Outrossim, ficou assim formatado o dispositivo do voto do Mn. Fux:



Documentos relacionados
RESPOSTA A QUESTÃO DE ORDEM SOBRE A INCLUSÃO DE MATÉRIA ESTRANHA À MEDIDA PROVISÓRIA EM PROJETO DE LEI DE CONVERSÃO ENVIADO À APRECIAÇÃO DO SENADO

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº, DE 2015

AULA 10 CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL

ARTIGO: Efeitos (subjetivos e objetivos) do controle de

R E S O L U Ç Ã O Nº 1, DE 2002-CN(*)

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador LUIZ HENRIQUE

Controlar a constitucionalidade de lei ou ato normativo significa:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA

Direito Tributário. Aula 05. Os direitos desta obra foram cedidos à Universidade Nove de Julho

COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Legislador VII - Etapas da Tramitação de um Projeto de Lei

Subseção I Disposição Geral

Com a citada modificação, o artigo 544, do CPC, passa a vigorar com a seguinte redação:

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador SÉRGIO SOUZA I RELATÓRIO

DIREITO CONSTITUCIONAL PODER LEGISLATIVO

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador ARMANDO MONTEIRO

Interessado: Conselho e Administração do Condomínio. Data: 17 de Agosto de Processo: 01/2007

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL XVII EXAME DE ORDEM UNIFICADO

PROJETO DE LEI Nº 5.963, DE 2001 (Do Sr. Milton Monti)

COMISSÃO DE MINAS E ENERGIA

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador WALDEMIR MOKA I RELATÓRIO

PROJETO DE LEI N o 4.970, DE 2013.

VOTO PROCESSO TC 2257/2013 PROTOCOLO TC 2013/128970

Coordenação-Geral de Tributação

PROJETO DE LEI N.º 175, DE Relator: Deputado Paulo Abi-Ackel.

TRIBUTÁRIO. pela Presidência do Senado Federal

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador ALVARO DIAS RELATOR AD HOC: Senador ANTONIO CARLOS JÚNIOR

OAB 2ª Fase Direito Constitucional Meta 4 Cristiano Lopes

EFICÁCIA E APLICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

CONTROLE CONCENTRADO

COMISSÃO DE FINANÇAS E TRIBUTAÇÃO. PROJETO DE LEI N o 637, DE 2011 I - RELATÓRIO

COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Excelentíssimo Dr. Roberto Monteiro Gurgel Santos, DD. Presidente do Conselho Nacional do Ministério Público:

MEDIDA PROVISÓRIA Nº 446, DE 2008

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador MARCELO CRIVELLA I RELATÓRIO

5Recurso Eleitoral n Zona Eleitoral: Recorrentes:

RESOLUÇÃO Nº. 09 /2008

PARECER Nº, DE RELATORA: Senadora MARIA DO CARMO ALVES

CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL. (Do Deputado Robério Negreiros) ~1.. ::J ".,,.",

CONGRESSO NACIONAL COMISSÃO MISTA DE PLANOS, ORÇAMENTOS PÚBLICOS E FISCALIZAÇÃO PARECER N.º, DE 2012

Supremo Tribunal Federal

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA PROJETO DE LEI Nº 2.576, DE 2000

PROJETO DE LEI Nº , DE 2011

PROJETO DE LEI N.º 200, DE 2015 (Do Sr. Pompeo de Mattos)

COMISSÃO DE TRABALHO, DE ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇO PÚBLICO PROJETO DE LEI Nº 5.339, DE 2013

REGIMENTO INTERNO DO CONSELHO FISCAL DO FUNDO DE APOSENTADORIA E PENSÃO DO SERVIDOR- FAPS

autoridade consular brasileira competente, quando homologação de sentença estrangeira: (...) IV - estar autenticada pelo cônsul brasileiro e

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA. PROJETO DE LEI N o 2.747, DE 2008 (Apensos os Projetos de Lei 2.834/2008 e 3.

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 2ª TURMA RECURSAL JUÍZO C

DECISÃO. Relatório. Tem-se do voto condutor do julgado recorrido:

CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PRAÇA DA REPÚBLICA, 53 - FONE CEP FAX Nº

CAPÍTULO III DA REESTRUTURAÇÃO

ESTADO DE RONDÔNIA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DOCUMENTAÇÃO: JULGAMENTO VIRTUAL

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador PAULO PAIM

Tribunal de Contas da União

REGIMENTO DO COLEGIADO DA GRADUAÇÃO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

O MENSALÃO E A PERDA DE MANDATO ELETIVO

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA

N o 8683/2014-AsJConst/SAJ/PGR

Superior Tribunal de Justiça

REGIMENTO INTERNO CONSELHO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO CONSEPE

MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO E CPI ESTADUAL É cabível autorização para quebra de sigilo anteriormente ao ato?

RESOLUÇÃO PGE Nº DE MARÇO DE 2015.

