Ambiente de Investimento e Desenvolvimento Económico em Moçambique Qual é a importância do ambiente regulatório para impulsionar a formalização e o desenvolvimento das micro, pequenas e médias empresas? Instituto Alemão de Desenvolvimento (DIE) 25 de abril de 2008
Conteúdo 1. Introdução - DIE e as parcerias - O curso de pós-graduação - Relevância do tema - Definições - Pergunta de pesquisa 2. Metodologia 3. Quadro legal 4. Resultados - Formalização - Desenvolvimento empresarial 5. Conclusões 2
1. Introdução - DIE e as parcerias O Instituto Alemão de Desenvolvimento (DIE): Consultoria Pesquisa Formação profissional Parceiros neste projecto: Direcção Nacional de Estudos e Análise de Políticas (DNEAP) do Ministério da Planificação e Desenvolvimento Instituto de Investigação para o Desenvolvimento José Negrão (Cruzeiro do Sul) 3
1. Introdução O curso de pós-graduação Formação de 20 académicos jovens das sciencias sociais A nossa equipa: Dr. Matthias Krause Lena Siciliano Brêtas Martin Koppa Lena Traub Moritz Ackermann Claudia Hirtbach Economia Estudos Regionais da América Latina Sociologia Estudos Regionais da América Latina Geografia Economia e Estudos Culturais 4
1. Introdução O curso de pós-graduação Preparação dos participantes para uma profissão na área de desenvolvimento Programa: Seminários Fase do projecto específico em grupos Aspectos fundamentais sobre teorias de desenvolvimento Instrumentos da área de desenvolvimento Capacidades comunicativas e metodológicas Preparação Fase empírica Redacção Alemanha Moçambique Sep. Out. Nov. Dez. Ene. Fev. Mar. Abr. Maio 5
1. Introdução - A relevância do tema Desenvolvimento dinâmico das micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) = chave para a criação de emprego A maioria dos moçambicanos trabalham em MPMEs, muitas delas consideradas informais Os relatórios Doing Business do Banco Mundial postulam que a sobreregulação e os processos burocráticos complicados tendem a conduzir as MPMEs para a informalidade ao mesmo tempo que inibem o seu desenvolvimento O estudo do DIE investiga a base empírica deste postulado no contexto moçambicano, olhando paro o ambiente regulatório, mas também para o conceito mais amplo do ambiente de investimento 6
1. Introdução Definições Ambiente regulatório: registo e licenciamento de empresas Regulações e processos burocráticos impostos assuntos laborais propriedade privada Ambiente de investimento Ambiente de investimento: Ambiente regulatório Factores do ambiente + regulatório infra-estrutura educação saúde acesso a crédito... 7
1. Introdução - A pergunta de pesquisa Pergunta de Pesquisa: Qual é a importância do ambiente regulatório para impulsionar a formalização e o desenvolvimento das micro, pequenas e médias empresas em Moçambique? Para responder esta pergunta o estudo compara a situação das MPMEs formais com as informais 8
2. Metodologia - Amostra Beira e Nampula Comércio e Indústria Transformadora Empresas Formais e Informais Número das empresas por cidade e sector económico Comércio Indústria transform. Total Beira 43 23 66 Nampula 41 39 80 Total 84 62 146 9
2. Metodologia - Amostra Distribuição de empresas por número de trabalhadores Por cento 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 1 2-4 5-9 10-19 20-99 Número de trabalhadores n = 139 / n(total) = 146 10
2. Metodologia - Inquéritos 200 entrevistas qualitativas e quantitativas A grande maioria das entrevistas foi feita com empresários (i) num inquérito quantitativo a 146 MPMEs e (ii) num inquérito qualitativo a 28 empresários (ambos na Beira e em Nampula). Além disso: Entrevistas com representantes de autoridades do governo e de associações de empresas, com doadores e especialistas no tema (30 entrevistas Beira, Nampula e Maputo) 11
2. Metodologia - Inquéritos Quatro módulos: A qualidade do ambiente regulatório Outros factores que fazem parte do ambiente de investimento (infra-estrutura / nível de educação dos proprietários / acesso a crédito / etc.) O nível de formalidade das MPMEs O seu desenvolvimento recente 12
3. Quadro legal Licenciamento Registo Impostos Lei laboral 13
3. Quadro legal - Licenciamento Legislação por sectores: Indústria Comércio Decreto n. 49/2004 Decreto n. 39/2003 Reparticão de competencias entre: O nível nacional: Ministério da Indústria e Comércio + outros Ministérios O nível provincial: Direcções Provinciais da Ind. e Com. + outras Direcções Provinciais O nível local: Municípios 14
3. Quadro legal - Licenciamento Competencias das autarquias Registo e fiscalização de estabelecimentos industriais de Decreto n. 33/2006 micro dimensão (<25 trabalhadores) Licenciamento e fiscalização das actividades comerciais em barracas, tendas, bancas, feiras e de vendedor ambulante 15
