egesta Revista eletrônica de Gestão de Negócios v. 6, n. 3, jul.-set./2010 Artigo O COMPORTAMENTO RACIONAL DO INVESTIDOR:



Documentos relacionados
O Comportamento racional do investidor: Um teste de eficiência de mercado aplicado nas ações da Petrobrás S/A

PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES SOBRE VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

Pindyck & Rubinfeld, Capítulo 15, Mercado de Capitais::REVISÃO

POLÍTICA DE INVESTIMENTOS

Ementários. Disciplina: Gestão Estratégica

A moeda possui três funções básicas: Reserva de Valor, Meio de troca e Meio de Pagamento.

As inter-relações de ativos financeiros: Um estudo sob a ótica dos diferentes intervalos de tempo das séries históricas.

AULA 4 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE AÇOES

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA CONCEITOS PARA REVISÃO

Manual do Integrador. Programa de Formação

Introdução. 1.1 Histórico

CAPITAL DE GIRO: ESSÊNCIA DA VIDA EMPRESARIAL

ANÁLISE DE INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS PARA FINS DE TOMADA DE DECISÕES: UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA NATURA COSMÉTICOS S/A

Apresentação. Apresentação. Adesão ao Nível 1 de Governança Corporativa. Requisitos para Adesão ao Nível 1

Tópicos Avançados em Estrutura de Capital

Abordagem de Processo: conceitos e diretrizes para sua implementação

Contabilidade financeira e orçamentária I

6 Construção de Cenários

Universidade de Brasília Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação Departamento de Ciência da

EMPRÉSTIMO DE ATIVOS

CONTABILIDADE SOCIETÁRIA AVANÇADA Revisão Geral BR-GAAP. PROF. Ms. EDUARDO RAMOS. Mestre em Ciências Contábeis FAF/UERJ SUMÁRIO

CAPÍTULO 2. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS, IMPOSTOS, e FLUXO DE CAIXA. CONCEITOS PARA REVISÃO

RESOLUÇÃO CFC Nº /09. O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

Financiamento a Longo Prazo. Alternativas. Capital Próprio. Prf. José Fajardo EBAPE-FGV. Ações Ordinárias Ações Preferenciais

1. Uma situação na qual um comprador e um vendedor possuem informações diferentes sobre uma transação é chamada de...

I - FUNDAMENTOS BÁSICOS DE FINANÇAS CORPORATIVAS, 1 1 O

EMENTÁRIO DAS DISCIPLINAS DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FINANÇAS

PALAVRAS-CHAVE: Educação Financeira, Mercado Financeiro, Mercado Capitais, BM&FBOVESPA

TEORIAS DE CONTÉUDO DA MOTIVAÇÃO:

NBC TG 46: Mensuração a Valor Justo

Seção 2/E Monitoramento, Avaliação e Aprendizagem

Administração Financeira e Orçamentária I

Empresas de Capital Fechado, ou companhias fechadas, são aquelas que não podem negociar valores mobiliários no mercado.

PARA CRIAR VALOR PARA O ACIONISTA NÃO BASTA TER EVAs POSITIVOS - É PRECISO QUE SEJAM "CRESCENTES"

Gestão do Conhecimento A Chave para o Sucesso Empresarial. José Renato Sátiro Santiago Jr.

ANÁLISE DE BALANÇO DAS SEGURADORAS. Contabilidade Atuarial 6º Período Curso de Ciências Contábeis

6. Pronunciamento Técnico CPC 23 Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro

Gestão Financeira de Organizações

LÂMINA DE INFORMAÇÕES ESSENCIAIS SOBRE O VIDA FELIZ FUNDO DE INVESTIMENTO EM AÇÕES CNPJ / OUTUBRO/2015

Professor Severino Domingos Júnior Disciplina: Gestão de Compras e Estoques no Varejo

OS FUNDOS DE PREVIDÊNCIA: UM ESTUDO DO MERCADO BRASILEIRO 1. Maicon Lambrecht Kuchak 2, Daniel Knebel Baggio 3.

TRABALHO DE ECONOMIA:

CPC 15. Combinações de Negócios. Conselho Regional de Contabilidade - CE AUDIT

CURSO. Master in Business Economics 1. vire aqui


Curso CPA-10 Certificação ANBID Módulo 4 - Princípios de Investimento

ESTRUTURA DE GERENCIAMENTO DO RISCO DE CRÉDITO

LÂMINA DE INFORMAÇÕES ESSENCIAIS SOBRE O SPINELLI FUNDO DE INVESTIMENTO EM AÇÕES CNPJ / SETEMBRO/2015

Administração Financeira

INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 1.1

ESTRUTURA DE GERENCIAMENTO DE RISCO DE LIQUIDEZ. 1 Objetivo. 2 Diretrizes. 2.1 Princípios para Gerenciamento do Risco de Liquidez

Dar exclusividade de parceria a FURNAS, por si e suas afiliadas, no caso de participação nos Leilões promovidos pela ANEEL.

ECONOMIA INTERNACIONAL II Professor: André M. Cunha

CNPJ: / MODALIDADE: TRADICIONAL PROCESSO SUSEP Nº: / WEB-SITE:

COMPRAR E VENDER AÇÕES MERCADO A VISTA

Curso Introdução ao Mercado de Ações

Valor ao par O valor de face uma ação ou título. No caso de ações, o valor ao par é, meramente, um registro contábil e não serve a outro propósito.

REC 3600 Finanças 1 primeira prova

CAP. 4b INFLUÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA

1. Introdução. 1.1 Apresentação

Indicadores de Risco Macroeconômico no Brasil

PRAZOS E RISCOS DE INVESTIMENTO. Proibida a reprodução.

Os investimentos no Brasil estão perdendo valor?

Mercados Eficientes e Circuitos de Financiamento

ÍNDICE GERAL. Política de Gerenciamento do Risco de Mercado. 1 Introdução. 2 Definição de Risco de Mercado. 3 Metodologia.

ATIVO Explicativa PASSIVO Explicativa

Aos Fundos exclusivos ou restritos, que prevejam em seu regulamento cláusula que não obriga a adoção, pela TRIAR, de Política de Voto;

Gerenciamento de Projeto: Planejando os Recursos. Prof. Msc Ricardo Britto DIE-UFPI

PLANEJAMENTO OPERACIONAL - MARKETING E PRODUÇÃO MÓDULO 3 O QUE É PLANEJAMENTO DE VENDAS E OPERAÇÕES?

