Género e Empreendedorismo Imigrante Brasileiro em Portugal que impactos na integração e nas relações transnacionais?



Documentos relacionados
Empreendedorismo das Migrantes Brasileiras em tempos de crise: Portugal e Brasil?

Suelda de Albuquerque Ferreira Teresa Sofia Teixeira XVI Conferência Internacional Metrópolis Açores, 12 a 16 de Setembro de 2011

EMPREGO E DESEMPREGO NO NORTE DE PORTUGAL

Prioridades do FSE para o próximo período de programação

CARE IOM OIM. Projecto financiado pelo Fundo Europeu de Regresso

URBAN II Em apoio do comércio e do turismo

População Portuguesa. Inquérito à Utilização das Tecnologias da Informação e da Comunicação 2003 DOCUMENTO METODOLÓGICO

Dialécticas da mobilidade dos açorianos: incorporação em espaços transatlânticos. Sandra Roberto

Sistema Nacional de Investigação e Inovação: Desafios, Forças e Fraquezas

I N C E N T I V O S A O E M P R E E N D E D O R I S M O Page 1. Incentivos ao EMPREENDEDORISMO

INTERNACIONALIZAR PARA A COLÔMBIA ESTUDO DE MERCADO

Proposta de Metodologia na Elaboração de Projectos

As Agendas de Inovação dos Territórios Algumas reflexões INSERIR IMAGEM ESPECÍFICA

PROGRAMAS DAS UNIDADES CURRICULARES. Análise de Informação Económica para a Economia Portuguesa

A PARTICIPAÇÃO DOS SENIORES NUMA OFICINA DE MÚSICA E TEATRO: IMPACTOS NA AUTO-ESTIMA E AUTO-IMAGEM. Sandra Maria Franco Carvalho

Pós-Graduação. Mercados Internacionais e Diplomacia Económica. 1ª Edição

Pessoas com Deficiência nos Censos Demográficos Brasileiros

ÍNDICE APRESENTAÇÃO 02 HISTÓRIA 02 OBJECTIVOS 02 CURSOS 04 CONSULTORIA 06 I&D 07 DOCENTES 08 FUNDEC & IST 09 ASSOCIADOS 10 PARCERIAS 12 NÚMEROS 13

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

A nova fase da abordagem global da União Europeia Marzia Cardinali, Coordenadora técnica do projecto, FIIAPP

IVº CongressoNacional dos Economistas. A Comunidade Portuguesa no Estrangeiro um Activo na Promoção Externa

Estratégia Europeia para o Emprego Promover a melhoria do emprego na Europa

Número 7/junho 2013 O PROGRAMA URBACT II

CENTRO DE INFORMAÇÃO EUROPE DIRECT DE SANTARÉM

Observatório da Criação de Empresas. Observatório da Criação de Empresas

Acabar com as disparidades salariais entre mulheres e homens.

OPORTUNIDADES. Cluster energético: oportunidades; horizontes; observatório, BejaGlobal; PASE

Empreendedor: Estas variáveis identificadas serão utilizadas na Ficha 7_3 Análise Interna

População Portuguesa. Inquérito à Utilização das Tecnologias da Informação e da Comunicação 2002 DOCUMENTO METODOLÓGICO

Empreendedorismo e criação de emprego. A experiência da Esdime

Espaço t Associação para o Apoio à Integração Social e Comunitária. Instituição Particular de Solidariedade Social

CARTA DA IGUALDADE 11 COMPROMISSOS PARA UM TERRITÓRIO MAIS IGUAL

UNIVERSIDADE DO ALGARVE FACULDADE DE ECONOMIA FACILITADORES E INIBIDORES DA DECISÃO DE PARTICIPAÇÃO EM VIAGENS DE LAZER O CASO DO SOTAVENTO ALGARVIO

1ª CONFERÊNCIA IBÉRICA DE EMPREENDEDORISMO

Empreendedorismo Feminino

Lei n.º 133/99 de 28 de Agosto

Soluções com valor estratégico

Apoios ao Turismo Lições do QREN, desafios e oportunidades

ESCOLA SUPERIOR DE GESTÃO DE SANTARÉM

CANDIDATURAS ABERTAS:

ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO CORPORATIVO

Situação dos migrantes e seus descendentes directos no mercado de trabalho MANUAL ENTREVISTADOR

EVENTO ANUAL DO PO LISBOA Resultados do POR Lisboa e Portugal Prioridades do FEDER

Resumo do Acordo de Parceria para Portugal,

Sociedade, Tecnologia e Ciência!

