Os jogos panamericanos nas aulas de educação física do CEPAE/UFG
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- Wilson Prada Escobar
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1 Os jogos panamericanos nas aulas de educação física do CEPAE/UFG Régis Henrique dos Reis Silva 145 Lusirene Costa Bezerra Duckur 146 Resumo: Este trabalho tem com objetivo apresentar uma Estratégia de Ensino relacionado ao Eixo Temático Esportes (Eventos Esportivos), mais especificamente, os Jogos Panamericanos elaborada e desenvolvida pelos professores de Educação Física das três séries do Ensino Médio do Centro de Ensino Pesquisa Aplicada à Educação da Universidade Federal de Goiás (CEPAE/UFG). Esta estratégia de ensino teve a finalidade de discutir o sentido e significado dos Jogos Panamericanos - RIO/2007, transformando a realização deste evento em um espaço pedagógico de vivências, com levantamento de dados e análises de caráter crítico-reflexivo, propiciando um melhor entendimento sobre sua manifestação no contexto social, político, econômico e cultural. Avaliamos que embora tenhamos enfrentado vários obstáculos, como, o tempo pedagógico reduzido; as diferenças de concepções apresentadas pelos professores envolvidos no processo; e certa resistência de alguns alunos, concluímos que as sistematizações apresentadas por eles deram conta de formular uma visão mais ampliada sobre os Jogos Panamericanos. Introdução Este trabalho tem com objetivo apresentar uma Estratégia de Ensino relacionado ao Eixo Temático Esportes (Eventos Esportivos), mais especificamente, os Jogos Panamericanos elaborada e desenvolvida pelos professores de Educação Física das três séries do Ensino Médio do Centro de Ensino Pesquisa Aplicada à Educação da Universidade Federal de Goiás (CEPAE/UFG). O CEPAE/UFG, localiza-se no Campus II (Samambaia), na Rodovia Goiânia-Neropólis, Km 12, Caixa Postal 131, Goiânia/GO, Cep: O CEPAE/UFG, identificado como Colégio de Aplicação, possui corpo docente formado por professores doutores, mestres e pesquisadores envolvidos com o ensino nos níveis fundamental, médio e superior. Em linhas gerais esta instituição apresenta propostas inovadoras no currículo escolar e destina-se a educar alunos da Educação Básica, contribuir efetivamente no processo de formação de futuros professores, desenvolver pesquisas científicas, implementar novas práticas pedagógicas, criar/implantar e avaliar novos currículos e também capacitar docentes, na perspectiva da formação continuada. O Colégio de Aplicação foi criado pelo Decreto Lei nº. 9053, de 12/03/1966 e suas atividades iniciaram em março de 1968, no prédio da Faculdade de Educação da UFG (FE/UFG). No plano da Reforma Universitária ocorrida em 1968, o Colégio de Aplicação foi agregado à FE/UFG constituindo-se então em órgão suplementar. (CEPAE/UFG, 2006) No início de suas atividades o Colégio de Aplicação tinha os seguintes objetivos, a saber: Constituirse em laboratório experimental de técnicas e processos didáticos, com intuito de aprimorar as metodologias de ensino; Constituir-se em escola experimental para novos cursos previstos na legislação vigente, bem como para cursos com currículos, métodos e períodos escolares próprios, ajustando-se estes, para fins de validade, às exigências legais; Servir como campo de estágio supervisionado para a Licenciatura e para as habilitações do 145 regishsilva@universia.com.br - CEPAE/UFG 146 lusirenecosta@yahoo.com.br - CEPAE/UFG
