EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DE SÃO PAULO

Transcrição

1 fls. 1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DE SÃO PAULO JOÃO AGRIPINO DA COSTA DORIA JÚNIOR, brasileiro, casado, publicitário, portador da cédula de identidade RG SSP e CPF , residente e domiciliado nesta capital, na Rua Itália, nº 414 Jardim Paulistano, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por seus advogados infra-assinados (doc. 01 e 02), com fulcro nos artigos 5º, inciso XXXV e LXIX da Constituição Federal e no artigo 1º e seguintes da Lei /2009, impetrar o presente MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR em face de ato (doc. 03) do SECRETÁRIO DE FINANÇAS E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, com endereço no Viaduto do Chá, nº 15, 12º andar CEP , ou quem lhe faça as vezes no exercício da coação impugnada, pelos motivos de fato e direito que passa a expor: O IMPETRANTE é proprietário de imóveis sitos à Rua Itália n.414 e 450, no bairro Jardim Europa desta Capital, inscritos no cadastro da Prefeitura Municipal sob ns e e que, a partir de 3/2013, foram englobados, para constituir o contribuinte (docs. 03 e 04). 1

2 fls. 2 Antes de os imóveis serem englobados, os tributos sobre eles incidentes vinham sendo regularmente pagos (doc. 05). Porém, a Prefeitura deixou de promover a baixa de débitos, referentes aos exercícios de 2013 e 2014, nos controles Municipais, quando de sua quitação. Após a junção dos terrenos e a construção de uma área adicional, o número de contribuinte passou a ser, como acima referido, , tendo sido gerado um novo carnet para a cobrança do IPTU, sem que, entretanto, fosse considerada (abatida) nesse lançamento a parcela relativa ao imposto que havia sido paga relativamente às áreas individuais, no período anterior à fusão. Alertado para a situação, que caracteriza, em parte, a duplicidade da exigência do tributo sobre o mesmo fato gerador, o IMPETRANTE procurou a repartição fiscal municipal, sendo orientado no sentido de que a melhor forma de regularizar a situação, seria aderir ao parcelamento das Leis n.16097/14 e /15, relativamente à integralidade dos valores correspondentes às áreas englobadas (inclusive aqueles correspondentes às áreas individuais já pagos), postulando, em seguida, a restituição dos valores recolhidos quanto às áreas antes autônomas. E assim foi feito. Em 08/11/2015, foi celebrada a adesão ao parcelamento n , relativamente ao IPTU incidente sobre a propriedade do imóvel objeto do cadastro (doc. 06), cujas parcelas vêm sendo rigorosamente honradas pelo IMPETRANTE nos seus vencimentos. Outrossim, dirigiu à repartição fiscal pedido de repetição do indébito relativo ao imposto pago sobre as áreas individualmente consideradas nos exercícios 2013 e 2014, o qual não foi por ora apreciado. No entanto, apesar de ter sido parcelada a integralidade do imposto incidente sobre a área englobada e de as parcelas estarem sendo recolhidas em seus 2

3 fls. 3 respectivos vencimentos, o valor desses débitos permanece aparecendo na tela dos registros municipais (ato coator) como em aberto, ou seja, como se o IMPETRANTE estivesse inadimplente (doc. 07). Tal situação configura manifesta violação ao direito líquido e certo do IMPETRANTE, cuja situação não pode permanecer irregular, como se estivesse em débito para com o erário, quando, na verdade, é credor do Município, por estar não só recolhendo regularmente o parcelamento celebrado, como permanecer despojado dos valores pagos anteriormente com relação ao imposto incidente sobre às áreas individuais, abrangidas no novo lançamento. A lesão a seu direito revela-se especialmente grave, porque o IMPETRANTE é candidato ao cargo de Prefeito, nas próximas eleições de outubro, podendo a suposta irregularidade vir a ser explorada em campanha, como se ele estivesse em situação de inadimplência perante o erário municipal. Daí o cabimento deste writ, para assegurar o seu direito líquido e certo de não ter a sua situação fiscal constante nos registros municipais como irregular, quando, por força do parcelamento celebrado e regularmente cumprido, não pode ser considerado inadimplente, nos termos dos arts. 151, VI e 206 do CTN. - DO DIREITO: Consoante prevê o art. 151, IV do CTN: Art. 151 Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:... VI - o parcelamento.... 3

