1/6 TRIBUNAL MARÍTIMO JP/FAL PROCESSO Nº 20.643/03 ACÓRDÃO



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Transcrição:

TRIBUNAL MARÍTIMO JP/FAL PROCESSO Nº 20.643/03 ACÓRDÃO N/M SOTIRIA. Quedas de carga n água, sacaria de açúcar, com sua perda, durante operação de carregamento, junto ao armazém nº 11 do porto de Santos, e infração à Lei nº 9.966/2000 e ao DL. nº 4.138/2002, que versam sobre substâncias nocivas ao mar, sem vítima. Falta de redes de proteção entre o cais e o costado do navio, durante operação de carregamento. Negligência dos representados. Agravante. Condenação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Consta dos autos que nas manhãs dos dias 29 e 31 de julho de 2002, durante operação de carregamento de açúcar para o N/M SOTIRIA, bandeira maltesa, prefixo 9HIJ4, de 13.677 TAB, 164,33 m de comprimento e 22,86 m de boca, sob o comando do CLC Valeriy Ryabchenko, armado por Sotiria Ltd, Malta, afretado por Cargir International S/A, agenciado por Cargil Agrícola S/A, e sendo operado pela TEAÇÚ Armazéns Gerais S/A, com guindastes de bordo, estando atracado ao armazém nº 11, do porto de Santos, ocorreu quedas de sacaria de açúcar n água. No inquérito instaurado pela Capitania dos Portos do Estado de São Paulo foram ouvidas duas testemunhas e anexados os documento de praxe. No Laudo de Exame Pericial, efetuado em 31 de julho de 2002, consta que uma lingada com 17 sacos de açúcar cristal, operado por aparelhos de bordo, veio a se desfazer, caindo os sacos no mar, pelo costado de bombordo. Apontou que o fator operacional contribuiu e que a causa determinante foi a lingada ter sido feita de modo incorreto assim como a ausência da rede de proteção, no costado da referida embarcação. Nas fls. 19 e 20 e 22 e 23, constam dois registros de ocorrência, da CODESP, respectivamente, 01.047/2002 e 01.062/2002, dos dias 29 e 31 de julho de 2002, referentes às quedas de 04 (quatro) e de 17 (dezessete) sacos de açúcar que caíram no mar e não foram recuperados, de lingadas de 30 sacos, cada, que se desfizeram durante operação de carregamento com recursos de bordo e que, na ocasião, a referida embarcação encontrava-se desprovida de rede de proteção. Finalizando, informaram que a queda desta carga n água fere a Lei Ambiental nº 9.966/2000 e o DL nº 4.136/2002, que trata sobre substâncias nocivas lançada ao mar. 1/6

Na fl. 34, foto de jornal, de 20/09/01, mostrando um carregamento de açúcar, onde se nota a falta de redes de proteção no costado do navio. José Ricardo Moraes Teixeira, gerente de operações da Teaçú Armazéns Gerais, fls. 50 e 51, declarou que tem conhecimento da ocorrência de vários acidentes com lingadas de açúcar e queda no mar por falha operacional; que é o responsável por toda operação de carga no terminal açucareiro e que tem cobrado da CODESP a colocação de cabos de aço para fixação de rede de proteção entre o cais e o navio. Declarou, também, que tem conhecimento pleno de que o Operador Portuário é o Titular e Responsável pela direção e coordenação das Operações Portuárias, conforme determina a Lei nº 8.630/93, assim como de cumprir e fazer cumprir a NR-29, no que tange a prevenção de riscos de acidentes e segurança no trabalho. Declarou, finalmente, que tem conhecimento de que ocorreu um balanço da carga no momento do içamento da lingada de açúcar por ação do guindaste. Ademilson Cardoso da Silva, trabalhador da Capatazia do Porto de Santos, fls. 63 e 64, declarou que, na sua opinião, o acidente se deu pela inadequada sinalização por parte da estiva, por ocasião do içamento da lingada; que qualquer componente da capatazia libera para içamento e que não estava sendo utilizado a rede de proteção ao costado. O Relatório do encarregado do inquérito, fls. 68 e 69, concluído em 29 de julho de 2003, apontou como responsáveis diretos pelo fato da navegação, Ademilson Cardoso da Silva, Feitor (trabalhador de Capatazia), por deixar que os trabalhadores sob sua coordenação trabalhassem de forma imprudente na formação das lingadas de sacos de açúcar e no içamento destas e a TEAÇU Armazéns Gerais, Operadora Portuária, por negligência, por não ter utilizado redes de proteção, permitindo que caísse carga ao mar, infringindo a Lei ambiental nº 9.966/2000 e o DL nº 4.138/2002. TEAÇU Armazéns Gerais S/A, fls. 73 a 77, apresentou Defesa Prévia, alegando, em síntese, que não foram colocadas as redes de proteção, em virtude de falta de cabo de aço ligando os cabeços de forma a poder fixar as referidas redes, serviço este previsto na Tabela II Utilização de Infra-Estrutura Terrestre, de responsabilidade da CODESP e pago pela Operadora Portuária Apresentando, também, em anexo, fls. 84 a 90, sete correspondências, sendo uma datada de 31 de julho e as outras seis de 22 de agosto de 2002, ou seja, todas depois do acidente, endereçadas à CODESP, alegando reclamações anteriores, não atendidas, e que esta estaria tomando providências para a colocação desses cabos de aço para possibilitar a fixação das redes de proteção. 2/5