2 curso de Pedagogia; O corpo docente do então, Colégio de Aplicação/FE/UFG era constituído por professores da carreira de 1º e 2º graus, existindo professores da Faculdade de Educação que também atuavam neste nível de ensino. A partir de 1980, resultado de uma reivindicação de greve, os professores de 1º e 2º graus foram reclassificados para a carreira do magistério superior, por já estarem desempenhando esta função. (CEPAE/ UFG, 2006) Em 1982 foi criado o Departamento de Estudos Aplicados à Educação da FE/UFG, composto pelos membros do Colégio de Aplicação, que funcionou até março de 1994, quando foi então criado o CEPAE/UFG, por meio da portaria nº. 0063, do Magnífico Reitor. (CEPAE/UFG, 2006) Assim sendo, o CEPAE/UFG foi criado com a finalidade de realização do ensino, da pesquisa e da extensão, como instrumentos de participação na formação de novos educadores nas diversas áreas do conhecimento, com intuito, de atender os diversos cursos de Licenciatura da UFG. A idéia de criação do CEPAE/UFG foi resultante de intensas discussões no interior dessa Universidade, especificamente nos Seminários de Licenciatura e em debates e estudos que visavam à formação de uma política acadêmica para as Licenciaturas, em especial, no Fórum de Licenciatura, instituído em A definição desta política foi avançando em suas metas e propostas e à medida que os projetos foram sendo pensados, construídos e fortificados pode-se testemunhar a consolidação do papel fundamental do CEPAE, no processo de reflexão, reformulação e fortalecimento das Licenciaturas da UFG. (CEPAE/UFG, 2006) A organização pedagógica do CEPAE/UFG se configura por Áreas e Subáreas de conhecimento, quais sejam: Área de Ciências da Natureza e Matemática (composta pelas subáreas de Biologia, Física, Matemática e Química), Área de Ciências Humanas e Filosofia (composta pelas subáreas de Filosofia, Geografia, História e Sociologia), Área de Comunicação (composta pelas subáreas de Educação Artística, Educação Física, Língua Estrangeira e Língua Portuguesa). A subárea de Educação Física, do CEPAE/UFG é formada por cinco professores efetivos (todos mestres), dois técnicos desportivos (que assumem função docente, sendo um deles mestre e o outro especialista) e uma professora substituta (especialista). Atualmente temos dois professores afastados, uma prestando serviço na Secretaria Estadual de Educação do Estado de Goiás e outro em processo de doutoramento na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Os professores da Subárea de Educação Física assumem aulas em todas as turmas do Ensino Fundamental e Médio, sendo duas turmas por série, formadas por 30 alunos cada uma delas, perfazendo um total de 700 alunos. Em 2007, essa subárea tem sob sua responsabilidade um total de 71 horas aulas semanais. A subárea de Educação Física para realização de suas aulas dispõe de materiais comuns a todos os professores da escola e também materiais que ficam sob a gerência da subárea como: dois aparelhos de som; uma sala de almoxarifado com material didático-pedagógico, como bolas de futsal, basquete, vôlei e etc; uma quadra coberta; uma quadra descoberta; uma sala de expressão corporal (dança/ginástica) com espelho e ainda usa como ambiente para aulas, o pátio cimentado e coberto; uma parte do estacionamento que é asfaltada e sem cobertura; além das dependências da Faculdade de Educação Física da UFG (FEF/UFG), que em algumas situações podem ser utilizadas, como p.ex, para as atividades aquáticas. Os equipamentos disponíveis, em geral, estão em bom estado de conservação, e em específico, as instalações disponíveis para as aulas de Educação Física são insuficientes e carecem de reparos, quanto ao material didático-pedagógico, ainda é insuficiente, como por ex, materiais para as aulas de ginástica. As relações humanas entre os professores da Subárea são respeitosas, porém estas não conseguem efetivar uma unidade no trabalho pedagógico, pois é passível de constatação na fala desses professores, nos relatos dos alunos e de outros professores da escola, que a metodologia utilizada por um docente é diferente da utilizada pelo outro. As relações estabelecidas com os professores de outras Subáreas e com a administração da escola também são respeitosas e o trabalho desenvolvido pela Educação Física é reconhecido pela comunidade escolar como uma disciplina curricular importante, que contribui para a formação integral do aluno.