REDUÇÃO DA TAXA DE POUPANÇA E AS EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS:

CPC 25 Provisões, Passivos e Ativos Contingentes

Depósito a Prazo com Garantia Especial do FGC (DPGE)

Filosofia e Conceitos

IFRS TESTE DE RECUPERABILIDADE CPC 01 / IAS 36

OFÍCIO-CIRCULAR/CVM/SIN/SNC/ Nº 01/2012. Rio de Janeiro, 04 de dezembro de 2012

ATIVIDADES DE LINHA E DE ASSESSORIA

COMPRAR E VENDER AÇÕES MERCADO A VISTA

CONDIÇÕES GERAIS CONFIANÇA CAP

2 Referencial Teórico

Normas Internacionais de Avaliação. Preço Custo e valor Mercado Abordagem de valores Abordagens de avaliação

CONDIÇÕES GERAIS DO PU 12 MESES

CONDIÇÕES GERAIS Troca Premiável Bradesco Seguros

Graficamente, o Balanço Patrimonial se apresenta assim: ATIVO. - Realizável a Longo prazo - Investimento - Imobilizado - Intangível

TÍTULO DE CAPITALIZAÇÃO APLUBCAP ECO 2.1 MODALIDADE DADE INCENTIVO PAGAMENTO ÚNICO CONDIÇÕES GERAIS

Modelo de Contrato de Prestação de Serviços de Consultoria

CEAHS CEAHS. Grupo Disciplinas presenciais Créditos Mercado da Saúde Ética e aspectos jurídicos 1

FAS 109, FIN 48, FAS 5, CPC 25 e IAS 37

CAP. 2 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CRITÉRIOS DE DECISÃO

Ajustes de Avaliação Patrimonial.

CONDIÇÕES GERAIS DO BRADESCO SOLUÇÃO DE ALUGUEL

FTAD - Formação técnica em Administração de Empresas Módulo de Contabilidade e Finanças. Prof. Moab Aurélio

CONDIÇÕES GERAIS DO CAP FIADOR I INFORMAÇÕES INICIAIS. SOCIEDADE DE CAPITALIZAÇÃO: Brasilcap Capitalização S.A. CNPJ: / II GLOSSÁRIO

MASTER IN PROJECT MANAGEMENT

Transcrição:

egesta Revista eletrônica de Gestão de Negócios v. 6, n. 3, jul.-set./2010 Artigo O COMPORTAMENTO RACIONAL DO INVESTIDOR: Um Teste de Eficiência de Mercado Aplicado nas Ações da Petrobras S/A Darks Fabiano Autores Mestrando em Administração (UFU) Universidade Federal de Uberlândia (UFU-MG) darksfabiano@hotmail.com Av. João Naves de Ávila 2121 Bloco 1A Sala 1A250 Uberlândia (MG) CEP: 38.400-902 Vivian Duarte Couto Mestranda em Administração (UFU) Universidade Federal de Uberlândia (UFU-MG) vivianduarte@terra.com.br Av. João Naves de Ávila 2121 Bloco 1A Sala 1A250 Uberlândia (MG) CEP: 38.400-902 Kárem Cristina de Sousa Ribeiro Doutora em Administração (USP) Universidade Federal de Uberlândia (UFU-MG) kribeiro@ufu.br Av. João Naves de Ávila 2121 Bloco 1A Sala 1A250 Uberlândia (MG) CEP: 38.400-902 69

Copyright 2010, egesta. Todos os direitos, inclusive de tradução, do conteúdo publicado na revista egesta, pertencem à Editora Universitária Leopoldianum. É permitida a citação parcial de artigos sem a autorização prévia, desde que seja identificada a fonte. A reprodução total dos artigos é proibida. Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seu(s) autor(es). Os autores ficam informados que a aprovação dos artigos na egesta implica na cessão de direitos, sem ônus para a revista e/ou editora, que terá exclusividade de publicá-los em primeira mão. A egesta revista eletrônica de Gestão de Negócios, é periódico acadêmico-científico, publicado somente por via eletrônico, e mantido pelo Programa de Mestrado (acadêmico) em Gestão de Negócios da Universidade Católica de Santos e pela Facultade de Ciencias Económicas e Empresariais da Universidade de Santiago de Compostela/Cátedra Bolívar. egesta revista eletrônica de Gestão de Negócios egesta, v. 6, n. 3, jul.-set./2010 www.unisantos.br/mestrado/gestao/egesta/ correio eletrônico: egesta@unisantos.br 70

O COMPORTAMENTO RACIONAL DO INVESTIDOR: UM TESTE DE EFICIÊNCIA DE MERCADO APLICADO NAS AÇÕES DA PETROBRAS S/A Darks Fabiano Vivian Duarte Fernandes Karem Cristina de Sousa Ribeiro Resumo A proposta deste trabalho consistiu em evidenciar o comportamento das ações de uma empresa sob a ótica da teoria dos mercados eficientes. O que se pretende é estudar o comportamento dos valores das ações sob a influência dos comunicados de mercado realizados pela empresa em questão. Para este estudo foram utilizadas técnicas estatísticas e a análise se deu a partir das cotações das ações relativas à data imediatamente anterior e posterior à data do comunicado de mercado. O presente trabalho demonstra que, baseado nos testes estatísticos realizados, as cotações da ação da empresa analisada apresentaram comportamentos diversos dentro das amostras pesquisadas. Palavras-chave: Mercado eficiente; Testes de eventos; Petrobrás. Abstract The purpose of this study was to clarify the behavior of the shares of a company from the perspective of efficient market theory. The aim is to study the behavior of the values of shares under the influence of market announcements made by the company in question. For this study it used statistical techniques and the analysis was the basis of quotations of the shares on the date immediately preceding and following the date of the advisory market. This study demonstrates that, based on statistical tests made, the share prices of the company analyzed showed different behaviors within the samples surveyed. Keywords: Efficient market; testing events; Petrobrás. 1 Introdução A Hipótese de Mercados Eficientes (HME), desenvolvida por Fama (1970), é focada nas noções sobre comportamento humano racional, que procura maximizar as utilidades e aproveitar de maneira ótima todas as informações disponíveis. A sua teoria considera o mercado perfeito, onde nenhum agente individual é capaz de influenciar de forma 71

