Reação de resistência de cultivares de coentro ao nematoide das galhas Meloidogyne incognita raça 3

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1 eação de resistência de cultivares de coentro ao nematoide das galhas Meloidogyne incognita raça 3 Guilherme Matos M Diniz 1 ; Arlan Clímaco da Silva 1 ; Wantuir Filipe T Chagas 2 ; Cleiton Lourenço de Oliveira 2 ; Jeane Émili de Medeiros 1 ; Luiz Antônio A Gomes 2 ; José Luiz S de Carvalho Filho 1 1 UFPE Universidade Federal ural do Pernambuco ural, Dom Manoel de Medeiros, S/N, Dois Irmãos- CEP: ecife/PE. guilhermedinizzz@hotmail.com; arlan1990@hotmail.com; jeaneemedeiros@hotmail.com ; jose.luiz@depa.ufrpe.br 2 Universidade Federal de Lavras, Campus da UFLA, CEP , Lavras-MG, Brasil. Caixa Postal 37wantuirfilipe@gmail.com; cleiton_agro@yahoo.com.br; laagomes@ufla.br. ESUMO No Brasil, o coentro (Coriandrum sativum L.) é uma importante olerícola e desempenha papel sócio econômico relevante, uma vez que, seu cultivo tem gerado ocupação de mão de obra ociosa e, aumentado a renda familiar de pequenos agricultores, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Porém, o surgimento da meloidoginose causada pela espécie Meloidogyne incognita em áreas de cultivo tem reduzido a produtividade desta cultura. E, em virtude da dificuldade em controlar a referida doença, a utilização de cultivares que apresente resistência torna-se o meio mais promissor de controle. Desta maneira, o presente trabalho buscou estudar a reação de resistência de cinco cultivares de coentro à M. incognita raça 3. O experimento foi desenvolvido nas dependências da HortiAgro Sementes Ltda, no município de Ijaci-MG, Sul de Minas Gerais. O delineamento estatístico utilizado foi de blocos casualizados com seis repetições e 16 plantas de cada cultivar por bandeja. As cinco cultivares de coentro testadas foram: Português, Tabocas, Tapacurá, Verdão e Palmeira. O semeio dos genótipos foi feito em bandejas de poliestireno expandido de 128 células contendo substrato comercial Plantmax. A infestação do substrato com 30 ovos de M. incognita raça 3 / cm³ de substrato foi realizado 15 dias após a semeadura. As plantas foram avaliadas quanto a incidência de galhas, incidência de massa de ovos e numero de ovos por sistema radicular 45 dias após a infestação do substrato. Os resultados obtidos revelaram que todas as cultivares testadas apresentaram-se resistentes ao nematoide M. incognita raça 3. PALAVAS-CHAVE: Coriandrum sativum L., fontes de resistência, nematoide das galhas. ABSTACT esistance reaction of cultivars of coriander to the nematode Meloidogyne incognita race 3 In Brazil, coriander (Coriandrum sativum L.) is an important vegetable and plays an important economic partner, since its cultivation has led occupation of idle labor, and increased family income of small farmers, especially in the North and Northeast. However, the emergence of meloidoginose caused by Meloidogyne incognita species in cultivation areas has reduced the productivity of this crop. And, because of difficulties in controlling such a disease, the use of cultivars to provide resistance becomes most promising means of control. Thus, this work studied the reaction of resistance in five cultivars of coriander to M. incognita race 3. The experiment was developed in the HortiAgro Seeds Ltd in the city of Ijaci-MG, South of Minas Gerais. The statistical Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD om), julho 2012 S 2115

2 design was randomized blocks with six replications and 16 plants of each variety per tray. The five coriander cultivars tested were: Portuguese, Tabocas, Tapacurá, Palmeiras and Palm. The sowing of the genotypes was done in polystyrene trays of 128 cells containing substrate Plantmax. Infestation of the substrate with 30 eggs of M. incognita race 3 / cm ³ substrate was performed 15 days after sowing. The plants were evaluated for the incidence of galls, the incidence of egg mass and number of eggs per root system 45 days after infestation of the substrate. The results revealed that all cultivars tested were resistant to the nematode M. incognita race 3. Keywords: Criandrum sativum L., sources of resistance, root knot. O coentro (Coriandrum sativum L.) é uma apiácea herbácea, condimentar, considerada imprescindível em diversos pratos, molhos, saladas e no tempero de peixes e carnes, onde se utilizam as folhas frescas e os frutos inteiros ou moídos. O coentro também constitui-se numa boa fonte de vitamina C, pró-vitamina A, cálcio e ferro, (Pedrosa et al., 2005). No Brasil, o cultivo desta olerícola se concentra principalmente nas regiões Norte e Nordeste, onde tem agregado valor sócio econômico a seu cultivo em função da geração de emprego, ocupação de mão de obra ociosa e aumento da renda familiar de pequenos agricultores envolvidos com a produção desta olerícola (Bezerra et al., 1990; Haag; Minami, 1998; Barros Júnior et al., 2004; Wanderley; Nascimento, 2008). Atualmente, mais de 40 cultivares de coentro encontram-se registradas no mercado brasileiro, todas, com boa aceitação comercial. Entretanto, não há um programa regional de avaliação de genótipos visando identificar e recomendar aqueles de melhor adaptação às diversas condições climáticas das zonas de cultivo. Aliado a isto, o coentro ainda é atacado por uma série de fitopatógenos, dentre os quais destacam-se os fitonematoides. Estes, parasitam o sistema radicular das plantas, afetando a translocação de água e nutrientes, e dependendo do grau de infestação pode vir a ser fator limitante de cultivo. Entre os fitonematóides mais importantes para a cultura do coentro destacam-se os gêneros Meloidogyne spp. e otylenchus reniformis (Moura, 2005), e devido a biologia e ao modo de dispersão desses fitonematoides, seu controle torna-se uma tarefa difícil. De maneira geral, o controle de fitonematoides, é fundamentado na aplicação de nematicidas, estes porém, são extremamente tóxicos, causando danos à saúde e ao meio ambiente. Somado a isto, não existe recomendação da utilização de controle químico de nematoides para a cultura do coentro. Estudos mostram que a hospedabilidade do coentro quanto a esses parasitas é influenciada pelo genótipo, desta forma, programas de melhoramento que visem a resistência a tais doenças é de Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD om), julho 2012 S 2116