Informes Gerais. e Comentários sobre a. PNAD Contínua Trabalho e Rendimento

Pesquisa Semesp. A Força do Ensino Superior no Mercado de Trabalho

Certificação da Qualidade dos Serviços Sociais. Procedimentos

MOBILIDADE DOS EMPREENDEDORES E VARIAÇÕES NOS RENDIMENTOS

Consultoria Para Mapeamento os Actores e Serviços de Apoio as Mulheres Vitimas de Violência no País 60 dias

REDE TEMÁTICA DE ACTIVIDADE FÍSICA ADAPTADA

Investimento Directo Estrangeiro e Salários em Portugal Pedro Silva Martins*

PERFIL DO JOVEM EMPREENDEDOR

Acção 3 Projectos de Promoção do Ensino Superior Europeu. Leonor Santa Clara DGES Universidade do Algarve, 12 de Abril de 2011

PROJECTO DE LEI N.º 247/IX CRIA O PASSE SOCIAL INTERMODAL NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO

Apresentação do GIS - Grupo Imigração e Saúde / Parte 2: a utilidade do GIS para os imigrantes

O Desenvolvimento Local no período de programação A perspetiva do FSE - 10 de maio de 2013

FORMAÇÃO SOBRE: GÉNERO E DESENVOLVIMENTO

Construindo pontes para uma adaptação bem sucedida ao ensino superior: implicações práticas de um estudo

MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS, TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

INTELI Centro de Inovação (PT)

Realizou-se dia 24 de Março, na Maia, nas instalações da Sonae Learning Center, a 6ª sessão da CoP, desta vez presencial.

O Social pela Governança. Mestrados Profissionalizantes Planos Curriculares Empreendedorismo

Classificação e Tipologias de Inovação. A Inovação como um Processo Empresarial.

A PMConsultores, é uma trusted advisor, empenhada em ser um agente de valor acrescentado e elemento diferenciador para a competitividade das PMEs.

Estratégia Empresarial. Capítulo 4 Missão e Objectivos. João Pedro Couto

Perfil das Ideias e dos Empreendedores

Construção do diagnóstico sobre a situação da mulher no mercado de trabalho de Natal

SISTEMA DE INCENTIVOS À I&DT

Tese Empresas Algarvias Rede Social Online

Regulamento Interno da Comissão Especializada APIFARMA VET

ENTREVISTA Coordenador do MBA do Norte quer. multiplicar parcerias internacionais

Negócios Internacionais

Estratégia de Especialização Inteligente para a Região de Lisboa

PERSPETIVA APCER. André Ramos Diretor de Marketing

Criar Valor com o Território

Barómetro Regional da Qualidade Avaliação das Atitudes e Conhecimentos dos Residentes sobre a Qualidade. Enquadramento.

Turnaround Social 26/07/2015. Instrumentos de Financiamento Portugal junho Portugal 2020

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNAD 2011

Workshop sobre Empreendedorismo

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

REDE SOCIAL DIAGNÓSTICO SOCIAL

REGULAMENTO REGRESSO À CASA I. PREÂMBULO. Concurso para a selecção da REDACÇÃO e CONSELHO EDITORIAL do JORNAL ARQUITECTOS

Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo 2015/2016

Desenvolvimento Local nos Territórios Rurais: desafios para

MARKETING NA INTERNET PARA PME A contribuição das ferramentas online para a performance empresarial. Raquel Melo 1

adaptados às características e expectativas dos nossos Clientes, de modo a oferecer soluções adequadas às suas necessidades.

Índice Descrição Valor

O Que São os Serviços de Psicologia e Orientação (SPO)?

Erasmus para Jovens Empreendedores. Um novo programa Europeu de intercâmbio. um programa que ajuda novos empresários a iniciar o seu próprio negócio!

Desigualdade Económica em Portugal

Convocatória para Participação

INVESTIR EM I&D - PLANO DE ACÇÃO PARA PORTUGAL ATÉ 2010 CIÊNCIA E INOVAÇÃO -PLANO PLANO DE ACÇÃO PARA PORTUGAL ATÉ NOVA TIPOLOGIA DE PROJECTOS

Instituto Politécnico de Santarém Gabinete de Mobilidade e Cooperação Internacional Documento de orientação estratégica

EDITAL. Iniciativa OTIC Oficinas de Transferência de Tecnologia e de Conhecimento

Atelier SUDOE INTELIGENTE

Seminário Acção Social Produtiva em Moçambique: Que possibilidades e opções?

