ANÁLISE CLÁSSICA NÃO DESTRUTIVA DO CRESCIMENTO DO ALGODÃO HERBÁCEO cv. BRS 201 SOB IRRIGAÇÃO NO CARIRI CEARENSE

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1 ANÁLISE CLÁSSICA NÃO DESTRUTIVA DO CRESCIMENTO DO ALGODÃO HERBÁCEO cv. BRS 20 SOB IRRIGAÇÃO NO CARIRI CEARENSE José Rodrigues Pereira (Embrapa Algodão / rodrigue@cnpa.embrapa,br), Romana Antônia de Alcântara Neta (Estagiária Centec), Rosileide Neudes de Souza (Estagiária Centec), Silvia Vitorino de Lima (Estagiária Centec), José Wellington dos Santos (Embrapa Algodão), José Renato Cortez Bezerra (Embrapa Algodão) RESUMO - Em experimento conduzido no ano de 2002 no Campo Experimental da Embrapa Algodão, em Barbalha, CE, localizado no Cariri Cearense, objetivando avaliar, por meio da análise clássica não destrutiva, o crescimento da cultivar de algodoeiro herbáceo BRS 20 em cinco idades (20, 40, 60, 80 e 00 dias após a germinação DAG) das plantas, em sistema de irrigação por sulco. Utilizou-se de um delineamento experimental em blocos casualizados, distribuído em três blocos, com 2 repetições por bloco, concluindo-se que: o crescimento do algodoeiro herbáceo cv. BRS 20 foi maior até os 60 dias do que daí até 00 dias de idade das plantas; o crescimento estimado em área foliar da cultivar de algodoeiro herbáceo estudada comportou-se diferentemente do seu crescimento em altura e em diâmetro caulinar. Palavras-chave: Gossypium hirsutum L. r. latifolium, taxas de crescimento. NO DESTRUCTIVE CLASSIC ANALYSIS OF THE GROWTH OF THE UPLAND COTTON cv. BRS 20 UNDER IRRIGATION IN CARIRI FROM CEARÁ ABSTRACT - In experiment driven in the year of 2002 in Embrapa Cotton's Experimental Field, in Barbalha, CE, located in Cariri from Ceará, aiming at to evaluate, through the no destructive classic analysis, the growth of upland cotton BRS 20 in five ages (20, 40, 60, 80 and 00 days after the germination - DAG) of the plants, in superficial irrigation system for furrow. It was used an experimental design in random blocks, distributed in 3 blocks, with 2 repetitions for block, it was ended that: the growth of the upland cotton BRS 20 was larger until the 60 days than after this until 00 days of age of the plants; the estimate growth in leaf area of upland cotton studied, it behaved differently of its estimate growth in plant height and in stem diameter. Key words: Gossypium hirsutum L. r. latifolium, growth taxes. INTRODUÇÃO O algodoeiro (Gossypium spp.) tem sido cultivado pelos vários métodos de irrigação, sendo o sistema de sulco o mais utilizado (SILVA et al., 999). No sul do Estado do Ceará, a região fisiográfica denominada Cariri Cearense apresenta áreas com disponibilidade de solo e água para a exploração da lavoura em condições irrigadas (BELTRÃO e AMORIM NETO, 999). Segundo dados médios de vários anos de ensaios de competição (EMBRAPA, 200), a cultivar de algodoeiro herbáceo BRS 20, lançada para as condições do Nordeste, é adequada para colheita manual, tem ciclo de 30 a 50 dias e elevada produtividade (até kg ha - ) sob condições irrigadas. Entretanto, estudos sobre o comportamento desta cultivar frente a diferentes passos tecnológicos de manejo cultural nas mais diferentes condições edafoclimáticas devem ser realizados.

