SENTENÇA C O N C L U S Ã O

Transcrição

1 fls. 1 SENTENÇA C O N C L U S Ã O Em 22 de outubro de 2012, faço estes autos conclusos ao MM. Juiz de Direito da 4ª Vara Cível do Foro Regional de Pinheiros, Dr. Paulo Jorge Scartezzini Guimarães. Eu,, escr. Processo nº: Requerente: Requerido: Interdito Proibitório Associação Independente Vila Nova Esperança Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo - CDHU Juiz(a) de Direito: Dr(a). Paulo Jorge Scartezzini Guimarães Vistos. ASSOCIAÇÃO INDEPENDENTE VILA NOVA ESPERANÇA, devidamente qualificada nos autos, move Ação Manutenção da Posse contra COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO HABITACIONAL URBANO CDHU- alegando, em síntese, que a gleba pleiteada (ao lado do Parque Tizo) foi adquirida por Sebastiana do Prado por meio de escritura pública de cessão de direitos possessórios, que por sua vez, vendeu os lotes à comunidade de moradores, que construíram suas residências no local. Alega que exerce a posse mansa, pacífica ininterrupta sem oposição há mais de vinte anos, porém, por volta de oitos meses antes da propositura da ação, a ré vem turbando sua posse com ameaças de retirada dos moradores e derrubada das casas construídas. Diante do justo receio de esbulho, pede que seja deferido o interdito proibitório em caráter liminar, e ao final, que seja mantida na posse do imóvel. Apresentou documentos (fls.18/85 e 92/203). Em audiência de justificação previa (fls.251) a liminar deferida (fls.211) foi revogada, autorizando a demolição somente das casas dos moradores que aderiram ao programa habitacional da CDHU lauda 1

2 fls. 2 Citada a ré apresentou contestação alegando preliminares de conexão, impossibilidade jurídica do pedido e falta de interesse de agir. No mérito afirma que a gleba pleiteada integra área que é de sua propriedade, e ainda, por se tratar de bem público, não é passível de posse por particular. Alega que a área em questão foi transformada em área de proteção ambiental por decreto estadual e que, na ação civil publica que lhe moveu o Ministério Público, já foi determinada a desocupação do local porém, vem fazendo um programa de conscientização com os moradores da associação. Em pedido contraposto, requereu a reintegração na pose do bem. Apresentou documentos (fls. 319/556). Houve réplica (fls. 566/580). Em despacho saneador (fls. 777/778) foram afastadas as preliminares e fixados pontos controvertidos (área em que a associação autora está instalada, e a ocorrência de turbação na posse). Realizada a perícia, sobre o laudo (fls. 834/933) as partes e o Ministério Público do Meio Ambiente se manifestaram. É relatório. Fundamento e decido. Não há que se falar em participação do Ministério Público neste feito, sendo que sua intimação se deu somente em consideração da Ação Civil Pública por ele movida e, supostamente, sobre a mesma área. Não é possível em ação possessória a discussão sobre a propriedade, sendo assim irrelevante a argumentação da ré de que adquiriu a gleba em questão. Os únicos requisitos ensejadores da presente ação são a comprovação da posse e da ameaça de sua turbação e eles estão comprovados nos autos lauda 2

3 fls. 3 A posse da área pelos associados da autora está demonstrada, tanto pela apresentação dos instrumentos de cessão de posse às fls. 47/56 (já que plenamente possível a transmissão da posse), como pelas notas fiscais juntadas aos autos, documentos e fotos trazidas que revelam a existência da comunidade (fls. 628/660). Da mesma forma, patente está a ocorrência de turbação na posse da autora em relação aos moradores que não concordaram voluntariamente a sair (em decorrência de acordo firmado com a ré), sendo prescindível a produção de prova testemunhal para tal fato. As fotos juntadas (não impugnadas) demostram que os prepostos da ré utilizaram de grave ameaça para o que alegaram ser apenas a retirada das famílias que aderiram ao programa (fls. 617/624). Observa-se das imagens homens com arma de fogo, deixando nítido o cerceamento no exercício da posse dos moradores. Ademais, em sua própria defesa, a ré alega a que remoção das famílias se deu em decorrência da decisão da ação civil publica que tramitou perante a 8ª Vara da Fazenda Publica da Comarca de São Paulo, e que vem tentando conscientizar todos os moradores da necessidade de saírem do local. Quanto ao eventual cumprimento da sentença proferida na Ação Civil Pública importante deixar claro que a área ocupada pelos associados da autora, segundo o laudo pericial (fls. 891), não faz parte da Fazenda Tizo, não se referindo àquela discutida na citada ação. Deixou claro o perito que o pedido realizado pelo Ministério Público naquela ação restringiu-se somente a área de proteção permanente, (fls. 360 autos da ação civil pública), enquanto que a área ocupada pela autora é compreendida entre a Av. Engº Heitor Antonio Heiras Garcia, e o limite do município de São Paulo com Taboão da Serra, sendo que confronta com o Parque Tizzo, sobre o qual foi instituída área de preservação ambiental por meio de um lauda 3

4 fls. 4 Decreto. Em resumo, o laudo pericial concluiu que a gleba objeto da lide foi destacada de uma área denominada Sítio Uemura e Granja Kaneko, que perfaziam o total de 224 alqueires. Dessa área foram destacados 184 alqueires, e destes, 100 alqueires foram transmitidos mediante cessão de posse à Sadao Iwamura, que por sua vez, transmitiu 3,02 alqueires (ou ,25m), mediante instrumento de cessão de posse à Sebastiana do Prado Souza. Esse quinhão transmitido para d. Sebastiana veio acompanhado com descrição, o que permitiu determinar sua localização geométrica. Ainda revela o laudo que o Parque Tizzo compreende uma área de ,05m, referentes às matriculas de nº (com uma área de m), nº (com área de ,14m), e nº (com área de ,35m). Somadas, essas três matrículas resultam em uma área de ,9633m, ou seja, maior do que a delimitação do Parque Tizzo, sendo que esta área que sobra é justamente onde se encontra a associação. Assim, se a comunidade de moradores não integra a área protegida pelo decreto que instituiu área de proteção permanente, não teria o porquê da remoção das famílias com base naquela decisão. Isto posto, JULGO PROCEDENTE a presente ação para manter os associados da autora na posse do bem. Condeno a ré ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios que fixo em R$ 2.000,00, nos termos do art.20, 4º do CPC. P.R.I.* São Paulo, 22 de outubro de lauda 4

5 fls. 5 D A T A Em 22 de outubro de 2012, recebi estes autos em Cartório. Eu, (*), escr lauda 5