Aula 24. Continuação da aula 23 1 XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
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- Luca de Sequeira Azambuja
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1 Turma e Ano: Master A 2015 Matéria / Aula: Direito Constitucional Professor: Marcelo Leonardo Tavares Monitor: Rafael Felipe G. do Nascimento Aula 24 Continuação da aula 23 1 XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. A jurisprudência se consolidou no sentido de que não há necessidade de esgotamento da via administrativa para ingresso na via judicial, mas é necessário o requerimento administrativo se este for necessário para que se configure lide (Julgamento do MM.Barroso, STF). Ainda, se tratando de caso notório (como requerimento de desaposentação cujo indeferimento é de praxe) não haveria necessidade de requerimento administrativo; em caso de juizado itinerante também não é necessário requerimento administrativo para que se não prejudique o direito do pleiteante. XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; Antes de 1988, o STF entendia que Emenda Constitucional poderia violar o direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada. Depois de 1988, José Afonso da Silva passou a afirmar que os direitos individuais ganharam caráter de cláusula pétrea de forma que nem emenda poderia, portanto, prejudicar os institutos supra. Em 2010, o STF em mandado de segurança, de relatoria de MM. Sepúlveda Pertence, se o direito adquirido tem sede constitucional, a emenda constitucional não poderá desrespeitá-la, todavia o direito adquirido com sede legal nunca foi abordado pela Corte. LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; Cabe habeas corpus se o ocupante no pólo passivo for pessoa privada, por exemplo, em cárcere privado e sequestro. É o remédio mais básico que existe, podendo ser impetrado por qualquer meio (qualquer papel) e, mesmo que não, pode ser concedido de ofício pelo Juiz. Não necessita de advogado e o impetrante pode ser pessoa física ou jurídica, defendo direito alheio em nome próprio (o paciente, todavia, tem que ser pessoa física), pelo que se fala em legitimidade 1 Aula ministrada em 20/07/2015
2 extraordinária. Não se perquire capacidade postulatória em habeas corpus.ressalta-se que pessoa jurídica não pode ser paciente de habeas corpus, cabendo nos casos de crimes cometidos por empresas o mandado de segurança. Obs.: a doutrina brasileira do habeas corpus: pugnava pelo manuseio do habeas corpus para proteger outras liberdades que não a liberdade física, construída entre a proclamação da República e a reforma constitucional de 1926, sustentada por Rui Barbosa no STF. Segundo o jurista, não havia remédio constitucional para defender outros direitos, como a propriedade. Com o advento do mandado de segurança, a doutrina brasileira do habeas corpus foi abandonada. Habeas corpus preventivo: o juiz concederá salvo-conduto. Habeas corpus repressivo: juiz expedirá alvará de soltura. LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; Mandado de segurança Protege outras liberdades que não a física e de acesso à informação ( sob responsabilidade do habeas corpus e habeas data). Dever ser impetrado contra autoridade pública ou particular no exercício de atividade publica. Deve observar todos os requisitos da petição inicial e a legitimidade é ordinária, sendo a impetrante pessoa em próprio nome, com advogado constituído e capacidade postulatória. Mandado de segurança coletivo Inovação da CRFB/88, pode ser impetrado por partido político para defesa de meta-individuais, por associações e sindicatos na defesa seus associados, não sendo necessária autorização individual para tal. LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; Habeas Data
3 LXXII - conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; Não cabe para obter informações de banco de dados privados que não são de acesso público. A justificativa de informação é outra utilidade do habeas data que tem previsão legal. LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; É ação de controle de constitucionalidade da omissão inconstitucional de forma difusa, para norma constitucional de eficácia limitada sem aplicabilidade imediata. Apenas os objetos de que trata o Art. 5º, LXXI poderão ser objeto de mandado de injunção. DIREITOS DE NACIONALIDADE Art. 12, CF/88 Nacionalidade originária: decorre do nascimento Nacionalidade derivada: decorre de um pedido. Em geral os Países não equiparam ambas situações plenamente. A CF/88 veda que a Lei discrimine o brasileiro naturalizado, mas a própria pode fazê-lo, por exemplo: I O brasileiro nato não pode ser extraditado, o naturalizado pode por prática de crime anterior à naturalização ou pelo crime de tráfico de drogas a qualquer tempo. II O brasileiro naturalizado não tem acesso aos cargos de : I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas. VII - de Ministro de Estado da Defesa