2 A análise do crescimento se apresenta como uma técnica válida para estudar as bases fisiológicas da produção e, evidenciar a influência exercida pelas variáveis ambientais, genéticas e agronômicas. Descreve as condições morfofisiológicas da planta em diferentes intervalos de tempo, entre duas amostragens sucessivas e propõe-se a acompanhar a dinâmica da produção fotossintética avaliada por meio da acumulação de fitomassa seca (REIS e MULLER, 979; SILVA et al., 2000). Com o uso da análise clássica destrutiva, trabalha-se com indivíduos distintos em cada amostragem, pois é necessário que as plantas sejam sacrificadas, uma vez que os valores primários são massa seca e área foliar. Isto demanda a existência de estufa e que as parcelas experimentais sejam maiores para se ter plantas a se medir durante todas as coletas. Na análise não destrutiva, ao contrário, os mesmos indivíduos podem ser mensurados durante todo o ciclo biológico, já que os valores primários são a altura das plantas, o diâmetro caulinar, a área foliar e o volume de área externa dos frutos (SILVA et al., 2000). O presente trabalho teve por objetivo avaliar, por meio da análise clássica não destrutiva, o crescimento de plantas de algodoeiro herbáceo cv. BRS 20 em cinco idades (dias após a germinação DAG) sob condições de irrigação pelo sistema de sulco. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no ano de 2002, no Campo Experimental da Embrapa Algodão, em Barbalha, CE, georeferenciado sob as coordenadas de 7 o 9 S, 39 o 8 W e altitude de 409,03 m (DEPARTAMENTO NACIONAL DE METEOROLOGIA, 992), em um neossolo flúvico. O experimento foi delineado em blocos casualizados, distribuído em três blocos, com duas repetições por bloco, sendo os tratamentos a idade das plantas por ocasião de coleta das variáveis, neste caso aos 20, 40, 60, 80 e 00 dias após a germinação (DAG). As parcelas foram constituídas por cinco plantas. O preparo do solo foi efetuado com duas passagens cruzadas do arado escarificador, seguidas de grade niveladora e sulcador. Utilizou-se a cultivar de algodoeiro herbáceo BRS 20 plantada em configuração de fileiras duplas (,40m x 0,40m x 0,0m). Foi aplicada adubação de plantio de kg ha - de P 2 O 5 e K 2 O, na forma de superfosfato triplo e de cloreto de potássio, respectivamente, sendo o nitrogênio (90 kg ha - de N) parcelado em três vezes (na fundação, na forma de sulfato de amônio; no desbaste e na floração, na forma de uréia). O controle de pragas e de ervas daninhas foi feito a contento, seguindo-se as recomendações da Embrapa Algodão. Utilizou-se o sistema de irrigação por sulco, com fluxo livre d água no final. Aplicou-se 520 mm de água. A quantidade de água para reposição ao solo, em milímetros, a intervalos de 7 dias, foi baseada nas leituras semanais medidas em 02 lisímetros. A distância, em centímetros, do colo da planta, ao nível da superfície do solo, até o final do ponteiro, constituiu-se na altura da planta; o diâmetro caulinar, em milímetros, foi medido, com um paquímetro, no colo da planta, ao nível solo, e; a área foliar, em centímetros quadrados, foi estimada pelo Método de Ashley et al. (963), sendo obtida do produto das medidas médias do comprimento (C) e da largura (L) da folha, em centímetros, de 6 folhas por planta, pelo coeficiente de correção (K) - este igual a 0,77 - e pelo número total de folhas por planta. De posse dos dados médios primários da altura de plantas, do diâmetro caulinar e da área foliar, das diferentes épocas de coleta, calculou-se a taxa de crescimento absoluto caulinar (TCAC), a taxa de crescimento relativo caulinar (TCRC), a taxa de crescimento absoluto em espessura caulinar

