TRIBUNAL MARÍTIMO PROCESSO Nº /05 ACÓRDÃO

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Eduarda Maranhão Pinhal
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1 TRIBUNAL MARÍTIMO PROCESSO Nº /05 ACÓRDÃO Catamarã JUMBO CAT II. Colisão de catamarã com pedras, seguida de encalhe, provocando avarias na embarcação, sem ocorrência de vítimas. Avaria sofrida no sistema hidráulico de controle do leme, cuja origem não restou apurada com precisão. Arquivamento. Vistos os presentes autos. Trata-se de analisar a colisão com pedras do Catamarã JUMBO CAT II, de bandeira panamenha, de propriedade de Dorcheister Investiment Corporation, quando, cerca de 16h15min do dia 07/10/2004, encontrava-se navegando logo após a manobra de desatracação do terminal de passageiros da Praça XV, Baía de Guanabara, RJ, provocando o encalhe da embarcação, sem ocorrência de vítimas ou danos ao meio ambiente. Dos depoimentos colhidos e documentos acostados extrai-se que logo após a desatracação do terminal de passageiros, o catamarã iniciou a travessia em direção à Niterói, próximo ao Clube da Aeronáutica, a fim de evitar a área de manobra de outras embarcações; que, neste trajeto, ocorreu uma avaria no sistema hidráulico do leme, provocando uma guinada brusca para boreste, resultando na colisão com as pedras, e, em seguida, o encalhe da embarcação; que restou apurado que o espaço existente era insuficiente para realização de qualquer manobra capaz de evitar o acidente; que os passageiros embarcados foram transferidos para outras embarcações e transportados de volta ao terminal; que, após o acidente, o catamarã foi desencalhado e acompanhado pelo rebocador ASTRO PAMPO até o atracadouro da empresa em Niterói; e que

Trata-se de analisar a colisão com pedras do Catamarã JUMBO CAT II, de bandeira panamenha, de propriedade de Dorcheister Investiment Corporation, quando, cerca de 16h15min do dia 07/10/2004,

2 foram constatados danos materiais, avarias no sistema de governo e no casco, não havendo acidentes pessoais, nem poluição do meio ambiente. Laudo de exame pericial concluiu que a causa determinante do encalhe foi a avaria ocorrida no sistema hidráulico de controle do leme, no entanto, atesta que não foi possível definir a causa do primeiro evento da seqüência, que foi a avaria do leme, sendo que o encalhe foi uma conseqüência do primeiro evento. Documentação de praxe anexada. No relatório, o encarregado do inquérito concluiu que o fator material contribuiu tendo em vista a avaria sofrida no sistema hidráulico de manobra do leme e que quanto ao fator operacional não foi possível definir se a avaria foi resultado de deficiência na manutenção ou de manobra imprudente, ou, ainda, resultado de choque acidental com algum objeto que poderia estar submerso na água poluída, não havendo possíveis responsáveis a indicar pelo acidente, atribuindo-se o mesmo a um caso fortuito.ressaltou que foi constatada a seguinte infração ao RLESTA, por parte do armador Aerobarcos do Brasil Transportes Marítimos e Turismo TRANSTUR: o Atestado de Inscrição Temporária de Embarcação Estrangeira (AIT) com prazo de validade vencida na data do acidente. A D. Procuradoria requereu o arquivamento considerando que restou evidenciado que o fator material contribuiu para o evento, em razão da avaria ocorrida no sistema hidráulico de manobra do leme, todavia, a causa de dita avaria não foi apurada, e ainda, os fatores humano e operacional não foram possíveis de serem avaliados, e segundo a perícia não foi possível definir se a avaria ocorrida no sistema de governo foi resultado de deficiência na manutenção, de manobra imprudente ou, ainda, resultado de choque acidental com algum objeto que poderia estar submerso na água poluída; que a perícia apontou como a causa determinante do encalhe a avaria no sistema hidráulico de controle do leme, entretanto, não conseguiram os peritos definir a 2

primeiro evento da seqüência, que foi a avaria do leme, sendo que o encalhe foi uma conseqüência do primeiro evento. Documentação de praxe anexada.

