Reconhecendo os agravos clínicos em urgência e emergência. Prof.º Enfº. Diógenes Trevizan

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Transcrição:

Reconhecendo os agravos clínicos em urgência e emergência Prof.º Enfº. Diógenes Trevizan

Cuidando do cliente com agravos respiratórios em urgência e emergência

Introdução Em atenção às urgências, a insuficiência respiratória (IR) destaca-se como um dos agravos que requer atenção especial devido a sua gravidade. Está relacionada à incapacidade do sistema respiratório em manter as trocas gasosas em níveis adequados, resultando na deficiência de captação e transporte de oxigênio (O2 ) e/ou na dificuldade relacionada à eliminação de gás carbônico (CO2 ).

Introdução Pode ser classificada em aguda e crônica. Esta classificação é eminentemente clínica, baseada na maior ou menor rapidez em que surgem os sintomas e sinais clínicos, acompanhados por alterações evidenciadas por meio de exames laboratoriais e outros métodos diagnósticos.

Introdução Em condições fisiológicas e repouso, o lado direito do coração envia para a circulação pulmonar cerca de 5 litros de sangue por minuto. Ao passar pelos capilares ocorre a hematose, com captação de oxigênio pela corrente sanguínea e eliminação de CO2 para os alvéolos. Para que estes 5 litros de sangue regressem para o lado esquerdo do coração como sangue arterial, é necessário que no mesmo intervalo de tempo circule pelos alvéolos cerca de 4 litros de ar. Em caso de diminuição da ventilação alveolar surge a hipoxemia. Esse fato pode ocorrer quando um grupo de alvéolos está parcialmente ocupado por líquido ou quando a via aérea está parcialmente obstruída

Alvéolo

Com o agravamento do quadro, a ventilação de uma área considerável do pulmão poderá entrar em colapso, originando um verdadeiro curto-circuito ou shunt e retenção de CO2, caracterizando a hipercapnia. Para avaliar as condições de ventilação pulmonar do paciente utiliza-se o exame de gasometria, cuja variação da medida dos gases e outros parâmetros podem ser analisados no sangue arterial ou venoso. A gasometria arterial é mais utilizada e os valores normais são:

Parâmetros... Valores de normalidade ph... 7,35 a 7,45 Pa( pressão parcial)o2... 80-90 mmhg PaCO2... 35-45 mmhg Bicarbonato... 22-26 meq/l Excesso de base...-2 a +2 meq/l( Miliequivalente por litro) Saturação de 02... 96-97%

É muito importante que, ao receber o resultado da gasometria arterial, o técnico de enfermagem comunique imediatamente o enfermeiro e o médico, pois este exame é relevante para a reavaliação da terapêutica. As manifestações clínicas da IR dependem necessariamente dos efeitos da hipoxemia, da hipercapnia e da ação sinérgica sobre os tecidos nobres do organismo. O sistema nervoso é o mais vulnerável a estes mecanismos fisiopatogênicos, seguido pelo rim, coração e fígado, justificando assim o predomínio dos sintomas neurológicos na insuficiência respiratória.

Efeitos da hipoxemia 1) Ação indireta no sistema nervoso vegetativo, por meio da produção de catecolaminas, originando: alteração do padrão respiratório: taquipneia e polipneia; alteração da frequência cardíaca: taquicardia, com aumento da velocidade de circulação e do débito cardíaco, devido a ação sobre os centros vegetativos cardiocirculatórios; hipertensão pulmonar: pode condicionar sobrecarga do coração direito por vasoconstrição da artéria pulmonar e dos seus ramos; poliglobulia: por estimulação da medula óssea.

Catecolaminas As catecolaminas (compostos quimicos) mais abundantes são a adrenalina( taquicardia), noradrenalina( vasoconstrição periférica P.A) e dopamina(hipertensão). Como hormônios, são libertadas pela glândula suprarrenal em situações de stress, como stress psicológico ou hipoglicemia.

2) Ação direta, depressora nos tecidos e órgãos, como: cianose: insuficiência cardíaca: confusão, convulsões e coma: resultantes da irritação e depressão dos neurônios; uremia, anúria e insuficiência renal; A hipercapnia moderada determina duas ações simultâneas e contrapostas sobre o sistema nervoso central e cardiovascular: a elevação do PaCO2 exerce um estímulo sobre a medula suprarrenal aumentando a secreção de catecolaminas, desencadeando a vasoconstrição, hipertensão e taquicardia; para a ação de vasoconstrição das catecolaminas é necessária a presença de terminações do sistema nervoso vegetativo, encontradas nos vasos do organismo, exceto no cérebro. Portanto, sobre a circulação cerebral, produz vasodilatação e cefaleia.

Grande parte das doenças que afetam a respiração ou os pulmões pode causar insuficiência respiratória. Veja no quadro abaixo as principais causas.

Se a insuficiência respiratória se desenvolver lentamente, a pressão nos vasos sanguíneos dos pulmões aumenta, provocando a hipertensão pulmonar. Sem um tratamento adequado, ocasiona danos aos vasos sanguíneos, dificultando a transferência de O2 para o sangue e sobrecarregando o coração, provocando insuficiência cardíaca. Assim sendo, inicialmente, a oxigenoterapia em alto fluxo é necessária na maioria dos casos, exceto nos cuidados ao cliente portador de patologia respiratória crônica. Nesses casos, quando recebe oxigênio em demasia, a respiração tende a se tornar mais lenta.

Exercícios