VISTOS. SOUZA CARDOZO BAHIA ajuizaram ação contra PALESTRA ITÁLIA. ESPORTE CLUBE, alegando que perderam, prematuramente, Emerson Luiz de

Transcrição

1 fls. 271 SENTENÇA Processo nº: Classe - Assunto Procedimento Comum - Indenização por Dano Moral Requerente: Monica Aparecida de Souza e outro Requerido: Palestra Itália Esporte Clube Juiz(a) de Direito: Dr(a). Héber Mendes Batista CONCLUSÃO Justiça Gratuita Aos 30/05/2017, faço conclusão destes autos ao(à) Exmo(a). Sr(a). Dr(a). Héber Mendes Batista, MM. Juiz(a) de Direito desta Quarta Vara Cível desta Comarca de Ribeirão Preto Estado de São Paulo. O(a) Esc: (RPA). VISTOS. MÔNICA APARECIDA DE SOUZA e NATÁLIA DE SOUZA CARDOZO BAHIA ajuizaram ação contra PALESTRA ITÁLIA ESPORTE CLUBE, alegando que perderam, prematuramente, Emerson Luiz de Souza Cardoso, de oito anos de idade, filho de Mônica e irmão de Natália. Aduziram que ele faleceu em decorrência de edema cerebral derivado de uma queda, com posterior afogamento em piscina. Aduziram que a vítima, menor de idade, não era sócia do clube e que não fora autorizada a ingressar no local por lauda 1

2 fls. 272 nenhum representante legal. Com isso, alegando responsabilidade civil objetiva da parte ré, requereram a condenação dela ao pagamento de indenização por danos materiais (pensão mensal) e morais. Juntaram documentos (fls. 24/46). Citado, o réu contestou. Preliminarmente, alegou inépcia da inicial e ilegitimidade ad causam ativa (relativamente à coautora Natália). No mérito, asseverou que a morte deu-se em razão de queda, e não por afogamento. Ainda alegou que houve rápido atendimento pelas equipes de socorro. Assim, aduzindo que não pode responder civilmente pelo fato, requereu a improcedência do pedido (fls. 52/65). Réplica a fls. 77/82. a prova oral que havia interesse (fls. 137/171). inicial e contestação (fls. 197/200 e 201/220). pedido (fls. 258/261). Saneado o feito (fls. 97/98), em audiência foi produzida Em alegações finais, as partes repisaram os termos da O Ministério Público opinou pela improcedência do É O RELATÓRIO. DECIDO lauda 2

3 fls. 273 As questões preliminares ventiladas na contestação (inépcia da inicial e ilegitimidade ad causam ativa) não podem ser acolhidas. Com efeito, a inicial contém todos os requisitos do artigo 282 do Código de Processo Civil de 1973 (vigente ao tempo do ajuizamento desta ação), inclusive pedido compatível com sua causa de pedir, de modo a possibilitar o enfrentamento da questão de fundo. Por outro lado, a coautora Natália, na condição de irmã do falecido, tem legitimidade para figurar postular indenização por danos morais derivados do fato noticiado na inicial. Nesse sentido: Doutrina e jurisprudência são uníssonas em garantir legitimidade aos irmãos para postular em juízo reparação por danos morais no caso de morte de um deles. Nada obstante, o deslinde da causa depende da inequívoca existência de laços afetivos, presumidos durante a moradia conjunta e paulatinamente reduzidos quando, maiores, os irmãos passam a ter vida própria e muitas vezes isolada dos demais (TJSP, 35ª Câmara de Direito Privado, na Apelação nº , da Comarca de Mogi-Guaçu, relator o Desembargador ARTUR MARQUES, j , v.u.). No mérito, o caso é de improcedência do pedido lauda 3