4 fls. 4 A suspensão da exigibilidade do crédito tributário implica não poder o contribuinte ser considerado em situação fiscal irregular perante o fisco, sempre que tenha aderido e estar cumprindo regularmente parcelamento concedido na forma da lei, que é uma das modalidades de moratória previstas no Código Tributário Nacional. De fato, estabelece o art A do CTN: Art. 155 A - O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica tendo o impetrante aderido àquele estabelecido na Lei Municipal no de 29/12/2014, que, com as alterações estabelecidas pela Lei Municipal /15, instituiu, no Município de São Paulo, o Programa de Parcelamento incentivado (PPI 2014), destinado a promover a regularização dos débitos decorrentes de créditos tributários de IPTU, constituídos ou não, inclusive os inscritos na dívida ativa, em razão de fatos geradores ocorridos até 31 de dezembro de O art. 2º da referida lei reza que: Art. 2º O ingresso no PPI 2014 dar-se-á por opção do sujeito passivo, mediante requerimento, conforme dispuser o regulamento. 1º Os créditos tributários e não tributários incluídos no PPI 2014 serão consolidados tendo por base a data da formalização do pedido de ingresso. (...) 6º Quando o sujeito passivo interessado em aderir ao PPI for pessoa física, poderá ser exigida autorização de débito automático do valor correspondente às parcelas subsequentes à primeira em conta corrente mantida em instituição financeira previamente cadas trada pelo Município. Ora, no caso do IMPETRANTE, encontrando-se o débito consolidado no ato da adesão e estando as parcelas sendo debitadas em sua conta bancária em 4

5 fls. 5 seus respectivos vencimentos, não poderiam os referidos débitos aparecer na tela da repartição fiscal como em aberto, já que estão com sua exigibilidade suspensa, a teor da jurisprudência do STJ, como dá conta a ementa do RESP n , transcrita no que interessa ao presente feito: 1. O parcelamento fiscal, concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica, é causa suspensiva da exigibilidade do crédito tributário, à luz do disposto no artigo 151, VI, do CTN. 2. Consequentemente, a produção de efeitos suspensivos da exigibilidade do crédito tributário, advindos do parcelamento, condiciona-se à homologação expressa ou tácita do pedido formulado pelo contribuinte junto ao Fisco (Precedentes das Turmas de Direito Público: REsp /RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em , DJe ; REsp /PR, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em , DJ ; REsp /RS, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em , DJ ; e REsp /RS, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em , DJ ). Até por que, a suspensão da exigibilidade do crédito parcelado assegura ao contribuinte, situação de regularidade fiscal, permitindo-lhe obter certidão com efeitos semelhantes à certidão negativa, a teor do que dispõe o art. 206 do CTN, verbis: Art Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que consta a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetiva a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa. - DO PEDIDO Em face do exposto, a IMPETRANTE requer a concessão de MEDIDA LIMINAR, com expedição de ofícios determinando à autoridade coatora para que, se e enquanto o parcelamento estiver sendo regularmente 5

6 fls. 6 cumprido pelo IMPETRANTE, se abstenha de manter registros no sentido de que os débitos em questão se encontram em aberto, até final decisão deste writ, quando além de parcelados encontram-se parcialmente pagos em duplicidade. O pedido se justifica pois, a par do fumus boni iuris, representado pela fundamentação legal e jurisprudência acima invocadas, o periculum in mora é evidente, pois, sem a concessão da liminar, permanecerá a IMPETRANTE privado de documento hábil a atestar sua situação de regularidade fiscal junto à Prefeitura, prejudicando, inclusive, sua reputação, em face do pleito de que vai participar em outubro do corrente ano. Tanto é assim que já foi procurado por vários jornalistas para que se manifestasse acerca dos débitos registrados, obrigando-o a prestar compridas explicações, disponibilizar documentos etc. Esse não é, entretanto, o maior risco. O IMPETRANTE encontra-se sujeito também a sofrer danos a sua imagem e mesmo a suas possibilidades de obter êxito no pleito, se, de posse desses registros municipais que não refletem sua real situação, outros jornalistas ou mesmo pessoas ligadas a outros candidatos - menos preocupados em retratar com fidelidade sua situação fiscal, possam apresentá-lo como inidôneo para o cargo, por inadimplente com relação a suas obrigações junto ao Erário Municipal. Ademais, tendo em conta que o mandado de segurança é instrumento de proteção ao direito IN NATURA, é de rigor a concessão a medida in limine, de vez que o provimento jurisdicional ao final obtido, resultará inócuo para provar sua idoneidade fiscal e assegurar o seu direito de candidatar-se à Prefeitura de São Paulo. 6

7 fls. 7 Requer, finalmente, que requisitadas as informações da autoridade coatora, seja oficiada a Municipalidade de São Paulo, e ouvido o douto representante do Ministério Público, seja concedida em definitivo a segurança, assegurando o direito líquido e certo do IMPETRANTE de obter o cancelamento dos registros de que os débitos em questão permanecem em aberto, se e enquanto regularmente pagas em seus vencimentos as parcelas da moratória concedida e consolidado, por força dos arts. 151, VI e 206 do CTN. FFRS/DORIA MS vf Dá à presente o valor de R$ ,00 (dez mil reais). Termos em que, Pede Deferimento. São Paulo, 06 de setembro de OAB/SP OAB/SP