significativa os preços, exista completa disseminação e acesso à informação, ausência de atritos e custos de transações. A função primordial do mercado é propiciar transferências de recursos financeiros entre tomadores e poupadores, bem como criar condições de liquidez e administração de riscos. Para que exista a transferência de recursos financeiros é necessário que ocorra prévia ou simultânea poupança e que existam dispositivos capazes de transformar esta poupança em investimento. Uma condição necessária para que os investidores tenham estímulo à negociação até o momento de equilíbrio dos preços é a de que o custo de aquisição de informação e o custo de negociação sejam iguais a zero. Considerando que estes custos são positivos, uma abordagem mais realista seria a de que os preços refletem o nível de informação, desde que os seus custos de obtenção não superem os retornos dos investimentos (ELTON et al, 2003). Frente ao exposto acima, o problema que direcionou a pesquisa foi: Qual o comportamento do investidor e sua influência no desempenho do valor da ação frente aos comunicados de mercado emitidos por uma empresa? O objetivo principal da pesquisa é analisar o comportamento das ações da empresa Petrobrás S/A, em específico a PETR4, frente aos comunicados de mercado divulgados no decorrer do ano de 2009. A apresentação dos conceitos de mercados eficientes, estudos de eventos e influência da informação sob os preços das ações são os objetivos secundários do presente trabalho. O estudo justifica-se por associar a teoria de mercados eficientes na avaliação do risco e retorno de um importante ativo financeiro utilizado no Brasil, as ações PETR4 da empresa Petrobrás S/A. O artigo está estruturado em cinco seções, iniciando com a introdução do estudo. Na seqüência faz-se uma revisão teórica relacionada à teoria de mercados eficientes. A terceira seção referencia os aspectos metodológicos. Em seguida, se apresentam os resultados da pesquisa, destacando as tabelas comparativas. Por último as considerações finais da pesquisa realizada. 2 Fundamentação Teórica 72

Esta seção apresenta as abordagens teóricas que orientaram este estudo. São apresentados os conceitos da teoria econômica dos mercados de capitais eficientes, o custo e o benefício da informação, as expectativas racionais, os testes de previsibilidade de retornos e estudos de eventos. 2.1 Mercados de capitais perfeitos e mercados de capitais eficientes A proposta do mercado de capitais é transferir fundos entre tomadores e poupadores de forma eficiente. Indivíduos ou empresas podem ter acesso às oportunidades de investimentos antecipando taxas de retorno que exceda à definida pelo mercado. A taxa ótima de empréstimo e captação é usada como uma informação importante para cada participante do mercado, que aceitarão projetos cujas taxas de retorno são, no mínimo, iguais à referida taxa. Por isto o mercado aloca eficientemente recursos quando os preços são determinados de forma a igualar a taxa de retorno dos poupadores e tomadores de recursos (COPELAND et al, 1998). De acordo com Copeland et al (1998) mercados de capitais perfeitos devem obedecer às seguintes condições: a) Inexistência de custos ou taxas de transação, todos os ativos são perfeitamente divisíveis e negociáveis e não existe qualquer restrição de caráter regulatório; b) Competição perfeita no mercado de capitais; c) Acesso universal à informação, sem custos, com recebimento simultâneo por todos os participantes do mercado; d) Todos os participantes do mercado agem de forma racional e visam maximizar a utilidade das decisões tomadas. Dadas as condições de mercado perfeito, as ações serão alocadas e operadas de forma eficiente, a eficiência operacional aqui tratada refere-se aos custos de transferência, em um mundo ideal, onde os custos de transação são nulos e os mercados são perfeitamente líquidos, contudo, estudos empíricos do mundo real testam a eficiência operacional (COPELAND et al, 1998). As diferenças entre mercados perfeitos e mercados eficientes podem ser identificadas através da flexibilização de algumas premissas do mercado perfeito, como por exemplo, o 73

acesso diferenciado à informação por parte de alguns integrantes do mercado, situações de monopólio e a indivisibilidade de alguns tipos de ativos (COPELAND et al, 1998). Uma condição necessária para que os investidores tenham um incentivo para negociar até que os preços reflitam integralmente todas as informações é a de que os custos de aquisição da informação e o custo de negociação sejam iguais a zero (ELTON et al, 2003). Fama (1982) realizou um estudo para operacionalizar a definição de mercado de capitais eficiente definindo três tipos de eficiência, cada qual baseada em uma diferente noção do acesso à informação por parte de seus integrantes: a) Eficiência fraca: Nenhum investidor pode obter mais retorno desenvolvendo regras de negócio baseadas no valor histórico dos preços e retornos das ações, em outras palavras, a informação histórica de preços e retornos das ações não apresenta utilidade na tomada de decisão; b) Eficiência semi-forte: Nenhum investidor pode obter mais retorno desenvolvendo regras de negócio baseadas em qualquer informação disponível, tais como os relatórios anuais das companhias, anúncios de investimento dentre outras modalidades de informação; c) Eficiência forte: Nenhum investidor pode obter mais retorno desenvolvendo regras de negócio usando qualquer informação disponível, publicadas ou não. O mercado é dito eficiente quando não existem alterações no portfólio de ações em função a qualquer divulgação de informação. A definição requer não apenas alterações nos preços das ações, mas também a inexistência de transações. 2.2 O valor da informação e o mercado de capitais eficiente A noção de mercado eficiente depende de uma definição da informação e seu valor. Uma estrutura de informação pode ser definida como uma mensagem relativa a vários eventos que podem ocorrer. Por exemplo, a mensagem não existem nuvens no céu pode ser valiosa para um piloto de avião ou não provocar nenhum impacto para um indivíduo que vai passar todo o seu dia no escritório. Cada mensagem provoca uma ação no indivíduo que maximiza sua utilidade, se existe possibilidade de chover, provavelmente o indivíduo irá carregar um guarda-chuva, esta decisão é tomada pelo alto custo de ficar molhado vis-à-vis o baixo custo de transportar o equipamento (COPELAND et al, 1998). 74

