A PROTEÇÃO DA FAUNA SILVESTRE NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

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1 A PROTEÇÃO DA FAUNA SILVESTRE NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA OAB-SANTO ANDRÉ/SP, Érika Pires Ramos Advocacia-Geral da União Procuradoria Federal Especializada IBAMA/ICMBio/SP REGRAMENTO CONSTITUCIONAL DA FAUNA Art Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; [...] VII proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

2 REGULAMENTAÇÃO DA PROTEÇÃO DA FAUNA NO ÂMBITO FEDERAL (PRINCIPAIS NORMAS) LEI Nº 9.605, de (Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências). DECRETO Nº 6.514, de 22/07/2008 (revogou o Decreto nº 3.179/99 e suas alterações): dispõe sobre as infrações administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações e dá outras providências. *Atos infralegais: Portarias, Instruções Normativas, Resoluções (MMA, IBAMA e CONAMA): podem ser consultadas no site do IBAMA ( e do Ministério do Meio Ambiente MMA( CONCEITOS LEGAIS DE FAUNA SILVESTRE Nativa: ocorrem naturalmente no território e águas jurisdicionais brasileiras. Exemplos: papagaio, arara, tucano, cachorro do mato, ouriço, onça, jabuti. Exótica: ocorrem fora ou são introduzidas no território brasileiro. Exemplos: girafa, leão, elefante. Art. 3º, incisos XVII e XVIII da Instrução Normativa nº 169, de 20/02/2008 e artigo 29, caput e 3º, da Lei nº 9.605/98 (definição das categorias de fauna silvestre: nativa e exótica). CITES - Convenção sobre o comércio internacional dasespéciesdafloraefaunaselvagememperigode extinção e listas oficiais da fauna brasileira em risco ou ameaçada de extinção. DOMÉSTICA Não está sujeita ao controle do IBAMA, mas é protegida por Lei (art. 32 da Lei nº 9.605/98: crime de maus-tratos). Estão listadas no Anexo I da Portaria IBAMA nº 93/1998. * Exemplos: cabra, cachorro, gato, coelho, galinha. ListaPET.

3 FAUNA SILVESTRE: NATIVA FAUNA SILVESTRE: EXÓTICA

4 FAUNA DOMÉSTICA HISTÓRICO DA PROTEÇÃO DA FAUNA NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA 1934 Decreto Lei n : tutela pelo Estado/maus-tratos Lei n (Lei de Proteção à Fauna): propriedade do Estado(art. 1o) Constituição Federal: bem difuso (artigo 225, caput) 1998-Lein.9.605(LeideCrimesAmbientais) Decreto n (revogado pelo Decreto n /2008)

5 DECRETO-LEI Nº DE 1934 Art. 1º - Todos os animais existentes no País são tutelados ao Estado. Art. 3º- Consideram-se maus tratos: 1. Praticar ato de abuso ou crueldade em qualquer animal; 2. Manter animais em lugares anti-higiênicos ou que lhes impeçam a respiração, o movimento ou o descanso, ou os privemdearouluz; 3. Obrigar os animais a trabalhos excessivos ou superiores as suas forças e a todo o ato que resulte em sofrimento para deles obter esforços que, razoavelmente, não se lhes possam exigir senão com castigo; (...) DECRETO-LEI Nº DE 1934 (...) 5. Abandonar animal doente, ferido, extenuado ou mutilado, bem como deixar de ministrar-lhes tudo o que humanitariamente se lhe possa prover, inclusive assistência veterinária; 6. Não dar morte rápida, livre de sofrimentos prolongados, a todo animal cujo extermínio seja necessário para consumo ou não; 22. Ter animais encerrados juntamente com outros que os aterrorizem ou molestem; 23. Ter animais destinados a venda em locais que não reúnam as condições de higiene e comodidades relativas; 24.Expor, nos mercados e outros locais de venda, por mais de 12 horas,avesemgaiolas,semquesefaçanestasadevidalimpezae renovação de água e alimentos;

6 DECRETO-LEI Nº DE 1934 (...) 27. Arrojar aves e outros animais nas casas de espetáculo e exibilos, para tirar sortes ou realizar acrobacias; (...) 30. Ministrar ensino a animais com maus tratos físicos; 31. Transportar, negociar ou caçar, em qualquer época do ano, aves insetívoras, pássaros canoros, beija-flores e outras aves de pequeno porte, exceção feita das autorizações para fins científicos, consignados em lei anterior; CONDUTAS PREVISTAS COMO CRIMES E INFRAÇÕES AMBIENTAIS (ARTS. 29 A 37 DA LEI Nº 9.605/98 E ARTS. 24 A 42 DO DECRETO Nº 6.514/08) Introduzir maus-tratos (sem autorização ou licença) matar perseguir caçar apanhar CRIME E INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA AMBIENTAL guardar ter em cativeiro ou depósito (semautorizaçãoou licença) utilizar transportar (sem autorização ou licença) vender expor à venda exportar adquirir (sem autorização ou licença)