3 O planejamento da Educação Física é realizado em reuniões da Subárea, mas em virtude, da demanda excessiva de atividades administrativas imputadas pela administração da escola e da UFG, até o momento os planejamentos têm sido realizados individualmente e coletivamente quando possível. Diante dessas questões foi que, a partir, do primeiro semestre de 2007, os docentes da subárea, que atuam no ensino médio e na primeira fase vem reunindo semanalmente (em separado), com intuito de discutirem sobre a elaboração e o desenvolvimento do planejamento das aulas nessas fases escolar. Os princípios que têm norteado o trabalho dos professores da Subárea de Educação Física do CEPAE/ UFG, são: 1) a importância da Educação Física, enquanto, uma disciplina curricular, que contribui para a formação integral do aluno, em uma perspectiva, crítica, emancipatória e autônoma; 2) o fato da Educação Física do CEPAE/UFG, ter como objeto central de estudo a cultura corporal, compreendida como linguagem e também a compreensão do corpo, como corpo-sujeito, histórico que vivencia o processo de hominização; 3) a coerência do planejamento da Subárea Educação Física com o Projeto Político Pedagógico do CEPAE/UFG e com o eixo epistemológico de formação dos alunos do curso de Educação Física da UFG; 4) a compreensão do desenvolvimento humano como processo (fundamentados na zona de desenvolvimento proximal de Vigotsky e nos ciclos de desenvolvimento do coletivo de autores); e 5) o conhecimento, enquanto, elemento que permite compreender e transformar a vida (fundamentados na pedagogia histórico-crítica e/ou pedagogias progressistas, que possibilitam a articulação - Educação e Sociedade). Desta forma, o desenvolvimento dos conteúdos curriculares busca contextualizar criticamente, as relações entre a dança, a ginástica, as lutas, os jogos populares, as atividades aquáticas e os esportes (futsal, voleibol, handebol, basquetebol e atletismo) e a sociedade, sob uma perspectiva, em que aqueles se constituem histórico e culturalmente, em nossa sociedade, como, manifestações da cultura corporal. Dito de outra forma, de que modo essas manifestações corporais dialogam com o contexto social, refletindo sobre as possibilidades de superação dos modelos existentes. Pois, ao tomar como referência à pedagogia Histórico-critica, a escola e como não poderia deixar de ser a Educação Física como disciplina curricular - desempenha um papel que vai além da constatação, ou da assimilação pela reprodução, é necessário que ao aluno seja disponibilizado o conhecimento produzido e sistematizado historicamente pelo homem, oportunizando a compreensão da conjuntura em que está inserido para nela intervir. Como nos coloca Freitas (2003), A formação do aluno, portanto, deve prepará-lo para entender seu tempo e engajá-lo na resolução dessas contradições, de forma que sua superação signifique avanço para as classes menos privilegiadas e um acúmulo gradual e permanente de forças para a superação da própria sociedade capitalista. A contradição básica a ser superada é a que faz dos homens os próprios exploradores dos homens (p.56). Esta contradição básica apontada por Freitas (2003), também, é vivenciada nas manifestações corporais, assim sendo, faz-se necessário que o trato com o conhecimento possibilite a constatação, interpretação, compreensão e explicitação dessa contradição no campo das manifestações corporais. Fundamentação teórica e objetivos A justificativa deste trabalho, em um primeiro momento, se dá por acreditarmos nos princípios que têm norteado o trabalho dos professores/as da Subárea de Educação Física e em segundo momento, por defendermos que executa quem planeja 147, dito de outra forma, o professor deve ser responsável pela pesquisa 147 Para saber mais sobre este princípio ver: MUÑOZ PALAFOX, G. H. Intervenção e conhecimento: a importância do Planejamento de Currículo e da Formação Continuada para a Transformação da Prática Pedagógica. Tese de Doutorado. São Paulo: PUC-SP, 2001.