Frente ao conhecimento de uma informação, um investidor pode ter o direito, mas não a obrigação de agir. O valor da informação é maximizado através de três variáveis: a) A retorno possível para o tomador de decisão; b) A informação sobre o evento fornecida pela mensagem; c) A ação assumida e levada a cabo pelo tomador de decisão. Se uma informação possui valor ela deve revelar algo que não se sabe ainda. Se a distribuição dos preços em um período de tempo t, cujo valor foi predito em um período prévio t-1 baseada na estrutura de informação existente, não é diferente da distribuição de preços preditos pelo uso de todas as informações do período passado, então não deve existir diferença entre a informação do mercado e o conjunto de todas as informações relevantes (COPELAND et al, 1998). Considerando um mercado de capitais eficiente na sua forma fraca, dada uma estrutura de informação relevante, definida como um conjunto de preços históricos de todos os ativos, se o mercado é eficiente então a distribuição dos preços de ações atuais também incorpora os preços passados. Em outras palavras, não é possível desenvolver regras de negócio baseados nos preços passados de forma a permitir que alguém manipule o mercado. Nenhum indivíduo deve pagar por uma informação de preços históricos o que faz do valor deste tipo de informação ser zero (COPELAND et al, 1998). Cumpre ressaltar que o valor da informação é considerado livre de custos, incluindo os de transmissão das mensagens, implantação das ações, pesquisa pelos melhore preços de ações e impostos. 2.3 Expectativas racionais e mercados eficientes Como é o funcionamento do processo de tomada de decisão dos indivíduos? Esta resposta não é fácil devido à impossibilidade de observar a quantidade e a qualidade da informação no mundo real. As hipóteses prevêem que investidores conhecem os retornos, mas eles também sabem que diferentes indivíduos podem pagar diferentes preços devido a preferências distintas. A primeira hipótese, chamada de ingênua, afirma que os preços dos ativos são completamente arbitrários e não relacionados aos prováveis retornos futuros ou suas probabilidades. A segunda hipótese, chamada de equilíbrio especulativo, é interpretada quando todos os 75

investidores baseiam suas decisões de investimentos em antecipações dos comportamentos dos outros indivíduos, sem qualquer relação entre os potenciais ganhos que os ativos podem gerar. A terceira hipótese, chamada de valor intrínseco é caracterizada pela determinação dos preços dos ativos pela estimativa de retorno de um indivíduo sem considerar os valores de revendas para outros indivíduos e finalmente a quarta hipótese, chamada de especulação racional, tem como premissa que os preços são formados com base nas expectativas de retorno dos mercados futuros incluindo seus valores de revenda considerados no momento (COPELAND et al, 1998). Se os preços das ações refletem todas as informações, o mercado é definido como totalmente agregado, por outro lado é chamado apenas de preços médios. O mercado totalmente agregado se assemelha à definição de Fama (1970) sobre eficiência forte do mercado, caracterizada por um contexto onde insiders que possuem informações privilegiadas não são capazes de ganhos extras em relação ao mercado. Um mecanismo de agregação foi sugerido por Grossman e Stiglitz (1976), segundo os autores, o mercado possui dois tipos de negociadores, os informados e os desinformados, os primeiros adquirem melhores estimativas do futuro e tomam suas decisões baseadas nestas informações, quando todos os investidores informados o fazem desta maneira, os preços correntes dos ativos são afetados. Os desinformados não investem nenhum recurso para obter informação, mas eles podem realizar inferências observando o comportamento dos preços de mercado. 2.4 Testes de previsibilidade de retornos Nesta seção examina-se a previsibilidade de retornos a partir dos dados passados, sob a ótica da sazonalidade dos ganhos passados, do caráter temporal de curto prazo e longo prazo, da relação entre os retornos e características da empresa. Diversos estudos (FAMA, 1981; GIBBONS e HESS, 1981; GULTENKIN e GULTENKIN, 1983; KEIM, 1983; HARRIS, 1985) têm relatado padrões temporais de retornos de títulos, estes padrões são mais altos ou mais baixos em função da hora do dia, do dia da semana e do mês do ano. As possíveis explicações para a identificação destes padrões temporais podem se relacionar à intensidade das pesquisas em um mesmo conjunto de dados, ou à estrutura do 76

mercado, ou mesmo à natureza do fluxo de ordens e pelas ineficiências do mercado, pois o que se espera é que os padrões desaparecessem assim que os investidores os explorassem. Em um mercado eficiente os padrões sazonais nos retornos não devem ser observados, pois se os investidores percebessem retornos elevados em um período de tempo começariam a comprar títulos no período imediatamente anterior para tirar proveito do ganho adicional, este ajustamento do padrão de compra pelo investidor deveria fazer com que a sazonalidade dos retornos desaparecesse (ELTON et al, 2003). Os testes de previsibilidade mais utilizados são os testes de correlação. O objetivo é predizer o retorno de hoje a partir de um retorno anterior. Fama e MacBeth (1973) usaram o CAPM para estimar o retorno esperado de um título, em seguida examinaram a correlação entre os retornos extraordinários (retorno efetivo menos retorno esperado) e não encontraram praticamente nenhuma correlação. Galai (1977) usou o modelo desenvolvido por Black e Scholes para estimar retornos esperados no mercado de opções, e a seguir examinou a correlação entre os retornos extraordinários, não encontrando nenhuma correlação significativa. Com relação às características das empresas e seus retornos, tem sido constatado por diversas pesquisas (FAMA e MACBETH, 1973; BANZ, 1981) que o tamanho da organização, o seu quociente entre o valor de mercado e o valor patrimonial e o seu quociente entre lucro e preço da ação estão associados a retornos extraordinários. Banz (1981) documentou que teriam sido obtidos retornos extraordinários caso se aplicasse em empresas menores, uma linha de explicação se apóia no cálculo inadequado do CAPM para este tipo de empresa. O argumento é o de que os betas estimados eram demasiadamente baixos, se o beta é muito baixo, então o retorno esperado pelo CAPM também o será, duas razões tem sido apresentadas para que os betas estimados sejam baixos, a primeira é que as ações são negociadas com menos freqüência do que as ações das empresas maiores, e que a ausência de sincronização de negócios conduz a uma subestimação de betas, outra razão é o crescimento do risco com a diminuição do porte da empresa. O quociente entre o valor de mercado e o valor patrimonial e suas relações com os retornos extraordinários foram abordados por estudos de Fama e French (1988), Chan, Hamao e Lakonishok (1991) e Lakonishok, Shleifer e Vishny (1993). O argumento é que se uma ação 77

