DIREITOS FUNDAMENTAIS:
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- Samuel Padilha
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1 Página1 Curso/Disciplina: Direito Constitucional Aula: Direito Constitucional - 38 Professor(a): Marcelo Tavares Monitor(a): Beatriz Moreira Leite Aina Aula 38 DIREITOS FUNDAMENTAIS: Podem ser divididos em: Individuais e coletivos; Sociais; De nacionalidade; Políticos. Isso a partir do Título II da Constituição da República. A parte de direitos sociais será estudada em título próprio Da Ordem Social. Direitos de nacionalidade: Art. 12, CRFB. A nacionalidade é uma relação jurídica que se estabelece entre o indivíduo e o Estado, que o torna integrante do elemento subjetivo do Estado, que é o povo. Lembrando a seguinte definição de Estado dada em aula anterior: é o povo localizado em determinado território observando uma ordem jurídica com o objetivo do bem comum. A nacionalidade é exatamente essa relação jurídica que liga uma pessoa integrante do povo a um determinado Estado. Dessa relação jurídica nascem direitos e obrigações. Podemos buscar outras definições através dessa noção de nacionalidade: Povo: Conjunto de nacionais, de pessoas que têm estabelecida com o Estado essa relação de nacionalidade. Essa é a primeira acepção, mais ligada à nacionalidade. Uma segunda conotação de povo é aquela ligada a pessoas que podem exercer direitos políticos. É o conjunto de cidadãos. Ficaremos com a primeira acepção.
2 Página2 Nação: Conjunto de pessoas que têm um vínculo cultural, religioso... Há nações sem Estado, como os palestinos, a nação curda e a nação basca. Não necessariamente a nação corresponderá ao povo. Estrangeiro: Aquele que não possui relação de nacionalidade com aquele Estado. População: Não é um conceito eminentemente jurídico, é geográfico. Pessoas residentes em determinado local nacionais ou estrangeiros que têm autorização para viver naquele local. A relação de nacionalidade pode ser primária/originária ou secundária/derivada. 1. A nacionalidade originária/primária decorre eminentemente do nascimento. Dela vem o conceito de nacional nato. 2. A nacionalidade secundária/derivada tem o vínculo estabelecido por um ato de vontade. Dela vem o conceito de nacional naturalizado. As regras de fixação de nacionalidade (originária ou derivada) são feitas por cada um dos países. No Brasil, elas são estabelecidas na CRFB e em leis. Tais regras podem ser diferentes das de outros países, podendo acontecer o chamado conflito positivo de nacionalidade, o que gera o chamado polipátrida. Pode ocorrer também o conflito negativo de regras de estabelecimento de nacionalidade, o que gera o chamado apátrida ou heimatlos, que é aquela pessoa que não se enquadra em regra interna de reconhecimento de nacionalidade de nenhum país. O Brasil é signatário de convenções que buscam evitar a situação do surgimento de apátridas. E a legislação de imigração brasileira procura estabelecer determinados vínculos para não deixar desprotegido eventual apátrida. Nacionalidade originária: A CRFB dispõe sobre a nacionalidade em dois incisos do art. 12. O inciso I trata da nacionalidade originária, o II, da derivada. Existem dois critérios teóricos eleitos pelas legislações de vários países para estabelecer a nacionalidade a partir do nascimento: 1º: Critério territorial jus soli: seria nacional aquele que nascesse no território nacional. Critério importante para países como o Brasil que têm forte tradição de imigração. Politicamente, é importante pacificar o tecido social do país. 2º: Critério de parentesco ou de descendência jus sanguinis: o filho do nacional será nacional independente do local onde ele nascer. Esse critério é adotado como principal em países com tradição de emigração. Isso ocorreu de forma muito forte na Itália, Portugal e Espanha, por exemplo.