4 de sua própria prática e assim sendo, deve aproveitar espaços como este do II Encontro Estadual de Didática e Prática de Ensino (II EDIPE) para debater sobre sua prática pedagógica, com a intenção, de socializar suas experiências com os demais companheiros de profissão. Constatando os limites e as possibilidades da sua prática profissional nesta primeira década do século XXI. A presente estratégia de ensino foi desenvolvida com os alunos das três séries, do ensino médio, que correspondem ao quarto ciclo, de acordo com o Coletivo de Autores (1992), É o ciclo de aprofundamento da sistematização do conhecimento. Nele o aluno adquire uma relação especial com o objeto, que lhe permite refletir sobre ele. A apreensão das características especiais dos objetos é inacessível a partir de pseudoconceitos próprios do senso comum. O aluno começa a perceber, compreender e explicar que há propriedades comuns e regulares nos objetos. Ele dá um salto qualitativo quando estabelece as regularidades dos objetos. É nesse ciclo que aluno lida com a regularidade científica, podendo a partir dele adquirir algumas condições objetivas para ser produtor de conhecimento científico quando submetido à atividade de pesquisa (p.35). Nesse sentido, compreendemos que neste período de desenvolvimento, o aluno, se oportunizado pelo trabalho pedagógico desenvolvido com o professor será capaz de ampliar suas referências conceituais sobre os diferentes saberes escolares advindos do estudo da realidade social, pois sua racionalidade provavelmente estará em condições de compreender e assimilar criticamente a teoria científica e filosófica, de tal forma que a mesma possa ser materializada em discursos teórico-práticos (conhecimento técnico-científico, argumentação social para elaboração de normas reguladoras de ações sociais nos mundos do lazer e do trabalho, constituídas democrática e solidariamente, sem preconceitos de gênero, sexualidade, raça, etnia e geração). Apesar de diversas dificuldades, a Subárea vem procurando avançar em suas ações, refletindo criticamente a função da Educação Física, enquanto componente curricular, procurando re-elaborar a proposta pedagógica da Subárea, bem como implementar estratégias de ensino numa perspectiva emancipatória de educação. A construção desta estratégia teve como base e orientação o Plano Básico de Ensino (PBE/EF NE- PECC/UFU-ESEBA/UFU) o qual vem sendo colocado em prática por meio de uma estratégia de intervenção educativa e de formação continuada, denominada Planejamento Coletivo do Trabalho Pedagógico (PCTP/EF). O PBE/EF NEPECC/UFU-ESEBA/UFU, enquanto proposta curricular, encontra-se estruturado em eixos temáticos, orientados por zona de desenvolvimento potencial, cujo fundamento político-pedagógico, tem como referencial uma teoria da Aprendizagem Sócio-Crítica, associada ao estudo do Multiculturalismo Crítico. Assim sendo, há similitudes no eixo temático Esporte, Indivíduo e Sociedade do PBE/EF NEPECC/ UFU-ESEBA/UFU e nas discussões e ações pedagógicas dos professores, que compõe a Subárea de Educação Física do CEPAE/UFG, por isso, foi possível basearmos e nos orientarmos na estratégia de ensino intitulada A COPA DO MUNDO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA elaborado pelos professores da ESEBA/NE- PECC/UFU para então construirmos e desenvolvermos a nossa estratégia de ensino dos Jogos Panamericanos. Esta estratégia de ensino teve a finalidade de discutir o sentido e significado dos Jogos Panamericanos - RIO/2007, transformando a realização deste evento em um espaço pedagógico de vivências, com levantamento de dados e análises de caráter crítico-reflexivo, propiciando um melhor entendimento sobre sua manifestação no contexto social, político, econômico e cultural. Nesse contexto, tendo como ponto de partida a realização dos Jogos Panamericanos, na cidade do Rio de Janeiro, optamos em construir e vivenciar uma estratégia de ensino que favorecesse o estudo deste tema enquanto manifestação cultural pelo esporte, identificando seus componentes constitutivos, valores e ideologias para fazer dele, um profundo campo de reflexão e análise crítica, no sentido de que esta práxis, enquanto saber escolar possa contribuir para o entendimento sócio-político-econômico do sistema de vida capitalista e a formação de cidadãos autônomos, criativos e participativos.
