The Effects of Interactive Technologies on Online Apparel Shopping. The Effects of Interactive Technologies on Online Apparel Shopping



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Transcrição:

The Effects of Interactive Technologies on Online Apparel Shopping ABSTRACT This work investigates the impact of interactive technologies on consumer perception regarding online apparel shopping. In order to achieve this goal an online survey involving internet users who had bought online at least once was conducted and the data analyzed by structural equation modeling. The results indicate relevant positive effects of the interactive technology on consumer enjoyment and shopping involvement, and negative effects of enjoyment and involvement on the desire to stay at the online store. Theoretical and practical implications point to high interactivity as a stimulant for online navigation and shopping. Keywords: interactive technologies, online apparel shopping, consumer behavior. INTRODUÇÃO O varejo eletrônico continua crescendo em tamanho e importância e as compras de vestuário já representam uma parcela significativa das compras De acordo com o Departamento de Comércio dos EUA, o comercio eletrônico cresceu mais rápido em 2010 que qualquer outra atividade econômica. 24% das vendas de atacado foram realizadas online, assim como 4,4% de todas as transações de varejo, representando uma parcela considerável das transações comerciais americanas (Departamento de Comércio dos USA, censo 2010). No Brasil, em 2011, o comercio eletrônico cresceu 26% em relação a 2010, faturando cerca de R$ 18,7 bilhões. Deste montante 7%, cerca de 1,3 bilhões de reais, foram devidos à compra de vestuário (ecommerceorg, 2012). Esses dados indicam que a importância da compra de vestuário online como forma de comportamento do consumidor cresce continuamente, tornando fundamental uma maior compreensão dos fatores que a influenciam. Enquanto algumas pesquisas apontam a percepção de privacidade e os riscos de segurança como os principais obstáculos para o crescimento futuro do comércio eletrônico (Urban et al., 2009). Outras investigam o como desenvolver estratégias eficazes de aceitação com base no conhecimento das expectativas e necessidades desses consumidores (Mummalaneni, 2005). Ademais, alguns estudos apuram as relações entre a qualidade do site, a percepção da qualidade da informação, a percepção de valor e intenção de lealdade no contexto da compra online, com o objetivo de investigar como os efeitos dessas dimensões podem atrair consumidores e mais importante, retê-los (Li, Daugherty, & Biocca 2001). Este trabalho, por sua vez, pretende avaliar o impacto das tecnologias de interatividade sobre a intenção de compra online de vestuário do consumidor. O objetivo é investigar como essas tecnologias podem proporcionar uma nova visão das necessidades do consumidor, que vão além das necessidades racionais, incluindo os aspectos experimentais de consumo, como o prazer sensorial e a satisfação de experiências emocionais. A partir das relações estabelecidas por meio do referencial teórico, o presente estudo propõe uma extensão do modelo de aceitação de tecnologia (TAM), proposto por Davis (1989), para avaliar os efeitos que a tecnologia de manequim virtual 3D tem sobre os cinco construtos: Ambiente da Loja Online, Prazer da Compra, Envolvimento na Compra, Desejo de Permanecer na Loja Online e Intenção de Revisitar a Loja Online. REVISÃO DA LITERATURA Efeitos da Tecnologia Interativa De acordo com o modelo S-O-R (stimulus-organism-response), o ambiente influencia afetivamente os indivíduos e promove experiências cognitivas que retornam ao ambiente através de respostas de aproximação ou de afastamento (Lee, & Chang, 2011). A experiência afetiva que envolve o processo de consumo pode ser representada por duas dimensões: excitação e prazer. O processo de vestir roupas no manequim virtual 3D promove uma experiência afetiva nestas duas dimensões e é visto como fonte de benefício para economia de tempo, redução de riscos e aumento da probabilidade de encontrar uma alternativa melhor e prazer imediato (Rosa et al., 2006; Fiore, & Jin, 2003). Pesquisas investigando os efeitos dessa tecnologia no ambiente do varejo online encontraram efeitos positivos no que diz respeito ao nível de interatividade na percepção e na atitude do consumidor na hora da compra online (Lee et al., 2010; Li et al., 2001).