3 Página3 O Brasil dá prioridade ao critério do jus soli e adota de forma secundária o critério do jus sanguinis. Art. 12, I, a, CR: Art. 12. São brasileiros: I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; O estrangeiro deve estar a serviço de seu país, não de outro. Esse primeiro critério é o do jus soli temperado, porque se os pais estiverem a serviço de seu país, a pessoa não será considerada brasileira. Art. 12, I, b : b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; É o critério funcional. Critério jus sanguinis também temperado. É considerado a serviço do Brasil aquele que exerce qualquer atividade relativa à administração brasileira direta ou indireta, o que inclui empresas públicas e sociedades de economia mista. Art. 12, I, c : Traz duas hipóteses diferentes. c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007) c.1: Nascido no estrangeiro, pai ou mãe brasileira + registro em repartição competente. É um critério jus sanguinis com registro. c.2: Nascido no estrangeiro, pai ou mãe brasileira, venha a residir no território brasileiro e opte, após a maioridade, pela nacionalidade brasileira. É a chamada nacionalidade potestativa. O critério é jus sanguinis temperado. A ação a que se refere a alínea c se chama ação de opção de nacionalidade e seu rito se dá pela jurisdição voluntária, correndo na Justiça Federal. Se a criança vem a residir no país antes de completar 18 anos, o Brasil lhe reconhece provisoriamente a condição de brasileira. Se, ao completar 18 anos, ela não faz a opção de nacionalidade, ela não mais é reconhecida como brasileira até que o faça. Nacionalidade derivada: Dá origem ao brasileiro naturalizado e está prevista no art. 12, II, CR. Art. 12. São brasileiros: [...] II - naturalizados:
4 Página4 a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) A L /17 complementa esses dispositivos. A naturalização pode ser ordinária em duas hipóteses na alínea a, e também pode ser extraordinária, que é a hipótese da alínea b. Ordinária: a.1.: Na forma da lei (L ) adquiram a nacionalidade brasileira. a.2.: Residência por 01 ano e idoneidade moral para originários de países de língua portuguesa como língua oficial. Extraordinária: b: Residência há mais de 15 anos sem condenação penal. Para a maioria da doutrina, a nacionalidade ordinária não gera direito subjetivo. Ou seja, mesmo que a pessoa preencha todos os requisitos da lei ou os requisitos da 2ª parte da alínea a, o Brasil pode negar a naturalização. Já a naturalização extraordinária gera um direito subjetivo. Se o Brasil suportou o visto de residência de uma pessoa por 15 anos e a mesma não tem condenação penal, ela tem direito subjetivo à naturalização. Além disso, a L /17 traz a chamada naturalização especial. Art. 68: Art. 68. A naturalização especial poderá ser concedida ao estrangeiro que se encontre em uma das seguintes situações: I - seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 (cinco) anos, de integrante do Serviço Exterior Brasileiro em atividade ou de pessoa a serviço do Estado brasileiro no exterior; ou II - seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou em repartição consular do Brasil por mais de 10 (dez) anos ininterruptos. A mesma lei prevê a naturalização provisória. Art. 70: Art. 70. A naturalização provisória poderá ser concedida ao migrante criança ou adolescente que tenha fixado residência em território nacional antes de completar 10 (dez) anos de idade e deverá ser requerida por intermédio de seu representante legal. Parágrafo único. A naturalização prevista no caput será convertida em definitiva se o naturalizando expressamente assim o requerer no prazo de 2 (dois) anos após atingir a maioridade. Isso não tem relação com a ação de opção de nacionalidade. O prazo do art. 70, p.ú., é decadencial. Atenção: A L.6.815/80 foi revogada pela L /17.
5 Página5 Opção de nacionalidade originária (Brasileiro nato) Art. 12, I, CRFB. Nascido no estrangeiro; Filho de pai ou mãe brasileira; Residir no território nacional. O menor será considerado provisoriamente brasileiro nato. Após a maioridade, optar pela nacionalidade brasileira. Confirmação de naturalização provisória (Brasileiro naturalizado) Art. 70, L /17. Nascido no estrangeiro; Migrante antes de completar 10 anos. Naturalização provisória. Após a maioridade, tem o prazo decadencial de 02 anos para requerer a conversão em definitiva.
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