Patrocínio, MG, outubro de 2016 ENCONTRO DE PESQUISA & EXTENSÃO, 3., 2016, Patrocínio. Anais... Patrocínio: IFTM, 2016. LIBRAS: UMA PROPOSTA BILINGUE PARA A INCLUSÃO EDUCACIONAL DOS SURDOS Vania Abadia de Souza Ferreira (IFTM Campus Patrocínio) 1 ; Adriane Cássia Pacheco(IFTM Campus Patrocínio) 2 ; Camila Cunha Oliveira Giordani (IFTM Campus Patrocínio ) 3 ; Jeanne Gonçalves Rocha ( IFTM Campus Patrocínio) 4 ; Neilon José de Oliveira ( IFTM Campus Patrocínio) 5 ; Maria Goretti Teresinha dos Anjos e Santos (IFTM Campus Patrocínio) 6 ; Olgda Laria Borges de Paula (IFTM Campus Patrocínio) 7 ; Vinícius Felipe Oliveira ( IFTM Campus Patrocínio) 8 Modalidade: Minicurso RESUMO: A surdez é, dentre as demais deficiências, uma das mais comuns no município de Patrocínio - MG. Assim, caso se queira criar condições para acesso e permanência dos surdos nas escolas, é preciso buscar a formação de instrutores e intérpretes de LIBRAS, assim como preparar os docentes para atuarem na educação escolar dos surdos. Utilizar-se-á o levantamento bibliográfico, recursos audiovisuais, dinâmicas de sensibilização em relação aos direitos dos surdos. Para que a educação escolar do surdo aconteça de modo satisfatório, é preciso considerar a sua inserção no meio educacional e social por meio da LIBRAS. A interação entre pessoas ouvintes e surdas é indispensável para que aconteça a inclusão nas instituições escolares. Palavras-chave: Inclusão Educacional; Surdos; LIBRAS. 1 Técnica em tradução e interpretação de LIBRAS. vaniasouza@iftm.edu.br 2 Professora Substituta na área de deficiência Visual. adrianepacheco@iftm.edu.br 3 Pedagoga. camilagiordani@iftm.edu.br 4 Técnica em Assuntos Educacionais. jeannerocha@iftm.edu.br 5 Professor Me. Matemática. neilonoliveira@iftm.edu.br 6 Pedagoga. mariagoretti@iftm.edu.br 7 Pedagoga. olgda@iftm.edu.br 8 Técnico em Assuntos Educacionais. vinicius@iftm.edu.br
INTRODUÇÃO A Língua de Sinais representa um papel expressivo na vida do sujeito surdo, conduzindo-o por intermédio de uma língua estruturada ao desenvolvimento pleno. Com os novos adventos da inclusão, o aluno com deficiência auditiva passou a ter o direito de frequentar a escola regular. Porém, o que ocorre, na maioria das vezes, é que ao chegar a rede regular de ensino, ele se depara com a carência de professores preparados para lidar com a sua deficiência. Por meio da LIBRAS, o aluno é capaz de se socializar e entrar em contato com os demais, haja vista que o trabalho a partir dela, propicia aos alunos a oportunidade de expor suas ideias e pensamentos. Mas, isso não é suficiente, é necessário que profissionais da educação, pais e pessoas ligadas aos surdos conheçam a Língua de Sinais e se formem continuamente, buscando compreender os aspectos linguísticos envolvidos na LIBRAS. 6 OBJETIVOS - Proporcionar à comunidade acadêmica do IFTM - Campus Patrocínio o conhecimento de uma nova língua de modalidade gestual visual; - Criar competências comunicativas que valorizam a educação e a cultura da comunidade surda. METODOLOGIA A metodologia utilizada será por meio de aula expositiva e dialogada sobre conceitos relacionados à surdez com a utilização de vídeos, exercícios e vivências, práticas individuais e em grupo sobre o conhecimentos acerca da LIBRAS, a cultura surda e o modo próprio que as pessoas surdas interagem com o meio. Desenvolvimento De acordo com Fernandes (1990), a surdez é uma deficiência nãovisível fisicamente, limitando-se a atingir uma pequena parte da anatomia do indivíduo. Suas consequências, no entanto, são limitadoras no desenvolvimento emocional, físico e mental, bem como comprometendo o
saber social do deficiente. O acesso dificultado à linguagem oral talvez seja o efeito mais grave e mais palpável que se possa perceber no surdo. Para o surdo, a língua de sinais é um instrumento de comunicação eficiente, na medida em que propicia sua integração e socialização. É ela o elemento mais importante da comunicação surda, pois esta é sua língua natural. A LIBRAS com regras morfológicas, sintáticas, semânticas e pragmáticas próprias possibilita o desenvolvimento cognitivo da pessoa surda, favorecendo o acesso dela aos conceitos e aos conhecimentos existentes na sociedade. Segundo Goldfeld (2002), ao realizar-se no diálogo, a linguagem nos permite ir além de nossos limites individuais