Câncer de Próstata Localmente Avançado



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Transcrição:

Urologia Fundamental CAPÍTULO Câncer de Próstata Localmente Avançado Marcos Francisco Dall Oglio Alexandre Crippa

UROLOGIA FUNDAMENTAL INTRODUÇÃO Apesar dos esforços para detecção precoce do câncer de próstata (CP), atualmente pelo menos 10% dos homens são diagnosticados com doença localmente avançada (T3 Nx M0), com extensão extracapsular uni ou bilateral (T3a) ou invasão das vesículas seminais (T3b), configurando um subgrupo de pacientes com alto risco de progressão (Figura 1) e de óbito pela doença. Figura 1 Estádio patológico e progessão do CP (Fonte: Hull et al. J Urol 2002;167:528-34). Tabela 1 Previsão de doença órgão-confinada Porcentagem Escore de Gleason 8 a 10 0 a 25,0% 25,1 a 50,0% PSA (ng/ml) 0 a 4,0 4,1 a 10,0 10,1 a 20,0 >20,0 70 (53 a 84) 64 (46 a 79) 50,1 a 75% - 59 (47 a 71) 52 (38 a 64) 48 (33 a 62) 52 (38 a 65) 43 (30 a 56) 40 (25 a 55) - 45 (27 a 63) 42 (25 a 61) 75,1 a 100% - 33 (20 a 48) (13 a 38) (12 a 42) Fonte: Crippa et al. Int Braz J Urol. 2006;32:155-64. Tabela 2 Grupos de risco do CP conforme D Amico Baixo Intermediário Alto PSA <10 ng/ml 10 a 20 ng/ml >20 ng/ml CP é uma doença heterogênea com diferentes características de comportamento, por isso define subgrupos com alto risco de recorrência após tratamento local. Historicamente, era inicialmente analisado com base no estádio clínico por meio da extensão anatômica da doença ao exame de toque digital da próstata. Posteriormente, múltiplos métodos foram propostos para avaliar seu risco; com surgimento de nomogramas, como o de Partin, foi possível incorporar outras variáveis, como valor de PSA, escore de Gleason da biópsia e estádio clínico e patológico. Tentando antecipar o comportamento do CP, foram desenvolvidos algoritmos, utilizados largamente na prática clínica, para antever a recorrência da doença após cirurgia ou radioterapia. Dados nacionais mostram que tumores de alto risco apresentam probabilidade de doença extraprostática em 58 a 76% dos casos (nomograma de Crippa) (Tabela 1). O potencial dessa análise pré-tratamento consiste em definir a estratégia mais apropriado a cada paciente. Para simplificar a interpretação dos dados antes do tratamento e também para prever a resposta à terapêutica das modalidades empregadas, D Amico propôs a estratificação de grupos de risco em categorias, como mostra a Tabela 2. Gleason 6 7 8 Estádio T1-T2a T2b T2c-T3 Fonte: D Amico et al. Cance 2002;95:281-6. ESTADIAMENTO LOCAL Ressonância magnética (RM) proporciona melhor visualização e análise da glândula prostática, com distinção mais definida da anatomia para estadiamento local (Figura 2) e melhores possibilidades para prever a extensão extracapsular e a invasão das vesículas seminais com especificidade de 95%. Figura 2 Invasão capsular prostática. HISTÓRIA NATURAL Observação vigilante é uma opção viável em homens acometidos pelo CP, sobretudo em tumores de baixo risco. Contudo, os de alto risco, incluindo aqueles com doença localmente avançada, apresentam maior proba- 216

