APLICAÇÃO DE DOSES DE INDUTORES DE RESISTÊNCIA NO MILHO
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1 94 APLICAÇÃO DE DOSES DE INDUTORES DE RESISTÊNCIA NO MILHO Natália Alves Barbosa¹, Tiago Roque Benetoli da Silva¹, Poliana Frigo 2, Tainara Vanessa Carraro 3 ¹Universidade Estadual de Maringá UEM, Departamento de Ciências Agronômicas, Campus de Umuarama. Estrada da Paca s/n, CEP: , Bairro São Cristóvão, Umuarama, PR. autor correspondente: natalia_a.barbosa@hotmail.com 2 Programa de pós-graduação em Agronomia UEM/Maringá 3 Programa de pós-graduação em Agronomia Unioeste/Marechal Cândido Rondon RESUMO: Alguns aspectos podem limitar a produção de milho, como fatores climáticos, fertilidade de solo, pragas e doenças. Como consequência de prejuízos causados por doenças, vêm a utilização cada vez maior de fungicidas, proporcionando aumento no custo de produção e problemas relacionados com o meio ambiente. Assim, tem-se como medida para amenizar esses impactos é utilizar sistema de produção mais sustentável, com o uso racional de fungicidas e inseticidas, integração de medidas de controle, bem como o uso de indutores de resistência. Portanto, o objetivo do trabalho é avaliar doses de indutores de resistência no desenvolvimento da cultura do milho. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com cinco tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos utilizados foram: testemunha, dose de 25 g ha ¹ e dose de 50 g ha ¹ de Bion 500 WG, dose de 0,5 ml ha ¹ e dose de 1,0 ml ha ¹ de Ecolife. Avaliou-se altura de plantas, diâmetro do colmo e massa seca. Pode-se concluir que a aplicação de Ecolife, independente da dose, promoveu plantas de milho com maior densidade. PALAVRAS-CHAVE: Zea mays, Bion, Ecolife RESISTANCE INDUCTORS DOSES OF APPLICATION IN CORN ABSTRACT: Some aspects can limit the production of corn, as climate, soil fertility, pests and diseases. As a result of damage caused by disease, come to increased use of fungicides, causing an increase in production costs and problems related to the environment. Thus, it has as a measure to mitigate these impacts is to use more sustainable production system, with the rational use of fungicides and insecticides, integration control measures and the use of resistance inducers. Therefore, the objective is to evaluate doses of resistance inducers in the development of corn. The experimental design was randomized blocks, with five treatments and four replications. The treatments were: control, dose of 25 g ha ¹ and dose of 50 g ha ¹ Bion 500 WG, 0.5mL dose ha ¹ and dose of 1.0 ml of ha ¹ Ecolife. height was evaluated plants, stem diameter and dry mass. It can be concluded that the application of Ecolife, independent of dose, promoted maize plants with higher density. KEY WORDS: Zea mays, Bion, Ecolife
2 95 INTRODUÇÃO O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking da produção mundial de milho (Zea mays), sendo que a produtividade na safra de 2013/2014 foi de 46,2 milhões de toneladas, e a estimativa é de que na safra de 2019/2020 a produção fique em torno de 70,12 milhões de tonelada. A projeção é que a produção cresça 2,67% ao ano, sendo que este crescimento será obtido por meio de ganhos de produtividade, uma vez que a expansão da área plantada está estimada em apenas 0,73% (MAPA, 2015). O milho é destinado à alimentação animal e humana, servindo de base para vários alimentos, além de ser alternativa energética. A utilização desse grão faz com que a demanda cresça e, consequentemente, busca-se aumentar o potencial produtivo para suprir essa necessidade (Schipanski, 2011). Alguns aspectos podem limitar o rendimento dessa cultura, sendo eles fatores ambientais, fertilidade de solo, sistema de cultivo, pragas e doenças (Sandini e Fancelli, 2000). Cresce cada vez mais a utilização de fungicidas no cultivo de milho, devido a incidência