada mais é do que resto de uma construção narcísica precariamente construída. A imagem que produz o despertar desestabiliza a imagem narcísica de tal forma que nada mais há para surgir que o sujeito do inconsciente. Neste sentido, o despertar do sujeito do inconsciente seria também sua redenção. Na alegoria, o significante e seu significado são arbitrários. Trata-se de uma imagem que constrói significações transitórias. De acordo com Gagnebin 3 a alegoria insiste na sua não-identidade essencial, porque a linguagem sempre diz outra coisa (allo-gorein = outro dizer) que aquilo que visava, porque ela nasce e renasce somente dessa fuga perpétua do sentido último (p.52). Uma imagem alegórica, neste sentido, proporciona que outro discurso seja enunciado seja porque ela mostra a distância entre o significante e o significado, a arbitrariedade dos sentidos convencionados, 3 GAGNEBIN, Jeanne Marie. História e Narração em Walter Benjamin. 2 a.ed, São Paulo: Perspectiva, seja porque mostra o objeto ou o pensamento em ruína ao apresentá-los desinvestidos de seu valor imaginário, narcisicamente construído. A produção imagética, da forma como estamos entendendo-a aqui, é dada na linguagem. Não há imagem sem pensamento e pensamento que não esteja, de alguma forma, capturado pela linguagem. Por isso, a escritura da história do sujeito pode ser concebida como um corpo imagético, enlaçando imaginário, simbólico e real. Acreditamos de fato que é muito difícil pensar imagem e discurso separadamente. Toda imagem contém um discurso em potência. Uma imagem acoplada a um discurso a priori reduz a possibilidade de abertura de sentido sobre a mesma. Já uma imagem que produz um discurso sobre si mesma está sujeita a produzí-lo dentro de uma contingência muito maior. Essa imagem, podemos nomeá-la polissêmica. A polissemia da imagem é uma característica fundamental das imagens dialéticas e alegóricas. É ela que permite que uma intervenção abrupta na linearidade do tempo e do discurso revele o imprevisível, coloque em cena aquelas palavras ou imagens que haviam sido denegadas, esquecidas ou abandonadas no momento de escolha das palavras a serem ditas. É o que a poesia faz. O poeta se deixa levar pelo desconhecido das palavras, invertendo seus significados lingüísticos e imagéticos, mostrando o avesso da forma. Entendemos que a interpretação psicanalítica e benjaminiana trilham um caminho parecido ao reconhecer a produção singular na potencialização da função de equívoco do sentido, da imagem e da palavra. A potencialização do equívoco, por sua vez, possibilita a construção imaginativa, revelando o processo interminável do pensamento que vai e volta e retorna ainda mais uma vez, dobrando-se sobre si mesmo, conforme Benjamin. Para Evgen Bavcar 4, a imagem e o discurso nascem das trevas. A possibilidade de um novo discurso é dada pela instauração de um enigma. No que diz respeito à psicanálise, o enigma refere-se ao desejo. De acordo 4 BAVCAR, Evgen. Inapreensível presença do tempo. In: Porto Arte Revista de Artes Visuais. v. 9, n. 17. POA: Instituto de Artes/UFRGS, BAVCAR, Evgen. A luz e o cego. In: CATÁLOGO DA GALERIA SOTERO COSME/Porto Alegre, RS. O ponto zero da fotografia Evgen Bavcar. RJ: C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

26 SEÇÃO TEMÁTICA FRANTZ, D. O despertar e a criação... com Bavcar, é o invisível que condiciona a visibilidade. Por isso, palavra e imagem nascem de um enigma que se apresenta como ponto ficcional de origem e que dá sustentação à enunciação do sujeito, em que a presença do desejo revela-se a partir da ausência do sentido. Como vimos, imagem e linguagem se sobrepõem. Mesmo quando um significante nos convoca um vazio de imagem, ainda assim, ele é contornado por uma série de significações que tentam dar conta deste vazio. Por isso, quanto maior for a visibilidade da imagem ou do discurso, maior será a invisibilidade que produzem. Da mesma forma, quanto mais falamos mais enigmas produzimos. As imagens dialéticas de Bavcar põem diante dos olhos o visível e o invisível do presente vivido e o passado reavivado. Mas, para ele, há a necessidade de desejar imagens. Isso significa ir em direção às realidades invisíveis que fazem parte de nossa existência. O desejo de imagens implica sobretudo a valorização da imagem no processo reflexivo