Universidade Estadual Paulista Faculdade de Ciências e Tecnologia Presidente Prudente - SP PARADIGMAS, METODOLOGIA E CAMINHOS DA CIÊNCIA ALBERTO ALBUQUERQUE GOMES FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PRESIDENTE PRUDENTE SP. 1
Paradigma (do grego Parádeigma) pode ser compreendido como pressuposto filosófico, matriz, ou seja, uma teoria, um conhecimento. Um paradigma é um conjunto de princípios cognitivos inconscientes e pressupostos que nos permitem interpretar o mundo. 2
PARADIGMAS, METODOLOGIA E CAMINHOS DA CIÊNCIA KUHN, T. S. The Structure of Scientific Revolutions. 2 ed., Chicago and London: University of Chicago Press 1962. Thomas Kuhn (1922-1996), físico americano designou como paradigmáticas as realizações científicas que geram modelos que orientam o desenvolvimento posterior das pesquisas exclusivamente na busca da solução para os problemas por elas suscitados. 3
PARADIGMAS, METODOLOGIA E CAMINHOS DA CIÊNCIA Thomas Kuhn começou sua carreira acadêmica como físico teórico, interessando-se depois por história da ciência. A estrutura das revoluções científicas viria a exercer uma influência decisiva nos rumos da filosofia da ciência. O ponto central da concepção de Kuhn consiste na tese de que o desenvolvimento típico de uma disciplina científica se dá ao longo da seguinte estrutura: Fase pré-paradigmática ciência normal crise/revolução nova ciência normal nova crise/revolução 4
Segundo Thomas S. Kuhn: [...] são paradigmas as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência [...] (KHUN, 1975, p. 67), ou seja, a constelação de crenças, valores e técnicas partilhadas pelos membros de uma determinada comunidade. 18/09/2011 em educação 5
Quanto às revoluções científicas... Consideramos revoluções científicas aqueles episódios de desenvolvimento não-cumulativo, nos quais um paradigma mais antigo é total ou parcialmente substituído por um novo, incompatível com o anterior [...] (KHUN, 1975, p. 67) A história do pensamento científico é marcada por transformações envolvendo questões de método, lógica e epistemologia... A história das ciências naturais e sociais pode ser vista como uma história de revoluções. 18/09/2011 em educação 6
Caracterização das revoluções científicas Algumas revoluções científicas ocorrem no âmbito de revoluções culturais mais amplas, enraizadas em rupturas históricas e epistemológicas radicais, como por exemplo, no Renascimento e no Iluminismo. Podemos ainda mencionar as transformações filosóficas, científicas, artísticas, sócio-culturais e político-econômicas que ocorrem na transição do século XIX ao XX, dando origem ao que se poderia denominar de Relativismo. 18/09/2011 em educação 7
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PARADIGMAS, METODOLOGIA E CAMINHOS DA CIÊNCIA A fase pré-paradigmática representa a pré-história de uma ciência. Enquanto predomina esse estado de coisas, a disciplina ainda não alcançou o estatuto de científica. Como ciência normal, a disciplina é constituída de regras e modelos de um paradigma ou de uma tradição de pesquisa científica. 9
PARADIGMAS, METODOLOGIA E CAMINHOS DA CIÊNCIA Thomas Kuhn percebeu que a transição para a fase científica, de uma disciplina envolve o reconhecimento, por parte dos pesquisadores, de uma realização científica exemplar, que defina de maneira mais ou menos clara os principais pontos de divergência da fase pré-paradigmática. Exemplos A mecânica de Aristóteles A óptica de Newton, A teoria da eletricidade de Franklin 10
PARADIGMAS, METODOLOGIA E CAMINHOS DA CIÊNCIA Um paradigma então, fornece os fundamentos sobre os quais a comunidade científica desenvolve suas atividades. Um paradigma representa um mapa a ser usado pelos cientistas na exploração do mundo. Enquanto o mapa paradigmático se mostra frutífero o cientista persistirá tenazmente no seu compromisso com o paradigma. 11
PARADIGMAS, METODOLOGIA E CAMINHOS DA CIÊNCIA Quando um novo paradigma substitui o antigo ocorre aquilo que chamamos de revolução científica. Uma boa analogia seria dizer que mudar de paradigma é como escolher uma nova ferramenta para realizar um velho trabalho. 12
Questões associadas a um paradigma Define a identidade de Ontológica: qual é a uma comunidade natureza do científica; conhecimento? Define o que deve ser Epistemológica: estudado e as relação entre ser perguntas que devem congnoscente e ser feitas: unidade de objeto cognoscente. consenso; Metodológica: quais Traduz uma são os caminhos da normatização da área investigação? de conhecimento; Sustenta determinada interpretação da realidade; 13