Câncer de Próstata Localmente Avançado bilidade de progressão da doença e de mortalidade por câncer se não tratados, como mostrado por Johansson et al., com sobrevida de 57% no seguimento de 15 anos e mortalidade de 56% nos tumores pouco diferenciados. Discussões a respeito da observação vigilante de CP podem ser melhores fundamentadas após avaliarmos o estudo de Holmberg et al., que realizaram estudo prospectivo randomizado mostrando, após oito anos de seguimento com observação vigilante de homens com CP, maior mortalidade por câncer, maior desenvolvimento de metástases e maior progressão local (Tabela 3). Figura 3 Probabilidade de progressão após tratamento cirúrgico (Fonte: Freedland et al. Cancer. 2007;109:1273-8). Tabela 3 Desfecho da prostatectomia radical versus observação em 645 homens com CP Mortalidade por câncer Metástase a distância Progressão local Observação vigilante n=348 Prostatectomia radical n=347 31 16 0,02 54 35 0,03 108 40 <0,001 Fonte: Holmberg et al. N Engl J Med. 2002;347:781-9. TRATAMENTO Hoje, o tratamento ideal é reconhecidamente multimodal. Em parte porque cirurgia ou radioterapia aplicadas isoladamente tem sido insuficientes. Prostatectomia radical A maioria dos pacientes submetidos a tratamento cirúrgico é categorizada como de alto risco com base no valor do PSA e no escore de Gleason da biópsia. Contudo, após prostatectomia radical (PR), importantes informações prognósticas são fornecidas por meio do estadiamento definitivo e também das características anatomopatológicas do espécime cirúrgico. Parâmetros patológicos mais importantes, que aumentam o risco de progressão do CP, incluem margens cirúrgicas positivas, extensão extracapsular (não confinado), envolvimento das vesículas seminais e comprometimento linfonodal (Figura 3). Tratamento cirúrgico exclusivo do CP estádio clínico T3 é bem documentado em séries atuais (Tabela 4) para casos selecionados, mostrando evolução satisfatória. p Tabela 4 Prostatectomia radical em estádio T3a Livre de doença Câncer específica 5 anos 10 anos 15 anos 85 a 90% 73 a 80% 67 a 73% 95 a 98% 90 a 91% 79 a 84% Fonte: Ward et al. BJU Int. 2005;95:751-6; Wheeler et al. Hum Pathol. 1998;29:856-62. Deprivação androgênica neoadjuvante na PR provocou redução de 30 a 50% no tamanho (volume) da próstata, com queda de 90% nos níveis de PSA. Essa abordagem, com objetivo de reduzir as possibilidades de margens cirúrgicas positivas, foi alcançada, como mostram os estudos prospectivos. Entretanto a utilização dessa estratégia de tratamento não proporcionou menor taxa de recorrência bioquímica, nem melhorou a sobrevida (Tabela 5). Por isso, para CP localmente avançado tanto estudos retrospectivos como prospectivos não suportam a indicação de bloqueio androgênico neoadjuvante à prostatectomia radical. Tabela 5 Hormônio neoadjuvante na prostatectomia radical Margens positivas H + PR PR p Witjes T2-3 27 46 <0,01 Solloway T2b 18 48 <0,05 Hugosson T1-T2ab 23 41 0,01 Goldenberg T1-T2ac 27,7 64,8 <0,05 Van Poppel T2b-T3 27,7 37,1 >0,05 217

UROLOGIA FUNDAMENTAL Radioterapia Na PR, radioterapia adjuvante para pacientes com doença residual é mais efetiva quando existe baixa contagem de células na loja prostática e as melhores indicações se restringem a margens cirúrgicas positiva e à extensão extracapsular, devendo ser realizada precocemente. Radioterapia de resgate ou de salvamento é geralmente realizada quando há recidiva bioquímica; nesses casos, a resposta ao tratamento é 20% inferior à radioterapia imediata. Aplicação radioterápica no leito cirúrgico proporciona evolução livre de recidiva bioquímica de 50 a 88% em cinco anos. Resultados da radioterapia adjuvante em pacientes com CP de alto risco, categorizados como pt3n0, mostram melhora na sobrevida livre de progressão bioquímica (Tabela 6). Melhora da sobrevida em 10 anos de pacientes que receberam radioterapia pós-operatória (74%), comparada aos que não foram irradiados (66%), mostra diferença notável. Tratamento de pacientes com CP localmente avançado ou com tumores de alto risco à base de radioterapia ou de braquiterapia exclusiva parece inadequado, sendo a adição de bloqueio androgênico muito apropriada nos tumores estádio T3. O benefício teórico da deprivação androgênica neoadjuvante é reduzir o volume alvo e também aproveitar o potencial efeito sinérgico citotóxico da radiação. Os melhores resultados da radioterapia para tumores localmente avançados foram mostrados pelo estudo de Bolla, que comparou radioterapia exclusiva com radioterapia associada a bloqueio androgênico antes de iniciar a radioterapia, e manteve por três anos (Figuras 4 e 5). Estudo de Stephenson et al., que avaliou pacientes que receberam radioterapia de resgate por causa de recidiva bioquímica pós-pr, revelou que pacientes com escore de Gleason <8 ng/ml, margens cirúrgicas Figura 4 Sobrevida global para CP localmente avançado (Fonte: Bolla et al. N Engl J Med 1997;337:295-300). Figura 5 Sobrevida livre de doença para CP localmente avançado (Fonte: Bolla et al. N Engl J Med 1997;337:295-300). positivas, PSA <2 ng/ml pré-radioterapia e tempo de duplicação do PSA >10 meses e ausência de vesículas seminais positivas apresentam resposta ao tratamento mais duradouro. Sobrevida em dez anos parece melhorar com supressão androgênica prolongada (45%) quando comparada aos que não receberam bloqueio hormonal (32%), mostrando que essa é a tendência atual no tratamento do CP de alto risco. Todos os estudos até o momento estabeleceram que o conceito ideal, é terapia combinada com cirurgia e radioterapia. Entretanto, ainda precisam ser realizados Tabela 6 Radioterapia adjuvante na PR no CP de alto risco Livre de progressão Sobrevida global N Seguimento (anos) PR + RxT PR p PR + RxT PR p Bolla 1.005 5 74% 53% <0,0001 NS NS NS Thompson 425 10 64% 35% <0,001 NR NR NR Wiegel 385 4,5 72% 52% 0,015 NS NS NS Thompson 425 13 NR NR NR 59 48 0,023 NS= não significativo; NR=não relatado. 218

