CRESCIMENTO DO ALGODÃO MOCÓ SUBMETIDO A DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO E QUALIDADES DE ÁGUA
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1 CRESCIMENTO DO ALGODÃO MOCÓ SUBMETIDO A DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO E QUALIDADES DE ÁGUA Carlos André de Souza Sá 1, Renato Veríssimo da Silva Filho 2, Rivonaldo batista da Cruz 3, Romário Monteiro Horas 4, Antônio Henrique Cardoso do Nascimento 5 RESUMO: Objetivou-se avaliar a influência da qualidade da água no crescimento e desenvolvimento do algodão mocó (Gossypium hirsutum L. var. marie galante Hutch.), com diferentes lâminas de irrigação. O experimento foi conduzido em vasos a céu aberto. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, em esquema fatorial de parcelas subdivididas 5 x 2, sendo avaliados os efeitos de cinco lâminas de irrigação (50%, 75%, 100%, 125% e 150% da ETc) e duas qualidades de água (água da estação de tratamento e água do poço artesiano), com quatro repetições. Para analisar os efeitos das diferentes lâminas e qualidades foram avaliados a altura de planta; o número de folhas; e o diâmetro do coleto. As avaliações foram realizadas com intervalos médios de dez dias após o transplantio, durante 120 dias. Observou-se que não há diferença para altura da planta e o diâmetro do caule com relação a qualidade de água, porem o número de folhas nos primeiros dias é reduzido quando utilizado a água da estação de tratamento. PALAVRAS-CHAVE: Gossypium, marie galante, salinidade. GROWTH OF MOCO COTTON SUBMITTED TO DIFFERENT IRRIGATION BLADES AND WATER QUALITIES ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate the influence of water quality on the growth and development of cotton mocó (Gossypium hirsutum L. var. marie galante Hutch.), With different irrigation slides. The experiment was conducted in open-air pots. The experimental design was a randomized complete block design in a 5 x 2 subdivided plot, with five irrigation slides (50%, 75%, 100%, 125% and 150% ETc) (water from the treatment plant and water from the artesian well), with four replications. To analyze the effects of the different slides and qualities were evaluated plant height; the number of leaves; and the collecting diameter. The evaluations were performed with mean intervals of ten days after transplanting for 120 days. It was observed that there is no difference in plant height and stem diameter in relation to water quality, but the number of leaves in the first days is reduced when water is used in the treatment plant. KEYWORDS: Gossypium, marie galante, salinity. 1 Discente do Curso de Agronomia da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada - UFRPE/UAST - Serra Talhada PE. carlossa.eng.agro@outlook.com 2,3 e 4 Discentes do Curso de Agronomia da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada - UFRPE/UAST - Serra Talhada PE 5 Docente da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada UFRPE/UAST - Serra Talhada PE. antonio.cardoso@ufrpe.br
2 INTRODUÇÃO O algodoeiro mocó, planta da família Malvaceae, é especificado por Hutchinson (1951) como uma raça alotetraplóide (2n=4x=52) de porte arbóreo pertencente ao gênero Gossypium, nominada de G. hirsutum raça marie galante. Esta raça é originária das Antilhas, mas com uma vasta distribuição do México ao Seridó do Nordeste brasileiro (Stephns, 1973). Nesta região o algodoeiro mocó convive com outras espécies sexualmente compatíveis, tais como G. barbadense e G. mustelinum, o que permitiu a criação de híbridos vigorosos, devido às repetidas e inúmeras introduções de algodoeiro herbáceo (Freire et al., 2002). O grande potencial econômico desta cultura deve-se à utilização de sua fibra como matéria prima na indústria têxtil. Além disso, seus grãos são utilizados como alimento animal na forma de ração, e também na alimentação humana, na forma de óleo vegetal (Freire, 2002). O cultivo do algodoeiro mocó no semiárido é caracterizado pelos agricultores familiares devido à combinação de alguns fatores de base sustentável, tal qual a capacidade de complementação da renda familiar que o agricultor pode obter com a cultura; a relação de permuta de mão-de-obra familiar entre agricultores familiares de uma mesma comunidade; e o uso múltiplo do algodoeiro, de acordo com as diferentes necessidades da propriedade, seja para usomedicinal, agroecológico, ou até para a formação de sistemas integrados de produção e consórcios agrossilvipastoris (Morais, 2010). A literatura comprova os benefícios da irrigação. Contudo informações sugestivas ao manejo adequado de irrigação dessa cultura no semiárido brasileiro ainda são escassas, principalmente na região do Sertão do Pajeú. Diante disso, o presente estudo teve como objetivo principal analisar os efeitos da qualidade da água,aplicada com diferentes lâminas de irrigação, no crescimento do algodão mocó. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido de 15 de Novembro de 2017 a 25 de Março de 2018, na UFRPE/UAST, em Serra Talhada-PE, cujas coordenadas geográficas no sistema SIRGAS 2000 são de latitude sul e de longitude oeste, na Mesorregião do Sertão Pernambucano, Microrregião do Pajeú, a uma altitude de 429 metros. De acordo Köppen, O clima é qualificado do tipo BSw h, considerado muito quente e semiárido, com temperatura do mês mais frio superior a 18 C e chuvas de verão-outono. O período chuvoso se inicia em novembro, com término em abril. A precipitação média anual é de 639 mm e temperatura média anual em torno de 25,2ºC (Lamepe/Itep, 2017).