possui risco menor, é porque proporciona seus melhores resultados quando são mais necessários, ou seja, em períodos maus de mercado. Basu (1977) mostrou que, quando os retornos esperados são medidos pelo CAPM, os retornos extraordinários estão positivamente relacionados ao quociente entre lucro e preço (L/P) da empresa. Reinganum (1981) apresenta evidências empíricas de que o efeito L/P é fortemente correlacionado com o efeito tamanho. 2.5 Estudos de eventos Os estudos de eventos são utilizados para determinar se as informações refletem os preços dos ativos e, sendo seu impacto incerto, inferir se o anúncio representa uma notícia boa ou má (ELTON et al, 2003). Segundo Elton et al (2003) a metodologia de estudos de eventos é padronizada e segue os seguintes passos: a) Coleta-se uma amostra de empresas para as quais houve um anúncio (evento); b) Determina-se o dia exato do anúncio e chama-se este dia de data zero; c) Define-se o período a ser estudado, que considera os dias anteriores e posteriores à data zero; d) Para cada uma das empresas da amostra, calcula-se o retorno em cada um dos dias estudados; e) Calcula-se o retorno anormal para cada um dos dias estudados para cada empresa da amostra; f) Calcula-se, para cada dia do período do evento, o retorno anormal médio envolvendo todas as empresas da amostra; g) Soma-se o retorno anormal de cada dia para calcular o retorno anormal acumulado desde o início do período; h) Examina-se e discute os resultados; Informações são vendidas aos investidores, incluindo recomendações sobre compra de ações, bem como dados detalhados a respeito das empresas individuais. Comunicados de mercado são emitidos pelas próprias empresas, na atividade de relacionamento com investidores, as mais comuns estão relacionadas aos resultados, distribuição de dividendos, 78

aquisições, investimentos e outros aspectos relevantes. Independente do tipo informação o mercado ajusta-se rapidamente (ELTON et al, 2003). 3 Aspectos metodológicos As pesquisas são classificadas em exploratórias, descritivas e causais. A exploratória busca a familiarização com o fenômeno ou uma nova compreensão deste, para poder criar um problema mais preciso ou criar novas hipóteses, sendo o direcionador à descoberta de idéias e intuições. Os estudos descritivos são aqueles que apresentam as características precisas de uma situação, um grupo ou um indivíduo específico. Os estudos causais são aqueles que verificam uma hipótese de relação causal entre variáveis (SELLTIZ et al, 1975). Para o presente estudo, o uso de um estudo descritivo é mais adequado. Através de um estudo de caso esta pesquisa procurou detectar os efeitos dos comunicados de mercado emitidos pela empresa analisada sobre o valor de suas ações. Yin (2005) afirma que um estudo de caso se constitui em uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidos. Os dados para esta pesquisa foram obtidos no website da Empresa Petrobras S/A www.petrobras.com.br, na seção de relações com os investidores, dados relativos ao ano de 2009. Foram coletados os 121 comunicados de mercado feitos pela empresa bem como todas as cotações da ação PETR4 durante o ano de 2009. Com o objetivo de identificar as abordagens mais relevantes dos comunicados optou-se por uma classificação de acordo com os critérios abaixo: Modalidade dos Comunicados de mercado Aspectos Legais Captações de recursos Classificação do risco Dividendos Descrição Deliberações das Assembléias Gerais, alterações de práticas tributárias, mudanças no modelo regulatório e esclarecimentos adicionais sobre notícias diversas. Relacionadas à contratação de empréstimos junto a entidades financeiras e emissão de ações da companhia. Assuntos referentes às alterações de risco da empresa por parte das agências internacionais. Anúncio de pagamento de dividendos e/ou Juros sobre o capital próprio. 79

Investimentos Divulgação de investimentos na planta, aquisições de outras empresas e expansão externa. Novas jazidas Descobertas de novas jazidas de gás ou petróleo, medição de potencial de exploração, notícias relativas ao pré-sal. Resultados Divulgação dos resultados econômico-financeiros trimestrais Quadro 1 - Descrição das modalidades dos comunicados de mercado da Petrobrás em 2009. Fonte: Petrobrás (2009), elaboração própria. Os 121 comunicados de mercado foram analisados e ordenados de acordo com a descrição da tabela 1, após a classificação verificou-se a seguinte distribuição. Tabela 1 - Modalidades dos comunicados de mercado da Petrobrás em 2009 Comunicados Aspectos Captações Classif. Novas % % % Dividendos % Invest % Legais Recursos Riscos Jazidas % Result. % Total % Janeiro 2 14% 0 0% 0 0% 0 0% 2 6% 2 6% 0 0% 6 5% Fevereiro 1 7% 1 7% 0 0% 0 0% 5 14% 1 3% 0 0% 8 7% Março 1 7% 0 0% 0 0% 0 0% 1 3% 0 0% 0 0% 2 2% Abril 2 14% 1 4% 0 0% 3 27% 7 19% 4 12% 1 11% 18 15% Maio 4 29% 1 7% 0 0% 0 0% 4 11% 3 9% 2 22% 14 12% Junho 1 7% 0 0% 3 100% 2 18% 2 6% 3 9% 1 11% 12 10% Julho 0 0% 5 34% 0 0% 0 0% 2 6% 4 12% 0 0% 11 9% Agosto 2 14% 0 0% 0 0% 1 9% 3 8% 3 9% 2 22% 11 9% Setembro 0 0% 1 7% 0 0% 1 9% 1 3% 4 12% 0 0% 7 6% Outubro 0 0% 3 21% 0 0% 0 0% 1 3% 1 3% 0 0% 5 4% Novembro 0 0% 2 14% 0 0% 1 9% 4 11% 6 18% 3 33% 16 13% Dezembro 1 7% 1 7% 0 0% 3 27% 4 11% 2 6% 0 0% 11 9% Total 14 100% 15 100% 3 100% 11 100% 36 100% 33 100% 9 100% 121 100% Fonte: Petrobrás (2009), elaboração própria. Com o objetivo de analisar a influência dos múltiplos anúncios de diversos tipos emitidos em uma mesma data, optou-se por trabalhar com três bases de dados distintas: a) Base completa: Consideram todos os comunicados de mercado, os únicos (um anúncio por dia) e os múltiplos (mais de um anúncio por dia), esta amostra contempla o total de comunicados da pesquisa; Tabela 2 - Base completa de comunicados de mercado da Petrobrás em 2009 80