3 origem de tal avaria; e que a avaria ocorrida no leme que redundou nos demais acidentes, colisão e encalhe, não teve sua causa determinante devidamente apurada. Apontou, finalmente, a infração ao RLESTA, cometida pela TRANSTUR, por apresentar o Atestado de Inscrição Temporária (AIT) de Embarcação Estrangeira vencido na data do acidente. Publicada nota acerca do pedido de arquivamento, os prazos foram preclusos sem que interessados se manifestassem. Decide-se. De tudo o que consta nos presentes autos, conclui-se que a natureza e extensão do acidente da navegação sob análise, tipificado no art.14, letra a, da Lei 2.180/54, ficaram caracterizadas como colisão de catamarã com pedras, seguida de encalhe, provocando avarias na embarcação, sem ocorrência de vítimas. A causa determinante foi a avaria sofrida no sistema hidráulico de controle do leme, cuja origem não restou apurada com precisão. Analisando-se os autos, verifica-se que o laudo de exame pericial concluiu que a causa determinante do encalhe foi a avaria ocorrida no sistema hidráulico de controle do leme, no entanto, atesta que não foi possível definir a causa desta avaria, no que foi acompanhado pelo encarregado do inquérito, o qual acrescentou que não foi possível definir se a avaria foi resultado de deficiência na manutenção ou de manobra imprudente, ou, ainda, resultado de choque acidental com algum objeto que poderia estar submerso na água poluída. Por outro lado, segundo informações colhidas no local do acidente pelo inspetor naval de serviço (fl.09), que lá chegou às 16h25min, portanto, 10 minutos após o acidente, a colisão ocorreu após uma falha no sistema de governo, causada pelo rompimento da rede hidráulica KAMEWA, que por sua vez, travou o governo, fato este que segundo os depoimentos do comandante e do imediato se deu em virtude de um 3

Publicada nota acerca do pedido de arquivamento, os prazos foram preclusos sem que interessados se manifestassem. Decide-se.

4 impacto na parte de ré do catamarã. Deste modo, ficou evidenciado nos autos que houve uma avaria no sistema de governo, entretanto, não restou apurada com precisão a causa desta avaria. Pelo exposto, deve-se julgar procedente o pedido de arquivamento formulado pela PEM. Deve ser oficiado à DPC a infração ao art.19, III (certificados ou documentos equivalentes exigidos com prazo de validade vencido) do RLESTA, cometida por Aerobarcos do Brasil Transportes Marítimos e Turismo TRANSTUR, conforme apontado no relatório do encarregado do inquérito. Assim, ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à natureza e extensão do acidente: colisão de catamarã com pedras, seguida de encalhe, provocando avarias na embarcação, sem ocorrência de vítimas; b) quanto à causa determinante: avaria sofrida no sistema hidráulico de controle do leme, cuja origem não restou apurada com precisão; c) decisão: julgar o acidente da navegação, previsto no art.14, letra a, da Lei nº 2.180/54, como de origem indeterminada, mandando arquivar o inquérito, conforme promoção da PEM. Oficiar à DPC a infração ao art.19, III (certificados ou documentos equivalentes exigidos com prazo de validade vencido) do RLESTA, cometida por Aerobarcos do Brasil Transportes Marítimos e Turismo TRANSTUR, conforme apontado no relatório do encarregado do inquérito. P.C.R. Rio de Janeiro, RJ, em 25 de abril de SERGIO CEZAR BOKEL Juiz-Relator WALDEMAR NICOLAU CANELLAS JÚNIOR Almirante-de-Esquadra (RM1) 4

19, III (certificados ou documentos equivalentes exigidos com prazo de validade vencido) do RLESTA, cometida por Aerobarcos do Brasil Transportes Marítimos e Turismo TRANSTUR, conforme apontado no

5 Juiz-Presidente 5

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