e associativo que escreve a história. Significa, por um lado, o reconhecimento de que todo o discurso produz uma imagem e vice-versa e, por outro, a retomada da sensibilidade como forma de expressão e de reflexão, conjugando razão e imaginação. Isto é, significa compreender a sensibilidade como uma forma de pensamento. Valorizar a imagem no processo do pensamento implica reconhecer a imaginação e a aparência como produtoras de verdade, justamente porque apresentam sua dupla face de visibilidade e invisibilidade, de coerência e incoerência, etc. Fotógrafo e filósofo, temos em sua produção um exemplo bastante interessante que pode nos mostrar, entre outras coisas, a sobreposição de imagens de pensamento em fotografia como um processo de reflexão filosófica sensível ao despertar. Ele nos convoca ao despertar do olhar (que constitui o despertar do sujeito do inconsciente). A partir das imagens fotográficas expõe a montagem das imagens do pensamento descontínuo, embaralhado e estranho ao sujeito que, no entanto, o convoca intensamente. Elas são exemplares ao nos mostrar a passagem do tempo e a conjunção de semelhanças não-sensíveis no tempo do agora. Nos apresentam o limiar entre o sonho e a vigília no trabalho de tecer a memória. Evgen Bavcar é cego. Sua postura e suas fotografia nos remetem à impotência de cada olho que funciona como máquina de ver. Ele refere-se a si mesmo como sendo uma câmara obscura atrás de outra câmara obscura. Ser uma câmara obscura é, por um lado, ter um olhar em potência e, por outro, ser um receptor de imagens. Bavcar perdeu a visão entre os dez e doze anos, por isso, seu trabalho está em grande parte, referido a recordações, lembranças encobridoras e pela irrupção da memória involuntária. Com esse material produz imagens novas a partir da conjunção dos tempos, inquietando o presente e tornando possível uma leitura deste e uma ressignificação da memória. A câmara obscura é um método efêmero de apagar a luz para que esta possa melhor se fazer valer. Trata-se de não resistir ao escuro, na dupla via, de ir contra as resistências que o escuro ou o enigma produz, mas também, de gozar da escuridão. Trata-se de não resistir ao desfalecimento que o eu no escuro pode sentir e elaborar essa desorientação no tempo que uma imagem precisa para revelar-se verdadeiramente outra. Revela-se outra ao expor a dupla face do desejo nascente no enfrentamento do obscuro: uma imagem que tem algo a revelar insinua que também tem algo a velar. Essa ambivalência é característica do despertar, produzido no constante jogo de ausência e presença, de perda e gozo, de distância e proximidade com as imagens a interpretar. Pensamos que é dessa forma que um significante tem a função de despertar: traz consigo a tensão entre aparentes contradições e suspende-as em um único significante que se apresenta sob a forma de enigma, tal qual em uma poesia, tal qual em uma imagem dialética. Assim, entendemos que um significante pode ser caracterizado como imagem dialética quando, por exemplo, apresenta em si próprio aquilo que o sujeito deseja e teme. Nessa ambivalência surge a verdade do sujeito. Segundo Bavcar, a obscuridade que enfrentamos no momento luminoso e fugaz da irrupção da imagem dialética é a expressão visual do real inatingível. A partir daí originam-se as produções discursivas e imagéticas. Edith Derdik 5 nos explica que a imagem mental é uma potência que mobiliza o ato (inclusive o de falar). Ela se pergunta como pode a imagem mental ser 5 DERDYK, Edith. Linha do horizonte: por uma poética do ato criador. SP: Escuta C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

27 SEÇÃO TEMÁTICA SEÇÃO DEBATES algo impalpável e ser tão real e concreta? Nas várias tentativas de aproximação da imagem, através da palavra, esta atua em função dupla: esvaziar e preencher de sentidos a imagem que, em si, é coesa. A palavra corta e une sentidos gravados na imagem (p.43). Conforme Edson de Sousa 6, Bavcar demonstra com seu trabalho o ponto zero do encontro entre o verbo e a imagem (p.36). O ponto zero, a origem, é esse vazio por onde o invisível condiciona a visibilidade. Dessa forma, imagem e discurso nascem das trevas. Nascem de um enigma, como o da identificação do sujeito ao traço unário, que se apresenta como ponto ficcional de origem e sustentação à cadeia