3. Quadro legal - Licenciamento Competencias a nível nacional e provincial (MIC,DPICs,outros) pequena Indústria: Dimensão média grande Comércio: Tipo de venda a grosso, comércio geral, venda a retalho, loja, prestação de serviços, agente comercial, entidades estrangeiras Autorização para a instalação, fiscalização e inspecção de estabelecimentos Processo de licenciamento para obter o Alvará compreende: vistoria das condições técnico-funcionais, de salubridade, higiene, comodidade e segurança dos trabalhadores 16
3. Quadro legal - Registo Registo de Entidades Legais Decreto-Lei n. 1/2006 Compreende empresas e sociedades civis comerciais, associações, fundações, consórcios e cooperativas, representações de entidades estrangeiras e nacionais, outras entidades a ele sujeitas por lei É obrigatório para o licenciamento de Alvará Mudanças legais maiores no ano 2006: Sistema informatizado em rede Eliminação da competência territorial das conservatórias Publicação electrónica dos estatutos no BR 3 Série 17
3. Quadro legal - Impostos Inscrição na Autoridade Tributária Obtenção do Número Único de Identificação Tributária (NUIT) Pagamento de impostos nacionais IRPS 10-32 % regime simplificado / isenções IRPC 32 % regime simplificado / isenções IVA regime simplificado / isenções Imposto único para pequenos contribuintes em processo Pagamento de impostos autárquicos Taxa por actividade económica Taxas por licenças concedidas Lei n.º 1/2006 Lei n. 11/97 Lei n. 1/2008 Códigos de postura 18
3. Quadro legal Integração de serviços: Balcões de Atendimento Único Decreto n. 14/2007 19
3. Quadro legal - Legislação laboral Lei do Trabalho Protecção contra o despedimento de trabalhadores Salários mínimos nacionais aplicáveis a grupos de trabalhadores por conta de outrem Protecção social: Segurança Social Obrigatória As entidades empregadoras são obrigadas a inscrever os trabalhadores ao seu serviço Entrega de informação e pagamento mensal ao Instituto Nacional de Segurança Social - INSS Lei n.º 23/2007 Lei n.º 4/2007 20
4. Resultados Definição da formalidade Relação entre o tamanho da empresa e o grau da formalidade Resultados acerca da formalização Resultados acerca do desenvolvimento empresarial 21
4. Resultados - Definição da formalidade Categorías de formalidade 1 2 3 4 A empresa está registada no INSS X A empresa tem NUIT X X A empresa tem Licença municipal ou Alvará X X X 22
4. Resultados - Definição da formalidade Graus de formalidade na amostra 35 30 por cento 25 20 15 10 5 0 F 1 F 2 F 3 F 4 23
4. Resultados Relação Tamanho e Formalidade Quanto mais trabalhadores maior o grau da formalidade por cento 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 F1 F2 F3 F4 1 trab. 2-4 trab. 5-9 trab. 10-19 trab. 20-99 trab. 24
4. Resultados - Formalização Inspecções Com o grau de formalidade aumenta a quantidade das inspecções e assim os custos e o esforço administrativo 100 90 o registo 80 70 a licença por cento 60 50 40 30 20 10 0 F1 F2 F3 F4 os impostos o pagamento ao INSS o pagamento do salário mínimo as normas sanitárias 25
4. Resultados - Formalização Lei do trabalho Só as empresas grandes ou seja com maior grau de formalidade percebem a protecção contra o despedimento de trabalhadores como um obstáculo. Enquanto as pequenas empresas/ mais informais estão a favor desta regulação Possíveis explicações: Empresas pequenas / com menor grau de formalidade são menos controladas podem evitar os regulamentos acerca do despedimento muitas veces têm membros da família como trabalhadores não argumentam de um ponto de vista empresarial 26
4. Resultados - Formalização Certificados oficiais de propriedade ou de aluguel por cento 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 F1 F2 F3 F4 Certificado oficial de propriedade Contrato oficial de aluguel Acordo não oficial de aluguel Outro / Nenhum 27
4. Resultados - Formalização Nível de educação do dono da empresa por cento 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 prim ária secundária m édia ou profissional superior F 1 F 2 F 3 F 4 28
4. Resultados - Formalização Membros de associações de empresas 60 por cento 40 20 0 F 1 F 2 F 3 F 4 total 29
4. Resultados - Formalização Para certos grupos de empresários a informalidade não é uma opção: estrangeiros empresas grandes e bem visíveis productores de certos productos / com certos grupos de clientes Para ser formal uma empresa precisa ter um rendimento regular Concorrência desleal: Implementação não uniforme de regras perjudica os empresários formalizados que seguem as regras 30