de doenças fungicas na cultura, o que proporciona aumento no custo de produção e outros problemas relacionados com questões ambientais, como desequilíbrio biológico, diminuição de fungos entomopatogênicos, que servem de inimigos naturais para pragas problemáticas no milho, como a lagarta, ácaro e mosca-branca. Desse modo, é necessário medidas que favoreçam a manutenção e a sustentabilidade no sistema de produção, uma vez que as exigências atuais estão cada vez mais fundamentadas na segurança alimentar e na qualidade dos produtos. Para isso, deve-se fazer o uso racional de fungicidas e inseticidas químicos, integrando estes com outras medidas de controle, como resistência genética, rotação de culturas, e recentemente, o uso indução de resistência têm sido bastante estudado no controle de pragas e doenças (Moraes, 1998; Barros, 2011). Os indutores de resistência atuam ativando o sistema de defesa das plantas, ou seja, induzem a ativação de genes que vão codificar proteínas relacionadas à patogênese, e enzimas relacionadas com a produção de fitoalexina e lignina. (Resende et al., 2000; Jakab et al., 2001). As fitoalexinas são substâncias com ação antimicrobiana, constituindo então uma diversidade de compostos de defesa. Já a lignina é a substância que causa saliências, que são produzidas no local da infecção da célula vegetal pelo fungo, e a deposição de lignina aumenta a resistência
3 96 da parede celular a enzimas digestivas do patógeno. (Margis-Pinheiro et al., 1999; Deffune, 2001; Barros et al., 2010). O indutor de resistência mais utilizado que é liberado para uso comercial é o Acibenzolar-S-metil, que tem grande potencial de ativação de defesa de plantas, sendo rapidamente absorvido pelos tecidos foliares, interferindo nos processos fisiológicos e bioquímicos das plantas, como a produção de fenóis, ativando também a resistência sistêmica. (Resende et al., 2000; Debona et al., 2009; Furtado et al., 2010.), como é o caso do produto comercial Bion WG 500. Outro produto comercial que tem sido utilizado é o Ecolife, que é composto por bioflavonoides, que melhoram a resistência de plantas a estresse, mas também é utilizado como indutor de resistência a doenças causadas por fungos e bactérias, devido a ação sinergia entre seus componentes, que regula o vigor vegetativo, melhorando então o direcionamento energético para as necessidades produtivas da cultura (Furtado et al. 2010). Sabendo então que indutores de resistência podem ajudar no controle de pragas e doenças, este trabalho tem como objetivo avaliar doses de indutores de resistência, no desenvolvimento da cultura do milho. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em área experimental da Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Ciências Agronômicas, Campus Regional de Umuarama - PR. Localizada na latitude 23º47 28,4 sul, longitude 53º 15 24,0 oeste e altitude de 379 metros, que possui um Latossolo Vermelho Distrófico típico (EMBRAPA, 2013). O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com cinco tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos utilizados foram: testemunha, dose de 25 g ha ¹ e dose de 50 g ha ¹ de Bion 500 WG, dose de 0,5 ml ha ¹ e dose de 1,0 ml ha ¹ de Ecolife Cada parcela experimental foi composta por quatro linhas de seis metros de comprimento, espaçadas entre si por 0,45 m. Para correção do solo, foi realizada adubação em de 120 kg ha ¹ de nitrogênio de cobertura, e na semeadura 450 kg/ha do formulado (N, P₂O₅ e K₂O). Foi utilizado o milho híbrido Dow AgroSciences, o qual foi semeado no dia 11/12/2015, com auxílio do equipamento matraca. Quarenta dias após a semeadura, foram