A Douta Procuradoria, fls. 95 a 100, representou em face de Companhia Docas do Estado de São Paulo CODESP, na qualidade de Administradora do Porto de Santos, e TEAÇU Armazéns Gerais S.A., na qualidade de Operadora Portuária, pelo fato da navegação, tipificado no art. 15, letra e (todos os fatos...), da Lei 2.180/54, caracterizado pela queda de carga ao mar, tal como apurado no inquérito, fundamentando. Recebida a representação, os representados foram regularmente citados. Companhia Docas do Estado de São Paulo CODESP que consta do rol de antecedentes neste E. Tribunal (Processos n.os: 2003/20.235, por queda de carga na água, em 17/07/2002; 2003/20.370, por avarias no casco e elementos estruturais, em 28/08/2002; e 2003/20.289, por queda de carga na água, em 27/07/2002), além do presente processo, ficando revel, foi defendida por ilustre Defensora Pública da União, fl. 138, que, em síntese, alegou que a representada, empresa pública, fica obrigada a atender a Lei nº 8.666/93, que dispõe sobre licitação e contratos administrativos para a aquisição de redes de proteção ao longo do cais e que, dentro do possível, a representada vinha instalando os referido cabos de aço, conforme a aprovação dos processos licitatórios, razão pela qual requereu a sua absolvição. TEAÇU Armazéns Gerais S.A., em sua defesa, em síntese, fls. 111 a 119, com anexos, fls. 120 a 136, alegou que a obrigação de instalar os cabos de aço para a fixação das redes de proteção é da CODESP, primeira representada, que não proveu o necessário embora tenha cobrado as taxas referentes à prestação desses serviços, conforme apontado da exordial da Douta Procuradoria. Alegou que não se pode permitir a ilação de que qualquer cidadão possa ser responsabilizado por não exigir do Estado que lhe dê todos os serviços que a Constituição Federal lhe garanta, mesmo pagando toda a carga tributária que lhe competir. Que a representada é operadora portuária devidamente cadastrada junto à Autoridade Portuária, CODESP, atuando na exportação de açúcar e outros produtos de origem vegetal, em sacos; que no desempenho de suas atividades no cais público do porto de Santos cumpre com as suas atribuições, efetuando o pagamento de todas as taxas decorrentes da exploração do porto, sendo inegável que onde se deu o fato em pauta é Cais Público, cuja manutenção, pavimentação e sistema de proteção ao meio ambiente pertence à CODESP, que cobra dos usuários Taxas Tabela II Utilização de Infra-Estrutura Terrestre ; que a representada não pode, por sua única e livre recreação, realizar qualquer empreendimento, na medida em que a CODESP possui a concessão para a sua exploração. Anexou à defesa correspondências enviadas à CODESP referentes ao assunto em pauta e alegou que, embora não tenha nenhuma obrigação de fazê-lo, a representada buscou, 3/5