Os debates sobre a natureza dos paradigmas nos colocam o seguinte dilema: As diversidades metodológicas, teóricas e epistemológicas entre as ciências naturais e as ciências sociais. 14
O debate quantitativo-qualitativoqualitativo nas Ciências humanas Esclarecimentos iniciais As discussões sobre metodologia da pesquisa educacional estão enraizadas no final do século XIX. A questão central do debate refere-se ao empréstimo da metodologia das Ciências Naturais (física) pelas Ciências Sociais. 15
O debate sobre técnicas de pesquisa substituiu o debate paradigmático; 1. Confusão na definição de método 2. Apego aos modismos em pesquisa e àquilo que dá certo O que é método? Definição/delimitação do objeto lógica da justificativa que orienta o processo de pesquisa. 16
Posições teóricas A objetividade da investigação científica Abordagem quantitativa: objetividade tem seu ponto de referência naquilo que está fora de nós os fatos. Abordagem qualitativa: objetividade requer uma tomada de posição no mundo nosso conhecimento está baseado em interesses, valores e disposições.a 17
Questões do método Qual a natureza da realidade social? Qual a relação entre pesquisador e o objeto pesquisado? Como a verdade pode ser definida? A escolha do método passa necessariamente por definir o tipo de abordagem e a finalidade da pesquisa. 18
Questões do método Uma pesquisa exige pelo menos três requisitos: 1. A existência de uma pergunta que se quer responder; 2. A construção de um conjunto de passos que permitam obter informações para responder à pergunta; 3. A indicação do grau de confiabilidade das respostas obtidas. 19
Situação atual A pesquisa qualitativa Quando falamos de pesquisa qualitativa pode-se sugerir uma falsa oposição entre qualitativo e quantitativo. Alda J. Alves indica três características básicas da pesquisa qualitativa que a distinguem da pesquisa quantitativa: 1. Visão holística (compreensão das inter-relações) 2. Abordagem indutiva (categorias emergem do contexto estudado) 3. Investigação naturalística (imersão do pesquisador no contexto estudado com a mínima intervenção) 20
Para os quantitativistas existe uma realidade exterior ao sujeito que pode ser conhecida objetivamente. Relação de causa e efeito amplamente generalizável. Para os qualitativos, a realidade é uma construção social e os fenômenos só podem ser entendidos numa perspectiva holística. 21
Portanto... A pesquisa qualitativa depende dos seguintes passos: 1. O foco e o design do estudo devem emergir através de um processo de indução; 2. Nenhuma teoria selecionada a priori é capaz de dar conta da especificidade e globalidade do tema estudado; 3. A focalização e escolha prematura do referencial teórico podem turvar a visão do pesquisador. 22
Então, como fica o projeto? O projeto de pesquisa consiste na formulação das questões que se pretende investigar e como se pretende investigar. 1. O que se pretende investigar problema. 2. Como se pretende investigar método. 3. Porque é relevante investigar justificativa. 23
Focalizando o problema... Focalizar o problema ajuda a estabelecer limites do estudo e a selecionar as informações relevantes. Um problema de pesquisa pode surgir: 1. Das lacunas do conhecimento existente; 2. Da inconsistência teórica dos estudos já realizados; 3. Da inconsistência entre os resultados de diferentes estudos. 24
Delineando o quadro teórico... Embora nem sempre seja possível definir o quadro teórico a priori, recomenda-se que pelo menos seja esboçado um esquema teórico, flexível o bastante para ser modificado ao longo do estudo; Recomenda-se um levantamento bibliográfico preliminar como forma de orientação para a construção desse quadro teórico. 25
Justificando a relevância do do estudo... A relevância de um estudo pode ser demonstrada indicando sua contribuição para a construção do conhecimento sobre o tema; Para isso é importante que o pesquisador tenha uma visão preliminar da literatura pertinente ao tema. 26
E o delineamento metodológico... Não existem metodologias boas ou más, sim, adequadas ou inadequadas; A pertinência do design adotado estudo de caso, etnografia, histórias de vida, etc. deve ser justificada logo no início desse tópico; Definir etapas do estudo, sujeitos da investigação, procedimentos, técnicas de coleta e análise de dados. 27
E o delineamento metodológico... Podemos indicar três grandes etapas do estudo: 1. Período exploratório: imersão do pesquisador no contexto para uma exploração preliminar; 2. Investigação focalizada: coleta sistemática dos dados; 3. Considerações finais: análise dos dados coletados e redação final. KHUN, T. S. A Estrutura das Revoluções Científicas. Perspectiva, São Paulo, 1975. 28