dos significantes em que a presença das palavras e do desejo se dá a partir de uma ausência presentificada no discurso e no desejo. Por um lado, a abstração das letras que formam uma palavra qualquer, por outro, a palavra impregnada do invisível e separada de seu sentido ou de sua imagem previamente estabelecidos. Dos dois lados, enigma. É uma palavra, assim concebida, que pode nos convocar à criação de imagens não pregnantes ao narcisismo, nos convidando à experiência do despertar. Precisamos entender que com o despertar não teremos a resolução do enigma. A questão está em poder conviver com ele de uma forma mais tranqüila. Conviver com o fato de que somente podemos nos afirmar na incerteza sobre o desejo. No momento em que começamos a conviver com a incerteza podemos também começar a abrir mão da repetição do mesmo, do medo do diferente, deixando de lado preconceitos raciais, étnicos, religiosos, etc. Por isso, o despertar deve produzir um efeito de verdade sobre o sujeito que lhe permita dar conta do lugar desejante e atuar ética e politicamente na sociedade. Os efeitos dessa experiência fazem parte da instauração de uma forma peculiar de reflexão que coloca o inconsciente na pauta do dia. Isto é, uma forma de pensamento em que o sujeito, pouco a pouco, assimila os choques da presença de um saber insabido sem esquivar-se dele tão amedrontadamente. PACTO SINISTRO 1 Rossana Oliva Christoph Haizmann, no séc XVII, usou todo o discurso social de sua época para expressar o que lhe afligia. Freud, tomando sua neurose, também sob o viés de uma história clínica, retomou e explicitou conceitos já exaustivamente trabalhados ao longo de sua obra: melancolia, ambivalência, Édipo, castração e etc. Porém, no capítulo V, Freud diz: Talvez ele mesmo não fosse mais que um pobre diabo sem sorte; talvez fosse ineficiente ou muito pouco talentoso para ganhar a vida, e se encontra entre aqueles tipos bem conhecidos como eternos bebês, que não podem desfazer-se da situação beatífica junto ao seio da mãe e durante toda a sua vida se aferram à pretensão de ser nutridos por algum outro. E, um pouco antes, faz o seguinte comentário: Vimos conhecer Christoph Haizmann como um homem que fracassa em tudo, e que, portanto ninguém confia 2. Essas frases,...um pobre diabo sem sorte, pretensão de ser nutrido por um outro e um homem que fracassa em tudo, se não acreditamos em destino, é sina dolorosa para quem vive e pergunta inquietante para quem testemunha. O que se passa? Em 1920, inscrita na pulsão de morte, Freud define a compulsão à repetição como um processo inconsciente, incoercível, que ultrapassa o sujeito e o obriga a reviver situações, desde sempre dolorosas. Relaciona-a com neurose de destino, sexualidade infantil e o traumático. Alguns autores, aqui referenciados, principalmente os pós-freudianos 3, tentando dar conta dessa repetição demoníaca, enfatizaram as características reais do objeto e o desejo inconsciente parental na constituição do sujei- 6 SOUSA, Edson L. A. Noites Absolutas. In: Correio da APPOA, Porto Alegre, número 93, 2001b. 1 Trabalhado apresentado no encontro Relendo Freud e conversando sobre a APPOA, realizado em Torres, nos dias 29, 30 e 31 de agosto de S. Freud, vol.xix pág H. Mayer e N. Marucco 52 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

28 SEÇÃO DEBATES OLIVA, R. Pacto sinistro. Estas identificações iniciais coexistem com outras mais evoluídas e têm destinos diferentes dentro do aparato psíquico. As tanáticas permanecem enquistadas (fixadas) no aparato sendo desmentidas (verleugnung) na excisão do eu. As libidinais se transformam e são a base do ideal do eu, formadas pelo recalcamento no momento pós-édipo. O que quero destacar é, frente a uma neurose, narcísica ou não, o que se repete? O que aciona a compulsão à repetição? Qual o pacto envolvido na manutenção do sintoma e por que? Na estruturação do aparato psíquico, quando estas identificações tanáticas se alojam no eu precoce e indefensável do infans, fazem uma marca tão indelével que, tão logo seja possível, a fim de não viver uma dor que seria insuportável porque traumática para um eu ainda delicado e incipiente, o sujeito criaria o duplo; esse estratégico artífice protetor da vida. O duplo seria então o eu maravilhoso, mito da criança feliz, não castrada e não castradora