Curso de Regimento Interno da Câmara dos Deputados Prof. Gabriel Dezen Junior

Tribunal de Contas da União. Número do documento: AC /01-2. Identidade do documento: Acórdão 397/ Segunda Câmara

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 182, DE 2007 VOTO EM SEPARADO DEPUTADO MÁRCIO MACEDO PT/SE

REGIMENTO INTERNO DA ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DO HOSPITAL MATERNO INFANTIL PRESIDENTE VARGAS. Capítulo I Da denominação e sede

Assunto: RECOMENDAÇÃO CONJUNTA MPC/MPE/MPF Portais da Transparência.

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador WALDEMIR MOKA

O GOVERNADOR DO ESTADO DO ACRE TÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº, DE 2013

FUNCIONAMENTO DO CONGRESSO NACIONAL

Supremo Tribunal Federal

PROJETO DE LEI N.º 6.458, DE 2009 (Do Sr. Edmar Moreira)

A CÂMARA MUNICIPAL DE GOIATUBA, Estado de Goiás, APROVA e eu, PREFEITO MUNICIPAL, SANCIONO a seguinte lei

RESOLUÇÃO N 124, DE 26 DE MAIO DE (Publicado no DOU, Seção 1, de 17/06/2015, pág. 70)

Normas de regulamentação para a certificação de. atualização profissional de títulos de especialista e certificados de área de atuação.

Ensino Fundamental com 9 anos de duração - Idade de Ingresso

Comentário a Acórdão do Supremo Tribunal Federal sobre o princípio da Inafastabilidade da Prestação Jurisdicional

Prof. Cristiano Lopes

DECRETO Nº 713, DE 1º DE ABRIL DE 2013

SUMÁRIO AGRADECIMENTOS INTRODUÇÃO A importância da Lei na sociedade contemporânea... 21

TRAMITAÇÃO DO PROJETO DE LEI DA LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL LOA: AUMENTO DA DESPESA TOTAL FIXADA PELO EXECUTIVO

PARECER Nº, DE Relator: Senador GLADSON CAMELI I RELATÓRIO

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA RURAL INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NO RE Nº /MG.

RESOLUÇÃO N 92/13 CEPE

RELATÓRIO O SR. DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA (RELATOR):

Art. 1º Fica aprovado, na forma do Anexo, o Regimento Interno do Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ. JOSÉ EDUARDO CARDOZO ANEXO

Trataremos nesta aula das contribuições destinadas ao custeio da seguridade social

PESQUISA SOBRE VALIDAÇÃO DE DISCIPLINA/APROVEITAMENTO DE ESTUDOS NOS CURSOS SUPERIORES

SENADO FEDERAL PARECER Nº 552, DE

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de RECURSO

DIREITO ADMINISTRATIVO CONTROLE

S E N A D O F E D E R A L Gabinete do Senador RONALDO CAIADO PARECER Nº, DE 2015

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador ALVARO DIAS I RELATÓRIO

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PROJETO DE LEI N o 2.123, DE 2003 I - RELATÓRIO COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Transcrição:

QUESTÃO DE ORDEM Nos termos do art. 131 e seguintes do Regimento do Congresso Nacional, venho propor a presente QUESTÃO DE ORDEM, consoante fatos e fundamentos a seguir expostos: O Congresso Nacional (CN) atualmente enfrenta calorosos debates acerca da apreciação de Medias Provisórias (MP), tendo em vista o abuso da utilização desse instrumento constitucional pelo Poder Executivo e que em muito prejudica a função precípua do Legislativo, que é a de legislar. Tais discussões ganharam ainda maior repercussão após recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 4.029, em 8 de março do corrente ano, relatada pelo eminente Min. Luiz Fux, em que se julgou a Lei nº 11.516, de 2007, que criou o Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade, entendendo que é obrigatória a análise das MP pela Comissão Mista do Congresso Nacional, consoante determina o art. 62, 9º, da Constituição da República (CR), assim disposto: Art.62 (...) 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional. Em cumprimento a esse ditame constitucional e analisando o conteúdo da Resolução nº 1, de 2002, do Congresso Nacional, o STF decidiu que compete às Comissões Mistas, obrigatoriamente, analisar e emitir parecer sobre as MP, em fase inafastável do processo legislativo dessa espécie de proposição legislativa excepcional, previamente à sua apreciação pelo Plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional. 1

