ANO III / Nº 80 PROGRAMA FITOSSANITÁRIO DE MATO GROSSO DO SUL RELATÓRIO SEMANAL DE 24 A 31 DE MARÇO DE 2014 ALERTA PARA O CONTROLE DO BICUDO DO ALGODOEIRO A presença do bicudo foi relatada e identificada em aproximadamente 80 % das áreas cultivadas de algodão no Estado até o momento; em todos os Núcleos atendidos pelo Programa Fitossanitário os produtores estão tendo dificuldades para controle da praga, uma vez que a intensidade de ataques e a população da praga esta alta. É fundamental que todos ajam em conjunto para o controle do bicudo nesta fase, pois como o adulto tem facilidade para se deslocar para lavouras vizinhas, inclusive de produtores diferentes, pode ser fonte do problema de um ou outro local, o que é agravado se não estiver atento e não esteja realizando o controle eficaz na área infestada. Plantas de algodão que estavam nas lavouras de soja e milho verão contribuíram para os aumentos populacionais do bicudo. Está claro que a partir deste mês de março o manejo da praga passa a ser necessário em talhões. Abaixo seguem algumas recomendações para orientar o trabalho de combate da praga desta fase em diante nos algodoais, visando para minimizar eventuais os danos econômicos causados pelo bicudo, bem como reduzir sua população: a) entre a fase vegetativa V2 e início de formação de maçãs, fazer aplicações nas bordaduras das lavouras, a intervalos de cinco dias, em faixa de 30 a 40 metros; b) em B1 iniciar os tratamentos em área total, a cada 5 dias, com base no monitoramento de présafra com as armadilhas; c) intensificar o combate em reboleiras detectadas em levantamentos semanais específicos para tal, como por exemplo o dia do bicudo ; d) após os tratamentos de B1 e até a fase de cut-out, fazer aplicações em área total com base em amostragens das constatações da presença do inseto ou seus danos; e) dependendo da infestação do inseto no talhão (1-5% de botões atacados), quando for necessário entre a fase de cut-out e a desfolha da lavoura, fazer aplicações de inseticidas a intervalos de 5 dias visando interromper o ciclo da praga; f) no momento da desfolha, incluir a aplicação de inseticida na área visando reduzir a população de final de safra; 1
g) realizar a colheita rapidamente e bem feita para viabilizar a imediata destruição de soqueira na sequência; h) no momento da destruição de soqueira, se houver elevada população da praga, fazer aplicação de inseticida a fim de eliminar o maior número de insetos da população remanescente que iria para os abrigos de entre-safra; i) destruir eficientemente os restos culturais do algodão (soqueira, rebrota, tiguera) em prazo máximo de 15 dias após a colheita, obedecendo à legislação vigente quanto o prazo final para a destruição. Somente através da união de todos, regionalmente, será possível controlar a praga satisfatoriamente e de modo econômico. Núcleo 1 Chapadão do Sul Eng. Agr. Danilo Suniga de Moraes O algodão adensado semeado na região no início do ano está com 83 DAE e apresenta um bom desenvolvimento, pois as condições climáticas estão colaborando: chuvas regulares e períodos de luminosidade nesta fase reprodutiva das plantas são fundamentais. Nestas áreas a cultivar utilizada é FM 975 WS, e estão em média com 02 aplicações especificas para o controle do complexo de lagartas que atacam a cultura e 03 aplicações de fungicidas para ramulária. Neste tipo de cultivo foram realizadas as 03 aplicações de inseticida para o controle de bicudo na fase B1 (surgimento do primeiro botão floral), e até o momento através das amostragens não foi detectada a presença da praga. Foto 01 e 02. Aspecto do cultivo de algodão adensado no município de Chapadão do Sul MS. O algodão safra, semeado durante o mês de dezembro de 2013, está na fase de florescimento e retenção de estruturas reprodutivas com média de 100 a 110 DAE, fase esta importante para manutenção da produtividade desejada. O principal problema relatado e encontrado nesta fase é o ataque do bicudo, vistorias a campo e relatos de produtores apontam para um problema crítico na infestação da praga, pois já há lavouras com 6 aplicações especificas para o controle da praga, além das outras 03 realizadas em B1. Devido este fato, o alerta é geral em toda região para que sejam seguidas as orientação acima descritas, de forma rápida e com produtos recomendados para o controle do mesmo. 2