dos pais; eu ideal, herdeiro do prazer narcisista parental. A criação do duplo é uma defesa contra o horror do trauma (ou da dor). O que aciona a compulsão à repetição? A compulsão à repetição é acionada no momento em que o eu ideal é posto à prova. Na clínica esse movimento é nítido nas adições, melancolias e nas, não mais leves, neuroses de destino. O eu real é inaceitável como tal, o duplo é, a um só tempo, proteção deste eu real e proteção do desejo parental narcisista. Se o duplo (eu ideal) for questionado, como sempre o é, pela vida mesma, enrijece naquilo mesmo que o erigiu, ou seja, na defesa. E, mais um pingo e pode ser a gota d água. A compulsão à repetição se instaura numa última tentativa desesperada de dar conta do que dá mostras de começar a despedaçar-se, reabrindo com isto velhas feridas narcisistas que nunca trouxeram satisfação. A tentativa é reafirmar novamente o eu ideal. Sua linguagem, o fetiche, que aparece nas compulsões a compras, drogas, seduções histéricas que invariavelmente terminam mal e tantas outras. Um exemplo: T., ícone de ideal de beleza e perfeição, principalmente nos cuidados relativos ao corpo, na busca do par igualmente perfeito, obviato como uma das formas de entender esse processo. Com pequenas diferenças teóricas, postulam que as identificações são constitutivas do eu. Inicialmente o que existe são identificações primárias passivas, que cumprem o destino de identificar o infans, segundo alguns modelos 4 : ao amor libidinal, corresponderia a aposta amorosa dos pais, os cuidados objetivos, com a alternância de presenças e ausências e um espaço psíquico neste casal parental para que um outro diferente deles possa advir. Já nas identificações alienantes, o bebê seria identificado como o objeto sexual da completude materna, ou prevaleceriam as identificações ao modelo dos imperativos absolutos kantianos dos deves : deves ser igual a mim ou o que eu não fui, seguramente um modelo idealizado de perfeição e, sobretudo, jamais denunciar a castração materna. Aqui é obvio que não existe espaço para que nenhum outro diferente possa advir, ou seja, para a autonomia do outro. As identificações primárias letais são muito parecidas com o caso anterior, porém o mandato inquestionável é muito mais cruel: tu não deverias existir e tua própria existência é minha morte.trata-se de matar ou morrer. (Identificações filicidas no entender de Meyer e Rascovski). Como o contrário do amor não é o ódio, mas sim a indiferença, caberia ainda pensar no destino de um bebê onde prevalecesse este tipo de identificação, a da inexistência de um investimento psíquico de sua parenta mais próxima, que seria o investimento materno, numa aposta inversa. Esta aposta inversa acentuaria a desesperança. Tratar-se-ia de mães que não encontram, dentro de si, um modelo identificatório de êxito ou aquele são egoísmo de que falava Freud, em 1914, em Introdução ao Narcisismo. A fala poderia ser assim: a vida é assim, nada muda. Fruto da desvalorização e da indiscriminação materna, não existe um espaço de abertura para que o inusitado possa acontecer na vida do infans. Da maneira como compreendo, a melancolia, diferente de outras afecções narcisistas, se situaria predominantemente nestas duas últimas formas de identificações. 4 Nomeação minha. 54 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

29 SEÇÃO DEBATES OLIVA, R. Pacto sinistro. mente nunca encontrado, a cada momento que estes outros ferem com este ideal, denunciando ou que não podem tudo ou que ela não é tudo, inicia uma corrida tanto aos shoppings como aos centros estéticos de beleza, onde parte de sua significativa herança familiar vem sendo consumida. O traço a ser sustentado aqui, a qualquer preço e a qualquer custo, é o ideal de perfeição. O ser amado é somente a condição de que este imperativo categórico materno se cumpra 5. Na verdade, o que não é possível neste momento, para ela, é sair desta posição e denunciar a castração materna, portanto o seu eu real imperfeito não pode aparecer. Já Christoph Haizmann, penso que foi identificado exatamente como um incapaz, aquele que não vai dar em nada mesmo e esta foi a aposta. Um bom indicador disto é que o único momento em que Freud assinala o que desencadeia suas crises é quando ele vê um homem elegantemente vestido ao lado de uma