Efeitos do Ambiente da Loja Online Autores apontam para uma relação positiva entre o ambiente da loja e o estado afetivo de prazer e excitação do consumidor (Lee et al., 2006). Dailey e Heath (1999) indicam que o ambiente do site influencia significativamente o comportamento de compra do consumidor através da alteração da emoção, especialmente o prazer. Estudos mais recentes sobre o ambiente da loja online demonstraram que existe uma relação positiva entre o design do site (percepção do ambiente da loja) e o prazer experimentado pelos compradores de vestuário online (Mummalaneni, 2005, Urban et al., 2009). Além disso, um layout de fácil navegação gera um nível maior de entretenimento. Em um ambiente de loja atraente, os consumidores ficam mais envolvidos e focados durante a sua experiência de compra do que em um ambiente de loja online desagradável. Novak et al. (2000) descobriu que existe uma influência positiva das características do site no estado cognitivo (envolvimento) e emocional do consumidor durante a compra Pesquisas mostram que o ambiente da loja online influencia a atitude dos compradores, a satisfação e o comportamento de aproximação ou afastamento com o varejo online, mediado por emoções (Eroglu et al., 2003). De acordo com Eroglu et al. (2003), um ambiente de loja positivo e agradável resulta em um alto grau de prazer e excitação do consumidor, levando-o a ter repostas de aproximação para com o varejo Outro estudo do ambiente online mostra uma ligação positiva entre a qualidade do site e a intenção comportamental do comprador de retornar a loja online (Lynch et al., 2002). Assim, existem indícios de que os consumidores têm maior desejo de permanecer na loja online quando o varejista oferece um ambiente agradável. Essas relações levam a proposição das hipóteses de 1 a 3, que representam os efeitos do ambiente da loja online sobre os seguintes construtos: prazer na compra online, envolvimento na compra e desejo de permanecer na loja. H1: O ambiente da loja online terá um efeito direto e positivo sobre o prazer do consumidor na compra H2: O ambiente da loja online terá um efeito direto e positivo sobre o envolvimento na compra H3: O ambiente da loja online terá um efeito direto e positivo sobre o desejo de permanecer na loja Efeitos do Prazer Para aumentar o tempo de permanência do consumidor na loja online e a probabilidade de compra, o varejista precisa entender quais são os desejos do consumidor (Donovan et al., 1994). A emoção gerada pelo ambiente do site influencia o tempo de permanência do consumidor na loja e o valor das compras, ou seja, o cliente acaba comprando mais do que havia planejado. Diversos estudos fornecem evidências de que o prazer experimentado durante a compra online tem efeito direto na resposta de aproximação do consumidor (Lee, & Chang, 2011; Lee et al., 2006; Eroglu et al., 2003; Fiore et al., 2005a; Menon, & Kahn, 2002). Outros estudos apontam uma ligação positiva entre a emoção e a intenção de revisitar um site (Lee, & Chang, 2011; Donovan, & Rossiter, 1982; Donavan et al., 1994). Quando o ambiente do site gera emoções, como prazer e excitação, por meio do design ou de descontos, os consumidores respondem positivamente e mostram a intenção de revisitar a loja online (Menon e Kahn, 2002). Com esta base, as hipóteses 4 e 5 representam os efeitos do prazer da compra online sobre o desejo de permanecer na loja e a intenção de revisitá-la. H4: O prazer da compra online terá um efeito direto e positivo sobre o desejo do consumidor de permanecer na loja H5: O prazer da compra online terá um efeito direto e positivo sobre a intenção do consumidor de revistar a loja Efeitos do Envolvimento na Compra De acordo com Griffith et al. (2001), o design da interface de uma loja online pode criar uma experiência intensa (uma experiência sensorial e comportamental similar a do produto real) capaz de afetar o envolvimento do consumidor com a compra. O alto nível de