Câncer de Próstata Localmente Avançado estudos para comparar radioterapia com supressão androgênica prolongada (>3 anos) e também para avaliar PR seguida de radioterapia. Apesar dos últimos avanços no tratamento de CP, é necessário melhorar as estratégias para identificar pacientes de alto risco e testar novas propostas terapêuticas para esses indivíduos. Aperfeiçoamento da radioterapia, dose ideal de radiação e novas abordagens sistêmicas poderão tornar-se alternativas eficientes para pacientes com CP de alto risco. LEITURA RECOMENDADA 1. Bolla M, van Poppel H, Collette L, van Cangh P, Vekemans K, et al. Postoperative radiotherapy after radical prostatectomy: a randomized controlled trial (EORTC trial 22911). Lancet. 2005;366:572-8. 2. Cornud F, Oyen R. Role of imaging in the diagnosis and staging of prostatic adenocarcinomas. J Radiol. 2002;83:863-80. 3. Hanks GE, Pajak TF, Porter A, Grignon D, Brereton H, Venkatesan V, et al. Phase III trial of long-term adjuvant androgen deprivation after neoadjuvant hormonal cytoreduction and radiotherapy in locally advanced carcinoma of the prostate: the Radiation Therapy Oncology Group Protocol 92-02. J Clin Oncol. 2003;21:3972-8. 4. Horwitz EM, Bae K, Hanks GE, Porter A, Grignon DJ, Brereton HD, et al. Ten-year follow-up of radiation therapy oncology group protocol 92-02: a phase III trial of the duration of elective androgen deprivation in locally advanced prostate cancer. J Clin Oncol. 2008;26:97-504. 5. Hugosson J, Aus G, Becker C, Carlsson S, Eriksson H, Lilja H, et al. Would prostate cancer detected by screening cer if left undiagnosed? A comparison of two populationbased studies in Sweden. BJU Int. 2000;85(9):1078-84. 6. Johansson JE, Holmberg L, Johansson S, Bergström R, Adami HO. Fifteen-year survival in prostate cancer. A prospective, population-based study in Sweden. JAMA. 1997;277:467-71. 7. Kattan MW, Eastham JA, Stapleton AM, Wheeler TM, Scardino PT. A preoperative nomogram for disease recurrence following radical prostatectomy for prostate cancer. J Natl Cancer Inst. 1998;90:766-71. 8. Kattan MW, Zelefsky MJ, Kupelian PA, Scardino PT, Fuks Z, et al. Pretreatment nomogram for predicting the outcome of three-dimensional conformal radiotherapy in prostate cancer. J Clin Oncol. 2000;18:3352-9. 9. Partin AW, Kattan MW, Subong EN, Walsh PC, Wojno KJ, stage, and Gleason score to predict pathological stage of localized prostate cancer: a multi-institutional update. JAMA. 1997;277:1445-51. Wood DP Jr, et al. Neoadjuvant androgen ablation before radical prostatectomy in ct2bnxmo prostate cancer: 5-year results. J Urol. 2002;167:112-6. 219