4 Dica: dos incisos I ao III, verifica-se a linha de sucessão à vacância do cargo para Presidente da República. Também são cargos privativos de brasileiros natos os previstos no Art. 89 da CF/88: Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele participam: I - o Vice-Presidente da República; II - o Presidente da Câmara dos Deputados; III - o Presidente do Senado Federal; IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados; V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal; VI - o Ministro da Justiça; VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução. Também há discriminação no Art.12, 4º, I, da CF/88: 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; Ainda, há discriminação no Art.222: Art.222 A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País. Nacionalidade nata: Critério de ascendência: jus sanguinis Critério territorial: jus soli Países que possuem maior imigração (como o Brasil) procuram valorizar o critério jus soli, de forma que o imigrante busque o desenvolvimento nacional, conquanto Países com maior emigração buscam utiliza o jus sanguinis, de forma que o emigrante mantenha vínculo com seu País de origem, tal como sua descendência. Critérios no Brasil: Jus soli temperado: os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;(art. 12, I, a, CF/88)
5 Entendimento do STF: I - se ambos os pais forem estrangeiros e um esteja em serviço do País de origem no Brasil, o filho nascido em território nacional não será brasileiro; II se um dos pais for brasileiro e o estrangeiro estiver em serviço do País de origem no Brasil, o filho nascido em território nacional é brasileiro. Critério jus sanguinis: I - os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; II - os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira O caso II depende de ação judicial (ação de opção de nacionalidade) voluntária de competência da justiça federal. Os naturalizados I - Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; Obs.: trata-se da Lei 6815/1980, que prevê as condições para requerimento. Há procedimento administrativo junto ao Ministério da Justiça em que a concessão é ato de soberania (ou seja, de interesse público, podendo ser o pedido negado ainda que o pleiteante preencha a todos os requisitos legais). Se concedido, um certificado será expedido ao Juízo da 1º Vara Federal para entregar o certificado. Obs2: como país de língua portuguesa entende-se a língua oficial, não podendo tratar-se de mero dialeto. II - os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira Neste caso, o direito à nacionalidade é subjetivo. 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. Obs.: os direitos inerentes ao brasileiro leia-se, naturalizado. Ressalta-se que o cidadão continuará português, mas com direitos de brasileiro naturalizado. Perda da nacionalidade
6 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; A atividade nociva não precisa ser tipificada como crime. Trata-se de ação judicial do MPF em vara federal cível, chama-se ação de perda de nacionalidade. II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; Obs.: sobre a letra b, determinação de empregador ou pré-requisito para casamento com estrangeiro, são exemplos. A perda prevista no inciso II dá-se por processo administrativo no Ministério da Justiça. DIREITOS POLÍTICOS Ver artigo 14 da CF/88. O voto é a concretização do sufrágio. Direito político ativo (alistabilidade): que pode votar A alistabilidade pode ser obrigatória, facultativa ou vedada, no último caso, aos menores de 16 anos, os conscritos no período de serviço militar obrigatório e os estrangeiros. É facultativa aos maiores de 16 e menores de 18 anos de idade, analfabetos e maiores de setenta anos. Obs.: o português é alistável. Direito político passivo (elegibilidade): que pode ser votado São inelegíveis absolutos: os inalistáveis e os analfabetos São inelegíveis relativos: a) aqueles que não possuem a idade mínima que o cargo requer, b) aqueles que já exerceram mandato não havendo mais reeleição, aqueles que nos últimos seis meses antes de pleito exerceram outro cargo de Chefia do Poder executivo; c) o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. Obs.: 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;
7 II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade. Os casos de inelegibilidade não é numerus clausus, devendo o aluno consultar a LC 64/90, nos termos da Constituição. 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.
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