interatividade pode promover uma forte emoção que gera um desejo de compra. Compradores envolvidos com a loja online estão mais dispostos a pesquisar por informações, a explorar novos estímulos e se encontram mais suscetíveis a comprar produtos online do que outros consumidores. Pesquisas recentes, sobre o ambiente da Internet, mostraram que indivíduos que têm alto envolvimento com a loja online têm mais intenção de comprar numa dada loja online (Richard, 2005). Consumidores com alto envolvimento no processo de compra também terão mais desejo de permanecer na loja online e de revistá-la. As hipóteses 6 e 7, por sua vez, representam os efeitos do envolvimento na compra online sobre o desejo de permanecer na loja online e a intenção de revisitá-la; conforme sugerido pela literatura. H6: O envolvimento do consumidor na compra online terá efeito direto e positivo sobre o desejo de permanecer na loja

H7: O envolvimento do consumidor na compra online terá efeito direto e positivo sobre a intenção de revistar a loja Efeitos do Desejo de Permanecer na Loja Online Por fim, a fidelização e o retorno do cliente ao site são fundamentais para o sucesso do varejo online (Harris, & Goode, 2004). Consumidores que experimentam a emoção do prazer na hora da compra e têm desejo de permanecer mais tempo no site são mais propensos a revistá-lo para repetir a experiência agradável de compra. A hipótese final desse estudo se propõe a verificar a relação entre os construtos, desejo de permanecer na loja online e a intenção de revisitá-la. H8: O desejo do consumidor de permanecer na loja online terá efeito positivo sobre a sua intenção de revistá-la. Formulação do Modelo Conceitual e Hipóteses de Pesquisa A revisão da literatura realizada mostra que a tecnologia de interatividade influencia o consumidor de vestuário online na hora da compra. O modelo teórico proposto (Figura 1) servirá como ferramenta para investigar o comportamento do cliente do varejo online em relação a essa tecnologia. Prazer da Compra Online H1 H4 H5 Percepção da Loja Online H3 Desejo de permanecer na loja online H8 Intenção de revisitar a loja online H2 Envolvimento na Compra Online H6 H7 Figura 1. Modelo Proposto METODOLOGIA Com o objetivo de testar as hipóteses formuladas para este estudo, foi realizada uma online survey com uma amostra não probabilística de interesse. Os participantes selecionados para a pesquisa receberam um pequeno briefing sobre o manequim virtual 3D e, em seguida, acessaram um link para que pudessem experimentar a tecnologia escolhida por alguns minutos antes de responderem ao questionário. Para essa pesquisa foram selecionados usuários de internet, que já tinham realizado, pelo menos uma vez, uma compra O instrumento da pesquisa foi distribuído para 230 pessoas, destas 205 responderam à pesquisa. A amostra final é composta por todos os 205 questionários válidos (sem dados ausentes e contendo somente respondentes com idade entre 25 e 40 anos). A tecnologia escolhida para este estudo e avaliada pelos consumidores através do questionário é o manequim virtual 3D Dressing room, da varejista www.hm.com. Esse manequim virtual fornece ao usuário uma experiência de compra similar à vivida em um provador da loja física, pois permite que o consumidor crie seus próprios looks, com diferentes combinações de cores, e escolha o rosto e a cor de cabelo do manequim que melhor retrate as suas características físicas. O estudo faz uso de escalas já elaboradas e testadas pela literatura para medição de todos os construtos envolvidos. Foi utilizada uma escala Likert de cinco pontos. Após a tradução das escalas originais em inglês foi realizado um pré-teste do questionário. Os resultados obtidos com este pré-teste serviram para refinar o questionário e elaborar a versão final. O instrumento de pesquisa finalizado possui um total de 22 itens relacionados aos construtos presentes no modelo, assim como cinco itens relativos às variáveis demográficas.