Fonte: Petrobrás (2009), elaboração própria. Comunicados de Mercado Qte % Qte Base Completa Eventos Eventos Aspectos Legais 14 11,6% Captações de Recursos 15 12,4% Classificação de Risco 3 2,5% Dividendos 11 9,1% Investimentos 36 29,8% Novas Jazidas 33 27,3% Resultados 9 7,4% Total 121 100% b) Base única: Considera as datas nas quais ocorreram somente um anúncio de mercado em uma data específica; Tabela 3 - Base única de comunicados de mercado da Petrobrás em 2009 Fonte: Petrobrás (2009), elaboração própria. Comunicados de Mercado Qte % Qte Base Única Eventos Eventos Aspectos Legais 6 9,7% Captações de Recursos 9 14,5% Classificação de Risco 2 3,2% Dividendos 8 12,9% Investimentos 21 33,9% Novas Jazidas 13 21,0% Resultados 3 4,8% Total 62 100% c) Base múltipla: Considera somente as datas nas quais ocorreram anúncios múltiplos de mercado em uma data específica. Tabela 4 - Base múltipla de comunicados de mercado da Petrobrás em 2009 Fonte: Petrobrás (2009), elaboração própria. Comunicados de Mercado Qte % Qte Base Múltipla Eventos Eventos Aspectos Legais 8 13,6% Captações de Recursos 6 10,2% Classificação de Risco 1 1,7% Dividendos 3 5,1% Investimentos 15 25,4% Novas Jazidas 20 33,9% Resultados 6 10,2% Total 59 100% 81

Com relação aos efeitos dos comunicados de mercado sobre as cotações das ações PETR4, o objetivo da pesquisa foi analisar o comportamento em três momentos distintos, na data da divulgação (D-0), na data imediatamente anterior à divulgação (D-1) e na data imediatamente posterior à divulgação do comunicado de mercado (D+1). Os cálculos das variações dos preços dos ativos foram realizados tomando sempre por base a data da divulgação (D-0). A análise dos dados foi baseada na teoria de mercados eficientes de capitais. Para os cálculos utilizaram-se as fórmulas apresentadas no decorrer do estudo e métodos estatísticos de avaliação ancorados nas técnicas de média simples e desvio-padrão. 4 Análise de Resultados A Petrobrás é uma sociedade anônima de capital aberto, cujo acionista majoritário é o Governo do Brasil, atua como uma empresa de energia nos seguintes setores: exploração, produção, refino, comercialização e transporte de óleo e gás natural, petroquímica, distribuição de derivados, energia elétrica, bicombustíveis e outras fontes renováveis de energia. Líder do setor petrolífero brasileiro, segundo o plano de negócios da empresa para 2009-2013 o objetivo é expandir as operações visando estar entre as cinco maiores empresas integradas de energia no mundo até 2020. Primeiramente foi efetuada a análise de comportamento da ação PETR4 em 2009 levando em consideração todas as datas do ano, as datas nas quais não houve comunicados de mercado e das datas nas quais houve comunicados de mercado cujos resultados podem ser observados na tabela a seguir. Tabela 5 - Desempenho PETR4 em 2009 Desempenho PETR4-2009 Média Simples Desvio-Padrão % Média % Dv.Padrão D-1 D-0 D+1 D-1 D-0 D+1 D-1 D+1 D-1 D+1 Todas as datas 30,81 30,86 30,91 4,25 4,24 4,23-0,2% 0,2% -0,3% -0,2% Datas sem comunicado 29,68 29,85 30,02 4,46 4,46 4,46-0,6% 0,6% 0,1% 0,1% Datas com comunicado 31,31 31,32 31,43 3,96 3,88 3,82 0,0% 0,3% -2,2% -1,4% Fonte: Petrobrás (2009), elaboração própria. 82

Conforme tabela 5 percebe-se que nas datas onde se verificaram comunicados de mercado as cotações da ação PETR4 apresentaram os maiores valores da série pesquisada. Outro comportamento observado se relaciona as variações dos valores médios das ações do dia imediatamente anterior (D-1) e imediatamente posterior (D+1) em relação à data referência (D-0), para as amostras todas as datas e datas sem comunicado as quedas percentuais observadas em (D-1) praticamente se anulam com os ganhos em (D+1) e para a amostra datas com comunicado observa-se uma variação nula dos valores da ação em (D-1) e um aumento de 0,3% nos valores das ações em (D+1). Cumpre ressaltar que os maiores valores das ações da amostra datas com comunicado estão associadas a um maior percentual de desvio-padrão dentro da série pesquisada, o que indica um maior grau de risco associado. Com o objetivo de avaliar o comportamento da ação PETR4 influenciado pelos comunicados de mercado efetuou-se uma análise da base de dados completa explicada anteriormente sob a ótica do tipo de comunicado cujos resultados podem ser observados na tabela a seguir. Tabela 6 - Desempenho PETR4, base completa segundo modalidade de comunicado 2009 Modalidade de Comunicado Média Simples Desvio-Padrão % Média % Dv.Padrão Base Completa D-1 D-0 D+1 D-1 D-0 D+1 D-1 D+1 D-1 D+1 Aspectos Legais 29,05 29,05 29,38 4,18 4,01 3,66 0,0% 1,1% -4,2% -8,9% Captações de Recursos 32,06 32,15 32,26 3,74 3,55 3,44-0,3% 0,4% -5,4% -3,1% Classificação de Risco 31,47 31,75 31,64 0,77 1,03 1,00-0,9% -0,3% 25,6% -2,2% Dividendos 32,57 32,53 32,26 3,83 3,91 3,78 0,1% -0,8% 2,1% -3,4% Investimentos 30,47 30,44 30,70 4,38 4,28 4,28 0,1% 0,8% -2,2% 0,0% Novas Jazidas 31,93 31,94 32,01 4,07 3,99 3,97 0,0% 0,2% -1,9% -0,6% Resultados 33,01 33,10 32,92 3,20 3,11 3,36-0,3% -0,6% -2,7% 7,8% Média 31,31 31,32 31,43 3,96 3,88 3,82 0,0% 0,3% -2,2% -1,4% Fonte: Petrobrás (2009), elaboração própria. Conforme tabela 6 percebe-se que os maiores valores observados da ação PETR4 foram os relacionados aos comunicados resultados (média R$ 33,01) e dividendos (média R$ 32,45), os menores valores detectados estão relacionados aos comunicados aspectos legais (média R$ 29,16) e investimentos (média R$ 30,50). As maiores medidas de dispersão foram identificadas nos comunicados classificação de risco, resultados, aspectos legais e captações de recursos. 83