7 PROCESSO ADMINISTRATIVO AMBIENTAL FEDERAL (DECRETO Nº 6.514/2008 E IN IBAMA Nº 14/2009) AUTUAÇÃO MULTA APREENSÃO/EMBARGO DEFESA E INSTRUÇÃO PROBATÓRIA PARECER TÉCNICO/CONTRADITA PARECER INSTRUTÓRIO JULGAMENTO 1a INSTÂNCIA 2a INSTÂNCIA (AUTORIDADE SUPERIOR) E 3a INSTÂNCIA(CONAMA) A CONVERSÃO DE MULTA EM SERVIÇOS DEVE SER REQUERIDA NA APRESENTAÇÃO DA DEFESA. DESTINAÇÃO DA FAUNA SILVESTRE Os animais da fauna silvestre apreendidos serão: libertados em seu habitat ou entregues a jardins zoológicos, fundações, entidades de caráter cientifico, centros de triagem, criadouros regulares ou entidades assemelhadas ou entregues em guarda doméstica (situação excepcional e precária) Conclusão: a legislação estabelece formas de destinação que visem à recuperação dos processos ecológicos e ao bem-estar do animal.

8 QUESTÃO PRÁTICA (I): É POSSÍVEL COMPRAR E CRIAR ESPÉCIMES DA FAUNA SILVESTRE? SIM. Desde que devidamente autorizada. A autorização é ato precário, unilateral, discricionário (critério de conveniência e oportunidade) e deve atender ao INTERESSE PÚBLICO. Categorias de criadores (Instrução Normativa IBAMA nº 169/2008): mantenedores científicos: conservação/pesquisa zoológicos comerciais (reprodução) e comerciantes(venda) amadoristas passeriformes de QUESTÃO PRÁTICA (II): POSSO LEGALIZAR UM ANIMAL SILVESTRE? NÃO!!! Ter animal silvestre sem origem legal, ou seja, sem a autorização do órgão competente é tipificado como infração administrativa e crime ambiental pela legislação. O QUE POSSO FAZER NESSES CASOS? O animal deve ser entregue voluntariamente ao órgão do SISNAMA que realizará a destinação legal. ADVERTÊNCIA Caso não haja a entrega voluntária, o detentor poderá ser autuado e multado, bem como ter o animal apreendido pela fiscalização ambiental dos órgãos do SISNAMA, além de ser responsabilizado civil e criminalmente pela mesma conduta.

9 LEI COMPLEMENTAR N 140, (REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS) REGULAMENTA A COOPERAÇÃO ENTRE A U NIÃO, OS E STADOS, O D ISTRITO F EDERAL E OS M UNICÍPIOS NAS AÇÕES ADMINISTRATIVAS DECORRENTES DO EXERCÍCIO DA COMPETÊNCIA COMUM AMBIENTA L, NOS TERMOS DO ART. 23 DA CF/88. COMPETÊNCIAS DA UNIÃO (fauna) elaborar a relação de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção e de espécies sobre-explotadas no território nacional, mediante laudos e estudos técnicocientíficos, fomentando as atividades que conservem essas espécies in situ; controlar a introdução no país de espécies exóticas potencialmente invasoras que possam ameaçar os ecossistemas, habitats e espécies nativas; aprovar a liberação de exemplares de espécie exótica da fauna e da flora em ecossistemas naturais frágeis ou protegidos; controlar a exportação de componentes da biodiversidade brasileira na forma de espécimes silvestres da flora, micro-organismos e da fauna, partes ou produtos deles derivados; controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e larvas; proteger a fauna migratória e as espécies inseridas na relação de fauna ameaçada de extinção e sobre-explotação; exercer o controle ambiental da pesca em âmbito nacional ou regional; gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento tradicional associado, respeitadas as atribuições setoriais; COMPETÊNCIAS DA LC 140/2011 EM MATÉRIA DE FAUNA COMPETÊNCIA DOS ESTADOS Autorização de criadouros da fauna silvestre nativa e exótica (SISPASS, SISFAUNA esisexotico); Controlar a apanha de espécimes de fauna silvestre, ovos e larvas para manejo de fauna em aeroportos e manejo de fauna com fins de uso, controle e conservação, etc. COMPETÊNCIA DOS MUNICIPIOS E DO DISTRITO FEDERAL DIZ RESPEITO ÀS AÇÕES RELACIONADAS A ATIVIDADES DE INTERESSE LOCAL. GESTÃO/ATRIBUIÇÃO COMPARTILHADA: PROJETOS DE REINTRODUÇÃO DA FAUNA (ACT); GESTÃO DE CETAS (ACT), ETC.

10 OBJETIVOS DO PROGRAMA PERMANENTE DE PROTEÇÃO À FAUNA - P3F/SUPES/IBAMA/SP Formação e multiplicação do conhecimento Mudança de cultura Sensibilização do público interno e externo Formação de opinião MUITO OBRIGADA! ERIKA.RAMOS@IBAMA.GOV.BR