3 As sementes foram coletadas de uma única matriz localizada no sítio Camaleão, no município de Calumbi-PE, e as mudas produzidas na própria universidade. Após a inserção do terceiro par de folhas verdadeiras, 40 mudas com características semelhantes foram selecionadas e transplantadas para vasos com capacidade para 20 litros, nos quais foram colocados compostos com solo peneirado da região, composto orgânico e areia na proporção 5:3:1, respectivamente. Após a análise de solo foi realizado a correção do solo, sendo os cálculos realizados com base na recomendação para algodão herbáceo irrigado, conforme o Boletim de Recomendação de Corretivos e Fertilizantes para o Estado de Pernambuco (Ipa, 2008). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, em o esquema de parcelas subdivididas 5 x 2, sendo avaliados os efeitos de cinco lâminas de irrigação (50%, 75%, 100%, 125% e 150% da ETc) e duas qualidades de água (água da estação de tratamento e água do poço artesiano), com quatro repetições. As águas utilizadas na irrigação passaram por análises, no início e no final do experimento, a fim de se monitorar a sua qualidade. O manejo de irrigação foi realizado diariamente e calculado com base na evapotranspiração da cultura (ETc), conforme a equação proposta por Allen et al. (1998), a qual utiliza da evapotranspiração de referência (ETo) obtida pelo Tanque Classe A (localizado próximo ao experimento), e do coeficiente de cultura (Kc), iguais a 0,35 (Fase I Inicial por 30 dias); 0,77 (Fase de desenvolvimento por 50 dias) e 1,20 (Fase Intermediária por 40 dias). A aplicação das cinco lâminas de irrigação (50%, 75%, 100%, 125% e 150% da ETc) foi realizada com o auxilio baldes e provetas graduadas de 100 ml. Para analisar os efeitos da aplicação das diferentes lâminas no crescimento e desenvolvimento do algodão, foram efetuadas campanhas para obtenção de dados biométricos. Foram avaliados a altura da planta, onúmero de folhas e diâmetro do coleto. A altura da planta (cm) foi obtida medindo-se a distância da base até o meristema apical, utilizando-se para isso uma régua graduada. O número de folhas foi determinado considerando-se as folhas totalmente expandidas, com comprimento mínimo de 2 cm e que apresentavam no mínimo 50% da sua área fotossinteticamente ativa, conforme Grimes & Carter (1969). O diâmetro do coleto (mm) foi obtido com o auxílio de um paquímetro e medido a altura de 1 cm acima do substrato. As amostragens foram realizadas em intervalos médios de dez dias após o transplantio, até os 120 dias após o transplantio (Miranda & Yogui, 2012).
4 Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F (P<0,05). Esses estudos foram realizados com o auxílio de planilhas do Excel e do software Sisvar 5.6. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com o quadro de na análise de variância, não houve diferença significativa dos tratamentos nas variáveis analisadas, exceto quanto ao número de folhas por planta para a qualidade da agua nos primeiros 20 dias após o transplantio. Neste caso, a água da estação de tratamento reduziu o número de folhas da cultura, diferentemente da água de poço que permitiu um incremento para esta variável. Este último resultado apresenta semelhança com os encontrados por Furtado et al. (2008), na germinação de algodão herbáceo com água salina, mostrando que a cultura apresenta sensibilidade ao estresse salino no seu desenvolvimento inicial. Tabela 1. Resumo da análise de variância dos dados de crescimento, obtidos em diferentes datas: altura de inserção da primeira folha (AIPF), diâmetro de caule (DC) e número de folhas por planta (NFP) do algodoeiro, submetido aos diferentes