3 fundamental importância além de ser um controle alternativo ao químico (Moura et al., 1997; Wanderley et al., 2007, Charchar et al., 2007). Este trabalho teve como objetivo, identificar cultivares comerciais de coentro quanto a resistência M. incognita raça 3. MATEIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado nas dependências da HortiAgro Sementes Ltda, no município de Ijaci-MG, região Sul do Estado de Minas Gerais, no período de outubro de 2011 a dezembro de 2011 sob condições controladas, em estufas, localizadas. Foram testados seis cultivares de coentro quanto ao parasitismo por M. incognita raça 3: Português, Tabocas, Tapacurá, Verdão, Palmeira e HTU A semeadura das cultivares (três sementes) foi feita em bandejas de poliestireno expandido de 128 células contendo substrato comercial Plantmax. Após a emergência das plântulas, quando as mesmas apresentavam a primeira folha definitiva, foi realizado um desbaste, deixandose apenas uma plântula por célula. Adicionalmente, duas fileiras (16 plantas) de cada bandeja foram semeada com tomateiro Santa Clara (suscetível a Meloidogyne spp.) para assegurar a viabilidade do inóculo, mediante a constatação da formação de galhas nas raízes. Os ovos de M. incognita raça 3 utilizados como inoculo foram obtidos de acordo com a técnica de Hussey & Barker (1973) modificada por Bonetti & Ferraz (1981), a partir de uma população oriunda de uma única progênie do nematoide mantida e multiplicada em plantas de tomateiro Santa Clara, cultivado em casa de vegetação da Universidade Federal de Lavras. 15 dias após a semeadura foi realizado a infestação do substrato com ovos de M. incognita raça 3. O inóculo foi injetado diretamente no substrato, ao lado de cada planta com o auxílio de uma seringa. 45 dias após a inoculação pôde-se observar uma intensa formação de galhas e massas de ovos nas raízes do tomateiro, indicando ser este o momento para se iniciar as avaliações. Nesse momento, as plantas de coentro foram arrancadas e avaliadas, individualmente, para as características, número de massas de ovos e número de ovos. Para determinação da característica número de massas de ovos, cada planta teve seu sistema radicular previamente submergido em água para o desprendimento do substrato. Posteriormente, para facilitar a visualização das massas de ovos após a lavagem das raízes, estas foram coloridas com corante usado na indústria alimentícia contendo Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD om), julho 2012 S 2117

4 bordeaux na concentração de 1% (ocha et al., 2005). Em seguida, foram atribuídas notas as massas segundo a escala de notas (1 a 5), sendo: 1= sistema radicular com número de massas de ovos 10; 2= sistema radicular com número de massas de ovos 11 e 20; 3 = sistema radicular com número de massas de ovos 21 e 30; 4 = sistema radicular com número de massas de ovos 31 e 40; e 5 = sistema radicular com número de massas de ovos 40. Após a atribuição das notas, procedeu-se a extração dos ovos de cada sistema radicular utilizando a técnica de Hussey & Barker (1973), modificada por Boneti & Ferraz (1981). Os ovos assim obtidos foram contados em câmara de Peters no laboratório de Nematologia da Universidade Federal de Lavras (UFLA), com o auxílio de microscópio óptico. Dessa forma, foram obtidos os números de ovos por sistema radicular. O delineamento estatístico adotado foi de blocos ao acaso, com 6 repetições e 16 plantas de cada cultivar por bandeja. De acordo com os valores do F obtidos, determinou-se a reação da cultivar, seguindo-se a escala proposta por Oostenbrink (1966), em que F 1,0 = hospedeiro pouco ou não eficiente; F > 1,0 = hospedeiro eficiente e a caracterização dos cultivares quanto a resistência à M. incognita raça 3. ESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores encontrados para multiplicação de M. incognita raça 3 em cultivares de coentro para as características, fator de reprodução, número de massa de ovos e número de ovos por sistema radicular e a reação a Meloidogyne incognita raça 3 demonstraram que houve variação entre as cultivares (Tabela 1). Contudo essa variação foi pequena o que possibilita afirmar que para a reação a M. incognita raça 3 as cultivares de coentro avaliadas possuem similaridade. O fator de reprodução variou de 0,70 para a cultivar Verdão à 0,86 para a cultivar Português. Os dados do número de ovos. raiz -1 seguiu a mesma tendência dos valores do fator de reprodução (F), variando de 848,05 para a cultivar Verdão à para a cultivar Português. Esses resultados indicam a possibilidade de utilização dessas cultivares em programas de melhoramento visando a resistência a M. incognita raça 3 futuramente. Para número de massa de ovos houve variação seguindo a tendência dos menores valores do fator de reprodução e número de ovos.raiz -1 encontrados na cultivar Verdão (6,58). As menores taxas de multiplicação de M. incognita raça 3 foram observadas na Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD om), julho 2012 S 2118