4 97 aplicados os tratamentos. As plantas permaneceram por 120 dias no campo até a colheita, para posterior avaliação. Foram realizadas avaliações de altura de plantas, diâmetro do colmo e massa seca. Para aferir a altura de planta, sendo esta a distância entre a superfície do solo e o pendão da planta, utilizando-se fita métrica graduada em centímetros. O diâmetro do colmo foi medido com paquímetro, no primeiro internódio próximo a superfície do solo. As plantas foram mantidas em saco de papel, por 60dias, até o peso constante, onde posteriormente foi determinado a massa seca de parte aérea em balança analítica. A análise estatística foi efetuada por meio de análise de variância, a 5% de probabilidade. O teste de comparação de médias utilizado foi o teste de Tukey, para o mesmo nível de significância. RESULTADOS E DISCUSSÃO A aplicação das doses dos indutores de resistência Bion 500 e Ecolife, não manifestaram resultados significativos em relação a altura de planta e diâmetro de colmo, em relação a testemunha (Tabela 1). Entretanto, houve diferença significativa entre os tratamentos, onde a aplicação de Ecolife em diferentes doses aumentou a massa da parte aérea em até 45% (dose de 0,5 ml ha¹) em relação à testemunha. O menor valor para massa seca da parte aérea foi observado para o tratamento Bion 500 (25 g ha ¹). Fontoura (2013) também não observou diferença significativa na altura de planta com a aplicação de Acibenzolar-s-methyl em doses de 12,5 g ha ¹, em um experimento realizado com quatro híbridos de milho por dois anos consecutivos (2011 e 20012), onde testou também a eficiência de mananoligossacarídeo fosforilado. Com o trabalho, o autor apenas constatou variação significativa na interação de híbridos diferentes, ou seja, uma característica genética, e não provocada pela aplicação do indutor. Avaliações realizadas quanto a altura de parte aérea (Araújo e Menezes, 2009), e massa seca de parte aérea (Cavalcanti e Resende, 2005), foram não significativas para a aplicação de Acibenzolar-s-methyl. Outro exemplo que corroboram com os resultados, foi a ausência de diferença na massa seca de plantas de feijão com aplicações em doses diferentes do produto (Soares et al., 2004).
5 98 Tabela 1 Altura de plantas (m), diâmetro de colmo (mm) e massa seca da parte aérea (g) de milho, em função da aplicação de indutores de resistência. Umuarama (PR) 2016 Tratamento Altura de planta Diâmetro de Massa seca da (m) colmo (mm) parte aérea (g) Sem aplicação 0,92 9,98 23,6 b Bion 500 (25 g ha¹) 0,72 9,84 18,2 b Bion 500 (50 g ha¹) 0,74 10,29 26,9 b Ecolife (0,5 ml ha¹) 0,92 11,11 52,4 a Ecolife (1,0 ml ha¹) 0,87 9,85 42,5 a C.V. (%) 15,3 11,7 17,9 Teste F n.s. n.s. * n.s. e * = não significativo e significativo a 5% de probabilidade de erro, respectivamente. C.V. = coeficiente de variação O Bion 500 não interfere nas características vegetativas da planta, levantando a hipótese de que é um produto que age apenas sistemicamente contra a ação de patógenos. O Acibenzolar-s-methyl é uma ativador do mecanismo de defesa da planta, aumentando sua resistência contra doenças, sendo este produto rapidamente absorvido pela planta e translocado sistemicamente para folhas e raízes, ativando a planta de forma generalizada (ADAPAR, 2016). Para a aplicação do Ecolife, ambas as doses obtiveram resultados semelhantes, não interferindo significativamente nos parâmetros avaliados. Isso pode ser explicado pois esse produto é um revigorante e anti-estressante para as plantas (Garcia, 2004), portanto, mesmo com os estresses e distúrbios sofridos pelas plantas durante a condução do experimento, os parâmetros não foram afetados, devido a ação do produto. CONCLUSÃO Pode-se concluir que a aplicação de Ecolife, independente da dose, promoveu plantas de milho com maior densidade. REFERÊNCIAS ADAPAR. BION 500 WG p. Disponível em: Acesso em: 30 jun