Foto 03. Bicudo alojado no botão floral do algodoeiro. Em todas as amostragens realizadas na cultura do algodão tem que ser bem observados sinais de alimentação (foto 04) e oviposição do bicudo (foto 05), pois nesta primeira fase o qual entra na lavoura podemos ter uma população baixa o que dificulta algumas vezes a visualização apenas do adulto. Foto 04 e 05. Sinais de alimentação (à esquerda) e postura do bicudo no botão floral (à direita). Com a informação repassada por três fazendas segue abaixo tabela com captura de mariposas realizada na semana, na luminosa a Helicoverpa ficou com média 7 mariposas de Helicoverpa por noite (MHN). Núcleo 1 Chapadão do Sul (Mariposas capturadas por noite) Período das leituras: 24/03/14 a 31/03/2014 Armadilha Código Armadilha LUMINOSA DELTA Identificador Helicoverpa Helicoverpa Heliothis Spodoptera Pseudoplusia (NÚCLEO 01) Outras includens N1.1 - N1.2 N1.3 1,1 8 N1.4 N1.5 N1.6 N1.7-11 2 1 2 4 N1.8-1 2 1 MÉDIA 1,1 7 2 1 1,50 4 - (não tem armadilha) ; células em branco não foi informado 3
Núcleo 2 Costa Rica e Alcinópolis Eng. Agr. Robson Carlos dos Santos Os primeiros algodoais semeados na Região já estão com aproximadamente 115 dias, e apresentam até o momento expectativas de um bom potencial produtivo. Porém, devido as constantes precipitações, já é possível identificar em algumas propriedades, que as maçãs do baixeiro estão apodrecendo (Fotos 06 e 07). Também, em algumas lavouras está sendo observado que a incidência de cavitação está elevada; e, em alguns casos, a flor depois de fecundada não está se desprendendo das maçãs, ficando presa à maçã, afetando o seu desenvolvimento ou levando ao apodrecimento prematuro. Foto 06 e 07. Maçãs em processo de apodrecimento. Na Região, todas as propriedades já identificaram vestígios da presença do bicudo em suas áreas, seja orifícios de alimentação, postura, larva, pupa ou o bicudo do algodoeiro propriamente dito. Vale lembrar que o BAS (Bicudos capturados por armadilha por semana) na região, ficou na faixa vermelha, sendo necessário realizar três aplicações semanais em área total a partir de B1. Portanto, é de suma importância o monitoramento da praga. Todas as propriedade deveriam adotar semanalmente o dia do bicudo, onde todo o corpo técnico da fazenda faria uma varredura em todos os talhões a fim de detectar a presença da praga e/ou seus focos; após a identificação, seria necessário realizar os tratamentos efetivos nos pontos identificados o mais rápido possível. Foto 08. Anthonomus grandis na flor do algodoeiro. As pragas que veem ocorrendo desde o início da implantação da lavoura são a mosca branca e o pulgão. Outra praga presente em todo o ciclo até o momento é o complexo de lagartas como Spodoptera e Helicoverpa. Assim, as equipes técnicas das fazendas devem ficar atentas com os níveis de controle de cada praga, para evitar danos econômicos ou prejuízos ocasionados pelos mesmos, principalmente 4
aqueles que têm preferência em se alimentar de estruturas reprodutivas como é o caso da Helicoverpa armigera.se a praga estiver dentro das flores, deve-se na medida do possível realizar os tratamentos fitossanitários em horários em que as flores estejam abertas. Foto 09 e 10. Lagarta de Helicoverpa alimentado do botão floral do algodoeiro (à esquerda) e Spodoptera frugiperda na flor do algodoeiro (à direita). Em relação às semanas anteriores, as populações de mosca branca diminuíram, mas já se nota um aumento das posturas de lagarta falsa medideira. Os índices médios de captura nas armadilhas luminosas da semana, representadas por três fazendas ficaram em 10,83 mariposas de falsa-medideira, seguido por 4,33 de Helicoverpa., 2 de Spodoptera e 0,5 de Heliothis virescens. Já nas armadilhas do tipo Delta, a média ficou em 0,06 MNH. Segue abaixo tabela com os índices de captura por fazenda. Núcleo 2 Costa Rica e Alcinópolis (Mariposas capturadas por noite) Código Identificador (NÚCLEO 02) Armadilha DELTA Helicoverpa Período das leituras: 24/03/14 a 31/03/2014 Armadilha LUMINOSA Helicoverpa Heliothis Spodoptera Pseudoplusia includens Outras N2.1 0 3 7 10 N2.2 N2.3 N2.4 N2.5 N2.6 0 4 0,5 1 7,5 N2.7 N2.8 0,19 6 3 18 N2.9 N2.10 MÉDIA 0,06 4,33 0,50 2,00 10,83 10,00 - (não tem armadilha) ; células em branco não foi informado 5