4. Resultados - Formalização As vantagens da formalidade não são muito fortes Falta de incentivos / serviços públicos do estado Exemplos: Sistema legal / resolução de conflicto Acesso a infra-estrutura Acesso a crédito... 31
4. Resumo - Formalização O custo associado com regulações e inspecções é um factor que dificulta alcançar maiores graus de formalidade Além disso, tem outros factores que influenciam o nível de formalidade: tamanho, nível de rendimento, e nível de educação A influência do ambiente regulatório ao processo da formalização é maior quando a empresa é pequena ou a empresa tem pouco rendimento ou o dono da empresa tem um nível de educação baixo Um ambiente regulatório simplificado pode impulsionar a formalização destas empresas 32
4. Resultados - Desenvolvimento empresarial Obstáculos para o desenvolvimento de MPMEs Segundo os empresários entrevistados o esforço administrativo não representa um obstáculo maior para o desenvolvimento das suas empresas Os obstáculos mencionados com maior frequência são: Transporte Acesso a crédito Acesso a um local 33
4. Resultados - Desenvolvimento empresarial Obstáculos maiores de empresários entrevistados 20 Por cento 15 10 5 0 Infra-estrutura de transporte Acesso a crédito Acesso a um local Esforço administrativo 34
4. Resultados - Desenvolvimento empresarial Transporte Má infra-estrutura de transporte em termos de ruas e estradas Transporte público deficiente Aumento do preço de combustível 35
4. Resultados - Desenvolvimento empresarial Acesso a crédito por cento 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Fontes de financiamento segundo grau de formalidade F1 F2 F3 F4 total Recursos próprios Empréstimo bancário Fundos do governo / município Capital de familiares e/ou amigos Empréstimo de cooperativas de crédito Outros 36
4. Resultados - Desenvolvimento empresarial Acesso a crédito Razões pelos quais empresários não usam / não recebem crédito bancário: Altas taxas de juros Falta de rendimentos regulares para amortizar (empresários de micro e pequenas empresas) Consequências da falta de acesso a financiamento externo: Falta de abastamento de material Falta de possibilidades para investimentos (viaturas, máquinas, etc.) 37
4. Resultados - Desenvolvimento empresarial Acesso a um local Dificuldades para obter terrenos e propriedade Alugueis muito elevados 38
4. Resultados - Desenvolvimento empresarial Obstáculos para o desenvolvimento de MPMEs Além disso, empresários e representantes de organizações internacionais mencionam mão de obra como obstáculo para o desenvolvimento de MPMEs 39
4. Resultados - Desenvolvimento empresarial Mão de obra Falta de disponibilidade de mão de obra qualificada Baixo nível de educação Falta de gerentes qualificados Concorrência com organizações internacionais / megaprojectos / instituições políticas na aquisição de pessoal qualificado Lei do trabalho (protecção dos trabalhadores) dificulta empregar novos trabalhadores Falta de disciplina no trabalho Roubos, embriaguez, ausências não declaradas Baixa produtividade, falta de responsabilidade 40
4. Resultados - Desenvolvimento empresarial Esforço administrativo Muitos empresários e especialistas entrevistados perceberam um melhoramento do processo de licenciamento e registo Neste contexto, mencionaram os Balcões de Atendimento Único (BAUs) como exemplo positivo Porém ainda tem desafios com respeito ao funcionamento dos BAUs: Falta de autorização para tomar decisões Falta de colaboração entre as instituições Falta de pessoal qualificado Diferença entre Maputo e as províncias 41
4. Resumo desenvolvimento das empresas Esforço administrativo não é o obstáculo maior para as empresas O ambiente de investimento constitui um obstáculo: Transporte Acesso a um local Acesso e custos de crédito Mão de obra Essas dificuldades reduzem a competitividade das empresas Não competem nos mercados urbanos ( high end ) Não competem a nível internacional 42
5. Conclusões Reduzir as barreiras para a formalização Implementar o projecto do imposto único para pequenos contribuintes Simplificar as regras para a contabilidade Implementação uniforme e transparente das regras existentes Apoiar e informar o empresário antes de multar Apoiar a competitividade das empresas Melhorar o acesso a crédito Criar capacidades adequadas de formação profissional Investir na infra-estrutura de transporte Certificação de qualidade 43
A nossa equipa Dr. Matthias Krause Moritz Ackermann Claudia Hirtbach Martin Koppa Lena Siciliano Brêtas Lena Traub 44
Muito obrigado pela sua atenção!