RESULTADOS O primeiro passo da análise dos dados foi uma análise descritiva das variáveis demográficas presentes no questionário, como forma de caracterizar a amostra estudada e eliminar respondentes que não se encaixassem no perfil desejado. A base de dados final, com 205, não possuía nenhum valor ausente ou respondente com idade abaixo de 25 anos ou acima de 40 anos (média de idade de 32,5 anos, desvio padrão de 4,7). A amostra é composta principalmente por indivíduos com nível superior completo (90%) e em sua maioria mulheres (63,4%). O segundo passo foi avaliar a validade, unidimensionalidade e confiabilidade das escalas utilizadas por meio de uma análise fatorial confirmatória (CFA). Em seguida foi avaliado o ajuste do modelo de mensuração, que apresentou índices (RMSEA, CFI, IFI, TLI, χ²/d.f.) que em conjunto se mostraram satisfatórios. A validade dos construtos foi avaliada então por meio do exame das cargas fatoriais e da variância extraída média. Por sua vez, a validade nomológica foi avaliada por meio de uma matriz de correlação e a validade de face para todas as escalas utilizadas foi garantida durante o desenvolvimento do instrumento de pesquisa. Com relação à consistência interna e confiabilidade das escalas utilizadas usou-se tanto o alfa de Cronbach quanto a confiabilidade composta, e ambos os coeficientes se mostraram aceitáveis. Analisando todos os resultados verifica-se que o modelo de mensuração proposto atende aos requisitos desejados de confiabilidade, unidimensionalidade, validade de face, validade nomológica, validade convergente e validade discriminante, sendo possível a investigação das relações entre os construtos latentes por meio de um modelo estrutural. Por fim, a técnica de modelagem de equações estruturais (SEM) foi utilizada para testar o modelo proposto e as hipóteses da pesquisa. O ajuste do modelo proposto (figura 1) foi examinado com o uso de diversos índices de ajuste (Hair et al., 2009). A estatística qui-quadrada obtida para o modelo foi estatisticamente significativa (X² = 418, 978, d.f = 201, p < 0,001). Todos os outros índices indicaram um bom ajuste do modelo aos dados. A razão X²/d.f. foi de 2,08, inferior ao valor de 3,0 sugerido por Byrne (2010). Além disso, os índices de ajuste incrementais foram maiores do que 0,90, com CFI (comparative fit índex) de 0,90, um TLI (Tucker- Lewis índex) de 0,90 e um IFI (incremental fit index) de 0,90. Os índices de ajuste absoluto apresentaram valores abaixo do limite de 0,08 estabelecido pela literatura (Byrne, 2010), indicando também um bom ajuste do modelo. O RMSEA (root-mean-square error of approximation) foi de 0,073 (C.I. de 0,063 a 0,083) e SRMR (standardzed root mean-square residual) foi de 0,050. Dados os índices apresentados, conclui-se que o ajuste do modelo proposto é satisfatório. Após a verificação do ajuste dos modelos de mensuração e estrutural propostos, foram avaliados os coeficientes estimados para as relações causais entre os construtos (Figura 1). A verificação de cada uma das hipóteses da pesquisa foi realizada com a análise da magnitude, direção e significância dos coeficientes padronizados estimados por meio do modelo estrutural (Byrne, 2010). Os coeficientes estimados para o modelo proposto, juntamente com as hipóteses de pesquisa e significâncias associadas, encontram-se expostos na tabela 1. Tabela 1 Coeficientes Padronizados Estimados, Hipóteses e Significâncias para o Modelo Estrutural Proposto Relação Proposta Coeficiente p-value Hipótese Verificada Padronizado H1: PERC ENJ 0,96 < 0,001 sim H2: PERC INV 0,97 < 0,001 sim H3: PERC STY 0,70 0,002 sim H4: ENJ STY - 0,21 0,186 não H5: ENJ INT 0,14 0,134 não H6: INV STY 0,33 < 0,001 sim H7: INV INT - 0,09 0,434 não H8: STY INT 0,97 <0,001 sim Onde: PERC = Percepção da Loja Online, ENJ = Prazer na Compra Online, INV = Envolvimento na Compra Online, STY = Desejo em Permanecer na Loja Online e INT = Intenção de Revisitar a Loja Online DISCUSSÃO Os resultados apresentados comprovam o bom ajuste do modelo proposto e fornecem evidências das relações propostas entre o ambiente da loja e os construtos afetivos relativos à avaliação do consumidor sob a ótica do manequim virtual 3D. Com relação às hipóteses da pesquisa, cinco das oito hipóteses formuladas foram verificadas.

