COMPORTAMENTO FISIOLÓGICO DE PLANTAS DE MAMONA CULTIVAR BRS ENERGIA SUBMETIDA A DIFERENTES ESPAÇAMENTOS E LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO

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Matheus Henrique Macedo Aires
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1 COMPORTAMENTO FISIOLÓGICO DE PLANTAS DE MAMONA CULTIVAR BRS ENERGIA SUBMETIDA A DIFERENTES ESPAÇAMENTOS E LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO Antonio J. de Almeida Neto 1, José F. de Medeiros 1, Francisco Q. de Porto Filho 1, Jéferson L. D. Dombroski 1, Francisco H. F. Pereira 1, Cícero J. da S. Oliveira 1, Paulo Sérgio de Sousa 1, Allisson M. de S. Oliveira 1 1 UFERSA, jerônimo_neto@hotmail.com RESUMO - Objetivou-se neste trabalho avaliar comportamento fisiológico de plantas de mamona submetida a diferentes lâminas de irrigação e espaçamentos de plantio, no município de Mossoró-RN. O experimento foi realizado no período de 09/2007 a 01/2008, utilizando a cultivar BRS ENERGIA. O delineamento experimental foi o blocos casualizados, no esquema de parcelas subdividida (5 x 2), com quatro repetições. Nas parcelas foram alocadas as lâminas de irrigação [L1 = 0,6 ou 60%; L2 = 0,8 ou 80%; L3 = 1,0 ou 100%; L4 = 1,2 ou 120% e L5 = 1,4 ou 140% da evapotranspiração da cultura (ETc)] e nas subparcelas os espaçamentos de plantio em fileira dupla (0,90m x 0,30m x 0,30m e 0,90 m x 0,30m x 0,40m). As parcelas apresentavam duas fileiras duplas de 18 m de comprimento, divididas em duas subparcelas (espaçamentos de plantio) de 9 m cada. O déficit hídrico reduziu significativamente a taxa de fotossíntese, condutância estomática, concentração intercelular de CO2 e a transpiração. Incrementos nos valores das variáveis fisiológicas em lâminas superiores a 100% da ETc não foram expressivos. Os espaçamentos de plantio não exerceram influência sobre as variáveis fisiológicas. Palavras-chave: Ricinus communis L., fotossíntese, condutância estomática. INTRODUÇÃO A mamoneira é uma planta de fisiologia complexa, com elevada taxa de fotorrespiração (BELTRÃO et al. 2001). É um fitossistema de elevado nível de organização morfológico, com forte e penetrante sistema radicular, atingindo profundidades superiores a três metros, podendo chegar a até seis metros (POPOVA; MOSHKIN, 1986). A mamoneira é bem adaptada à região semi-árida por ser capaz de produzir satisfatoriamente sob pouca disponibilidade de água (tolerância à seca), mas também por não ter uma fase crítica na qual a falta d água possa causar perda total da produção. No entanto, a resistência à seca da mamoneira não significa que sua produção não seja influenciada pela quantidade de água disponível no solo. Utiliza-se como referência a quantidade mínima de 500 mm de chuvas bem distribuídas ao longo do ciclo da cultura, desejando-se também que na época da colheita haja clima seco (AZEVEDO et al., 2001). Dentro desse contexto objetivou-se neste trabalho avaliar comportamento fisiológico de plantas de mamona variedade BRS energia submetida a diferentes lâminas de irrigação e espaçamentos de plantio.

