Parecer Jurídico Nº 005/2015/UVC Consulente: Ver. Reginaldo Araújo da Silva Presidente Órgão: Câmara Municipal de Jaguaruana.

Documentos relacionados
DIREITO CONSTITUCIONAL

O Vice-Prefeito e o desempenho de funções no Poder Executivo: atuação, responsabilidade, subsídio, o acúmulo, férias e 13º salário.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA FAZENDA PÚBLICA MUNICIPAL DE GOIÂNIA-GO

CÂMARA MUNICIPAL DE PIRANGUINHO

PORTARIA DE INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO CIVIL. CONSIDERANDO a notícia de que todos os valores mencionados foram custeados com recursos públicos;

ACERCA DA FIXAÇÃO DOS SUBSÍDIOS DOS AGENTES POLÍTICOS MUNICIPAIS.

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DA TERCEIRA SEÇÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA,

A Câmara consulente indaga o seguinte, in verbis:

Assunto: Constitucionalidade de Lei Municipal que fixa o Décimo Terceiro Salário, Férias e 1/3 Constitucional à Prefeito e Vice-Prefeito.

DIREITO CONSTITUCIONAL

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO N.º, DE (dos Srs. Carlos Sampaio, Marcio Bittar, Ruy Carneiro e outros)

PREFEITURA MUNICIPAL DE VIANA

Supremo Tribunal Federal

Prefeitura Municipal de Cravolândia

PROJETO DE LEI, DE 15 DE FEVEREIRO DE 2016.

TEMA 17: PROCESSO LEGISLATIVO

DIREITO ADMINISTRATIVO

MUNICÍPIO DE ROLADOR/RS. Parecer 039/13/PJM

Cargo: Efetivo (de carreira ou isolado) adquire estabilidade Em comissão livre exoneração Vitalício adquire vitaliciedade

Direito Administrativo

Da posição do TCE/RS - incluindo o Secretário Municipal.

SENADO FEDERAL Gabinete do Senador ROBERTO ROCHA PSB/MA PARECER Nº, DE 2016

Nº RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº /210 ORIGEM : SÃO PAULO

N O T A T É C N I C A

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO Processual CIVIL

MUNICÍPIO DE ROLADOR/RS. Parecer 042/14/PJM

Conselho Nacional de Justiça

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS SECRETARIA-GERAL E DO TRIBUNAL PLENO COORDENADORIA DE TAQUIGRAFIA / COORDENADORIA DE ACÓRDÃO

Conselho Nacional de Justiça

: MIN. DIAS TOFFOLI SÃO PAULO

a) V, F, V, V. b) F, V, V, V. c) V, V, F, F. d) V, V, F, V. Dica: Aula 01 e Apostila 01 FIXAÇÃO

Controle da Constitucionalidade

A Remuneração dos Auditores-Fiscais

Supremo Tribunal Federal

Em revisão 21/08/2014 PLENÁRIO RECURSO EXTRAORDINÁRIO MATO GROSSO VOTO

Acumulação de Cargos/Proventos. Cleuton Sanches

Prefeitura Municipal de Tobias Barreto publica:

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 40, DE (Do Poder Executivo)

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO

RESOLUÇÃO No 13, DE 21 DE MARÇO DE 2006

DIREITO ADMINISTRATIVO

Hoje vamos finalizar o estudo do servidor público e dar inicio ao estudo dos bens públicos.

DIREITO CONSTITUCIONAL

TEMA 14: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Direito administrativo

Seção II Das Atribuições do Presidente da República Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

SUBSTITUTIVO ADOTADO PELA COMISSÃO. Art. 1º A Constituição Federal passa a vigorar com as seguintes alterações: Art

Manual de Direito Administrativo I Gustavo Mello Knoplock

Pormenorizando a polêmica do mensalão e a Constituição Federal.

AGENTES PÚBLICOS (Continuação)

Supremo Tribunal Federal

A Organização dos Cargos em Comissão e dos Cargos Efetivos na Câmara Municipal

Superior Tribunal de Justiça

1) Incide imposto de renda sobre a indenização por danos morais.

DIREITO FINANCEIRO. O Orçamento: Aspectos Gerais. Tramitação Legislativa Parte 2. Prof. Thamiris Felizardo

4 PODER LEGISLATIVO 4.1 PERDA DOS MANDATOS DOS PARLAMENTARES CONDENADOS CRIMINALMENTE 14, 3º, II,

SENADO FEDERAL COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO, JUSTIÇA E CIDADANIA

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ COMARCA DE FOZ DO IGUAÇU 3º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL, CRIMINAL E DA FAZENDA PÚBLICA. Vistos.