3 diâmetro caulinar (TCAD), a taxa de crescimento absoluto em fitomassa fresca epígea (TCAFFE), a taxa de crescimento relativo em fitomassa fresca epígea (TCRFFE), a taxa de crescimento absoluto foliar (TCAF) e a taxa de crescimento relativo foliar (TCRF), com base nas equações apresentadas por Silva et al. (2000). RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise da variância (Teste F) das variáveis primárias coletadas encontra-se na Tabela. Verifica-se que o crescimento da cultivar de algodoeiro herbáceo BRS 20, nas condições locais, com base na altura de plantas, no diâmetro caulinar por planta (Tab. 2) e na área foliar por planta (Tab. 3), nas diferentes idades estudadas, foi maior dos 20 até os 60 dias, do que daí até os 00 dias de idade das plantas (Fig. ). A área foliar atingiu valor máximo aos 96 dias de idade das plantas (3235,70 cm 2 planta - ), diferentemente da altura de plantas e do diâmetro caulinar, que mantiveram crescimento positivo, aproximadamente até 32 dias de idade, correspondentes a valores máximos de 84,80 cm e 3,20 mm por planta, conforme respectivas equações constantes da Figura. Com base nas taxas clássicas de crescimento (TCAC, TCRC, TCAD, TCAFFE, TCRFFE Tabela 2; TCAF, TCRF Tab. 3), as plantas da cultivar BRS 20 de algodoeiro herbáceo apresentaram, de maneira geral, os menores índices depois de 60 dias de idade das plantas. Tabela. Análise de variância (Quadrado médio) da variável altura de plantas (cm), diâmetro caulinar (mm) e área foliar (cm 2 ) da cv. BRS 20 de algodoeiro herbáceo. Barbalha, CE FV GL Altura Diâmetro Área Foliar Regressão linear Regressão Quadrática Regressão Cúbica Regressão Quádrupla Blocos Resíduo ,53** 3599,8** 376,43* 2,77 ns 9,74 ns 45,99** 5, 67,20** 256,0** 6,76** 5,00* 0,93 ns 7,8** 0, ,5** 39722,68** ,03** 27283,2 ns 3724,77 ns ,38** ,04 C. V. (%) - 3,27 9,50 27,78 (**), (*) e ( ns ) Significativo a, a 5 % de probabilidade e não significativo, respectivamente (Teste F). Tais evidências correspondem ao comportamento normal de crescimento do algodoeiro herbáceo. Segundo Souza e Beltrão (999), no algodoeiro herbáceo realmente o crescimento é mais rápido até os 60 dias, sendo lento a partir dos 70 dias. Do mesmo modo, Silva et al. (2000), aplicando a análise clássica de crescimento, usando o método não destrutivo no algodoeiro herbáceo cv. CNPA Precoce em condições de sequeiro no município de Sousa, PB, verificaram que o crescimento em altura praticamente cessou aos 60 dias de emergência das plantas e, que fato semelhante ocorreu com o diâmetro do caule. Nóbrega et al. (200), utilizando água tratada de esgoto sanitário (T) e água de abastecimento (T2) de Campina Grande, PB, para irrigação de algodoeiro herbáceo, obtiveram valores máximos de 5000 e 2000 cm 2 planta - de área foliar, nos respectivos tratamentos, aos 20 dias após a semeadura. Os resultados observados (Fig. ), entretanto, diferenciam-se das afirmações de: Souza e Silva (992), de que a área foliar da planta segue comportamento de crescimento semelhante ao da altura

4 de planta e Oosterhuis (999), que afirma que o aumento de área foliar ocorre principalmente dos 60 a 90 dias após a emergência. Tabela 2. Valores médios das variáveis altura de plantas (cm), diâmetro caulinar (mm), taxa de crescimento absoluto caulinar (cm dia - ), taxa de crescimento relativo caulinar (cm cm - dia - ), taxa de crescimento absoluto em diâmetro (cm dia - ), taxa de crescimento absoluto em fitomassa fresca epígea (cm 3 dia - ) e taxa de crescimento relativo em fitomassa fresca epígea (cm 3 cm -3.dia - ) da cultivar de algodoeiro herbáceo BRS 20. Barbalha, CE Idade Altura Diâmetro TCAC TCRC TCAD TCAFFE TCRFFE 20 dias 9,55 3, dias 40,52 7,36,0485 0,06 0,08 0,955 0, dias 59,43 9,60 0,9455 0,008 0,0,64 0, dias 69,77 0,33 0,570 0,003 0,003 0,984 0,07 00 dias 80,20 2,65 0,525 0,003 0,0 2,694 0, y = -0,0053x 2 +,388x - 6,096 R 2 = 0, Altura (cm)

