JOINVILLE ESPORTE CLUBE

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1 PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO 5ª VARA DO TRABALHO DE JOINVILLE Monito AUTOR: JENNER ZOTTELE RÉU: JOINVILLE ESPORTE CLUBE Autos n TERMO DE AUDIÊNCIA Aos dezenove dias do mês de junho, do ano de dois mil e dezenove, às 14h30min, na sala de audiências da 5ª Vara do Trabalho de Joinville, presente o Exmo. Juiz Antonio Silva do Rego Barros, foi publicada a SENTENÇA proferida na Ação Trabalhista em que JENNER ZOTTELE contende com JOINVILLE ESPORTE CLUBE, como segue. Ausentes as partes. Vistos etc. RELATÓRIO JENNER ZOTTELE propôs ação monitória em face de JOINVILLE ESPORTE CLUBE, ambos qualificados nos autos em epigrafe, pretendendo, com base nos fatos narrados na petição inicial, a condenação do réu ao pagamento da importância de R$ ,96, conforme demonstrativo apresentado na peça inicial, devidamente atualizada; honorários advocatícios; e concessão dos benefícios da justiça gratuita. Atribuiu à causa o valor de R$ ,60. Citado para efetuar o pagamento, o réu anexou embargos à monitória na p. 81 e seguintes reconhecendo que firmou contrato de trabalho com o autor, o qual foi encerrado por mútuo consentimento, com termo de distrato que abrangeu todas as verbas trabalhistas e créditos indenizatórios decorrentes do vínculo mantido entre as partes; requereu a designação de audiência conciliatória, alegando que tem interesse em negociar as pendências, mas ainda não alcançou equilíbrio de suas finanças; requereu os benefícios da justiça gratuita;e parcimônia quanto aos honorários de sucumbência. Documentos foram juntados. A audiência designada foi cancelada a pedido do autor. e seguintes. Intimado a responder os embargos, o autor apresentou impugnação na p. 139 Número do documento: Num. d Pág. 1

2 decide-se. Estando o processo em condições de julgamento, CPC/2015, art. 355, I, FUNDAMENTAÇÃO a) Do Contrato Especial de Trabalho Desportivo / Termo de Distrato Restou incontroverso que as partes firmaram contrato especial de trabalho desportivo, que foi encerrado por mútuo consentimento, com formalização de termo distrato. Também restaram incontroversos os valores que estão sendo cobrados via monitória, apenas alegando o réu que ainda não alcançou o equilíbrio de suas finanças. Diante do exposto, acolho a pretensão do autor para condenar o réu ao pagamento dos valores que constam na planilha da p. 6 da peça inicial, cujo montante soma R$ ,96. b) Assistência Judiciária O 4º do art. 790 da CLT, incluído pela Lei nº /2017 dispõe que o "benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo". Os documentos anexados pelo réu na p. 98 e seguintes demonstram que, em razão de crise financeira, não tem recursos suficientes para o pagamento das custas. Concedo, pois, os benefícios da justiça gratuita e isento-o do pagamento das custas processuais. Pela mesma razão (não recebimento de salários, verbas rescisórias e outros títulos), concedo o mesmo benefício ao reclamante. c) Honorários de Sucumbência Tratando-se de demanda ajuizada quando vigente a Lei /2017 (Reforma Trabalhista), aplicável ao caso os honorários de sucumbência de que trata o art. 791-A da CLT, em favor dos procuradores da parte autora, arbitrando-se em 10% do valor do pedido acolhido, os quais deverão ser suportados pelo réu. O valor dos honorários será em partes iguais quando houver mais de um procurador habilitado, observando-se aqueles com poderes para atuar na presente demanda até a data da prolação desta sentença. d) Descontos Previdenciários e Fiscais Número do documento: Num. d Pág. 2

3 Os descontos previdenciários e fiscais serão na forma da legislação vigente, cuja sistemática já foi inclusive incorporada pela jurisprudência (Súmula 368 do TST). As contribuições previdenciárias seguem o regime de competência mensal, aplicando-se o art. 43, 2º, da Lei 8.212/91, com a redação conferida pela Lei , de , o qual define que se considera ocorrido o fato gerador na data da prestação do serviço, o que veio a pacificar a doutrina e a jurisprudência em torno da matéria relativa ao momento de incidência dos juros de mora e multa sobre as contribuições previdenciárias. Com vista a uma política judiciária mais célere, o Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Regional tem editado súmulas sobre matérias com entendimentos já consolidados, dentre elas a Súmula nº 80 que trata das contribuições previdenciárias em sentenças condenatórias, cuja redação abaixo se transcreve: SÚMULA N.º 80 - "CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. SENTENÇAS CONDENATÓRIAS. FATO GERADOR. JUROS E MULTA. Para o serviço prestado até , o fato gerador é o efetivo pagamento do débito trabalhista em juízo, só havendo incidência de juros e multa caso o executado não recolha as contribuições previdenciárias até o dia 2 do mês seguinte ao desse pagamento. Para o serviço prestado de em diante, o fato gerador é a prestação dos serviços pelo trabalhador, com acréscimo de juros de mora desde então, só havendo incidência da multa caso o executado não recolha as contribuições previdenciárias no prazo de 48 horas da citação na fase executiva." (Publicado no Diário Oficial Eletrônico - TRT-SC/DOE, nos dias , e ) Verifica-se, portanto, que o fato gerador para aplicação dos juros (SELIC) é a prestação dos serviços pelo trabalhador, exceto para o serviço prestado até , quando então os juros e multa são devidos caso o executado não recolha as contribuições previdenciárias até o dia 02 do mês seguinte ao do efetivo pagamento do débito trabalhista. A partir de , somente haverá incidência da multa caso o executado não recolha as contribuições previdenciárias no prazo de 48 horas da citação na fase de execução. Submisso a tal entendimento, e considerando que a matéria sumulada está em consonância com a atual jurisprudência, este Juízo adota os termos da Súmula nº 80 do TRT/12 para definir os parâmetros relativos ao momento de incidência dos juros (SELIC) e multa sobre as contribuições previdenciárias, como acima delineado. No entanto, desde já fica definido que esta Justiça Especializada é incompetente para apreciar a matéria relativa às contribuições de terceiros, o que inclusive foi objeto de proposição da Comissão de Uniformização de Jurisprudência e que foi acolhida pelo Pleno do Tribunal Regional o Trabalho da 12ª Região, in verbis: Enunciado nº 6 - CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DEVIDA A TERCEIROS. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. A justiça do Trabalho não detém competência para executar as contribuições sociais devidas a terceiros.(publicado no DOE/TRT/SC nos dias 18,19 e ). Número do documento: Num. d Pág. 3