5 O processo do pensamento para a produção de sentido e significado sobre os Jogos Panamericanos acompanhou a seguinte estrutura: a identificação da visão geral do saber escolar em questão visto pelo coletivo dos alunos, ainda que de forma difusa e fragmentada síncrese, com vista à identificação e interpretação crítica dos componentes constitutivos desse fenômeno análise, e, finalmente, a partir desses componentes identificados, a abrangência do todo objetivando a descrição de uma nova e ampliada visão da realidade síntese, utilizando em todos os momentos os princípios básicos do método dialético, visando assim à construção do real (realidade interpretada pelo pensamento). Para tal, incorporamos atividades de ensino que antecederam o início dos Jogos Panamericanos - Rio 2007, propiciando assim uma identificação geral dos componentes que constituem este fenômeno com a realização do prognóstico do resultado dos atletas brasileiros, roteiro de levantamento de dados e dos aspectos ontológicos dos Jogos. No CEPAE/UFG os esportes e mais especificamente, os eventos esportivos são partes integrantes dos conteúdos de ensino da Educação Física e vem sendo tematizados em caráter teórico-prático com a finalidade de contribuir no desenvolvimento de uma consciência crítica do aluno em relação a estes temas da cultura humana. Cientes da necessidade de produzir conhecimento neste campo educativo consideramos que o esporte, mediante as práticas corporais, fornece um importante espaço para a aprendizagem social, para o trabalho coletivo, para a criatividade, por meio da produção de uma leitura de mundo e realidade, que deve ser explorado no contexto escolar em benefício do aluno. Nesse sentido, a Educação Física não procura somente introduzir o aluno no mundo técnico instrumental do esporte, mas principalmente, colocá-lo em contato com o conhecimento da cultura corporal (valores, ideologias e os mais variados interesses daqueles que diretamente e/ou indiretamente estão envolvidos com esta prática social) para que ele elabore uma visão crítica e ampliada da temática favorecendo sua utilização autônoma e prazerosa. Diante disso, estabelecemos como objetivo geral desta estratégia, que os alunos compreendam de forma crítica a representação social, valores, objetivos, ideologia e estrutura organizativa dos Jogos Panamericanos - RIO Em outras palavras, nós objetivamos trabalhar esse evento esportivo dentro de um contexto pedagógico onde os alunos e professores, a partir de uma visão geral, difusa e fragmentada, pudessem identificar e interpretar criticamente sobre sua importância, trocando informações e opiniões, analisando coletivamente os interesses relacionados com sua realização, seus valores e ideologias de forma autônoma e responsável, propiciando assim, a descrição de uma nova e ampliada visão de realidade presente nos Jogos Panamericanos - RIO Mais especificamente, objetivamos: 1. Diagnosticar o conhecimento e a visão geral que os alunos têm sobre o tema: Jogos Panamericanos. 2. Organizar espaços coletivos, tanto nas aulas de Educação Física, quanto na escola, para que os alunos pudessem identificar, interpretar e analisar criticamente as partes constitutivas dos Jogos Panamericanos para confrontar e ampliar seu conhecimento diagnosticado inicialmente. 3. Construir um espaço discursivo (Mini-aulas) sobre os Jogos Panamericanos, no intuito, de debater com os alunos os aspectos ontológicos e elementos constitutivos deste evento. Metodologia e resultados Apresentamos, a seguir, o seqüenciador de aulas e a unidade de avanço programático que fizeram parte da estratégia de ensino desenvolvida com os alunos das três séries do ensino médio do CEPAE/UFG.
6 Quadro 01: Seqüenciador de aulas e avanço programático da estratégia de ensino: Os Jogos Panamericanos nas aulas de Educação Física do CEPAE/UFG. OBJETIVOS AULAS AVANÇO PROGRAMÁTICO OBJETIVO GERAL: Estudar os Jogos Panamericanos. TOTAL: 24 aulas PREPARAÇÃO DOS PROFESSORES: Realizamos estudos sobre os Jogos Panamericanos, associando ao ciclo de desenvolvimento dos alunos da disciplina. Elaboramos em reuniões de planejamento, as aulas, bem como providenciamos as sistematizações necessárias daquilo que fora discutido e encaminhado nas aulas. Observação: 1) As primeiras aulas foram destinadas à apresentação do professor, dos alunos, do plano de curso e para escolha da modalidade esportiva a ser estudada (aprofundada) pela turma.