5 4 2 y = -0,0007x 2 + 0,883x + 0,57 R 2 = 0, Diâmetro (mm) y = -0,5558x ,x - 923,7 R 2 = 0, Área Foliar (cm2) Figura. Regressão da altura de planta, do diâmetro caulinar e da área foliar do algodoeiro herbáceo cv. BRS 20 em função da idade das plantas (p<0,05; p<0,0; p<0,0). Tabela 3. Valores médios das variáveis área foliar, taxa de crescimento absoluto foliar (TCAF) e taxa de crescimento relativo foliar (TCRF) da cultivar de algodoeiro herbáceo BRS 20. Barbalha, CE Idade Área Foliar (cm 2 ) TCAF (cm 2 dia - ) TCRF (cm 2 cm -2 dia - ) 20 dias 69, dias 268,89 59,97 0,50 60 dias 2666,8 69,86 0, dias 3069,3 20,5 0, dias 3209,37 7,00 0,002 CONCLUSÃO

6 O crescimento do algodoeiro herbáceo cv. BRS 20 foi maior até os 60 dias do que daí até 00 dias de idade das plantas; o crescimento estimado em área foliar da cultivar de algodoeiro herbáceo estudada comportou-se diferentemente do seu crescimento em altura e em diâmetro caulinar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASHLEY, D. A.; DOSS, B. D.; BENNE, O L. A Method of determining leaf area in cotton. Agronomy Journal, v.55, p , 963. BELTRÃO, N. E. M.; AMORIM NETO. M. S. Zoneamento do algodão herbáceo no nordeste. In: BELTRÃO, N. E. M. (Org.). O agronegócio do algodão no Brasil. Brasília: Embrapa Comunicação para a Transferência de Tecnologia, 999. v., cap.7, p DEPARTAMENTO NACIONAL DE METEOROLOGIA. Normais climatológicas (96-990). Brasília: DNMET, 992. p. 6. EMBRAPA. Cultivares de algodão da Embrapa e parceiros licenciados para comercialização na safra 200/2002. Campina Grande: Embrapa Algodão, 200 (Folder). NÓBREGA, J. Q.; FIDELIS FILHO, J.; BELTRÃO, N. E. M.; BEZERRA, B. G. Análise de crescimento do algodoeiro irrigado com água de esgotos tratada e de abastecimento. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 3., 200. Campo Grande. Resumos... Campina Grande: Embrapa Algodão, 200. v., p OOSTERHUIS, D. M. Growth and development of a cotton plant. In: CIA, E.; FREIRE. E. C.; SANTOS, W. J. Cultura do algodoeiro. Piracicaba: POTAFOS, 999. p REIS, G. G.; MULLER, M. W. Análise do crescimento de plantas: mensuração do crescimento. Belém: FCAP, p. (FCAP. Informe Didático, ). SILVA, L. C.; BARRETO, A. N.; LUZ, M. J. S.; AMORIM NETO, M. S; BEZERRA, J. R. C. Irrigação do algodoeiro herbáceo. In: BELTRÃO, N.E. M. (Org.). O agronegócio do algodão no Brasil. Brasília: Embrapa Comunicação para a Transferência de Tecnologia, 999. v. 2, cap. 24, p SILVA, L. C.; BELTRÃO, N. E. M.; AMORIM NETO, M. S. Análise do crescimento de comunidades vegetais. Campina Grande: Embrapa Algodão, p. (Embrapa Algodão. Circular Técnica, 34). SOUZA, J. G.; BELTRÃO, N. E. M. Fisiologia. In: BELTRÃO, N. E. M. (Org.). O agronegócio do algodão no Brasil. Brasília: Embrapa Comunicação para a Transferência de Tecnologia, 999. v., cap. 4, p

7 SOUZA, J.G.; SILVA, J. V. Influência da manipulação genética do teor de acumulação de amido na raiz sobre a fenologia do algodoeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 27, n. 9, p , 992.