Outro comportamento observado se relaciona as variações dos valores médios das ações em (D-1) e (D+1). Para os comunicados resultados e classificação de risco verificam-se que ambos os valores (D-1) e (D+1) foram menores que na data da divulgação (D-0), com relação aos comunicados dividendos foi constatado queda acentuada (-0,8%) após a data de divulgação (D+1), analisando o comunicado classificação de risco a queda mais acentuada (-0,9%) foi observada em relação à (D-1) e finalmente percebe-se que o comunicado investimentos provocou um aumento médio (+0,8%) em (D+1). Quando se parte da base de dados única explicada anteriormente, o comportamento da ação PETR4 influenciado pelos comunicados de mercado apresentou o seguinte desempenho geral cujos resultados podem ser observados na tabela a seguir. Tabela 7 - Desempenho PETR4, base única segundo modalidade de comunicado em 2009 Modalidade de Comunicado Média Simples Desvio-Padrão % Média % Dv.Padrão Base Única D-1 D-0 D+1 D-1 D-0 D+1 D-1 D+1 D-1 D+1 Aspectos Legais 28,40 28,38 28,93 5,51 5,40 4,78 0,1% 1,9% -2,1% -11,5% Captações de Recursos 32,19 32,52 32,55 3,03 3,10 3,07-1,0% 0,1% 2,3% -1,0% Classificação de Risco 31,74 32,30 32,05 0,86 0,57 1,03-1,8% -0,8% -52,5% 81,2% Dividendos 32,28 32,20 31,89 3,83 3,97 3,64 0,2% -1,0% 3,7% -8,4% Investimentos 29,91 29,87 29,86 4,56 4,48 4,51 0,1% 0,0% -1,8% 0,7% Novas Jazidas 31,83 31,76 31,68 3,54 3,52 3,67 0,2% -0,2% -0,7% 4,4% Resultados 35,53 35,73 35,67 2,49 2,77 2,96-0,6% -0,2% 10,0% 6,8% Média 31,14 31,17 31,16 3,90 3,89 3,85-0,1% 0,0% -0,3% -1,0% Fonte: Petrobrás (2009), elaboração própria. Conforme tabela 7, quando se analisam apenas os dias onde ocorreu um anúncio de mercado, percebe-se que os maiores valores observados da ação PETR4 foram os relacionados aos comunicados resultados (média R$ 35,64) e dividendos (média R$ 32,13), os menores valores detectados estão relacionados aos comunicados aspectos legais (média R$ 28,57) e investimentos (média R$ 29,88). As maiores medidas de dispersão foram identificadas nos comunicados classificação de risco, resultados, aspectos legais e dividendos. De forma geral os valores médios da ação para esta base de dados, que considera apenas um comunicado por dia, foram menores que os analisados na base anterior, que consideram os comunicados únicos e múltiplos. Outro comportamento observado se relaciona às variações dos valores médios das ações em (D-1) e (D+1). Para os comunicados resultados, classificação de risco e dividendos 84

verificam-se os mesmos comportamentos verificados anteriormente, para o comunicado investimentos verificou-se uma alteração no comportamento em relação à análise anterior permanecendo sem variação em (D+1) o que contrapõe o aumento (+0,8%) observado na base de dados anterior. Finalmente, quando se analisa somente as datas que apresentaram comunicados múltiplos, isto é, mais de um anúncio por dia, o comportamento da ação PETR4 apresentou o seguinte desempenho geral cujos resultados podem ser observados na tabela a seguir. Tabela 8 - Desempenho PETR4, base múltipla segundo modalidade de comunicado em 2009. Modalidade de Comunicado Média Simples Desvio-Padrão % Média % Dv.Padrão Base Múltipla D-1 D-0 D+1 D-1 D-0 D+1 D-1 D+1 D-1 D+1 Aspectos Legais 29,55 29,56 29,73 3,19 2,91 2,87 0,0% 0,6% -9,7% -1,2% Captações de Recursos 31,85 31,61 31,84 4,93 4,39 4,20 0,8% 0,7% -12,5% -4,3% Classificação de Risco 30,94 30,66 30,84 0,00 0,00 0,00 0,9% 0,6% Dividendos 33,34 33,41 33,23 4,57 4,44 4,80-0,2% -0,5% -3,1% 8,3% Investimentos 31,25 31,24 31,86 4,14 4,01 3,79 0,0% 2,0% -3,3% -5,4% Novas Jazidas 32,00 32,05 32,23 4,46 4,35 4,22-0,2% 0,6% -2,5% -3,0% Resultados 31,75 31,79 31,54 2,85 2,49 2,78-0,1% -0,8% -14,3% 11,4% Média 31,48 31,48 31,71 4,02 3,82 3,74 0,0% 0,7% -5,4% -2,0% Fonte: Petrobrás (2009), elaboração própria. De acordo com a tabela 8, percebe-se que os maiores valores observados da ação PETR4 foram os relacionados aos comunicados dividendos (média R$ 33,33) e novas jazidas (média R$ 32,09), os menores valores detectados estão relacionados aos comunicados aspectos legais (média R$ 29,61) e classificação de riscos (média R$ 30,81). As maiores medidas de dispersão foram identificadas nos comunicados resultados, captação de recursos e dividendos. De forma geral os valores médios da ação para esta base de dados, que considera a ocorrência de mais de um comunicado por dia, foram maiores que os analisados na base única e completa. Outro fator observado se relaciona as variações dos valores médios das ações em (D-1) e (D+1). Para os comunicados resultados e classificação de risco verificam-se que ambos os valores (D-1) e (D+1) foram menores que na data da divulgação (D-0), com relação aos comunicados resultados foi constatado queda acentuada (-0,8%) após a data de divulgação (D+1) e finalmente percebe-se que o comunicado novas jazidas provocou um aumento médio (+0,6%) em (D+1). 85

