Livro de actas do XI Congresso Nacional de Engenharia do Ambiente Certificação Ambiental e Responsabilização Social nas Organizações 20 e 21 de Maio de 2011 Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Campo Grande, 376 Lisboa Organização
20 e 21 de Maio de 2011 ULHT, Lisboa Sónia Santos 1 ; João Rocha 2 ; Paulo Gonçalves 2 ; Délia Sousa 3 ; David Horta Lopes 1 1 Universidade dos Açores, Grupo de Biodiversidade Vegetal, Centro de Investigação e Tecnologias Agrárias dos Açores, Departamento de Ciências Agrárias, Secção de Protecção de Plantas Terceira, Açores 2 Centro de Saúde da Praia da Vitória, Direcção Regional da Saúde Açores 3 Divisão da Promoção da Saúde, Direcção de Serviços de Cuidados de Saúde, Direcção Regional da Saúde, Secretaria Regional da Saúde Açores 3 Email: dlopes@ uac.pt / josoinva@hotmail.com / delia.fs.sousa@azores.gov.pt Artigo apresentado no XI CNEA Congresso Nacional de Engenharia do Ambiente, subordinado ao tema Certificação Ambiental e Responsabilização Social nas Organizações, que decorreu na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia (Lisboa), nos dias 20 e 21 de Maio de 2011. Citar como: Santos, S.; Rocha, J.; Gonçalves, P.; Sousa, D. e Lopes, D. (2011). Gestão dos Resíduos Hospitalares no Centro de Saúde da Praia da Vitória. XI CNEA Congresso Nacional de Engenharia do Ambiente. Lisboa.
Santos et al. SUMÁRIO Os resíduos hospitalares (RH), são definidos como: resíduos resultantes de actividades médicas desenvolvidas em unidades de prestação de cuidados de saúde, em actividades de prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e investigação, relacionada com seres humanos ou animais, em farmácias, em actividades médico-legais, de ensino e em quaisquer outras que envolvam procedimentos invasivos, tais como acupunctura, piercings e tatuagens. A classificação dos RH é um dos passos mais importantes na gestão e tratamento dos mesmos, na medida em que permite uma triagem mais eficaz e assegura um tratamento mais económico e seguro. A metodologia adpotada para o estudo da gestão dos RH do Centro de Saúde da Praia da Vitória (CSPV), englobou a análise dos dados relativos ao Serviço de Prevenção de Tratamento (SPT), Serviço de Urgência (SU): Serviço de Atendimento Urgente (SAU) e Traumatologia, Extensões de Saúde e Domicílios (freguesias das Fontinhas, Santa Rita, Santa Cruz; Cabo da Praia; Agualva, Quatro Ribeiras e Biscoitos), adoptando a observação in situ dos quantitativos produzidos durante um período experimental de seis semanas, em algumas das extensões e domicílios mais representativos, bem como os dados existentes sobre as quantidades produzidas de RH no período de 2007 a 2009. O volume de resíduos hospitalares pertencentes ao grupo I e II atinge um valor médio de cerca de 7 toneladas /ano, tendo-se registado um aumento significativo deste montante no ano de 2008. Em relação aos resíduos dos grupos II e IV a produção anual atinge as 0,21 toneladas, tendo também aumentado em 2008 como resultado do aumento significativo das vacinas administradas. Foram ainda avaliadas as quantidades produzidas anualmente de resíduos pertencentes à fracção reciclável (papel, plástico e vidro) com o objectivo de ajustar às necessidades o número de ecopontos nos espaços públicos existentes dentro e fora desta unidade de Saúde. 4 Os resultados obtidos permitem afirmar que a gestão dos resíduos no Centro de Saúde da Praia da Vitoria (CSPV) segue um Plano de Gestão de Resíduos Hospitalares (PGRH) adequado à sua dimensão, estrutura e quantidade de resíduos produzidos, garantindo desta forma, o menor risco para os doentes, funcionários e público em geral. Cada local, onde se prestam cuidados de saúde (como por exemplo a sala de tratamentos, gabinetes médicos, urgência, etc.), está equipado com contentores e sacos de diferentes cores, de acordo com a legislação em vigor, destinados aos diversos tipos de resíduos e às quantidades produzidas nesta Unidade de Saúde. PALAVRAS-CHAVE: resíduos hospitalares, gestão de resíduos, fracção reciclável, unidade de saúde.