2 MATERIAL E MÉTODOS O referido trabalho foi realizado na Estação Experimental da Fazenda Alagoinha, pertencente à Universidade Federal Rural do Semi-Árido-UFERSA, localizado no município de Mossoró, Rio Grande do Norte, na latitude de 5º03'40 S, longitude 37º 23'51 e altitude de 72 m. O solo do local é do tipo Latossolo Vermelho Amarelo e já possui uma caracterização físico-hídrica definida. O experimento foi realizado no período de 09/2007 a 01/2008, utilizando a cultivar BRS ENERGIA. O delineamento experimental foi o blocos casualizados, no esquema de parcelas subdividida (5 x 2), com quatro repetições. Nas parcelas foram alocadas as lâminas de irrigação [L1 = 0,6 ou 60%; L2 = 0,8 ou 80%; L3 = 1,0 ou 100%; L4 = 1,2 ou 120% e L5 = 1,4 ou 140% da evapotranspiração da cultura (ETc)] e nas subparcelas os espaçamentos de plantio em fileira dupla (0,90 m x 0,30 m x 0,30 m e 0,90 m x 0,30 m x 0,40 m). As parcelas apresentavam duas fileiras duplas de 18 m de comprimento, divididas em duas subparcelas (espaçamentos de plantio) de 9 m cada. Foram semeadas três sementes por cova e posterior desbaste para uma planta. As plantas foram adubadas segundo análise química do solo e de acordo com as exigências nutricionais da cultura. Foram procedidos os tratos culturais e fitossanitários necessários. A área experimental foi irrigada através de sistema de irrigação localizado, constando de uma linha lateral por linha de plantio e um emissor por planta. Cada um dos tratamentos teve um sistema de distribuição de água independente. As lâminas foram diferenciadas através do tempo de aplicação utilizando-se registros. As necessidades hídricas diárias da cultura para o tratamento padrão (100% da ETc) foram determinadas utilizando a equação de Penman-Monteith-FAO para determinação da ETo, conforme apresentado por Allen et al. (1998), utilizando dados da estação meteorológica instalada próximo a área experimental. Para determinação do Kc, além do apresentado pela FAO, foram considerados os valores determinados por Curi et al. (2004). Foi considerada a precipitação efetiva, a eficiência de irrigação e utilizou-se uma fração de lixiviação de 0,10. As avaliações foram realizadas aos 50 dias após o plantio. Nesta ocasião, foram determinadas as taxas de fotossíntese, condutância estomática, concentração intercelular de CO2 e transpiração medido com analisador de gás infravermelho (IRGA) LI-COR 6400 com fonte de luz constante de µmol de fótons m -2 s -1. Os dados foram submetidos à análise de variância e regressão, sendo ajustadas equações (lineares e não lineares), sendo escolhida aquela com maior valor do R 2 e possível explicação biológica.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A taxa de fotossíntese, a condutância estomática, a concentração intercelular de CO2 e transpiração aumentaram com o incremento da lâmina de irrigação (Figura 1A). Não houve efeito significativo para os caracteres fisiológicos na mamona em relação ao espaçamento de plantio. A fotossíntese aumentou com o aumento da lâmina de irrigação (Figura 1A), sendo esse aumento de 10,14% entre o menor (60%) e o maior (140%) nível de irrigação. No entanto, o aumento na fotossíntese a partir da lâmina de irrigação 100% foi insignificante. Nesse trabalho, o aumento na taxa fotossintética deveu-se principalmente ao aumento da disponibilidade de água, pois, o déficit hídrico afeta a bioquímica, a fisiologia, a morfologia e os processos de desenvolvimento das plantas, reduzindo a fotossíntese de três maneiras: pela redução na área foliar disponível para interceptar a radiação solar, pela redução da difusão do CO2 para dentro da folha (Figura 1C) e pela redução da habilidade dos cloroplastos para fixar o CO2 que neles penetra (JONES, 1985). A condutância estomática foi incrementada com o aumento da irrigação em 32,35% (Figura 1B). O estresse hídrico causa, a curto prazo, reduções na condutância estomática e no crescimento de folhas e, a longo prazo, reduções no crescimento do caule das plantas (GOLLAN et al., 1986). A concentração intercelular de CO2 aumentou 2,38% em relação entre as lâminas de 60% e 80%, sendo que esse aumento foi menor quando se comparou esta última em relação a lâmina de 140%, sendo apenas 1,32%. A transpiração aumentou 14,53% entre as lâminas de 60% e 140% (Figura 1D). O aumento percentual na transpiração entre as lâminas de irrigação de 100% e 140% foi de apenas 1,72%. CONCLUSÃO A fotossíntese, a condutância estomática, a concentração intercelular de CO2 e a transpiração diminuíram com a redução na lâmina de irrigação; Lâminas de irrigação superiores a 100% da ETc não proporcionaram incrementos significativos nos valores de fotossíntese e transpiração; O aumento da densidade de plantio (redução do espaçamento entre plantas) não exerceu influência sobre as variáveis fisiológicas. Agradecimentos: Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo financiamento dos recursos financeiros para execução do projeto e a todos que diretamente ou indiretamente contribuíram para a realização das atividades.

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, D. M. P de.; NÓBREGA, L. B.; LIMA, E. F.; BATISTA, F. A. S.; BELTRÃO, N. E. de M. Manejo Cultural. In: AZEVEDO, D. M. P. de ; LIMA, E. F.; O agronegócio da mamona no Brasil. Embrapa Algodão. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, p BELTRÃO, N. E. de M. et al. Fitologia. In: LIMA, E. F.; ARAÚJO, A.; BATISTA, F. A. S. O agronegócio da mamona no Brasil, Campina Grande: Embrapa Algodão 2001, p CURI, S., et al. Evapotranspiração e coeficiente de cultura da mamoneira em Santo Antonio do Leverger MT. CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 1., 2004, Campina Grande. Anais. Campina Grande: Embrapa Algodão, CD-ROM. GOLLAN, T.; PASSIOURA, J. B.; MUNNS, R. Soil water status affects stomatal conductance of fully turgid wheat and sunflower leaves. Australian Journal of Plant Physiology, Melbourne, v. 13, n. 1, p , JONES, C. A. C4 Grasses and Cereals: growth, development and stress response. New York: John Wiley & Sons, p. POPOVA, G. M.; MOSHKIN, V. A. Botanical classification. In: MOSHKIN, V. A. (Ed.). Castor. New Delhi: Amerind, p

5 Fotossíntese (µmol CO 2 m -2 s -1 ) Y = 27,70 [1-exp -0,04 X ] (R 2 =0,8453) A Lâmina de irrigação (%) Condutância estomática (mol m -2 s -1 ) Y = 1,99 [1-exp -0,014 X ] (R 2 =0,9503) B Lâmina de irrigação (%) Concentração intercelular de CO 2 (µmol m -2 s -1 ) Y = 272,08 [1-exp -0,055 X ] (R 2 =0,8404) 260 C Lâmina de irrigação (%) Transpiração (mmol H 2 O m -2 s -1 ) Y = 11,66 [1-exp -0,032 X ] (R 2 =0,8340) D Lâmina de irrigação (%) Figura 1. Taxa de fotossíntese (A), condutância estomática (B), concentração intercelular de CO2 (C) e transpiração (D) em função de cinco níveis de irrigação.

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