Núcleo 3 Centro e Sul (São Gabriel a Naviraí). Eng. Agr. Guilherme Foizer As lagartas do tipo Helicoverpa estão presentes em toda a Região Central de Mato Grosso do Sul atacando o algodoeiro. As tecnologias transgênicas de primeira geração, como a Cry1Ac (Bollgard) não estão sendo eficazes altamente no controle desta lagarta, sendo que algumas áreas estão com 6 aplicações específicas para esta praga. No entanto, as variedades com a tecnologia Cry1Ac + Cry1F (WideStrike) estão apresentando um controle um pouco melhor, com 3 aplicações em média; porém, comparando-a com a safra passada, onde foram feitas apenas 2 aplicações durante todo o ciclo, essa tecnologia WS está apresentando uma menor eficiência, uma vez que já foram realizadas no algodão safra de 2 a 4 aplicações específicas para a Helicoverpa. As tecnologia mais modernas do mercado, como Bollgard II e TwinLink, estão apresentando eficiência superior para o controle da Helicoverpa.; já que até o momento não foi necessária intervenção para a praga, mas para Spodoptera há caso de uma aplicação Foto 11. Lagarta de Helicoverpa. em botão floral de algodoeiro Atualmente na Região Central, o percevejo marrom da soja, Euschistus heros, é a praga que está causando maior dificuldade em ser controlada. A maior parte dessa praga veio para as plantas de algodão após a colheita da soja; se não for controlada corretamente, pode causar diversos problemas na cultura do algodão, devido ao fato de se alimentar das estruturas reprodutivas, como botões florais e maçãs. O ferimento que o percevejo causa no momento da alimentação também serve de porta de entrada para diversos patógenos que levam ao apodrecimento de maçãs. Foto 12. Percevejo marrom da soja (Euchisthus heros) invadindo algodoeiros. Na Região Sul, os veranicos durante o ciclo do algodão prejudicaram muito o desenvolvimento vegetativo e enchimento das maçãs. De outro lado, as fortes chuvas no fim do ciclo atrapalharam as aberturas das maçãs. Levando em conta esses dois fatores, no município de Aral Moreira está havendo uma média parcial de produtividade de 200@/ha, considerada abaixo do esperado, e no município de Itaquiraí, que começou a colheita na sexta-feira, se encontra a mesma situação. Entretanto, o município de Sidrolândia, que também passou por essas dificuldades climáticas e mais ainda a alta pressão de bicudo que fez o produtor utilizar 9 aplicações específicas para a praga (ainda será feita mais uma aplicação para a praga no momento da destruição de soqueira), durante o ciclo do algodão de 148 dias, está colhendo 270@/ha, o que é uma média razoável para a região. 6
Foto 13 e 14. Algodão pronto para colher no município de Sidrolândia. Nesta semana, os índices médios de captura nas armadilhas luminosas da semana ficaram em 18,67 mariposas de falsa-medideira, seguido por 17,75 de Helicoverpa., 7,67 de Spodoptera e 2 de Heliothis virescens. Já nas armadilhas do tipo Delta, a média ficou em 0,37 MNH. Segue abaixo tabela com os índices de captura por fazenda. Código Identificador (NÚCLEO 03) Núcleo 3 Centro e Sul (Mariposas capturadas por noite) Armadilha DELTA Helicoverpa Período das leituras: 24/03/14 a 31/03/2014 Helicoverpa Heliothis Armadilha LUMINOSA Spodoptera Pseudoplusia includens Outras N3.1 N3.2 N3.3 0,32 23 2 11 15 N3.4 N3.5 21 1 5 23 N3.6 N3.7 N3.8 0,42 12 4 7 18 N3.9 15 1 MÉDIA 0,37 17,75 2,00 7,67 18,67 #DIV/0! - (não tem armadilha) ; células em branco não foi informado Visite nossa página no facebook (https://www.facebook.com/programafitossanitario), e nosso site (http://www.ampasul.com.br) Redação: Eng. Agr. Danilo Suniga de Moraes (Coordenador Técnico da Ampasul), Eng. Agr. Guilherme Foizer (Monitor Técnico da Ampasul) e Eng. Agr. Robson Santos (Monitor Técnico da Ampasul) 7