EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA PROMOTORA DE PROTEÇÃO DA MORALIDADE E DO PATRIMÔNIO PÚBLICO DA COMARCA DE CAMAÇARI - BAHIA.

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1 EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA PROMOTORA DE PROTEÇÃO DA MORALIDADE E DO PATRIMÔNIO PÚBLICO DA COMARCA DE CAMAÇARI - BAHIA. ANTÔNIO ELINALDO ARAÚJO DA SILVA, brasileiro, casado, portador do RG e inscrito no CPF sob o nº , Vereador do Município de Camaçari-BA, com gabinete funcional na Câmara de Vereadores de Camaçari situada na Rua Contorno de Centro Cultural - 2 de Julho, Camaçari, Bahia, vem, respeitosamente, apresentar: REPRESENTAÇÃO com pedido de instauração de Inquérito Civil Público para apuração de Improbidade Administrativa e propositura de medidas judiciais cabíveis em face do Sr. ADEMAR DELGADO DAS CHAGAS, prefeito do Município de Camaçari pelos fatos e circunstâncias narradas a seguir: 1. DOS FATOS O Sr. Ademar Delgado é prefeito do Município de Camaçari/BA eleito no último pleito eleitoral e iniciou seu mandato em 1º de Janeiro de Desde o início do seu mandato o Gestor vem realizando diversos eventos contratando inúmeras bandas/artistas sem licitação, valendo-se de empresas que funcionou no esquema como agenciadores, figurando como contratante sem ter a devida exclusividade necessária. Desde a sua posse o Sr. Prefeito já realizou milionários eventos, entre eles Lavagem de Arembepe, Camaforró e História da Música na Bahia. 1

2 O evento do CAMAFORRÓ ocorrido no mês de Junho de 2013 contou com grandes atrações e custos elevadíssimos, sendo contratado de forma direta, ou seja, sem o processo licitatório, por meio de Inexigibilidade. Os contratos celebrados no pequeno período do mandato do REPRESENTADO chegam ao valor de R$ ,00 (dois milhões cento e quinze mil reais), todo este montante foi retirado dos cofres públicos para contratos com as empresas escolhidas pelo Sr. Ademar Delgado e realizados sem licitação pública. Os contratos são realizados sempre pelas empresas escolhidas pelo grupo político que está no poder da Prefeitura de Camaçari, no qual sempre são contratadas as empresas favoritas do grupo conforme se verifica no quadro: Tabela das contratações diretas realizadas pelo prefeito nos períodos de EMPRESA EVENTO DATA VALOR Proddartba Produções e Eventos Lavagem de Arembepe 08/03 a 11/03/ ,00 S R de Carvalho Produções - ME Lavagem de Arembepe 08/03 a 11/03/ ,00 RS Pereira ME Camaforró /06 a 24/06/ ,00 Edimário de Santana Sena ME/Poolju Camaforró /06 a 24/06/ ,00 Proddartba Produções e Eventos Camaforró /06 a 24/06/ ,00 Proddartba Produções e Eventos História da Música na Bahia 27/07/ ,00 TOTAL ,00 Conforme verifica-se da tabela, apenas na Lavagem de Arembepe os gastos chegaram a cifra de R$ ,00 (seiscentos e oitenta e cinco mil), o que é considerado um gasto exorbitante para um evento. Porém não é apenas o gasto excessivo que há que se combater, muito mais grave é a forma em que o erário público foi gasto, por meio de Inexigibilidade de licitação realizada de maneira indevida, utilizando-se de empresa agenciadora de artistas/bandas. Contudo Excelência os absurdos não param por aí. Na Lavagem de Arembepe a Prefeitura Municipal de Camaçari utilizou-se das empresas Proddartba Produções e Eventos e S R de Carvalho 2

3 Produções ME, entre outras. O fato que causa espanto é que a empresa S R de Carvalho Produções ME, foi aberta no dia 25/01/2013 e curiosamente no dia 05/03/2013 a empresa foi contratada para realizar o evento. Outro fato que chama a atenção é o seguinte: a empresa com menos de 2 (dois) meses de criada conseguir ser a produtora exclusiva de grandes grupos musicais baianos como Parangolé, Harmonia do Samba, etc. Além da atração carioca o Grupo Revelação. Já no Camaforró 2013, o total gasto alcançou a monta de R$ ,00 (um milhão quatrocentos e três mil reais). Neste evento o gasto excessivo por si só já configura uma imoralidade com o erário público, porém não apenas isso ocorreu. Aqui também as três empresas são contratadas ilegalmente. E novamente uma empresa recém-criada é habilitada, por processo de Inexigibilidade, pela Prefeitura Municipal de Camaçari para ser contratada. Ora, pelo Comprovante Inscrição e Situação Cadastral fornecido pela Receita Federal (em anexo) consta que a referida empresa foi aberta em 11/04/2013 e em 19/06/2013 esta é contratada sob o valor de R$ ,00 (seiscentos e noventa e três mil reais). Fato curioso, mais uma vez um empresa recém aberta conseguir um contrato milionário e se declarar empresário exclusivo de bandas renomadas como Limão com Mel, Adelmário Coelho, Aviões de Forró, etc. Observa-se que a Prefeitura Municipal de Camaçari na gestão do prefeito Ademar vem contratando diretamente empresas, sem licitação sob alegação que estes agenciadores supostamente de fachadas serem os produtores exclusivos das bandas e artistas o que na verdade não são. 2. DA LICITAÇÃO A Lei de Licitações foi promulgada no ano de 1993 e institui normas para licitações e contratos administrativos da Administração Pública. Os objetivos da licitação são a observância do princípio Constitucional da Isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração, dentre outros. Sendo assim, a Administração pública não pode contratar livremente, a seu bel prazer, uma vez que deve-se observar o princípio da igualdade. 3