: MIN. DIAS TOFFOLI CONTAS DO ESTADO DE GOIÁS JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE GOIÁS

PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO N /

Supremo Tribunal Federal

EMENDA Nº PLENÁRIO (SUBSTITUTIVO) PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 63, DE 2013

PARECER CONSULENTE: Federação dos Municipários do Estado do Rio Grande do Sul - FEMERGS

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

: MIN. DIAS TOFFOLI :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO ESPÍRITO :JOSE PORFIRIO DE BESSA :EVANDRO DE CASTRO BASTOS

Supremo Tribunal Federal

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL

Aula nº. 90 ACUMULAÇÃO DE CARGOS E REMUNERAÇÃO DO SERVIDOR

Aposentadoria especial nos RPPS

09/09/2016 SEGUNDA TURMA : MIN. TEORI ZAVASCKI

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO AMAZONAS

PROJETO DE LEI 055/98

: MIN. CELSO DE MELLO GROSSO

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. CAPÍTULO VII DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Seção I DISPOSIÇÕES GERAIS

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ÓRGÃO ESPECIAL

Supremo Tribunal Federal

RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº / DF

TEMA 15: PROCESSO LEGISLATIVO

Verbas indenizatórias: interpretação e jurisprudência. Luiz Roberto Domingo Mestre PUC/SP e Professor FAAP

Ministério Público do Estado do Amazonas Procuradoria Geral de Justiça 2ª Procuradoria de Justiça

R$ 2.837,29. Memorial de Cálculo para Benefício Beneficiário: Modalidade: Aposentadoria por Idade Processo: R$2.837,29 R$ 319,20 Total R$ 3.

GABINETE DO CONSELHEIRO FLAVIO SIRANGELO

Súmula Vinculante 33: breves considerações

DIREITO CONSTITUCIONAL

12/05/2017 SEGUNDA TURMA : MIN. RICARDO LEWANDOWSKI

PROCESSO - TC-2150/2005 INTERESSADO - CÂMARA MUNICIPAL DE NOVA VENÉCIA ASSUNTO - CONSULTA:

Direito Constitucional -Poder Legislativo- Profº. Cleiton Coutinho

18/12/2015 PLENÁRIO :RAFAEL BARBOSA DE CASTILHO :GOVERNADOR DO ESTADO DO PARÁ :ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ

A informação do Instituto previdenciário é a de que o servidor não optou por contribuir, tendo sido obrigatória a contribuição.

AULA 1: ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

Supremo Tribunal Federal

Bloco 1. CURSO DE PROCESSO LEGISLATIVO CONSTITUCIONAL E REGIMENTAL Prof. Gabriel Dezen Junior. Responda às questões:

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL 9ª VARA FEDERAL

Transcrição:

Parecer Jurídico Nº 005/2015/UVC Consulente: Ver. Reginaldo Araújo da Silva Presidente Órgão: Câmara Municipal de Jaguaruana. Ementa: PAGAMENTO DE VERBAS INDENIZATÓRIAS A VEREADORES PELO COMPARECIMENTO A SESSÕES EXTRAORDINÁRIAS DA CÂMARA MUNICIPAL, NO PERÍODO DE RECESSO LEGISLATIVO. INCONSTITUCIONALIDADE. É inconstitucional o pagamento de verba remuneratória pela participação de vereadores em sessões extraordinárias, em afronta clara às disposições da Constituição Federal (art. 57, 7º) que vedam o pagamento de parcela indenizatória decorrente de convocação durante o recesso legislativo. 1. Relatório: Trata-se de consulta formulada pelo Presidente da Câmara Municipal de Jaguaruana, Sr. Reginaldo Araújo da Silva, acerca da possibilidade de pagamento de verbas indenizatórias aos Edis pelo comparecimento a sessão extraordinária do parlamento, durante o período de recesso parlamentar. É o breve relatório. 2. Fundamentação: Respondendo objetivamente a consulta, não há possibilidade jurídica de realizar pagamento de verbas de caráter indenizatório ou remuneratório aos Vereadores que comparecem à 1