5 cultivar Verdão, esta podendo ser utilizada em programas de melhoramento visando a seleção de genótipos resistentes. AGADECIMENTOS Agradecemos a UFLA, UFPE pelo suporte acadêmico, a Capes, ao CNPQ e a Facepe pelo apoio financeiro e pelas concessões de bolsa, a HortiAgro Sementes Ltda pelo suporte físico para realização do experimento, e a HOTIVALE pela cessão das sementes das cultivares de coentro. EFEÊNCIAS BAOS JÚNIO AP; BEZEA NETO F; NEGEIOS MZ; OLIVEIA EQ; SILVEIA LM; CÂMAA MJT Desempenho agronômico de cultivares comerciais de coentro em cultivo solteiro sob condições de temperatura elevada e ampla luminosidade. Caatinga, 17(2): BEZEA AME; PINHEIO J; CHAVES FCM Hortaliças cultivadas no cinturão verde de Fortaleza e análise bacteriológica da água utilizada. Horticultura Brasileira, 8(1): 35. BONETI JIS; FEAZ S Modificação do método de Hussey & Barker para extração de ovos de Meloidogyne exígua de raízes de cafeeiro. Fitopatologia Brasileira, 6(3): 553. CHACHA JM; GONZAGA V; VIEIA JV; OLIVEIA V; MOITA AW; AAGÃO FAS Efeito da rotação de culturas no controle de Meloidogyne spp. em cenoura na região norte do Estado de Minas Gerais. Nematologia Brasileira, 31: HAAG HP; MINAMI K Nutrição mineral em hortaliças. 2ª ed., Campinas: Fundação Cargill p.: il. MOUA M Nematóides de interesse agrícola assinalados pela UFPE no nordeste do Brasil ( ). Nematologia Brasileira, 29, n.2: MOUA M; PEDOSA EM; MAANHÃO EAA; EIS OV O nanismo do coentro, uma nova doença causada pelo nematoide otylenchulus renoformis. Nematologia Brasileira, 21: NASCIMENTO WM; PEEIA S Coentro: a hortaliça de mil e uma utilidades. Horticultura Brasileira, 23(3). PEDOSA JF; NEGEIOS MZ; NOGUEIA ICC Aspectos gerais da cultura do coentro. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, 10,(120): Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD om), julho 2012 S 2119

6 OCHA FS; MUNIZ MFS; CAMPOS VP Coloração de fitonematóides com corantes usados na indústria alimentícia brasileira. Nematologia Brasileira, 29(2): WANDELEY JÚNIO LJG; NASCIMENTO WM Produção de sementes de coentro. In: IX Curso sobre Tecnologias de produção de sementes de Hortaliças CD-OOM. WANDELEY MJA; WANDELEY PA; ATHAYDE FILHO PF; SANTOS JM; PEEIA E esistência genética do feijão caupi ao nematoide Meloidogyne javanica. evista Brasileira de Agroecologia, 2(1): Tabela 1. Número de massa de ovos, número de ovos, fator de reprodução (F) e reação de cultivares de coentro, inoculados com Meloidogyne incognita raça 3, (Number of egg mass, egg number, the reproduction factor (F) and reaction of coriander cultivars, inoculated with) Meloidogyne incognita raça 3, Ijaci, MG, 2011 Número de massa de Genótipos Número de ovos F eação ovos Português 7,7447 Tabocas 7,6989 Tapacurá 8,9302 Verdão 6,5895 Palmeira 7,573 HTU , , , , , , ,4976 0,8695 0,8285 0,8517 0,7067 0,8178 0,8313 eação segundo escala proposta por Oostembrink (1966) onde = hospedeiro pouco ou não eficiente (resistente); S= hospedeiro eficiente (suscetível). Hortic. bras., v. 30, n. 2, (Suplemento - CD om), julho 2012 S 2120