REQUERIMENTO (Do Sr. VICENTINHO )
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- Carolina Gorjão Gentil
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1 REQUERIMENTO (Do Sr. VICENTINHO ) Requer o envio de Indicação ao Poder Executivo, relativa à Escola de Samba Vai Vai do Estado de São Paulo como patrimônio imaterial da cultura do Brasil. Senhor Presidente: Nos termos do art. 113, inciso I e 1 o, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, requeiro a V. Exª. seja encaminhada ao Poder Executivo a Indicação em anexo, sugerindo a inclusão da Escola de Samba Vai Vai do Estado de São Paulo como patrimônio imaterial da cultura do Brasil, nos termos do Decreto nº 3.551, de Sala das Sessões, em de fevereiro de Deputado VICENTINHO (PT-SP)
2 2 INDICAÇÃO N o, DE 2010 (Do Sr. VICENTINHO) Sugere ao Ministério da Cultura que a Escola de Samba Vai Vai do Estado de São Paulo, seja reconhecida como patrimônio imaterial da cultura do Brasil, nos termos do Decreto nº 3.551, de Excelentíssimo Senhor Ministro de Estado da Cultura: A Constituição Federal de 1988 representou um avanço significativo ao reconhecer que somos um país pluriétnico e multirracial, marcado por forte diversidade cultural, resultado de nossa formação histórico-social. O legislador constituinte incorporou ao texto constitucional o princípio da pluralidade cultural, presente nos arts. 215 e 216, imputando ao Poder Público a necessidade de se preservar os bens materiais e imateriais dos grupos formadores da sociedade brasileira. O carnaval é considerado uma das festas populares mais animadas e representativas do mundo. Tem sua origem no entrudo português, onde, no passado, as pessoas jogavam uma nas outras, água, ovos e farinha. O entrudo acontecia num período anterior à quaresma e, portanto, tinha um significado ligado à liberdade. Este sentido permanece até os dias de hoje no Carnaval. Depois do desembarque do entrudo em terras brasileiras, a festa, que viria a se tornar o Carnaval, desenvolveu-se de forma diferente nos diversos lugares em que floresceu: na Bahia, de forma ligada aos fortes ritmos africanos; no Rio de Janeiro, já desde muito cedo organizado em sociedades, o embrião das futuras Escolas de Samba; em São Paulo, objeto do verbete, sob forte influência das populações que migravam do campo para a cidade, já no contexto da crise da economia cafeeira. Foi a população resultante do êxodo rural causado pela crise do café que desencadeou o início do Carnaval paulistano.
3 3 O surgimento do Carnaval paulistano ocorrido da forma descrita determina que a origem geográfica das manifestações de samba em São Paulo esteja ligada às zonas fabris, o que de certa forma explica que duas das mais tradicionais Escolas de Samba paulistanas da atualidade estejam localizadas em bairros de concentração operária: a Vai - Vai, na Bela Vista, e a Camisa Verde e Branco, na Barra Funda. A tradição carnavalesca paulistana, além do chamado "Carnaval de Rua", consistente em bailes e brincadeiras populares pelas ruas da cidade, era centralizada na figura dos cordões, entre os quais destacavam-se justamente o Vai- Vai e o Camisa Verde e Branco. A festa nas ruas e os desfiles de cordões ocorriam paralelamente e em harmonia, compondo o quadro cultural paulistano. Data de 1934 a primeira intervenção da Prefeitura Municipal de São Paulo no Carnaval, promovendo o primeiro desfile carnavalesco dos cordões existentes à época. Os cordões por longo tempo definiram a musicalidade da população operária paulistana, e neles é que se desenvolvia o samba paulistano. No início do século, havia no bairro do Bixiga um time de futebol e grupo carnavalesco chamado Cai-Cai, que utilizava as cores preto e branco, tinha um grupo de choro e jogava no campo do Lusitana, próximo ao cruzamento das ruas Rocha e Una, na região do Rio Saracura. Por volta de 1928, um grupo de amigos, liderados por Livinho e Benedito Sardinha, ajudava a animar os jogos e festas realizadas pelo Cai-Cai, porém eram sempre vistos como penetras e arruaceiros, sendo apelidados de modo jocoso como "a turma do Vae-Vae". Expulsos do Cai-Cai, estes criaram o "Bloco dos Esfarrapados", e paralelamente, o Cordão Carnavalesco e Esportivo Vae-Vae, que foi oficializado em O Vae-Vae adotou as cores preto e branco, as cores do Cai-Cai invertidas, como forma de ironizar o cordão do qual se separaram. Seu primeiro estandarte foi feito de cetim preto ornados com franjas brancas, tendo como símbolo no centro o desenho de uma Coroa com dois ramos de café e abaixo dos ramos, o nome do cordão, seguido da data de fundação. O primeiro desfile oficial do Cordão Vai Vai, foi em fevereiro de 1930, o