As mulheres constituem a maioria da população residente em Portugal e vivem até mais tarde do que os homens; adiam a maternidade, têm menos filhos

A PORTUGAL: As Relações Ibéricas no Âmbito da Globalização e Liberalização dos Mercados

Transcrição:

Género e Empreendedorismo Imigrante Brasileiro em Portugal que impactos na integração e nas relações transnacionais? Suelda de Albuquerque Ferreira Beatriz Padilla Jorge Malheiros 1º Seminário de Estudos sobre Imigração Brasileira na Europa Barcelona 26 de Novembro de 2010

Objectivos: Estabelecer os perfis de mulheres empreendedoras brasileiras em Portugal, bem como identificar as suas estratégias a médio e longo prazo, designadamente no que diz respeito às opções de internacionalização (em relação ao país de origem e a outros países); Verificar de que modo estas estratégias empresariais podem contribuir para o desenvolvimento regional e/ou local do país de origem e para a intensificação de algumas ligações entre Portugal e Brasil, sobretudo nos planos migratório, comercial e financeiro;

Objectivos: Verificar de que modos estas estratégias contribuem para uma boa integração destas mulheres na sociedade portuguesa, combatendo processos de marginalização e discriminação.

Questões de Partida: Empreendedorismo facilita a integração social e A económica em Portugal? Empreendedorismo contribui para um maior sucesso e bem estar das mulheres brasileiras em Portugal? B Qual a relevância do empreendedorismo feminino brasileiro para as relações transnacionais de Portugal com o Brasil aos níveis social, económico e migratório? Qual a contribuição do empreendedorismo para o desenvolvimento, designadamente à escala local, no Brasil e em Portugal?

Hipótese: Hipótese geral: Contribui para uma integração melhor sucedida e reforça a tendência de fixação no país de destino Integração económica e social Empreendedorismo Feminino: Facilita/ Contribui Aumento de rendimentos, gestão facilitada do tempo, alargamento da rede social; Maior reconhecimento social e redução de preconceitos e estereótipos; Menor nível de relações transnacionais (em termos directos e indirectos); Reduzido ou nulo impacto no desenvolvimento local no Brasil; Pequeno impacto no desenvolvimento local em Portugal. Sucesso e bem-estar (alternativa a outras práticas que sustentam estereótipos e discriminação

Metodologia I: Combinação de métodos quantitativos e qualitativos a) Métodos quantitativos (recurso a 3 fontes de informação principais - Inquérito de caracterização a 1400 brasileiros em Portugal (filtro com base no género e na situação na profissão empresários e trabalhadores por conta própria) ; - Inquéritos realizado a empreendedoras dos principais grupos de imigrantes (150 a cada grupo PALOP, Europa de Leste e Brasil); - Base de dados das solicitações de apoio ao retorno apresentadas por Brasileiros à OIM (inclui pedidos de apoio para reintegração com base no desenvolvimento de actividades empresariais),

Metodologia II: b) Métodos qualitativos Entrevistas semi estruturadas a empreendedoras brasileiras em Portugal e no Brasil (20 a 30 em cada país); Entrevistas em Portugal (selecção com base nas principais actividades: sector da beleza; pequeno comércio retalhista (e.g vestuário e adornos), restauração). Áreas geográficas de realização: locais de maior concentração (Área Metropolitana de Lisboa e Algarve; cidades médias com provável sobrerepresentação de empreendedoras (Figueira da Foz e Viseu); Entrevistas no Brasil (com colaboração de investigadoras locais). Entrevista a imigrantes brasileiras regressadas que abriram negócios (ou que se envolveram em negócios) ou que, em Portugal, tiveram actividade empreendedora. Áreas de aplicação dos questionários: Região de Governador Valadares (Minas Gerais) e Goiás (Goiânia).

Metodologia II: b) Métodos qualitativos (continuação) Entrevistas biográficas (10 aplicações) a brasileiras que estiveram (ou estão envolvidas) em prostituição para compreender se o empreendedorismo funciona como alternativa de inserção profissional.