7 PRIMEIRO MOMENTO: Síncrese OBJETIVOS ESPECÍFICOS: DIAGNÓSTICO: Os professores organizaram duas atividades para diagnosticar e identificar o que os alunos conheciam sobre os Jogos Panamericanos (a forma de materialização foi escrita). (Anexo 2 - Roteiro 1 e 2) 1ª Atividade do DIAGNÓSTICO: Questionário diagnóstico sobre o que os alunos conheciam sobre os Jogos Panamericanos. O que sei sobre os Jogos Panamericanos? (Anexo 2 - Roteiro 1) PROGNÓSTICO: Quantas medalhas o Brasil ganhará nos Jogos Panamericanos-Rio 2007? Diagnosticar o conhecimento e a visão geral que os alunos têm sobre o tema: Jogos Panamericanos. PARCIAL: 10 aulas Os professores organizaram um cronograma para realização de um prognóstico sobre o número de medalhas que a delegação Brasileira ganharia nos Jogos Panamericanos-Rio Os alunos de todo o Ensino Médio receberam um texto informativo seguido do prognóstico a ser respondido e divulgado o resultado na turma antes do início dos Jogos Panamericanos-Rio (Anexo 1) Observação: Algumas aulas foram destinadas para vivência da modalidade esportiva escolhida pelas turmas, nestas aulas, aproveitávamos para discutirmos (ensinarmos) sobre o mundo instrumental desta modalidade. 2ª Atividade do DIAGNÓSTICO: Entrega do roteiro com as perguntas problematizadoras sobre os aspectos ontológicos (valores associados, objetivos, ideologia, história) dos Jogos Panamericanos e seus elementos constitutivos (sua estrutura organizativa: instituições, aspectos financeiros, mídia e a organização da competição) presentes na pesquisa a ser realizada antes dos Jogos Panamericanos. (Anexo 2 - Roteiro 2)
8 SEGUNDO MOMENTO: Análise Organizar espaços coletivos nas aulas de Educação Física, para que os alunos possam identificar, interpretar e analisar criticamente as partes constitutivas dos Jogos Panamericanos para confrontar e ampliar seu conhecimento diagnosticado inicialmente. 08 aulas 1ª Atividade: Organizar as atividades para estudo e vivência da modalidade esportiva escolhida pela série, tendo como referência à síntese (realizada pelos professores) das respostas do diagnóstico, realizado na primeira atividade, em cada série. Nesse sentido os professores em cada série seguiram os seguintes procedimentos: 1. Socializamos a síntese do diagnóstico da primeira atividade para todas as turmas; 2. Planejamos as atividades de estudo e aprofundamento da modalidade esportiva escolhida pela turma. Observações: 1) Algumas aulas forma destinadas para organização dos grupos de acordo com o conteúdo a ser estudado (anexo 2 - roteiro 3), bem como para orientações das mini-aulas. 2) Os grupos foram formados por 5 ou 6 alunos e cada grupo recebeu uma apostila com os textos relacionados no anexo 3. TERCEIRO MOMENTO: Síntese Realização das mini-aulas foram organizados espaços coletivos para os alunos identificarem, interpretarem e analisarem criticamente as questões problematizadoras presentes na pesquisa realizadas por eles. (Anexo 2-Roteiro 2) Construir um espaço discursivo (mini-aulas) sobre os Jogos Panamericanos, no intuito, de debater com os alunos os aspectos ontológicos e elementos constitutivos deste evento. 06 aulas Simultaneamente foram desencadeadas as seguintes atividades: Realização e avaliação das mini-aulas, conforme Anexo 2 - Roteiro 3. Nesse sentido, os professores definiram quais os conhecimentos, que necessitavam ser ampliados e confrontados com os dos alunos: Conhecimentos necessários: 1. Valores associados aos Jogos Panamericanos; 2. Ideologia presente neste evento; 3. Objetivos dos Jogos Panamericanos; 4. Sua estrutura organizativa; 5. A competição em si.