Influência do Ambiente da Loja Online nos Construtos Afetivos Os resultados da modelagem realizada estabelecem que a percepção do consumidor em relação à loja online (PERC) é importante antecedente para avaliação emocional relacionada à intenção de compra de vestuário O ambiente da loja online apresentou efeitos diretos, positivos e significativos sobre os construtos afetivos (prazer da compra online, desejo em permanecer na loja online e envolvimento na compra online) e um forte efeito indireto na intenção de revistar a loja A magnitude de tais efeitos diretos indica que o ambiente da loja online afeta diretamente o comportamento do consumidor quando o mesmo é submetido a uma tecnologia de interatividade que promove bem estar e desejo em permanecer na loja Influência dos Construtos Afetivos Com relação aos efeitos diretos do prazer da compra online sobre o desejo em permanecer na loja e a intenção de revisitá-la, ambos apresentaram coeficientes não significativos. Este resultado é inconsistente com o que foi encontrado por Eroglu et al. (2003); Fiore et al. (2005a); e Menon & Kahn (2002), em que o prazer da compra influencia positivamente o desejo em permanecer na loja Conforme esperado, o envolvimento na compra apresentou efeitos diretos e positivos sobre o desejo em permanecer na loja No entanto, de forma contrária, o efeito do envolvimento sobre a intenção de revisitar a loja online não foi significativo. O modelo de aceitação final confirmou somente a relação positiva e significativa do envolvimento na compra sobre o desejo em permanecer na loja Pode-se concluir que os consumidores apesar de felizes e envolvidos na compra, podem não permanecer ou revisitar a loja Acredita-se que a tecnologia apresentada no ambiente da loja online gerou impactos positivos nas emoções dos consumidores, mas que, no entanto, possui limitadores para a compra, como a impossibilidade do consumidor incluir as suas medidas e experimentar os produtos selecionados em seu corpo. A escolha dos looks em modelos pré-selecionados pela loja online pode ter frustrado o consumidor e reduzido a influência do manequim virtual 3D a sua intenção de compra. Influência do Desejo em Permanecer na Loja Online O modelo proposto indicou uma forte relação entre o desejo em permanecer na loja online e a intenção de revisitá-la, com efeito direto do desejo sobre a intenção sendo um dos maiores coeficientes padronizados do modelo de aceitação final. Isso mostra que quanto maior o desejo em permanecer na loja online maior é a intenção de revistá-la. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo confirma a importância que a tecnologia de interatividade tem no ambiente da loja online para melhorar a percepção do consumidor do ambiente da loja A grande contribuição do estudo é a verificação da forte influência que o ambiente da loja online exerce sobre o consumidor, gerando prazer, envolvimento e desejo em permanecer na loja. O varejista online que adota essa tecnologia no ambiente da loja atrai o interesse do consumidor para a loja No entanto, diferentemente do sugerido por trabalhos anteriores, o consumidor, após experimentar o prazer da compra, simulando looks, escolhendo modelos virtuais e penteados, não mostrou interesse em permanecer na loja ou a intenção de revistá-la. Acredita-se que a tecnologia testada, apesar de inovadora, possa ter gerado dúvidas e frustração por não oferecer a opção para os consumidores colocarem as suas medidas e simularem os looks num corpo virtual mais parecido com o seu. É possível que a experimentação de outros modelos virtuais de interatividade resultasse em conclusões diferentes das obtidas neste estudo. Mesmo assim, apesar de serem necessários testes com outros produtos e públicos, acredita-se que os achados da pesquisa sejam relevantes para uma melhor compreensão do comportamento do consumidor de vestuário Outra implicação com relação a essa tecnologia no ambiente da loja online é a avaliação de que o consumidor, mesmo envolvido na compra, pode não ter interesse em revistar a loja Pode-se sugerir que o consumidor que experimenta a tecnologia de manequim virtual 3D no ambiente da loja online, desenvolve o desejo de permanecer na loja e indiretamente a intenção de revistá-la, já que os coeficientes sugerem uma forte ligação entre esses três construtos. Por fim, pode-se concluir que o consumidor é altamente impactado pelo ambiente da loja, por meio do manequim virtual 3D, mas que as relações afetivas geradas pelo uso dessa tecnologia não são determinantes para a intenção de compra de vestuário online, uma vez que o prazer e o envolvimento experimentado pelo consumidor não têm efeitos significativos sobre o seu desejo em permanecer na loja e/ou intenção de revisitá-la.