e dos limites do estado de coisas existente no mundo. Transpor a fronteira de sair de sua individualidade no sentido à diferença é superar a indiferença e o individualismo da sociedade contemporânea e descobrir que na interação podemos construir e compartilhar um mundo melhor. Todo ser humano desenvolve a sua linguagem de acordo com as suas necessidades, assim como as suas possibilidades e interações com o meio ambiente. Como a criança surda não é capaz de comunicar-se a partir do som das palavras, ela vai em busca de meios com a intenção de alcançar seus objetivos e começa, então, a utilizar a língua de sinais. Dessa forma, conclui-se que, por meio da linguagem, seja ela oral ou gestual, é que se realiza a comunicação com o mundo. Dizeu e Caporali (2005, p. 80) tecem o seguinte comentário: Por meio da língua passamos a compreender o mundo, constituindo nosso cognitivo e subjetivo, criado pelas nossas experiências e concepções próprias, de tudo e todos que fazem parte de nosso meio. Dessa forma, a criança surda necessita de uma língua que possibilite a ela a integração ao seu meio, no qual ela seja capaz de compreender o que está ao seu redor, significar suas experiências, em vez de uma língua que a torne um ser apto para reproduzir um número restrito de palavras e frases feitas, que para ela não terão nenhum significado comunicativo. 7 Para Vigotsky apud Dizeu e Caporali (2005), a trajetória principal do desenvolvimento psicológico da criança é de progressiva individualização, ou seja, é um processo que se origina nas relações sociais, interpessoais e se transforma em individual, intrapessoal. A linguagem da criança, desde seu
início, é essencialmente social; ela se desenvolve no plano das interações sociais. Assim, os sujeitos surdos, pela defasagem auditiva, enfrentam dificuldades para entrar em contato com a língua do grupo social no qual estão inseridos (GÓES, 1999). Contudo, a criança surda apresenta atraso de linguagem e isso causa sérias consequências emocionais, sociais e cognitivas. A surdez é uma privação sensorial auditiva que compromete a comunicação, o desenvolvimento da linguagem receptiva e expressiva, a aprendizagem da leitura e da escrita, o desempenho acadêmico, bem como o desenvolvimento emocional e social do indivíduo (ISSAC; MANFREDI, 2005, p. 18). A linguagem é um instrumento de interação entre as pessoas, por meio da qual os interlocutores constituem-se como sujeitos ativos de um processo em que os participantes realizam trocas verbais, constroem sentidos e influenciam-se. Portanto, quanto mais cedo a criança se apresentar em contato com a sua língua natural, conforme o nível de seu desenvolvimento, mais cedo ela se reconhece como indivíduo inserido na comunidade da qual faz parte. Segundo Fernandes e Correia (2005), propiciar à pessoa surda a exposição a uma língua o mais cedo possível, obedecendo às fases naturais de sua aquisição, é fundamental ao seu desenvolvimento. Ao mesmo tempo, privá-la desse direito, sob qualquer alegação, é desrespeitá-la em sua integridade. 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Um dos obstáculos enfrentados para a inclusão do aluno surdo é a introdução da nova língua brasileira oficial, a LIBRAS, que ainda não se efetivou no âmbito escolar ou, ao menos, não de um modo mais difuso. Nessa perspectiva, espera-se que este trabalho possa ajudar na formação continuada dos acadêmicos, profissionais da educação e pais, inclusive para o surgimento de um maior número de tradutores e intérpretes de LIBRAS. REFERÊNCIAS
DIZEU, L.; CAPORALI, S. A língua de sinais constituindo o surdo como sujeito, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v26n91/a14v2691.pdf>. Acesso em: 21 de set. 2016. FERNANDES, E. Problema linguístico e cognitivo do surdo. Rio de Janeiro: Agir, 1990. FERNANDES, E.; CORREIA, C. M. de C. Bilinguismo e surdez: a evolução dos conceitos no domínio da linguagem. In: FERNANDES, E. (Org.). Letramento e minorias. Porto Alegre: Mediação, 2003. p. 47-55. GOÉS, M. C. R. Linguagem, surdez e educação. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 1999. 9 GOLDFELD, M. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sociointeracionista. São Paulo: Plexus, 2002. ISAAC, M. L., MANFREDI, A. K. S. Diagnóstico precoce da surdez na infância. Medicina (Ribeirão Preto), 2005.