5 Considerações finais A discussão sobre a importância dos estudos de investimentos em capitais desperta interesse dos participantes do mercado, sejam eles poupadores, sejam eles investidores. O efeito da informação sobre os retornos das ações atestam padrões temporais incompatíveis com a eficiência de mercado. A aquisição ou venda de ativos financeiros é um processo que requer acesso à informação para a tomada de decisão que provoque impacto sobre o risco e o retorno envolvido. Para o caso analisado, apresentam-se os comportamentos das ações PETR4 relacionados às datas e modalidades de comunicados de mercados. Uma das propostas deste trabalho foi estabelecer os comportamentos das ações PETR4 frente aos comunicados de mercado durante o ano de 2009. Com base no referencial teórico uma carteira de ativos eficiente rapidamente incorpora a informação aos preços de mercado das ações. Os resultados de qualquer estudo de tendência pré e pós-anúncio e a relação entre as características de empresas e retornos anormais dependem do modelo escolhido, para a pesquisa em questão ficou evidenciado que as ações apresentaram comportamentos distintos quando verificada a ocorrência do evento bem como o tipo de divulgação promovido pela empresa analisada. De forma geral a pesquisa comprova que as divulgações de informações relativas a pagamentos de dividendos e resultados obtidos se traduziram nos maiores valores de cotação da ação PETR4 durante o período analisado, por outro lado os comunicados referentes aos aspectos legais, anúncios de novos investimentos e aquisições de empresas produziram os menores valores de cotação da referida ação. Com relação aos eventos relacionados às novas jazidas, inclusive as do Pré-Sal, a pesquisa atesta que estes somente provocaram influências positivas na cotação da ação pesquisada quando publicadas em conjunto com outras modalidades de informes de mercado. Cumpre ressaltar que o presente estudo não deve ser considerado uma recomendação para compra dos ativos financeiros pesquisados. Ao decidir adquirir as ações, potenciais investidores deverão realizar sua própria análise e avaliação dos cenários econômicos bem como dos riscos decorrentes do investimento nas ações. 86

A subjetividade do tema, envolvendo aspectos relacionados ao mercado de capitais e aos prováveis comportamentos do investidor frente a cada informe de mercado constituem-se como principais limitações desta pesquisa. Outra limitação é quanto ao método, trata-se de um estudo de caso, aplicado ao ativo PETR4, o que não permite que as conclusões sejam generalizadas. Como proposta de estudos futuros sugere-se a realização do mesmo trabalho para os diversos índices do mercado de capitais brasileiro. Reduzindo desta forma as limitações acima citadas. 6 Referências BANZ, R. W. The relationship between return and market value of common stock. Journal of Financial Economics, vol. 9, 1981. BASU, S. Investment performance of commom stocks in relation to their price-earnings ratios: a test of the efficient market hypothesis. Journal of Finance, vol. 32, 1977. BLACK F. Beta and return. The Journal of Portfolio Management, Fall, 1993. CHAN, L.K.C.; LACONISHOK, J. Are reports of beta s death premature? Journal of Portfolio Management Summer, 1993. COPELAND, T. E.; WESTON, J. F.; SHASTRI, K. Financial Theory and Corporate Policy. New York: Pearson Education, 1998. ELTON, E. J.; GRUBER, M. J.; BROWN, S. J.; GOETZMANN, W. N. Moderna teoria de carteiras e análise de investimentos. São Paulo: Atlas, 2003. FAMA, E. F. The information in the term structure. Journal of financial economics, vol. 13, 1984. FAMA, E. F.; FRENCH, K. R. Permanent and temporary components of stock prices. Journal of Political Economy, vol. 96, 1988. FAMA, E. F.; FRENCH, K. R. The cross section of expected stocks returns. The Journal of Finance, vol. 92, 1992. 87

FAMA, E. F.; MacBETH, J. Risk, return and equilibrium: empirical tests. Journal of Political Economy, vol. 81, nº 3. 1973 FREUND, J. E.; SIMON, G. Estatística Aplicada: Economia, administração e contabilidade. Porto Alegre: Bookman, 2000. GALAI, D. Tests of market efficiency of the Chicago board options exchange. Journal of Business, vol. 50, nº 2. 1977. GIBBONS, M. R.; HESS, P. J. Day of the week effects and asset returns. Journal of Business, vol. 54, 1981. GROSSMAN, S.J.; HART, O.D. Disclosure law and takeover bids. Journal of Finance, vol. 35, 1980. GULTENKIN, M. N.; GULTENKIN, N. B. Stock market seasonality: international evidence. Journal of Financial Economics, vol. 12, 1983. HAUGEN, R. A. The New Finance. Prentice Hall, 1995. HARRIS, L. A transaction data study of weekly and intradaily patterns in stock returns. Journal of Financial Economics, Vol. 14, 1986. KEIM, D. B. Size related anomalies and stock return seasonality: further empirical evidence. Journal of Financial Economics, vol. 12, 1983. LAKONISHOK, J.; SHLEIFER, A.; VISHNY, W. Contrarian investment, extrapolation, and risk. University of Illinois, 1993. LIMA, I. S.; LIMA, G.; PIMENTEL, R. Curso de mercado financeiro: tópicos especiais. São Paulo: Atlas, 2007. MCCONNELL, J.; MUSCARELLA, C. Corporate capital expenditure decisions and the market value os the firm. Journal of financial economics, vol. 14, 1985. PETROBRAS S.A. Comunicados de mercado 2009. Disponível em www.petrobras.com.br. Acesso em Junho de 2010. 88

ROSS, S.; WESTERFIELD, R.; JAFFE, J. Administração Financeira: Corporate Finance. São Paulo: Atlas, 2007. SELLTIZ, C. Métodos de Pesquisa nas Relações Sociais. 6ª. São Paulo: USP, 1975. THAILER, R.; BARBERIS, N. A Survey of Behaviroval Finance. Forthcoming in the Handbook of the economics of finance, 2002. YIN, Robert K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. Porto Alegre: Bookman, 2005. Artigo recebido em janeiro de 2010 Artigo aceito em agosto de 2010 89