4 4 tema era sobre São Paulo e o samba novamente foi feito por Henricão:- Salve São Paulo, tens o céu cor de anil/ Possui a riqueza e a grandeza, és o coração do Brasil". As fantasias eram livres, e nelas predominavam o preto e o branco. No segundo desfile, em 1931, o foi cantado um samba exaltando ao Cordão Vai-Vai. Em 1932 devido à revolução, foi o único ano que o Cordão Vai-Vai não desfilou, mas em 1933, o Vai-Vai volta com um tema em Homenagem à Marinha Brasileira, com todos vestidos de marinheiros. De 1934 até 1965 o Vai-Vai não tinha um samba enredo, mas sim sambas exaltação, que eram cantados durante o desfile, sambas como sempre compostos por Tino e Henricão. Em 1972 a Vai-Vai torna-se oficialmente uma escola de samba, com a nomenclatura Grêmio Recreativo Cultural e Escola de samba Vai-Vai, estreando logo no Grupo Especial. Porém o primeiro título como escola de samba chegou em 1978, seis anos depois da mudança. Outros títulos também foram conquistados em 1981, 1982, 1986, 1987 e Os ramos de café foram escolhidos justamente para mostrar a soberania de São Paulo, quanto à cultura do café, que era uma das fontes de riqueza do país na época. Boa parte dos Barões do Café de São Paulo morava em lindos casarões na Avenida Paulista, com prestigio e riqueza era comum promoverem grandes festas, com muita música, fartura e comida de boa qualidade, que eram feitas pelas pretas velhas quituteiras, muitas delas, esposas de fundadores do nosso cordão, com uma bela mão para o fogão, estas quituteiras gozavam de grande prestigio junto aos Barões, e assim, nossas pretas velhas não perderam tempo e com muito jeitinho conseguiam com que eles sempre contribuíssem com o Cordão Vai - Vai, assinando a livro de ouro, e com essas contribuições, a turma do cordão comprava parte dos tecidos das fantasias e também parte dos instrumentos, (na certa uma justa homenagem ter o ramo do café no símbolo). Já a Coroa simboliza a realeza e a magnitude da raça negra, naquela época era comum o negro se tratarem carinhosamente de Oi Meu Rei, Oi Minha Rainha (esta forma de tratamento se deriva dos tempos da escravidão), pois grande parte dos negros e negras que vieram para cá como escravos, eram Reis e Rainhas
5 5 em suas terras,(assim uma justa homenagem à família negra paulistana e bixiguenta). O símbolo foi idealizado por Fredericão, desenhado por Livinho (sendo que a coroa foi tomada por base a coroa da corte portuguesa) e confeccionado por Dona Iracema. O estandarte passou a ser a representação máxima do cordão e logo trataram de arrumar uma pessoa para conduzi-lo e a primazia foi dada a Pitica, que passou a glória para Iara, que foi sucedida por Dona Iracema que antes sucedeu Antonieta como rainha do cordão. O apelido saracura era dado por causa do rio Saracura que margeava a Bela Vista, tornado-se pejorativo; mas graças aos títulos conquistados, tal apelido tornou-se motivo de orgulho, lembrado até hoje. Anos em que a escola de samba da Vai Vai foi campeã até momento: Vai-Vai Vai-Vai, Gaviões da Fiel Vai-Vai, X-9 Paulistana Vai-Vai, Nenê de Vila Matilde Vai-Vai Ressaltamos, a grande importância dos aspectos que marcam a o maior evento popular do país, e a grande relevância da de ser considerado como patrimônio imaterial da cultura do Brasil à Escola de Samba Vai Vai do Estado de São Paulo. Espero, portanto, contar com a acolhida do Ministério da Cultura, com a sugestão que ora apresento a Vossa Excelência. Sala das Sessões, em de fevereiro de Deputado VICENTINHO (PT-SP)
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