7ª VARA DO TRABALHO DE BRASÍLIA/DF

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1 PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 10ª REGIÃO 7ª VARA DO TRABALHO DE BRASÍLIA/DF PROCESSO Nº: RECLAMANTE: NAWAL TANNOUS TRAD MIRANDA RECLAMADA: UNIÃO SENTENÇA I - RELATÓRIO NAWAL TANNOUS TRAD MIRANDA, identificada às fls. 02, propôs a presente Reclamação Trabalhista em desfavor da UNIÃO, também qualificada às fls. 02, alegando, em síntese, que: é empregado do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MAPA; ocupa o cargo de assistente administrativo; prestou serviços ao Banco Nacional de Crédito Cooperativo, tendo sido arbitrariamente dispensada; com a edição da Lei nº 8.878/94, a autora foi anistiada pela Portaria nº 306, de 10/09/2010; não houve a correta interpretação do teor da Lei nº /2009 para a recomposição das parcelas salariais devidas à autora quando do seu retorno; não foi considerada a correta jornada trabalhada para o cálculo do salário

2 devido. Formulou os pedidos elencados às fls. 09/10. Atribuiu à causa o valor de R$ ,00. Juntou documentos. Em razão de figurar no polo passivo da presente ação ente enquadrado na definição legal de Fazenda Pública, foi dispensada a audiência inaugural, nos termos do disposto na Recomendação CGJT nº 02/2013, de 23/07/2013. Foi assegurado o requerimento de designação de audiência com vistas à conciliação (fls. 33). A ré apresentou defesa escrita (fls. 35/41), refutando as alegações da reclamante e requerendo a improcedência dos pedidos veiculados na presente ação. Juntou documentos para corroborar a defesa. Em réplica (fls. 82/88), a reclamante rechaçou os argumentos da defesa e reiterou os pleitos contidos na exordial. O Juízo oportunizou às partes a especificação de provas (fls. 89), tendo a ré entendido pela suficiência das provas já colacionadas aos autos e a reclamante quedou-se inerte. Vieram os autos conclusos. É o relatório. II FUNDAMENTAÇÃO De início, o Juízo esclarece à reclamada que não se trata de pleito de parcelas retroativas à data anterior ao efetivo retorno da demandante ao trabalho, mas de direitos que a autora julga devidos após

3 ter sido admitida aos quadros da ré em razão de anistia. 1. PRESCRIÇÃO A reclamada arguiu a prescrição relativa às parcelas anteriores aos últimos cinco anos (artigo 7º, XXIX da Carta da República), contados da propositura da ação. Como a presente Reclamação Trabalhista somente foi proposta em 09/10/2015, declaro prescritas as pretensões relativas ao período anterior a 09/10/2010, inclusive FGTS, e, em relação a tais pretensões, julgo extinto o processo com apreciação do mérito, nos moldes preceituados pelo artigo 487, II do NCPC. Pontuo que está sendo obedecido o disposto no artigo 1º do Decreto nº /32, com a particularidade de que se trata de prescrição trabalhista. 2. EMPREGADA ANISTIADA - DURAÇÃO SEMANAL DO TRABALHO DIFERENÇAS SALARIAIS A reclamante noticiou que o salário percebido junto ao BNCC remunerava 30 horas semanais de trabalho, sendo certo que tal salário foi atualizado e pago, quando do retorno, para remunerar 40 horas semanais de labor, o que se constitui em alteração contratual lesiva. Por tal razão, requereu o pagamento das diferenças salariais havidas entre a jornada de 8h e de 6h e seus

4 consectários. A ré afirmou que não pesa sobre ela o encargo de contratar os anistiados rigorosamente nas mesmas condições em que trabalhavam à época de suas demissões, dada a extinção da unidade empregadora de origem, pontuando que o retorno corresponde à nova admissão, sem direito às vantagens ou a indenizações decorrentes do tempo de afastamento. Posta a questão, passo ao exame. De fato, não há falar em unicidade contratual, nem em reintegração, já que se trata de nova admissão, ou seja, novo contrato de emprego. E, não se tratando do mesmo contrato de trabalho, não há falar em alteração contratual lesiva e nem mesmo em horas extras, já que a Lei nº /2007 preconizou a duração semanal do trabalho de 40 horas para os novos contratos com os anistiados. Ainda que assim seja, tem-se que a ré deveria ter observado o salário-hora da empregada para fins de pagamento, pois, no caso da autora, ela percebia remuneração relativa a 180 horas mensais de labor e, anistiada, teve sua carga horária mensal aumentada para 200 horas. Assim, é justo que se corrija tal diferença, já que a mens legis da Lei nº /2009 foi a recomposição do salário de ingresso do anistiado, considerados os mesmos padrões auferidos quando da dispensa. Nesse diapasão, são devidas as diferenças

5 salariais, no importe de 20 horas mensais. Defiro parcelas vencidas e vincendas até a efetiva incorporação ao salário do autor. Defiro reflexos em férias com 1/3, gratificação natalina, FGTS, além de repercussão em horas extras e em adicional noturno porventura devidos. Para fins de cálculo, observar o período não prescrito, a evolução salarial da autora e o divisor BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA Considerando a declaração de hipossuficiência econômica de fls. 03, concedo ao reclamante os benefícios da justiça gratuita, com base no permissivo legal insculpido no artigo 790, 3º da CLT. 4. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS As diferenças salariais deferidas nesta sentença e seus reflexos em gratificação natalina, horas extras e adicional noturno porventura devidos devem sofrer a incidência das contribuições previdenciárias, nos termos do artigo 832, 3º da CLT. Determino que cada parte arque com a sua cota das contribuições previdenciárias, devendo ser feita a dedução do crédito obreiro da cota-parte do empregado, comprovando-se o recolhimento nos autos. III - DISPOSITIVO

6 Ex positis, acolho a prejudicial de prescrição parcial, declaro prescritas as pretensões relativas ao período anterior a 09/10/2010, inclusive FGTS, e, em relação a tais pretensões, julgo extinto o processo com apreciação do mérito, nos moldes preceituados pelo artigo 487, II do NCPC. No mais, julgo PROCEDENTES os pedidos formulados por NAWAL TANNOUS TRAD MIRANDA, condenando UNIÃO a pagar ao reclamante as verbas deferidas no curso da fundamentação. Liquidação por cálculos, observada a fundamentação. Acresçam-se ao valor da condenação os juros e a correção monetária, conforme Súmulas nºs 200 e 381 do TST. A verba fundiária deve ser depositada em conta vinculada em nome da autora, sem direito a saque imediato, pois o pacto laboral ainda está em vigor. Descontos fiscais na forma da lei, observando-se a Súmula nº 368 do TST, a Orientação Jurisprudencial nº 363 da SBDI- 1 do TST e os Provimentos nº 01/96 e 03/2005 da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho/TST. Deve ser comprovado o recolhimento das contribuições previdenciárias, sob pena de execução. Custas devidas pela reclamada no valor de R$ 200,00, calculadas sobre R$ ,00, valor provisoriamente

7 arbitrado à condenação, dispensadas na forma da lei. Publique-se para conhecimento do reclamante. Intime-se pessoalmente a reclamada. Brasília, 28 de março de Érica de Oliveira Angoti Juíza do Trabalho Substituta Processo nº , pág. 5 de 5