4 Quanto ao Seguro de Acidentes do Trabalho (SAT), a competência da Justiça do Trabalho para cobrar ex officio tal parcela é inafastável, diante dos termos do art. 114 da Constituição Federal, pois se trata de uma lide decorrente da relação de trabalho, sendo que tal contribuição é devida sobre as remunerações pagas aos empregados. Em atenção à Súmula 56 do TRT da 12ª Região, os juros de mora são apurados após a dedução das contribuições previdenciárias devidas. Já a incidência de imposto de renda, no que couber, será nos termos do art. 12-A da Lei 7.713/88 e Instrução Normativa MF/SRFB 1.127, de , deduzindo-se o montante do crédito da parte autora. Quanto aos juros de mora, deverá ser aplicado o entendimento consubstanciado na Orientação Jurisprudencial nº 400 da SBDI-I do TST. Ao empregador cabe a responsabilidade pelo recolhimento dos tributos, e não pelo seu pagamento. É neste sentido a Orientação Jurisprudencial nº 363 da SDI-1/TST, onde foi consolidado o entendimento de que "(...) a culpa do empregador pelo inadimplemento das verbas remuneratórias não exime a responsabilidade do empregado pelos pagamentos do imposto de renda devido e da contribuição previdenciária que recaia sobre a sua quota-parte". Logo, os valores devidos ao Fisco, de responsabilidade da parte autora, deverão ser deduzidos do montante do seu crédito, respeitados os comandos legais e as tabelas de isenções, sendo certo que o ônus da mora quanto aos recolhimentos previdenciários deverá ser suportado pelo empregador, inclusive no que se refere à quota-parte de responsabilidade do empregado, cabendo a este suportar apenas com os valores originais de tais contribuições. e) Intimação Exclusiva Não há como acatar o requerimento contido na peça inicial, para que as intimações/notificações deste processo sejam efetuadas exclusivamente em nome do advogado especificado, pois tal procedimento não é possível de ser realizado nos Sistemas de Acompanhamento Processual utilizados no Judiciário Trabalhista. Portanto, deverá ser observada a intimação do patrono mencionado, bem como dos demais advogados já cadastrados no sistema. DISPOSITIVO Pelos fundamentos expostos e o que mais consta dos autos, julgo PROCEDENTES EM PARTE OS PEDIDOS da inicial, para condenar o réu JOINVILLE ESPORTE CLUBE a pagar a JENNER ZOTTELE o montante de R$ ,96 relativo à prestação de serviços em decorrência de contrato especial de trabalho desportivo que foi entabulado entre as partes e rescindido por mútuo consentimento, bem como R$ 3.225,09 de honorários de sucumbência. As partes são beneficiárias da justiça gratuita. Número do documento: Num. d Pág. 4

5 Tudo conforme a Fundamentação que se integra a este Dispositivo, independente de transcrição. Juros e correção monetária observados os índices fornecidos pela Contadoria do E. TRT da 12ª Região, bem como as Súmulas 200 e 381 do E. TST, aqueles contados a partir do ajuizamento da ação (CLT, art. 883). Custas pelo réu de R$ 645,01 calculadas sobre o valor de R$ ,96, provisoriamente arbitrado à condenação, sujeitas a complementação, das quais fica dispensado. elencados na motivação. Os descontos previdenciários e fiscais serão nos termos e parâmetros Cumpra a Secretaria o 5º do art. 832 da CLT. Transitada em julgado, cumpra-se. Intimem-se. Obs.: A numeração utilizada nesta sentença é aquela que aparece na barra inferior do processo, quando feito o download do documento em PDF - cronologia crescente. JOINVILLE, 19 de Junho de 2019 ANTONIO SILVA DO REGO BARROS Juiz(a) do Trabalho Titular Número do documento: Num. d Pág. 5