moça que lhe agrada. Pensa, então, que poderia estar no lugar deste homem. Conjuntamente com uma suposição edípica, poderíamos pensar que o que lhe está interditado, mesmo que somente pelo desejo, são os prazeres da boa vida, como, aliás, apontam seus delírios posteriores: belas mulheres, boa comida e ele no lugar de sua majestade. O preço deste desejo são as convulsões e dores lancinantes por todo o seu corpo. Porém, tanto num caso, como no outro, existe um mandato: no primeiro, um ideal de perfeição a ser sustentado. No segundo, o de permanecer no mesmo lugar (provavelmente da linhagem dos Haizmann). Quando algo da ordem do desejo ameaça romper com este mandato situado no eu ideal, mesmo que às avessas surge o sentimento de sinistro no eu. O eu terá então duas saídas: ou enfrentará esta angustia de morte e alcançará um lugar mais independente do desejo materno, ou sucumbirá. O pacto sinistro a que me refiro é entre o eu real e o eu ideal na manutenção do sintoma. Como a força no melancólico encontra-se sempre fora dele, seria quase uma decorrência natural que ele devesse solicitar auxílio a Deus (para não ser) ou ao Diabo (para ser, ainda que inicialmente seja somente na condição de filho, daquele que arriscou a sair de uma posição de submissão irrestrita a Deus). Seja como for, estes pactos com o Outro não resultaram em nenhuma mudança na sua posição subjetiva, talvez por isso Freud insista na indiferença de que se trate, para Haizmann de Deus ou do Diabo. 5 Identificações alienantes. 56 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

30 RESENHA RESENHA NOVAS FORMAS CLÍNICAS NO INÍCIO DO TERCEIRO MILÊNIO 1 MELMAN, Charles. Novas forma clínicas no início do terceiro milênio. Ed. CMC, Porto Alegre, p. Particularmente, há alguns anos venho me perguntando sobre a capacidade da psicanálise manter-se atual, isto é, manter-se em condições de interrogar e viabilizar as diversas formas de expressão da subjetividade na atualidade. Em muitos momentos escutei e li textos que me remeteram mais a uma posição nostálgica aquela do tempo em que o Pai tinha um lugar do que propriamente a problematizações que pudessem colocar em discussão as nossas formas de manifestação subjetiva na contemporaneidade; na contemporaneidade brasileira, sobretudo. Alguns esforços para manter Freud atual já justificaram diversas interpretações de seus textos, certamente para muito além daquilo que ele mesmo teria tido condições de formular como homem do século XIX que era. Não raramente paixões (e como toda paixão, obscurantista) quiseram fazer crer na existência de um Freud atemporal, acima dos efeitos da subjetividade de seu tempo. Pois bem, nossos mestres é preciso reconhecer estes têm passado por dificuldades nos dias de hoje: efeito talvez de uma subjetividade pós-moderna (com toda discussão que este conceito pode gerar), em que as certezas parecem ter nos abandonado, o saber hoje mostra-se estilhaçado e multiplicado em séries infinitas de possibilidades. Arriscaria mesmo dizer que a cada geração parece aumentar a simpatia por esta pluralização de referências. Nem bom, nem mau; diferente apenas. 1 Esta resenha já foi publicada na revista Entrelinha de novembro/dezembro de Não deixa de surpreender portanto (de me surpreender de uma maneira bastante positiva inclusive), escutar um psicanalista de inquestionável importância no cenário mundial, como Charles Melman, situando o fundamental da produção psicanalítica em seu contexto histórico-cultural. Com uma naturalidade desconcertante, o recém lançado Novas Formas Clínicas no Início do Terceiro Milênio, que na verdade é a transcrição de um Seminário realizado por ele em 2002, na cidade de Curitiba, é quase um passeio pelos grandes temas da psicanálise e portanto da nossa cultura. Aqueles que amadureceram profissionalmente estudando autores complexos como Jacques Lacan, sem dúvida encontrarão na agudez do pensamento de Melman um novo olhar sobre sua obra. O Melman encontrado neste livro surpreende a cada novo parágrafo, utilizando uma linguagem bastante diversa daquela encontrada, por exemplo, no denso Novos Estudos Sobre a Histeria. É um Melman leve, instigante e, antes de tudo, absolutamente preocupado com a psicanálise na contemporaneidade. Sem reproduzir jargões incompreensíveis aos ouvidos da maioria, trata, por