6 99 ARAUJO, F.F.; MENEZES, F.D. Indução de resistência a doenças foliares em tomateiro por indutores biótico (Bacillus subtilis) e Abiótico (Acibenzolar-S-Metil). Summa Phytopathology, Botucatu, v.35, n.3, p , BARROS, F.C.; SAGATA, E.; FERREIRA, L.C.C.; JULIATTI, F.C. Indução de resistência em plantas contra fitopatógenos. Bioscience Journal, Uberlândia, v.26, n.2, p , BARROS, R. Estudo sobre a aplicação foliar de Acibenzolar-S-metil para indução de resistência à ferrugem asiática em soja e cercosporiose em milho. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.78, n.4, p , BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Milho. Brasília: MAPA-ACS, CAVALCANTI, L.S.; RESENDE, M.L.V. Efeito de épocas e doses de aplicação do acibenzolar-s-metil no controle de Verticillium dalhiae em mudas de cacaueiro. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.30, p.67-71, DEBONA, D.; FIGUEIROÓ, G.G.; CORTE, G. D.; NAVARINI, L.; DOMINGUES, L. D. S.; BALARDIN, R. S. Efeito do tratamento de sementes com fungicidas e acibenzolar-s-methyl no controle da ferrugem asiática e crescimento de plântulas em cultivares de soja. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.35, n.1, p.26-31, DEFFUNE, G. Semioquímicos, fitoalexinas e resistência sistêmica vegetal na agricultura orgânica: a explicação dos defensivos agrícolas. In: Hortibio: 1º Congresso Brasileiro de Horticultura Orgânica, Natural, Ecológica e Biodinâmica, 1, Anais... Botucatu-SP: Agroecológica, p EMBRAPA, EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Sistema brasileiro de classificação de solos. 3.ed. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, p. FONTOURA, D. Indução de resistência no milho safrinha por Acibenzolar-s-metil e mananoligossacarídeo fosforilado p. Tese (Doutorado em Agronomia) Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Marechal Candido Rondon, FURTADO, L.M.; RODRIGUES, A.A.C.; ARAÚJO, V.S.; SILVA, L.L.S.; CATARINO, A. M. Utilização de Ecolife e Acibenzolar s metil (ASM) no Controle da Antracnose da banana em pós-colheita. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.36, n.3, p , FURTADO, L.M.; RODRIGUES, A.A.C.; ARAÚJO, V.S.; SILVA, L.L.S.; CATARINO, A.M. Utilização de Ecolife e Acibenzolar s metil (ASM) no controle da antracnose da banana em pós-colheita. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.36, n.3, p , GARCIA, F.A.O. Efetividade de formulações de procariotas residentes de filoplano no controle biológico de doenças do tomateiro p. Tese (Mestrado em Fitopatologia) Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, JAKAB, G.; COTTIER, V.; TOQUIN, V.; RIGOLI, G.; ZIMMERLI, L.; MÉTRAUX, J.P.; MAUCH-MANI, B. β-aminobutyric acid-induced in plants. European Journal of Plant Pathology, v.107, p.29-37, 2001.
7 100 MARGIS-PINHEIR, M.; SANDRONI, M.; LUMMERZEIM, M.; OLIVEIRA, D. A defesa das plantas contra as doenças. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, v.25, n.147, p.24-31, MORAES, M.G. Mecanismos da resistência sistêmicaadquirida em plantas. Revisão Anual de Patologia de Plantas, v.6, p , RESENDE, M.L.V.; NOJOSA, G.B.A.; SILVA, L.H.C.P.; AGUILAR, M.A.G.; NIELLA, G.R.; CARVALHO, G.A.; GIOVANINI, G.R.; CASTRO, R.M. Perspectivas da indução de resistência em cacaueiro contra Crinipellis perniciosa através do benzothiadiazole (BTH). Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.25, p , SANDINI, I.E.; FANCELLI, A.L. Milho: estratégias de manejo para a região sul. Guarapuava: Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária, v p. SCHIPANKSKI. C.A. Tratamento de sementes de milho com fungicidas e indutor de resistência e pulverização foliar para o controle da ferrugem comum do milho (Puccinia sorgui Schw) p. Tese (Mestrado em Agronomia) - Universidade Estadual de Ponta Grossa. Ponta Grossa, SOARES, R.M.; MARINGONI, A.C.; LIMA, G.P.P. Ineficiência de Acibenzolar-S-Methyl na Indução de Resistência de Feijoeiro Comum à Murcha-de-Curtobacterium. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.29, n.4, 2004.
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