de todas as formas, que a CODESP procedesse a instalação de cabos de aço entre os cabeços de amarração, em contrapartida às taxas que são cobradas dos operadores portuários, o que somente em janeiro de 2003 começou a ser feito, conforme documento ofício DSF/0099.2003, fl. 136. Ao final requereu a sua exclusão, tendo em vista o que considerou não ser sua a responsabilidade pelo fato da navegação em pauta. Aberta a instrução nenhuma prova foi produzida e em alegações finais falaram a Douta Procuradoria Especial da Marinha e a Douta Defensoria Pública da União. De tudo o que consta dos presentes autos, temos que a Douta Procuradoria representou em face de Companhia Docas do Estado de São Paulo CODESP, na qualidade de Administradora do Porto de Santos e TEAÇU Armazéns Gerais S.A., na qualidade de Operadora Portuária, ambas pelo fato da navegação, tipificado no art. 15, letra e (todos os fatos...), da Lei nº 2.180/54, caracterizado pela queda de carga ao mar, fundamentando no inquérito. Considerou que ficou provado que as quedas de carga ao mar se deram pela falta das redes de proteção ao costado do navio, caracterizando a negligência da primeira por não prover os necessários cabos de aço, para a fixação das redes e da segunda, por não ter solucionado o problema, agindo apenas depois de o fato ter ocorrido, ressaltando as responsabilidades de ambas, frente a Lei nº 8.630/93. A Companhia Docas do Estado de São Paulo CODESP, que consta do rol de antecedentes deste Tribunal, alegou uma meia verdade, ou seja, as suas limitações para licitar, enquanto que a TEAÇU Armazéns Gerais S.A., que não consta do rol de antecedente deste Tribunal, alegou outra meia verdade, qual seja, a que não seria razoável a ilação de responsabilizar qualquer pessoa por não exigir do Estado as sua obrigações constitucionais, mas não trouxeram elementos suficientes para elidir as suas responsabilidades, só solucionando o problema depois do fato em pauta, quando, como bem descrito na exordial da Douta Procuradoria, poderiam e deveriam ter providenciado meios para evitar o problema, tendo em vista que cada um tem a sua co-responsabilidade pela segurança da carga e do meio ambiente, quando muitas outras medidas poderiam ter sido tomadas que evitariam o resultado. Este problema é comum em vários portos de uso misto, quando determinadas necessidades, específicas para certas cargas, se fazem presente. A obrigação primária de prover estas facilidades é do terminal, no caso a Administração Portuária (CODESP), mas o operador portuário, no caso a TEAÇU, tem o dever de garantir a integridade da carga e do meio ambiente, em relação às operações que realiza e, certamente, a colocação de redes de 4/5

proteção ao costado, mesmo sem o cabo de aço, mas devidamente presa aos cabeços (que não são assim tão distantes) satisfaria ou minimizaria o problema, além do que poderia e deveria ter responsabilizado a Administração do Porto pela falta do material que previamente deveria ter sido solicitado, ou ela mesma ter provido e, pelos meios adequados, se ressarcir desses custos, mas, em hipótese alguma, negligenciar sua responsabilidade legal e contratual, sendo, por isso, a principal responsável. Por todo o exposto, devem ser acolhidos os termos da exordial da Douta Procuradoria e responsabilizar os representados por suas condutas negligentes, ponderando, na aplicação da pena, a situação de a segunda representada não constar do rol de antecedentes deste Tribunal. Assim, ACÓRDÃO os Juizes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à natureza e extensão do fato da navegação: quedas de carga n água, sacaria de açúcar, com sua perda, durante operação de carregamento, junto ao armazém nº 11 do porto de Santos, e infração à Lei nº 9.966/2000 e o DL. nº 4.138/2002, que versam sobre substâncias nocivas ao mar, sem vítima; b) quanto à causa determinante: falta de redes de proteção entre o cais e o costado do navio, durante operação de carregamento; c) decisão: julgar o fato da navegação, tipificado no art. 15, letra e, da Lei 2.180/54 ( todos os fatos... ), como decorrente da negligência das representadas, Companhia Docas do Estado de São Paulo CODESP, Administradora do Porto de Santos, que consta do rol de antecedentes deste E. Tribunal, e TEAÇU Armazéns Gerais S.A., Operadora Portuária do N/M SOTIRIA, maior responsável pelo fato em tela, acolhendo os termos da Representação da Douta Procuradoria Especial da Marinha, e, com fulcro no art. 127, c/c o art. 135, XIII, ambos da Lei 2.180/54, aplicar a cada uma a pena de multa de R$1000,00 (mil reais) e custas proporcionais. Dispensar a primeira representada dos honorários de Defensor Público da União. Publique-se. Comunique-se. Registre-se. Rio de Janeiro, RJ, em 6 de dezembro de 2007. FERNANDO ALVES LADEIRAS Juiz-Relator 5/5 LUIZ AUGUSTO CORREIA Vice-Almirante (RM1) Juiz-Presidente

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