20 e 21 de Maio de 2011 ULHT, Lisboa INTRODUÇÃO Os resíduos hospitalares (RH), são definidos como: resíduos resultantes de actividades médicas desenvolvidas em unidades de prestação de cuidados de saúde, em actividades de prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e investigação, relacionada com seres humanos ou animais, em farmácias, em actividades médico-legais, de ensino e em quaisquer outras que envolvam procedimentos invasivos, tais como acupunctura, piercings e tatuagens. A classificação dos RH é um dos passos mais importantes na gestão e tratamento dos mesmos, na medida em que permite uma triagem mais eficaz e assegura o seu adequado tratamento. São considerados resíduos não perigosos os pertencentes ao Grupo I e II e resíduos perigosos os do Grupo III e IV. No Grupo I, incluemse todos os resíduos equiparados a urbanos, não apresentando qualquer exigência especial no seu tratamento. No Grupo II, inserem-se todos os resíduos hospitalares não perigosos, não estando sujeitos a qualquer tratamento específico e podendo ser equiparados a urbanos. No Grupo III, incluem-se todos os resíduos hospitalares de risco biológico (resíduos contaminados ou sujeitos de contaminação). Este grupo de resíduos são susceptíveis de incineração ou de outro pré-tratamento eficaz, como o tratamento por autoclave, permitindo a sua posterior eliminação na forma de resíduos urbanos. No Grupo IV, encontram-se os resíduos hospitalares específicos, que são de incineração obrigatória. A produção de RH depende de uma série de factores, como por exemplo, o número de actos médicos praticados por dia, as especialidades existentes nas unidades de saúde, os tipos de cuidados prestados, entre outros. 5 A gestão de resíduos, engloba um conjunto de operações de recolha, transporte, armazenagem, tratamento, valorização e eliminação, de modo a garantir a minimização dos riscos para a saúde pública e para o ambiente.
Santos et al. MATERIAL E MÉTODOS Para o estudo dos RH do CSPV, foi adoptada a técnica de observação in situ, no período de Janeiro a Junho de 2010, bem como a utilização e análise dos dados, nesta unidade de saúde, registados sobre os quantitativos de RH produzidos no período de 2007 a 2009. Os serviços envolvidos neste estudo foram: Serviço de Prevenção de Tratamento (SPT), Serviço de Urgência (SU), Serviço de Atendimento Urgente (SAU), Traumatologia. Foram ainda incluídas as extensões de saúde e domicílios. Relativamente à recolha dos dados de RH resultantes do trabalho desenvolvido nas Extensões e Domicílios do CSPV, no âmbito deste trabalho foi necessário acompanhar as equipas de enfermagem às seguintes freguesias: Fontinhas, Santa Rita, Santa Cruz, Cabo da Praia, Agualva, Quatro Ribeiras e Biscoitos. Paralelamente à quantificação dos RH, registou-se o número de utentes envolvidos nos actos médicos praticados, para assim se obter alguma informação sobre a capitação por grupo de resíduos produzidos. No âmbito deste trabalho foi ainda desenvolvida uma base de dados de resíduos hospitalares (BAREHO), para futuro registo on line dos RH produzidos, em servidor da Universidade dos Açores pertencente à área da Protecção de Plantas. Esta vertente do trabalho iniciou-se pela definição, dos parâmetros mais significativos de registo dos diferentes passos do circuito dos resíduos e definição dos out puts mais adequados em termos de informação adequada e relativa aos dados dos RH produzidos em todo o Centro de Saúde da Praia da Vitória, (sede, extensões e domicílios). 6
20 e 21 de Maio de 2011 ULHT, Lisboa RESULTADOS E DISCUSSÃO Este trabalho foi desenvolvido numa parceria activa entre a Universidade dos Açores (UA- Área de Protecção Integrada, do CITAA), Direcção Regional da Saúde (DRS) e o Centro de Saúde da Praia da Vitoria (CSPV), como forma de analisar e descrever o percurso implementado para os resíduos seguirem nesta unidade de saúde e assim contribuir para uma gestão sustentada dos RH nesta Unidade de Saúde. O CSPV segue um Plano de Gestão de Resíduos Hospitalares (PGRH) adequado à sua dimensão, estrutura e quantidade de resíduos produzidos garantindo assim o menor risco para Saúde Pública e ambiente. Cada serviço está devidamente equipado com contentores e sacos de diferentes cores, destinados aos diferentes tipos de resíduos, permitindo assim a quantificação dos RH por serviço. Nas zonas de acesso dos utentes, ou seja nos espaços públicos de espera, existem igualmente contentores para a recolha de resíduos de papel, vidro e