4 Porém, prevendo as situações de inviabilidade de competição, excepcionalmente a Lei nº 8.666/93, prevê as possibilidades de inexigibilidade de licitação, conforme a redação do art. 25, in verbis: Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial: I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes; II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação; III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública. (g.n) 1 o Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato. 2 o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis. A justificativa para a hipótese de inexigibilidade pauta-se na inviabilidade da concorrência. Porém isto deve estar devidamente demonstrado em processo de inexigibilidade. No tocante a contratação, o dispositivo exige que esta seja realizada diretamente, ou seja, com o próprio artista, ou através de empresário exclusivo. A lei assevera que deve ser realizada através de empresário exclusivo, sendo proibido contratar com empresário não exclusivo, a 4

5 medida objetiva impedir que terceiros aufiram lucros às custas dos artistas. O Ministério Público de Minas Gerais, através do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Público - CAOPP em resposta a consulta a cerca do tema (em anexo) posicionou da seguinte maneira: É de se asseverar, neste tocante, que a exclusividade de empresário não se confunde com a simples autorização. Enquanto aquela se refere a uma representação perene e duradoura, esta se restringe a determinadas festividades ou a curtos períodos de tempo. A mera autorização para a contratação com o ente público não preenche o requisito legal, tratando-se de artifício utilizado para burlar a exigência de licitação. Com efeito, caso fosse admitido, o artista poderia firmar quantas autorizações quisesse, com quantas pessoas quisesse (o que faria surgir vários empresários ou representantes), o que demonstraria a viabilidade de competição, desautorizando a inexigibilidade para a contratação. O Tribunal de Contas da União, por meio Processo nº TC / e Acórdão nº 96/2008 decidiu: (...) deve ser apresentada cópia do contrato de exclusividade dos artistas com o empresário contratado, registrado em cartório. Deve ser ressaltado que o contrato de exclusividade difere da autorização que confere exclusividade apenas para os dias correspondentes à apresentação dos artistas e que é restrita à localidade do evento. Dessa forma, é forçoso concluir que ao realizar as contratações de artistas por intermédio de empresas o Gestor foi de encontro às normas estabelecidas pela Lei de Licitações. Isso porque não observou as regras atinentes ao processo de inexigibilidade. Pois, o gestor deve ser cauteloso ao decidir-se pela contratação direta, pois a Lei de Licitações e Contratos, em seu art. 89, considera ilícito penal dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses nela descritas, nestes termos: 5

6 Art Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou inexigibilidade: Pena: detenção, de 3(três) a 5(cinco) anos e multa. Parágrafo Único. Na mesma pena incorre aquele que tendo comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal para celebrar contrato com o Poder Público. 3. DA IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA No intuito de pautar as ações dos gestores públicos e coibir atos que lesem o patrimônio e a moralidade publica temos a Lei nº 8.429/92 que dispõe sobre as sanções aplicadas nos casos de atos de improbidade. Nesse sentido o legislador repudia qualquer ação do gestor que enseje em enriquecimento ilícito, dano ao erário ou atente contra os princípios da Administração Pública. Os atos que causam dano ao erário estão elencados no art. 10 da citada Lei, in verbis: Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: [...] VIII frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente; [...] XII permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente; 6

7 Diante dos dados já coletados se percebe que o ato de utilizarse de empresas que atuam como agenciadores de artistas no mínimo constitui um dano ao erário uma vez que, ao contratar diretamente com o artista/banda o gasto é naturalmente mais baixo. Já ao realizar o contrato se valendo de outras empresas que não detém a exclusividade do artista/banda além de causar o dano há a suspeita de enriquecimento ilícito dessas empresas. Porém nunca é demais lembrar que as contratações foram diretas, por inexigibilidade. Pela redação do inciso VIII, art. 10 da Lei 8.429/92 a dispensa indevida é ato de improbidade que enseja em dano ao erário. 4. DOS PEDIDOS Ante o exposto requer: a) a responsabilização do agente público representado, com a abertura dos procedimentos administrativos competentes para a investigação, bem como judiciais, por este Douto Parquet, órgão competente para a apuração dos crimes contra a administração pública e os atos de improbidade administrativa, sugerindo-se desde logo, caso comprovadas as denúncias, seja requerido judicialmente à aplicação das sanções cabíveis; b) Nesse sentido, também sugere a Vossa Excelência que seja oficiada a Prefeitura Municipal de Camaçari para que apresente os Processos de Inexigibilidade para a contratação dos artistas e bandas do ano de 2013; c) Que seja o REPRESENTANTE informado das medidas tomadas no âmbito deste procedimento. Aguardamos pronto atendimento e reiteramos votos de estima e respeito. Camaçari/BA, 11 de dezembro de 2013 ANTÔNIO ELINALDO ARAUJO DA SILVA Vereador DEMOCRATAS- Camaçari-BA 7

8 ROL DE DOCUMENTOS 1. Documentos de Identificação do Representante (RG, CPF); 2. Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral das empresas contratadas; 3. Certidão Simplificada fornecida pela JUCEB das Empresas Contratadas 4. Termos de Inexigibilidade e Extratos de Contratos das Empresas contratadas; 5. Consulta realizada ao CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DAS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO CAOPP/ Ministério Público de Minas Gerais 8