sessão extraordinária convocada durante o recesso parlamentar, em observância a redação normativa da Constituição Federal de 1988, alterada pela Emenda Constitucional Nº 050/2006, in verbis: Art. 57 [...] 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do 8º deste artigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006). O art. 57, 7º, do Texto Republicano, interpretado à luz do princípio da simetria, é norma de reprodução obrigatória pelos entes federativos (União, Estado, Município e Distrito Federal), daí por que a vedação constitucional do pagamento de parcela indenizatória em razão de convocação para sessão extraordinária é medida de direito que se impõe. Nesse sentido, confira-se o julgamento proferido pelo Supremo Tribunal Federal STF na ADI 4587/GO, da relatoria do Min. Ricardo Lewandowsi, cujo acórdão foi assim ementado: Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 147, 5º, DO REGIMENTO INTERNO DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE GOIÁS. PAGAMENTO DE REMUNERAÇÃO AOS PARLAMENTARES EM RAZÃO DA CONVOCAÇÃO DE SESSÃO EXTRAORDINÁRIA. AFRONTA AOS ARTS. 39, 4º, E 57, 7º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, QUE VEDAM O PAGAMENTO DE PARCELA INDENIZATÓRIA EM VIRTUDE DESSA CONVOCAÇÃO. AÇÃO JULGADA PROCEDENTE. I O art. 57, 7º, do Texto Constitucional veda o pagamento de parcela indenizatória aos parlamentares em razão de convocação extraordinária. Essa norma é de reprodução obrigatória pelos Estados-membros por força do art. 27, 2º, da Carta Magna. II A Constituição é expressa, no art. 39, 4º, ao vedar o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória ao 2

subsídio percebido pelos parlamentares. III Ação direta julgada procedente. (ADI 4587, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 22/05/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-117 DIVULG 17-06-2014 PUBLIC 18-06-2014) O Colendo STF esclarece um detalhe importante, que é a probição de acréscimos ao subsídio percebido pelos parlamentares, consoante disposição do art. 39, 4º da Magna Carta: Art. 39 [...] 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Ressalte-se, por fim, que a matéria é conhecida da Suprema Corte, tendo o Plenário apreciado questão semelhante, por ocasião do julgamento da ADI 4.509-MC/PA, Rel. Min. Cármen Lúcia: CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. EMENDA CONSTITUCIONAL PARAENSE Nº 47/2010. PAGAMENTO DE PARCELA INDENIZATÓRIA POR CONVOCAÇÃO EXTRAORDINÁRIA DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA. VEDAÇÃO CONSTITUCIONAL EXPRESSA ( 7º DO ART. 57 E 2º DO ART. 27, DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA). MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. Ademais, é obrigatório o comparecimento do Edil à sessão extraordinária ordinária e extraordinária do parlamento municipal, sob pena de extinção do mandato na forma do art. 8º, III e 3º do Decreto-Lei Nº 201/1967, in verbis: 3

Art. 8º Extingue-se o mandato do Vereador e assim será declarado pelo Presidente da Câmara, quando: III - deixar de comparecer, em cada sessão legislativa anual, à terça parte das sessões ordinárias da Câmara Municipal, salvo por motivo de doença comprovada, licença ou missão autorizada pela edilidade; ou, ainda, deixar de comparecer a cinco sessões extraordinárias convocadas pelo prefeito, por escrito e mediante recibo de recebimento, para apreciação de matéria urgente, assegurada ampla defesa, em ambos os casos. (Redação dada pela Lei º 6.793, de 13.06.1980). 3º O disposto no item III não se aplicará às sessões extraordinárias que forem convocadas pelo Prefeito, durante os períodos de recesso das Câmaras Municipais. (Incluído pela Lei nº 5.659, de 8.6.1971) Portanto, pelos fundamentos ora apresentados, conclui-se pela vedação constitucional do pagamento de parcela indenizatória ao parlamentar que comparecer à sessão extraordinária, inclusive durante o recesso parlamentar. 3. Conclusão: Diante do exposto, o Departamento Jurídico da UVC opina pela inconstitucionalidade do pagamento de verba remuneratória pela participação de vereadores em sessões extraordinárias, em afronta clara às disposições da Constituição Federal (art. 57, 7º c/c art. 39, 4º) que vedam o estipêndio de parcela indenizatória decorrente de convocação durante o recesso parlamentar. Orientamos ao Consulente que se abstenha de efetuar qualquer pagamento decorrente do comparecimento dos Edis à sessão extraordinária da Câmara Municipal. Por derradeiro, ressalte-se que o presente parecer tem caráter opinativo, não vinculando o administrador em sua decisão, consoante 4

entendimento proferido pelo Supremo Tribunal Federal STF, nos autos do Mandado de Segurança Nº 24.078, da Relatoria do eminente Ministro Carlos Veloso. É o parecer. Salvo melhor juízo. Fortaleza/CE, aos 28 de julho 2015. Tiago Aguiar Abreu Portela Barroso OAB/CE Nº 21009 Coordenador Jurídico Sandra Odara OAB/CE Nº 31.042 Assessora Jurídica 5