plástico) (Fig. 1). Estes resíduos, que são encaminhados para reciclagem, também foram contabilizados neste trabalho. O Plano de Gestão dos Resíduos Hospitalares (PGRH) do CSPV contempla: a identificação e classificação de todos os tipos de resíduos, por fonte de produção/sectores e serviços envolvidos; a prevenção e medida no sentido de minimizar a produção de resíduos; a implementação da triagem, deposição segura e transporte interno dos RH; alerta para a necessidade da adequada formação e actualização dos conhecimentos de todas as pessoas envolvidas na recolha e manuseamento dos RH; e prevê o encaminhamento dos resíduos considerados não perigosos (Grupos I e II) (Fig. 2) para reciclagem/valorização e a recolha, transporte, tratamento e destino final dos RH perigosos (Grupos III e IV) (Fig. 2 e 3). 7
Santos et al. Figura 1 Contentores para Plástico e papel Figura 3 Contentores para resíduos do Grupo IV a b 8 Figura 2 Contentores para resíduos: a Grupos I e II b Grupo III
20 e 21 de Maio de 2011 ULHT, Lisboa Analisando os dados obtidos, para os anos de 2007 a 2009, verifica-se que em relação aos quatro grupos, a maior quantidade de resíduos produzidos pertence ao grupo I e II (66%) (Fig. 4 e 5) com uma produção anual de cerca de 7 toneladas /ano. Observa-se também um aumento significativo no ano de 2009 (Fig. 4). Em relação aos Grupos III e IV, a sua produção anual atinge as 0.21 toneladas/ano e registou-se um decréscimo nos quantitativos produzidos ao logo deste período, com excepção do facto de, no ano de 2009, ano em que o grupo IV registou um acréscimo (Fig. 5) devido à campanha de vacinação contra a Gripe Pandémica (H1N1) que surgiu em 2009. Figura 4 Quantitativos de resíduos dos Grupos I e II produzidos no CSPV de 2007 a 2009. 9 Figura 5 Quantitativos de resíduos dos Grupos III e IV produzidos no CSPV de 2007 a 2009. Face a estes resultados, pode-se deduzir que o aumento dos quantitativos dos grupos I e II (Fig. 4) e a diminuição dos quantitativos dos grupos III e IV (Fig. 5), ficou a dever-se à principalmente à sensibilização e operacionalização das medidas previstas no PGRH, nomeadamente através da formação de todo o pessoal envolvido e na consequente triagem adequada dos RH e sua colocação correcta nos diferentes grupos.
Santos et al. Figura 6 Quantitativos de resíduos de plástico, vidro e papel produzidos no CSPV de 2007 a 2009. Neste trabalho foram também analisados os quantitativos de resíduos separados para reciclar (papel, plástico e vidro) (Fig. 6). E de referir a quantidade de resíduos de papel registado no CSPV pela sua elevada quantidade, acima das 2,5 toneladas/ano, representando 63% do total produzido. 10
20 e 21 de Maio de 2011 ULHT, Lisboa CONCLUSÕES Com base em todo o trabalho desenvolvido pode-se afirmar que a gestão dos resíduos no Centro de Saúde da Praia da Vitória (CSPV) segue um Plano de Gestão de Resíduos Hospitalares (PGRH) adequado à sua dimensão, estrutura e quantidade de resíduos produzidos garantindo, desta forma, o menor risco para os doentes, funcionários e público em geral. È ainda de referir que cada local está devidamente equipado com o material adequado e de acordo com a legislação em vigor Com a implementação da base de dados de registo dos resíduos hospitalares (BAREHO) nesta unidade de saúde, procurar-se-á ter um melhor conhecimento das quantidades de resíduos produzidas, quer nas extensões quer nos diversos serviços desta unidade de saúde e contribuir assim para uma melhoria ainda mais significativa da sua gestão. 11
Santos et al. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Sousa, D. F. S. 2004. Caracterização dos Resíduos Hospitalares na Região Autónoma dos Açores: Avaliação do Grau de Sensibilização dos Funcionários do Hospital de Santo Espírito de Angra do Heroísmo. Departamento de Ciências Agrárias. Relatório de Estágio de Engenharia do Ambiente. Universidade dos Açores. Angra do Heroísmo Silva, M. J. S. 1999. Gestão de Resíduos Hospitalares. Escola de Engenharia. Mestrado em Tecnologia do Ambiente. Universidade do Minho AGRADECIMENTOS À Direcção Regional da Saúde por todo o apoio dado no âmbito da parceria estabelecida neste trabalho. Ao Conselho de Administração do Centro de Saúde da Praia da Vitória, na pessoa do seu Presidente, Dr.ª Maria Meneses e seus colaboradores, em especial ao Sr. Paulo Gonçalves, por todo o apoio dado para a concretização deste trabalho. Ao Eng.º Reinaldo Pimentel por toda a colaboração na elaboração e testagem da base de dados BAREHO.. 12