4 fls. 274 A inicial está fundada em suposta demora dos prepostos da ré no socorro à vítima após queda em borda de piscina. Segundo se lê da inicial, a vítima, após a queda, ficou boiando dentro da piscina, sendo atendida tardiamente. Mas o que se colhe dos autos é que a vítima, de oito anos, foi ao clube à revelia de sua mãe, na companhia de outra pessoa, e faleceu em decorrência de uma queda, e não por afogamento. a causa de sua morte. A queda causou-lhe edema cerebral (fls. 30), e isso foi Acresça-se, ainda, que, logo após a queda, a vítima foi resgatada no fundo da piscina por dois salva-vidas e esses profissionais iniciaram os procedimentos de reanimação até a chegada da equipe do corpo de bombeiros (fls. 148). Com a chegada dos profissionais do corpo de bombeiros, houve a continuidade dos procedimentos de reanimação, inclusive com respiração mecânica, e a criança saiu do clube com vida; faleceu depois, no hospital (fls. 149 e 164/171). Um instrutor de mergulho que presta serviços no clube, Sr. Antônio Carlos Martins Dias dos Santos, disse que o primeiro atendimento (aquele prestado pelos salva-vidas) foi o adequado. Também disse que a criança feriu-se em razão de queda, e não por afogamento (fls. 170) lauda 4

5 fls. 275 Em caso de queda de criança no interior de unidade escolar, a Colenda 26ª Câmara Extraordinária de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu que: "A responsabilidade civil, consubstanciada no dever de indenizar o dano sofrido por outrem, provém do ato ilícito, caracterizando-se pela violação da ordem jurídica com ofensa ao direito alheio e lesão ao respectivo titular. Inexiste o dever de indenizar, se não demonstrado por aquele que o pleiteia os requisitos ensejadores da reparação" (Apelação nº , da Comarca de Embu-Guaçu, relator o Desembargador LUIZ EURICO, j , v.u.). Como se vê, o que houve foi uma fatalidade e a morte da criança decorreu de queda da própria altura (que precedeu à sua imersão nas águas da piscina), e isso, obviamente, afasta a responsabilidade do réu. Também não é possível imputar responsabilidade ao réu pelo fato de o garoto ter ingressado no clube acompanhado por quem não era o seu representante legal. Consoante disse o Dr. Promotor de Justiça oficiante, o clube-réu somente permitiu o ingresso do menor no clube acompanhado de uma pessoa maior de 18 anos (fls. 41). Ou seja, o clube não foi omisso nesse dever de fiscalização; fez o que lhe era devido fazer para permitir o ingresso da criança no clube lauda 5

6 fls. 276 E se o infante estava acompanhado por uma pessoa maior, capaz, presume-se que a mãe havia autorizado o ingresso do filho ao clube na companhia daquela pessoa (Claudinéia). Sendo assim, também por essa vertente (omissão no ingresso de menores no clube) não é possível acolherse a pretensão veiculada na inicial. tal comportamento exclui a responsabilidade da ré. Omissão, se houve, foi da mãe (dever de vigilância), e Nesse sentido: Ação de indenização - danos morais - acidente sofrido por filho menor de idade no interior de trem do Metrô - dever de vigilância dos pais que elide a responsabilidade da ré - dissabor corriqueiro da vida cotidiana que não dá ensejo à indenização pretendida - ação julgada improcedente - sentença mantida - recurso improvido. (TJSP, 16ª Câmara de Direito Privado, na Apelação nº , relator o Desembargador COUTINHO DE ARRUDA, j , v.u.). Em suma, pelo que se colhe dos autos, não há a menor possibilidade de responsabilizar o réu pelo fatídico evento. Ante o exposto e considerando tudo o mais que dos autos consta, JULGO IMPROCEDENTE o pedido e, em razão da sucumbência, lauda 6

7 fls. 277 condeno as autoras ao pagamento dos honorários advocatícios do patrono do réu, que arbitro em R$ 2.500,00. Essa verba, todavia, somente será exigível se o réu comprovar, no prazo de cinco anos, que as autoras perderam a condição legal de necessitadas. da justiça. Sem condenação em custas, em razão da gratuidade P.R.I. Ribeirão Preto, 30 de maio de Héber Mendes Batista Juiz(a) de Direito (ass. Digital) Data Aos recebo os presentes autos do MM Juiz de Direito. Eu, (Escrevente Técnico Judiciário) lauda 7