REFERÊNCIAS Byrne, B. M. (2010). Structural Equation Modeling with AMOS: Basic Concepts, Applications and Programming. 2nd ed. Routledge, NY. Dailey, L., & Heath, C.E. (1999). Bringing back your online customers: an exploration of the role of atmospherics in the web. In: HOCK, S. e MEYER, R. (Eds), Advances in Consumer Research. Association for Consumer Research, PROVO, UT, pp. 245-251. Donavan, R.J., Rossiter, J.R., Marcoolyn, G., & Nesdale, A. (1994). Store atmosphere and purchasing behavior. Journal of Retailing 70 (3), 283-294. ECOMMERCEORG. (2012). Vendas Comercio Eletrônico Brasil. Disponível em: http://www.ecommerce.org.br/stats.php. Acesso em: maio de 2013. Eroglu, S.A., Machleit, K.A,. & Davis, L.M. (2003). Empirical testing of a model of online store atmospherics and shopper responses. Psychology & Marketing 20(2), 139-150. Fiore, A.M., & JIN, H.-J. (2003). Influence of image interactivity on approach responses towards an online retailer. Internet Research: Electronic Networking Applications and Policy 13 (1), 38-48. Fiore, A.M., Jin, H.-J., & Kim, J. (2005a). For fun and profit: hedonic value from image interactivity and responses toward an online store. Psychology & Marketing 22 (8), 669-694. Fiore, A.M., Kim, J., & Lee, H.H. (2005b). Effect of image interactivity technology on consumer responses toward the online retailer. Journal of Interactive Marketing 19 (3), 38-53. Griffith, D.A., Krampf, R.F., & Palmer, J.W. (2001) The role of interface in electronic commerce: consumer involvement with print versus on-line catalogs. International Journal of Electronic Commerce 5 (Summer), 35-47. Hair, J. F., Black, W. C., Babin, B. J., & Anderson, R. E. (2009). Multivariate Data Analysis. 7. ed. Upper Saddle River: Prentice-Hall. Harris, L.C., & Goode, M.M.H. (2004). The four levels of loyalty and the pivotal role of trust: a study of online service dynamics. Journal of Retailing 80 (2), 139-158. Lee, H-H., & Chang, E. (2011). Consume Attitudes Toward Mass Customization: An Application of Extended Technology Acceptance Model. Journal of Computer-Mediated Communication 16(2), 171-200. Lee, H-H., Fiore, A.M., & Kim, J. (2006). The role of the technology acceptance model in explaining effects of image interactivity technology on consumer responses. International Journal of Retail & Distribution Management 34(8), 621-644. Lee, H-H., Kim, J., Fiore, A. M. (2010). Affective and Cognitive Online Shopping Experience: Effects of Image Interactivity Technology and Experimenting With Appearance. Clothing & Textiles Research Journal 28(2), 140-154. Li, H., Daugherty, T., & Biocca, F. (2001). Characteristics of virtual experiences in electronic commerce: a protocol analysis. Journal of Interactive Marketing 15 (3), 13-30. Lynch, P.D., Kent, R.J., & Srinivasan, S.S. (2002). The global Internet shopper: evidence from shopping tasks in twelve countries. Journal of Advertising Research 41 (3), 15-23. Menon, S., & Kahn, B. (2002). Cross-category effects of induced arousal and pleasure on the Internet shopping experience. Journal of Retailing 78 (1), 31-40. Mummalaneni, V. (2005). An empirical investigation of website characteristics, consumer emotional states and on-line shopping behaviors. Journal of Business Research 58 (4), 526-532. Novak, T.P., Hoffman, D.L., & Yung, Y.-F. (2000). Measuring customer experience in online environments: a structural modeling approach. Marketing Sciences 19 (1), 22-42. Richard, M.-O. (2005). Modeling the impact of internet atmospherics on surfer behavior. Journal of Business Research 58 (12), 1632-1642. Rosa, J.A., Garbarino, E.C., & Malter, A.J. (2006). Keeping the body in mind: The influence of body esteem and body boundary aberration on consumer beliefs and purchase intentions. Journal of Consumer Psychology, 16( 1), 79 91. Schlosser, A.E. (2003). Experiencing products in the virtual world: the role of goal and imagery in influencing attitudes versus purchase intentions. Journal of Consumer Research 30, 184-198. United States Department of Commerce, 2010. E-Stats. www.census.gov/estats (retrieved 11.04.13). Urban, G.L., Amyx, C., & Lorenzon, A. (2009). Online Trust: State of the Art, New Frontiers, and Research Potential. Journal of Interactive Marketing 23, 179-190.