tratamentos. Fator de Variação GL 20 DAT Quadrado Médio (QM) AIPF (cm) DC (mm) NFP (uni) Bloco ns 3,64 ns 0,62 ns Lâmina ns 2,79 ns 0,84 ns Bloco x Lâmina ns 1,79 ns 0,60 ns Água ns 2,12 ns 0,03 * Lâmina x Água ns 0,94 ns 1,21 ns CV (%) ,69 15,55 Média geral ,94 4,27 40 DAT Bloco 3 5,99 ns 1,48 ns 4,70 ns Lâmina 4 12,25 ns 9,20 ns 56,97 ns Bloco x Lâmina 12 6,31 ns 1,10 ns 3,44 ns Água 1 1,98 ns 0,40 ns 4,22 ns Lâmina x Água 4 0,26 ns 0,30 ns 7,60 ns CV (%) 32,86 21,64 31,83 Média geral 11,18 3,90 8,42 60 DAT Bloco 3 47,50 ns 3,29 ns 105,09 ns Lâmina 4 34,12 ns 39,95 ns 827,35 ns Bloco x Lâmina 12 7,39 ns 2,36 ns 37,72 ns Água 1 15,62 ns 1,84 ns 198,02 ns Lâmina x Água 4 0,95 ns 0,53 ns 13,15 ns CV (%) 26,78 22,80 29,45 Média geral 11,80 6,91 18,32
5 80 DAT Bloco 3 14,92 ns 0,70 ns 99,69 ns Lâmina 4 41,48 ns 61,27 ns 1306,62 ns Bloco x Lâmina 12 5,43 ns 1,87 ns 20,36 ns Água 1 11,99 ns 0,62 ns 297,02 ns Lâmina x Água 4 2,52 ns 1,52 ns 120,52 ns CV (%) 36,60 21,08 30,02 Média geral 11,45 7,80 21, DAT Bloco 3 9,21 ns 2,97 ns 24,20 ns Lâmina 4 51,06 ns 79,24 ns 2116,59 ns Bloco x Lâmina 12 4,58 ns 3,45 ns 107,30 ns Água 1 4,83 ns 6,01 ns 4202,50 ns Lâmina x Água 4 5,32 ns 4,19 ns 270,44 ns CV (%) 33,03 25,32 36,80 Média geral 11,17 10,09 31, DAT Bloco 3 10,27 ns 3,08 ns 16,09 ns Lâmina 4 42,58 ns 93,32 ns 3250,35 ns Bloco x Lâmina 12 5,16 ns 494 ns 187,22 ns Água 1 5,26 ns 11,02 ns 7102,22 ns Lâmina x Água 4 4,74 ns 6,16 ns 745,97 ns CV (%) 34,06 27,55 31,88 Média geral 11,36 12,15 40,42 DAT: Dias após transplantio; ns: não significativo: * e **: significativo ao nível de 0,05 e 0,01, pelo teste F, respectivamente; GL: grau de liberdade; CONCLUSÕES O algodão mocó apresenta sensibilidade ao estresse hídrico e salinico após os primeiros dias de estabilidade da cultura. A irrigação com água da estação de tratamento na fase inicial da cultura reduz o número de folhas. É viável utilizar uma lâmina de 50% da ETc até 20º DAT, substituindo-a em seguida por questão econômica pela lâmina de 75% até o 120 DAT, sem existir diferença estatística desta lâmina com as demais. REFERÊNCIAS ALLEN, R. G.; PEREIRA, L. S.; RAES, D.; SMITH, M. Crop evapotranspiration-guidelines for computing crop water requirements-fao Irrigation and drainage paper56. FAO, Rome, v. 300, n. 9, p. D05109, FREIRE, E. C.; BARROSO, P. A. V.; PENNA, J. C. V.; BORÉM, A. Fluxo gênico: Análise do caso de algodão no Brasil. Biotecnologia Ciência & Desenvolvimento, Brasília DF, v. 5,
6 p , FURTADO, R. F.; MANO, A. R. O.; ALVES, C. R.; FREITAS, S. M.; FILHO, S. M.; Efeito da salinidade na germinação de sementes de algodão. Revista Ciência Agronômica, v. 38, n. 2, p , GRIMES, D. W.; CARTER, L. M.A Linear Rule for Direct Nondestructive Leaf Area Measurements 1. Agronomy Journal, v. 61, n. 3, p , HUTCHINSON, J. B. Intra-specific differentiation. In: Gossypium hirsutum. Heredity, v. 5, n. 2, p. 161, LAMEPE/ITEP. Informações climáticas do Estado de Pernambuco. Disponível em: em 18 de março de MIRANDA, D.A.; YOGUI, G.T. Determinação gravimétrica de peso seco em amostras de sedimento e tecido biológico. Procedimento Operacional Padrão Organo MAR , Revisão nº 1. Laboratório de Compostos Orgânicos em Ecossistemas Costeiros e Marinhos, Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco p. MORAIS, L. D. O Algodão Arbóreo no semiárido: o papel da pesquisa agropecuária pública no Vale do Piancó Dissertação (Mestrado) Brasília, p. STEPHENS, S. G. Geographical distribution of cultivated cottons relative to probable centers of domestication in the New World.In:Genes, Enzymes, and Populations. Springer US, p
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