Ao assim decidir, o STF restabeleceu a ordem jurídica e política constitucional, promovendo, por via jurisdicional, o reequilíbrio dos Poderes, de forma a privilegiar a função legiferante do Parlamento, em atendimento ao princípio fundamental da harmonia e independência entre os Poderes Republicanos, uma vez que a nossa Constituição adotou o Sistema de Freios e Contrapesos (Checks and Balances, inspirado na Constituição norte-americana). Ainda que o acórdão da referida ADI não tenha sido publicado, o STF disponibilizou o voto condutor desse julgamento, proferido pelo Min. Fux, e, ainda, o extrato da decisão, em que se observa, claramente, ter havido a declaração incidental da inconstitucionalidade "dos já citados artigos 5º, caput, e 6º, caput e parágrafos, da Resolução nº 1 de 2002 do Congresso Nacional, pois dispensam a prolação de parecer por parte da Comissão Mista, não sendo suficiente sua elaboração por parlamentar Relator." 1 Outrossim, ficou assim formatado o dispositivo do voto do Mn. Fux: Ex positis, voto no sentido de julgar a presente Ação Direta improcedente, declarando incidentalmente a inconstitucionalidade dos artigos 5º, caput, e 6º, caput e parágrafos 1º e 2º, da Resolução nº 1 de 2002 do Congresso Nacional, modulando temporalmente os efeitos da decisão, nos termos do art. 27 da Lei 9.868/99, para preservar a validade e a eficácia de todas as Medidas Provisórias convertidas em Lei até a presente data, bem como daquelas atualmente em trâmite no Legislativo. 2 Note-se que a decisão do STF faz expressa menção aos art. 5º, caput, e art. 6º caput e 1º e 2º, da Resolução nº 1, de 2002, do CN, excluindo o prazo de 14 (quatorze) dias para emissão de parecer pela Comissão Mista, bem como as determinações regimentais que autorizam a supressão dessa instância de análise, 1 STF. ADI 4.029. Rel. Min. Luiz Fux. Plenário. Julgado em: 08/03/2012. Informativo nº 658/STF, p 16. 2 Ibidem, p. 18. 2

para deliberação direta nos Plenários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, respectivamente. Diante dessa situação inédita, o STF remodelou o processo legislativo regimental das MP adequando-o, como já dito, aos comandos constitucionais. Com isso, diversas questões demandam esclarecimento, por parte de Vossa Excelência, quando da análise da primeira Medida Provisória editada após o histórico julgado da Suprema Corte. Nesse sentido, indagações de ordem regimental e, ainda, com base em questões que somente a praxis revelaria, devem ser antecipadas e, desde logo, enfrentadas, em homenagem ao princípio da segurança jurídica. Ontem, quando da instalação da Comissão Mista destinada a apreciar a MP 562, de 2012, observamos que não houve quórum. Esse fato, aliás, muito comum e que inspirou a edição de parte dos normativos da Resolução nº 1-CN, de 2002, leva-nos a prever, por exemplo, que, na falta de prazo, ante a declaração incidental de inconstitucionalidade dos art. 5º e 6º da referida Resolução, não seria impossível prever que a Comissão Mista poderia apresentar seu parecer em tempo demasiadamente excessivo, o que afetaria consideravelmente a análise da MP pelos Plenários da Câmara e do Senado, os quais teriam, assim, um prazo extremamente reduzido para suas respectivas deliberações. Assim, diante das modificações que o julgamento da já citada ADI promoveu na Resolução que trata das Medidas Provisórias, formulo a presente Questão de Ordem, por meio da qual levantam-se as seguintes indagações a Vossa Excelência : 1. Diante da declaração de inconstitucionalidade incidental dos arts. 5º, caput, e 6º, caput e 1º e 2º, da Resolução nº 1, de 2002, do Congresso Nacional, e uma vez que o acórdão 3

não fora ainda publicado, já deve o Congresso Nacional atualizar o referido ato normativo comum? 2. Em caso afirmativo, quando se promoverá referida atualização, uma vez que já tramita no Poder Legislativo medida provisória editada após a decisão da Suprema Corte? 3. Diante da imposição de análise das MP pela Comissão Mista respectiva pelo STF, previamente à apreciação das Casas Legislativas, e uma vez que parte dos prazos regimentais da Resolução nº 1-CN, de 2002, foram suprimidos, poder-se-ia fixar algum prazo para que a Comissão Mista elabore seu parecer, ou poderá a comissão reter a MP indefinidamente? 4. Que providências podem ser adotadas para que se evite a recorrente, e muitas vezes proposital, falta de quórum nas Comissões Mistas, a qual seria a causa principal comprometedora do processo legislativo das MP no Congresso Nacional? 5. Diante da demora da comissão em cumprir suas funções constitucionais, quais serão as providências adotadas para impedir que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal recebam a MP em prazo exíguo? 6. Decorrido o prazo de 45 (quarenta e cinco) dias sem que haja parecer da Comissão Mista, a MP trancará automaticamente a pauta da Câmara dos Deputados? 7. Nesse caso, a proposição legislativa correspondente (MPV), continuará regimentalmente no fórum de apreciação da Comissão Mista ou deverá ser encaminhada coercitivamente 4

ao Plenário da Câmara dos Deputados, mesmo diante da possibilidade de supressão de instância constitucional? 8. Como adequar os prazos remanescentes previstos na Resolução nº 1-CN, de 2002, vez que o STF excluiu os previstos no art. 5º, caput, e no art. 6º caput e 1º e 2º? 9. E, em atenção ao princípio da legalidade, como se dará o cumprimento do 3º do art. 6º da referida Resolução, que, expressamente, faz remissão ao reconhecido inconstitucional 2º do mesmo artigo? 10. E como se procederá quanto à remissão feita aos arts. 5º e 6º, declarados parcialmente inconstitucionais, conforme previsto no art. 10 do normativo em questão? Sala das sessões, 27 de março de 2012. Senador ALVARO DIAS 5