exemplo, o texto de Freud não como uma escritura sagrada, intocável, mas como uma produção fundamental no cenário contemporâneo, mas que nem por isso está acima da crítica. Um exemplo: Ele [Freud] estava convencido de que, para curar a neurose contemporânea, seria preciso se autorizar a sexualidade. Para ele, a realização da genitalidade, associada à reprodução, constituía a norma, ou, dito de outro modo, ele pensava que havia uma norma de conduta humana. Não é preciso situar-se fora da psicanálise para que possamos criticá-la ou mesmo reconhecer seu alcance. O texto buscou reproduzir não somente as idéias apresentadas por Melman, mas também seu impacto sobre a platéia. Assim, na seqüência de cada parte, há os comentários e as respostas. São muitos os temas abordados por Melman ao longo dos três dias em que ele desenvolveu seu Seminário: relacionamentos e sexualidade, toxicomanias, Internet, depressão, adoção por casais homossexuais. Enfim, muitas das questões que nos interrogam na sociedade contemporânea. É bem verdade também que muitos pontos não chegam a ser aprofundados, embora merecessem um livro cada. Um exemplo importante, ao meu ver, é 58 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

31 RESENHA AGENDA quando refere que na atualidade a mensagem que o sujeito recebe não vem do Outro, senão do consenso social, da opinião. Bem, se formos então levar em consideração suas palavras, é preciso pensar muito sobre aquilo que estamos produzindo e sobre o lugar de onde estamos respondendo. Para concluir confesso que meu exemplar de Novas Formas... em poucos dias ficou completamente tomado de riscos, anotações e coloridos. Penso que esta talvez seja a melhor forma de se avaliar o impacto que um trabalho produz sobre nós. Uma leitura indispensável para aqueles que se preocupam em manter a psicanálise oxigenada, que deixa a vida entrar e questionar seus standards. Walter Firmo de Oliveira Cruz MARÇO 2004 Dia Hora Local Atividade 04, 11, 19h30min Sede da APPOA Reunião da Comissão de Eventos 18 e e 22 20h30min Sede da APPOA 11 21h Sede da APPOA 11 e 25 20h15min Sede da APPOA 12 e 26 8h30min Sede da APPOA 08 e 22 20h30min Sede da APPOA 05, 12 16h15min Sede da APPOA e h Sede da APPOA Reunião do Serviço de Atendimento Clínico Reunião da Mesa Diretiva Reunião da Comissão de Biblioteca Reunião da Comissão de Aperiódicos Reunião da Comissão do Correio da APPOA Reunião da Comissão da Revista da APPOA Reunião da Mesa Diretiva aberta aos Membros da APPOA PRÓXIMO NÚMERO A DIFERENÇA SEXUAL 60 C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar C. da APPOA, Porto Alegre, n. 122, mar

32 Conheça nossas publicações: Revista da APPOA e Correio da APPOA Revista N 25 Variantes da cura R$ 20,00 Revista N 24 A Direção da Cura nas Toxicomanias R$ 20,00 Informe-se sobre nossas publicações Revista N 23 Clínica da Adolescência R$ 20,00 conecte-se com os temas e eventos mais atuais em Psicanálise Para receber a Revista e o Correio da APPOA, copie e preencha o cupom abaixo e remeta-o para*: ASSOCIAÇÃO PSICANALÍTICA DE PORTO ALEGRE Rua Faria Santos, Bairro Petrópolis Porto Alegre - RS Se preferir, utilize telefone, fax ou (51) (51) appoa@appoa.com.br NOME: ENDEREÇO Revista N 22 Psicopatologia do Espaço e outras Fronteiras R$ 20,00 Revista N 21 Os Nomes da Tristeza R$ 20,00 Revista N 20 A Clínica da Melancolia e as Depressões R$ 18,00 Revista N 19 Brasil: Psicanálise, ficção e memória R$ 18,00 CEP: CIDADE: UF: TEL.: FAX: INSTITUIÇÃO: Sim, quero receber as publicações da APPOA, nas condições abaixo: ( ) Promoção Especial Assinatura anual da Revista e do Correio da APPOA R$ 90,00 Revista N 18 De um a Outro Século a Psicanálise R$ 18,00 Revista N 17 Neurose Obsessiva R$ 15,00 Revista N 15 Psicanálise e literatura R$ 15,00 Associação Psicanalítica de Porto Alegre Rua Faria Santos, 258 Bairro Petrópolis CEP Porto Alegre/RS Fone: (51) / Fax: (51) appoa@appoa.com.br Homepage: Revista N 14 Ato & Interpretação R$ 15,00 ( ) Assinatura anual da Revista da APPOA R$ 35,00 ( ) Assinatura anual do Correio da APPOA R$ 65,00 Data: / /2004 * O pagamento pode ser feito via depósito bancário no Banrisul, Bco. 041, Ag. 032, C/C O comprovante deve ser enviado por fax, juntamente com o cupom, ou via correio, com cheque nominal à APPOA.

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