9 Principais dificuldades e contigências do processo de implementação da estratégia Contingências Primeiro Momento: A principal dificuldade enfrentada por nós foi com relação ao tempo pedagógico, apenas uma hora aula por semana. Conforme foi estabelecido pela reforma curricular do ensino médio, o currículo nesta fase do ensino é dividido em núcleo básico e núcleo flexível, a diferença básica entre os dois além dos horários das aulas (matutino para o núcleo básico e vespertino para núcleo flexível) é quanto a obrigatoriedade dos alunos cumprirem a carga horária, dito de outra forma, no núcleo básico todos os alunos da sua respectiva série cumpre a carga horária de acordo com o que foi pré-estabelecido pelo currículo, neste caso, a Educação Física dispõe de uma hora aula por semana nas três séries do ensino médio, já no núcleo flexível o aluno é quem escolhe quais as disciplinas que ele irá cursar e assim sendo integralizar seu currículo. Portanto, o aluno no núcleo flexível pode integralizar seu currículo sem fazer nenhuma disciplina ofertada pela subárea de Educação Física, p. ex, ou até mesmo fazer todas as disciplinas de uma determinada área do conhecimento, p. ex, da área de humanas ou biológicas. Enfim, a nossa maior dificuldade no ensino médio e mais precisamente, na condução deste trabalho foi o fato de uma hora aula semanal, trazer sérias dificuldades para a organização de um trabalho pedagógico que vise a apropriação do saber sistematizado (que é a centralidade da escola), pois o tempo pedagógico disponível para o desenvolvimento do trabalho é insuficiente. Soluções Imediatamente: Esta questão infelizmente não foi possível solucioná-la imediatamente, mas de toda forma temos trabalhado no sentido de propormos alterações no currículo escolar do ensino médio, visando a superação dos problemas enfrentados por nós. Uma possibilidade colocada foi a realização das aulas de Educação Física em um mesmo semestre (duas aulas consecutivas), assim sendo, trabalharíamos com aquelas turmas em um semestre e no outro não, mas esta proposta foi desconsiderada, pois implicaria em re-arranjos administrativos e um afastamento dos professores de Educação Física em momentos como conselhos de classe, reuniões de pais e outras atividades, no semestre em que os alunos não tivessem aulas de Educação Física, o que no nosso entendimento, comprometeria a avaliação final do desempenho acadêmico dos alunos, no momento do Conselho de Classe final. Segundo Momento: Dificuldade no processo de planejamento coletivo, em virtude das diferenças de concepções de mundo, sociedade, educação apresentada pelos professores envolvidos no processo. Imediatamente: Adesão da estratégia por parte da professora, cujas concepções destoava do grupo e principalmente da proposta pedagógica da subárea. Terceiro Momento: As atividades extras, que ocorreram nos dias das aulas de Educação Física, interferiram diretamente no desenvolvimento do nosso planejamento. Imediatamente: Foi necessário solicitar aulas de outras disciplinas escolares para concluirmos o planejamento previsto.
10 Considerações Finais A experiência de trabalhar os Jogos Panamericanos como eixo norteador de um projeto de ensino, foi interessante, pois tratamos da temática esporte articulada com um evento de repercussão mundial, que ocorria no Brasil, mais precisamente na cidade do Rio de Janeiro. Esses fatores contribuíram para que o projeto se tornasse mais significativo para os alunos, uma vez que esse assunto era diariamente divulgado pela mídia, de onde, inclusive, buscávamos elementos para identificar as relações que se estabeleciam no decorrer do processo de organização e execução do evento, bem como a preparação dos atletas. Ao trabalharmos o esporte tomando como ponto de partida um evento esportivo, ampliaram-se as possibilidades de compreensão dos alunos, a respeito deste elemento da cultura corporal, pois pudemos identificar durante o desenvolvimento da estratégia, bem como nas mini-aulas ministradas pelos alunos e posteriormente debatida com a turma, que os alunos identificaram as diferentes facetas do esporte, e principalmente, que este se materializa de diversos modos, de acordo com os interesses de quem o conduz. Por fim, avaliamos que embora tenhamos enfrentado vários obstáculos, como, o tempo pedagógico disponível para desenvolvimento da estratégia; as diferenças de concepções de mundo, sociedade, educação apresentada pelos professores envolvidos no processo; e certa resistência de alguns alunos em permanecerem na sala de aula comum as outras disciplinas, concluímos que as sistematizações apresentadas pelos alunos deram conta de formular uma visão mais ampliada sobre o esporte, e mais precisamente, acerca dos Jogos Panamericanos. Referências Bibliográficas COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino da educação física. São Paulo SP: Ed. Cortez, CENTRO DE ENSINO E PESQUISA APLICADA À EDUCAÇÃO DA UFG. Disponível em: < cepae.ufg.br>. Acesso em: 27 de Abr FREITAS, L. C. de. Ciclos, seriação e avaliação: confronto de lógicas. São Paulo: Moderna, MUÑOZ PALAFOX, G. H. Intervenção e conhecimento: a importância do Planejamento de Currículo e da Formação Continuada para a Transformação da Prática Pedagógica. Tese de Doutorado. São Paulo: PUC- SP, UBERLÂNDIA/ESEBA/UFU. Diretrizes Curriculares de Ensino da Educação Física Escolar. Uberlândia: ESEBA, 2002.
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