Características Gerais comparação entre empresários domésticos e transnacionais Quadro geral

Primeiros Resultados (fase inicial da investigação) - Exploração preliminar dos questionários Tabela 1- Experiência profissional prévia de negócio, segundo os empreendedores domésticos e transnacionais Experiência de negócio Tipo de Sim, no país Sim, num outro Empreendedorismo de origem país Não Empreendedorismo doméstico 44,4% 2,2% 53,3% Empreendedorismo transnacional 60,0% 2,2% 37,8% Fonte: Inquérito Mulheres Imigrantes Empreendedoras

Primeiros Resultados Tabela 2 Razões da Migração aprontadas pelos migrantes empreendedores domésticos e transnacionais Razões da Migração Tipo de Empreendedorismo Empreendedorismo doméstico Empreendedorismo transnacional Dificuldades económicas 39,7% 17,8% Oportunidade profissional 15,9% 26,7% Motivos políticos 7,4% 8,9% Desenvolvimento de negócios 4,0% 15,6% Segurança/Violência 5,2% 2,2% Razões familiares/pessoais 39,2% 24,4% Estudo/formação 12,7% 22,2% Saúde 2,7% 4,4% Fonte: Inquérito Mulheres Imigrantes Empreendedoras

Primeiros Resultados Tabela 4 Período da Migração dos Empreendedores Transnacionais, por grupo de origem migrante Período da migração PALOP Brasil Europa de Leste Total % N % N % N % N Até 1979 13 3 0 0 0 0 6,7 3 De 1980 a 1990 21,7 5 17,6 3 0 0 17,8 8 De 1991 a 1998 34,8 8 11,8 2 0 0 22,2 10 De 1999 a 2003 30,4 7 17,6 3 80 4 31,1 14 De 2004 a 2008 0 0 52,9 9 20 1 22,2 10 Total 100 23 100 17 100 5 100 45 Fonte: Inquérito Mulheres Imigrantes Empreendedoras

Pistas preliminares sobre a relação entre empreendedorismo (e tipo de empreendedorismo) e integração

Primeiros resultados Tabela 3 Intenção em relação ao local da residência segundo os empreendedores domésticos e transnacionais Tipo de Empreendedorismo Local de residência Doméstico Transnacional Regresso ao País de origem 15,6% 26,7% Permanecer em Portugal 47,2% 17,8% Viver nos dois países 14,8% 22,2% Mudar para outro país 3,2% 11,1% Indeciso 19,3% 22,2% Fonte: Inquérito Mulheres Imigrantes Empreendedoras

Primeiros resultados Figura 1 Envio de remessas segundo os empreendedores transnacionais e os domésticos 70 60 62,8 56,5 50 40 30 20 10 0 37,8 Empreendedores transnacionais Sim 43,5 Empreendedores domésticos Não Fonte: Inquérito Mulheres Imigrantes Empreendedoras

Primeiros Resultados Tabela 5 Imigrantes com nacionalidade portuguesa, segundo empreendedores transnacionais e domésticos, por grupo de origem Empreendedores transnacionais Empreendedores domésticos PALOP Brasil Leste Total Com nacionalidade Sem nacionalidade Total Com nacionalidade Sem nacionalidade Total % 39,1 60,9 100 42,2 57,8 100 N 9 14 23 54 74 128 % 11,8 88,2 100 12,1 87,9 100 N 2 15 17 16 116 132 % 0 100 100 1,4 98,6 100 N 0 5 5 2 141 143 % 24,4 75,6 100 17,9 82,1 100 N 11 34 45 72 331 403 Fonte: Inquérito Mulheres Imigrantes Empreendedoras

Primeiros Resultados Tabela 6 Alteração nos montantes das remessas para o país de origem, por sexo e grupo, após início da actividade empresarial Igualdade Aumento Diminuição N % N % N % PALOP Mulheres 25 59,5 12 28,6 5 11,9 Homens 11 45,8 8 33,3 5 20,8 Brasil Mulheres 22 44 16 32 12 24 Homens 7 50 5 35,7 2 14,3 Europa de Leste Mulheres 31 72,1 3 7 9 20,9 Homens 8 61,5 2 15,4 3 23,1 Total 104 55.9 46 24,7 36 19,4 Fonte: Inquérito Mulheres Imigrantes Empreendedoras